sexta-feira, 29 de abril de 2011

Ordem do desfile das escolas mirins

Na última terça-feira foi realizado na sede da AESM, no Estácio, o sorteio da ordem de desfile das agremiações mirins para 2012. As 17 agremiações desfilam na sexta-feira de carnaval, abrindo oficialmente os desfiles na Marquês de Sapucaí. Confira a ordem de apresentação das escolas mirins:

1- Inocentes da Caprichosos
2- Aprendizes do Salgueiro
3- MEL do Futuro
4- Infantes do Lins
5- Corações Unidos do CIEP
6- Ainda Existem Crianças na Vila Kennedy
7- Nova Geração do Estácio
8- Império do Futuro
9- Herdeiros da Vila
10- Filhos da Águia
11- Miúda da Cabuçu
12- Pimpolhos da Grande Rio
13- Mangueira do Amanhã
14- Golfinhos da Guanabara
15- Tijuquinha do Borel
16- Petizes da Penha
17- Estrelinha da Mocidade

sexta-feira, 22 de abril de 2011

2009 - A derrota do samba-enredo


O ano de 2009 foi um dos mais fracos do carnaval carioca no quesito samba-enredo, com várias composições chatas, sem graça, apenas funcionais. Mas quem acompanhou as eliminatórias do grupo Especial sabe que não precisava ser assim. Aliás, a safra de 2009 poderia ter sido histórica se certos sambas fossem escolhidos. Verdadeiras antologias acabaram sendo jogadas fora, sem dó nem piedade daqueles que ainda acreditam que o carnaval não se tornará algo puramente comercial e espetacularizado. Três agremiações poderiam ter feito a diferença em 2009. E até mais, já que mesmo hoje em dia os seus sambas eliminados são mais comentados e lembrados do que os que foram pra Avenida.

A primeira delas é a Beija-Flor, vice-campeã de 2009 com seu pior samba na década. Com um enredo confuso sobre o banho, a escola havia recomendado aos compositores que o samba deveria ser leve, compacto e fácil. A parceria de Cláudio Russo de cara chamou a atenção por fugir completamente do estilo tradicional da escola e das composições produzidas pela própria parceria. E ainda assim, com uma bonita letra e melodia expressiva, parecia estar adequada ao que a direção da escola havia proposto. Ganhou logo uma grande torcida e muitos acreditavam ser o samba ideal para a renovação estilística que a Beija-Flor prometera. No entanto, na final o vencedor acabou sendo o samba da parceria de Tom Tom, cujo samba além de seguir os mesmos padrões de sempre da escola, pesado e longo, tinha vários problemas na letra e uma melodia pouco expressiva. Confira o samba da parceria de Cláudio Russo:



Enredo: No chuveiro da alegria, quem banha o corpo lava a alma na folia
Compositores: Claudio Russo, J. Veloso, Leleco, Carlinhos do Detran e Marquinhos

O banho é manifestação
Liberdade...
Dos pingos à imaginação
Lavando a alma da humanidade
Na pele morena o leite de cabra
Deleite e o cheiro de flor
Rainha do Egito eu sou o seu faraó
Beija-Flor...

Eu vou mergulhar nessa magia
Em Roma buscar o seu pecado
De emoção dá um banho bateria
Proibição não quero não, tá liberado


Renasce o perfume no ar
É banho de cheiro
Eu vou libertar o corpo dos trapos
O peito do meu preconceito
E me purificar
Ó mãe, o seu ventre banhou o meu ser de amor
O mais saudável coração
Do mar ao chuveiro é divino
Se for pra amar sou seu felino
Deixe a água rolar

Ô yaô
Na cachoeira eu vou me banhar
No ariaxé peregun e aroeira
A Beija-Flor nas águas de Oxalá


A Mocidade Independente foi outra agremiação que decepcionou. Não que o samba escolhido seja ruim, pelo contrário, mas o melancólico desfile da escola poderia ter tido uma trilha melhor e até sido mais empolgante se o samba fosse outro. O destaque da disputa desde o início era a composição de Igor Leal e cia. Um samba emocionante, dado como vencedor certo. No entanto a parceria vencedora foi a de Jefinho e cia., que tinha um samba bonito mas sem o mesmo brilho do de Igor. Sem motivos aparentes para a escolha, a Mocidade perdeu a oportunidade de desfilar com um de seus melhores sambas. Veja abaixo a obra, hoje conhecida como "Samba Verde e Branco":



Enredo: Mocidade apresenta: Clube Literário Machado de Assis e Guimarães Rosa, estrelas em poesia!
Compositores: Igor Leal, Diego Nicolau, Iuri Abs, Arlindinho Neto e Gustavo Henrique

Hoje as estrelas do céu
Vêm à Padre Miguel iluminar a poesia
Regendo a ópera, em fantasia
Pra recitar a vida de um escritor
Que o destino abençoou
Na prosa do "mestre aprendiz"
Em versos, Machado de Assis
Criou lindas obras imortais
Cronista e literato, encantou
E no "sarau" deixou o seu legado de amor

Quando o gênio adormeceu
"Rosa" dos ventos nasceu
É mais uma luz pra eternidade
Na voz da minha Mocidade


No compasso, à leitura se entregou
Foi entre contos e romances
Das letras, amante
Palavras que o tempo não levou
Até a lua sua alma clareou
Sertão brasileiro, caboclo, vaqueiro
Fez da igualdade o seu ideal
A fé do seu povo em romaria
Na esperança, a "santa" oração
Samba verde e branco
"Guarda" a sabedoria dos mestres da academia
Samba, verde e branco!
Ao som dessa bateria, reluz a minha estrela-guia

Brilha, Mocidade! Estrela do carnaval
Na passarela, o meu amor "imortal"
É ela, eterna guerreira
A exaltar a poesia brasileira


Nenhuma disputa gerou tanta frustração como a do Salgueiro. A escola foi campeã muito merecidamente, mas é impossivel deixar de imaginar que poderia ter levado pra Sapucaí aquele que seria um dos melhores da história da escola. Seria não, é. Porque é o samba eliminado mais lembrado pelos que acompanham carnaval e certamente não será esquecido tão cedo. Composto por Edgar Filho e parceiros, sua derrota pode ser justificada pelo fato de fugir completamente dos moldes adotados pelo Salgueiro pós-Ita. Seria difícil para Quinho cantá-lo, já que é bastante pesado. Mas a parceria merece todos os aplausos por tentarem inovar no gênero e fornecer ao Salgueiro um samba-enredo de verdade. Mesmo não indo pra Avenida, "Menina, quem foi teu mestre?" está na história do carnaval.



Enredo: Tambor
Compositores: Edgar Filho, Simas, Beto Mussa, Gari Sorriso e Bené do Salgueiro

Canto uma herança
Da humanidade primordial
De árvores tombadas um tom grave
Deu a cadência original
A idéia de um gênio anônimo
Meu ancestral
Caçador que na mata uma fera enfrentou
Quando sua vitória quis anunciar
Pôs o couro esticado, bateu, repicou
Ôô ôô, ôô ôô

Festa na aldeia,
Lua cheia, um clarão
Tem batuque a noite inteira
É magia, adoração


De ocidente a oriente
Em diferentes formas se multiplicou

Qual é o povo
Que não bate o seu tambor


Quem cruzou o mar
Encontrou um som guerreiro
E desde então o baticum não quer parar
Zambê, zabumba, ilu-abá
Angoma, tumba, candongueiro
Batá-cotô no meu terreiro
Põe na roda o tambozeiro
O Brasil nasceu de mim
Inclusão, cidadania
Furiosa bateria
Coração que bate assim

Menina, quem foi teu mestre?
Um batuqueiro
Que arrastava
O povo do Salgueiro

sexta-feira, 15 de abril de 2011

Os melhores sambas da década - Rio de Janeiro 2010



A safra carioca de 2010 é considerada por muitos a melhor da década. De fato é boa mas não chega a ser a melhor. Isto se levarmos em conta os sambas como um todo, pois se analisarmos individualmente cada samba, a safra possui duas obras que sozinhas engoliram todos os outros nove anos. Mas infelizmente no desfile não renderam. O samba da Imperatriz passou despercebido na avenida. Um exausto Dominguinhos do Estácio, problemas no começo do desfile e componentes frios fizeram com que o "mar de fiéis" não fizesse o sucesso prometido. Mas é uma linda obra, que no refrão principal já conquista qualquer ouvinte. Já o samba da Vila Isabel é daqueles que transcendem qualquer desfile e entram para a eternidade do gênero samba-enredo. A Vila foi bastante prejudicada por um problema de som do Sambódromo durante o seu desfile, afetando quesitos como harmonia, bateria e o próprio samba. Mas independente de qualquer coisa, a homenagem de Martinho da Vila a Noel Rosa tem uma poesia singular e foge dos padrões atuais. Belíssimo momento musical da Vila Isabel.
Entre os demais sambas do CD, destacam-se Beija-Flor, Mangueira e a rebaixada Viradouro, cujo samba, apesar de bastante criticado, é muito bonito e possui trechos muito inspirados.

IMPERATRIZ - 2010



Enredo: Brasil de Todos os Deuses
Compositores: Jeferson Lima, Flavinho, Gil Branco, Me Leva e Guga

Terra abençoada
Morada divinal
Brilha a coroa sagrada
Reina Tupã no carnaval
Viu nascer a devoção em cada amanhecer
Viu brilhar a imensidão de cada olhar
Num país da cor da miscigenação
De tanto deus, tanta religião
Pro povo, feliz, cultuar

O índio dançou, em adoração
O branco rezou na cruz do cristão
O negro louvou os seus orixás
A luz de Deus é a chama da paz


E sob as bençãos do céu
E o véu do luar
Navegaram imigrantes
De tão distante, pra semear
Traços de tradições, laços das religiões
Oh, Deus Pai, iluminai o novo dia
Guiai ao divino destino
Seus peregrinos em harmonia
A fé enche a vida de esperança
Na infinita aliança
Traz confiança ao caminhar
E a gente romeira, valente e festeira
Segue a acreditar...

A Imperatriz é um mar de fiéis
No altar do samba, em oração
É o Brasil de todos os deuses
De paz, amor e união...



VILA ISABEL - 2010



Enredo: Noël: a presença do "Poeta da Vila"
Compositores: Martinho da Vila

Se um dia na orgia me chamassem
Com saudades perguntassem
Por onde anda Noel?
Com toda minha fé responderia
Vaga na noite e no dia
Vive na terra e no céu
Seu sambas muito curti
Com a cabeça ao léu
Sua presença senti
No ar de Vila Isabel
Com o sedutor não bebi
Nem fui com ele ao bordel
Mas sei que está presente
Com a gente nesse laurel

Veio ao planeta com os auspícios de um cometa
Naquele ano da revolta da chibata
A sua vida foi de notas musicais
Seus lindos sambas animavam carnavais
Brincava em blocos com boêmios e mulatas
Subia morros sem preconceitos sociais


Foi um grande chororô
Quando o gênio descansou
Todo o samba lamentou ôôô
Que enorme dissabor
Foi-se o nosso professor
A Lindaura soluçou
E a dama do cabaré não dançou
Fez a passagem pro espaço sideral
Mas está vivo neste nosso carnaval
Também presentes Cartola
Aracy e os Tangarás
Lamartine, Ismael e outros mais
E a fantasia que se usa
Pra sambar com o menestrel

Tem a energia da nossa Vila Isabel

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Os melhores sambas da década - São Paulo 2010



Fechando a melhor década do samba paulistano, a pior das safras. Embora haja alguns bons sambas, as agremiações de São Paulo decepcionaram muito em suas escolhas. A maioria das obras é sem graça ou criatividade, fazendo do samba-enredo um mero coadjuvante do desfile. Algo explícito no campeonato da Rosas de Ouro, que tinha o pior samba do ano. Mocidade, Imperador, Império, Vila Maria e Leandro ainda conseguiram sambas agradáveis mas que certamente não serão lembrados como os melhores que já produziram. Salvam a safra duas composições que entram com méritos na lista dos melhores da década.
A Mancha Verde, que tem um histórico de excelentes sambas, apresentou uma obra imponente e muito madura para falar sobre o ensinamento e a disseminação do saber ao longo da história. Um tema denso e complexo, que resultou numa obra muito bem feita em letra e melodia. Samba de gente grande.
Outra escola que só faz bons sambas, a Pérola Negra tem a melhor composição do ano, uma homenagem ao cantor e compositor Rolando Boldrin e a todos os brasileiros. Tem uma letra muito bonita e poética, e uma melodia forte, de boas variações.
Tanto a Pérola quanto a Mancha ascenderam ao grupo Especial em meados da década de 00 e conseguiram se firmar. Desde então, apresentam excelentes sambas todos os anos e fecham a lista dos melhores da década como símbolo do grande momento musical pelo qual passa o carnaval de São Paulo. E que ainda dure bastante!

MANCHA VERDE - 2010



Enredo: Aos mestres com carinho! Mancha Verde ensina como criar identidade
Compositores: Celson Mody, Dé do Cavaco, Angelo VG e Biel Carioca

É mais do que educação
Guerreira, traduz o ensino em emoção
Transforma a história em fantasia
Representando a arte que inspira
A contemplar
Na Grécia, a fonte do saber
Traçando assim a identidade para o meu viver
Seguindo os caminhos da vida busquei
Na China, o segredo da alma encontrei
A mente e o corpo a equilibrar
Sagrada cultura milenar
Vi caravelas cruzando mares, continentes
Trazendo ao dono desta terra a devoção

Pajé, Pajé
Na beira da mata dançou
A sua cultura ensinou, encantou
A força da fé pra catequizar
O jesuíta trouxe de além-mar


Numa folha qualquer escreve a arte que me faz sonhar
Mesmo perseguido, oprimido, não se deixou calar
Em meu Brasil, gigante menino
Trilhou seu destino
Se renovando com a era digital
Aplausos aos mestres do samba
Docentes da escola de bambas
Me fez assim, orgulho do país
Estrela-mãe que me guia
"Norma" da sabedoria
Sou eterno aprendiz
"Puro Balanço", samba de raiz

Eu bato no peito
Sou Mancha Verde até morrer
Aos mestres com carinho vou cantar
Em verde e branco eternizar



PÉROLA NEGRA - 2010



Enredo: Vamos tirar o Brasil da gaveta
Compositores: Carlinhos, Mydras, Bola, Michel e Regiano

O sabiá cantou na aurora, trilha sonora
Neste cenário sou canário cantador
Doce regato, cheiro de mato
Brasileira essência do interior
E assim eu vou, bordando a história desse meu país
Em cada canto uma raiz
Tantos causos pra contar
Parti, com a esperança de um sonhador
Meu caminhar meu pai abençoou... Fé! Estrela-guia
Cidade grande faz valer meu dia-a-dia

O toque da viola transborda emoção
Puxa o fole sanfoneiro, levanta a poeira do chão
Malandro sambista, no palco de artistas
Retrato em meu gigante coração


Linda colcha de retalhos colorida
Jóia rara é a cultura nacional
De um povo festeiro, de sangue guerreiro e original
Bandeira a tremular, mareja meu olhar
Repleto de paixão sou filho desse chão
Sentimento popular, salve a seleção
No morro, no asfalto ou na favela
São cenas da minha vida nessa tela
Bom dia Brasil, é carnaval
"Rolando" num domingo especial

O céu clareou, a Vila chegou
Pérola Negra me abraçou
Ah, sou brasileiro com orgulho e muito amor
Abro a gaveta pra mostrar o meu valor

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Os melhores sambas da década - Rio de Janeiro 2009



A safra de 2009 do Rio foi um completo equívoco. E é até revoltante ver que foi a pior da década quando não precisava ser. Pelo contrário, poderia ser uma das melhores.
Mocidade, Beija-Flor e, sobretudo, Salgueiro poderiam fazer história no carnaval. Possuiam verdadeiras antologias em suas eliminatórias e deixaram passar. Desprezaram sambas que até hoje fazem sucesso e são muito mais lembrados do que os que foram pra avenida. Esses sambas terão destaque numa postagem que farei em breve. E além de não escolherem aqueles que seriam os melhores sambas do ano, apostaram em obras medíocres, que não chamam atenção. Salgueiro e Beija-Flor ainda ficaram com as duas primeiras posições na classificação, ressaltando a derrota do gênero samba-enredo hoje em dia. Além delas, Imperatriz e Portela também tinham melhores opções do que as composições escolhidas. Os sambas de Viradouro, Grande Rio, Vila Isabel e Porto da Pedra não são ruins mas também não tem grandes atrativos, passando em branco quando se pensa nos demais sambas de cada escola. Como um oásis no deserto, o samba do Império Serrano, reedição de "A Lenda das Sereias", surge para balancear um pouco o nível da safra.
Entre os sambas inéditos, dois destaques. O da Mangueira, vencedor do Estandarte de Ouro, conseguiu o feito de ser bastante lembrado até hoje. Apesar do enredo batido, sobre a formação do povo brasileiro, conseguiu aliar uma bela letra a uma melodia empolgante e dois refrões muito bons.
E o melhor do ano, na minha opinião, é o da Unidos da Tijuca. Um samba pouco reconhecido e praticamente esquecido mas que tem muitos atributos. É bastante lírico, diferente do que a escola vinha fazendo, com boas soluções para algumas passagens e momentos de muita inspiração. Com uma melodia dolente, bastante adequada à voz de Bruno Ribas, e explosiva nos refrões, é um dos melhores momentos da fraquíssima safra de 2009.

MANGUEIRA - 2009



Enredo: A Mangueira traz os brasis do Brasil mostrando a formação do povo brasileiro
Compositores: Lequinho, Jr. Fionda, Gilson Bernini e Gusttavo Clarão

Deus me fez assim, filho desse chão
Sou povo, sou raça, miscigenação
Mangueira viaja nos Brasis dessa nação
O branco aqui chegou
No paraíso se encantou
Ao ver tanta beleza no lugar
Quanta riqueza pra explorar
Índio valente, guerreiro
Não se deixou escravizar, lutou
E um laço de união surgiu
O negro mesmo entregue à própria sorte
Trabalhou com braço forte
Na construção do meu Brasil

É sangue, é suor, religião
Mistura de raças num só coração
Um elo de amor à minha bandeira
Canta Estação Primeira


Cada lágrima que já rolou
Fertilizou a esperança
Da nossa gente, valeu a pena
De norte a sul desse país
Tantos Brasis, sagrado celeiro
Crioulo, caboclo, retrato mestiço
De fato, sou brasileiro
Sertanejo, caipira, matuto, sonhador
Abraço o meu irmão
Pra reviver a nossa história
Deixar guardado na memória o seu valor

Sou a cara do povo... Mangueira
Eterna paixão
A voz do samba é verde-e-rosa
E "nem cabe explicação"



UNIDOS DA TIJUCA - 2009



Enredo: Tijuca 2009: uma odisséia sobre o espaço
Compositores: Julio Alves e Totonho

Dourado é o sol a clarear
No azul do céu, estende o véu, isso é Tijuca
Chegou na cauda do cometa o Pavão
E a minha estrela foi buscar na imensidão
Cruzou o céu no limiar do infinito
O meu Borel visto de cima é mais bonito
Eu vou alçar ao espaço
Cavaleiro alado a desvendar
Além das estrelas o monte de Zeus
Horizonte de meu Deus, Oxalá

Vai Tijuca, me faz delirar
A essência vem de lá
Da ciência à navegação
Luar que embala meus sonhos
Luar de qualquer estação


Eu vi brilhar em seu olhar a devoção
A lenda do guerreiro e o dragão
O despertar da fantasia
Vi também a criança em seu carrossel
De heróis das estrelas um céu
De mistérios e magia
Na tela, tantas jornadas pelos astros
Quem dera poder viver em pleno espaço
Vejo em minha lente a imagem sideral
Viagem do meu carnaval

A nave vai pousar
E conquistar seu coração
O dia vai chegar
Quando brilhar nossa constelação

domingo, 3 de abril de 2011

Os melhores sambas da década - São Paulo 2009



A safra de 2009 compete com a de 2008 e de 2004 pelo posto de melhor da década em São Paulo. Várias escolas apresentaram sambas excelente e não há nenhum que não seja ao menos bom. Não há muito o que falar a não ser que São Paulo encontrava-se em seu melhor momento musical do carnaval e que a audição da safra de 2009 é muito agradável. E ela ganha ainda mais destaque ao ser comparada com a terrível safra carioca, que será abordada na próxima postagen. Vamos aos destaques.
O primeiro grande samba do ano vem da Zona Leste, naquela que infelizmente será a única participação da Nenê de Vila Matilde na seleção dos melhores da década. Um excelente samba para comemorar os sessenta anos da escola. Infelizmente o desfile foi terrível e a tradicionalíssima agremiação acabou sendo rebaixada. Outra Vila também se destacou em 2009, desta vez a Madalena. A Pérola Negra produziu ótimos sambas desde que voltou ao grupo Especial, em 2007, e o de 2009 certamente foi um dos mais funcionais do ano. Os componentes cantaram muito o belo samba sobre a Índia, que possui um formato textual diferenciado. A letra conta uma história, um enredo, de fato. A escola fez um desfile espetacular e não merecia a baixa colocação que conseguiu.
Falando sobre Angola, a Tom Maior desfilou com o melhor samba de sua história. Diferente da maioria dos sambas com temas africanos, o da agremiação do Sumaré é pra cima e possui pouquíssimos termos afros. E retornando ao grupo Especial, a Leandro de Itaquera apresentou uma obra muito empolgante para falar sobre as periferias do Brasil, recaindo em uma homenagem à Regina Casé. Uma letra muito bonita e melodia original e de boas variações fazem deste samba um dos melhores da escola e do inspirado ano de 2009.

NENÊ DE VILA MATILDE - 2009



Enredo:60 anos - Coração Guerreiro, a grande refazenda do samba
Compositores:Cláudio Russo, Marquinho, J. Veloso, Ney Do Cavaco e Cláudio Tricolor

Num show brilhou a inspiração
Iluminando o coração de um menino
E a minha Águia faz seu vôo e traz
A sua história, seu presente, seu destino...
Falar de amor, encontrar a canção
Aplausos ao meu pavilhão
Quilombo do samba a nascer
Foi lá na Casa Grande, a Senzala a se erguer
A negra herança que balança a poesia
No culugundum da bateria

Em Sampa ecoa meu cantar
Das mãos do cacique vi brotar
Semente do samba, valente guerreira
A minha escola não é brincadeira


Sambas que marcaram sua história, Vila Matilde
A benção Portela, valeu Verde e Rosa
Sou da negritude o fruto e a raiz
Corintiano, coração bate feliz
Sabe por que?
O samba é o nome e o sobrenome é Nenê
A Zona Leste refazendo o carnaval
Do Largo do Peixe ao espaço sideral
Mais que sessenta, muito mais... A eternidade
Agora aguenta que é só felicidade

Samba aí que eu quero ver você sambar
Vem comigo festejar
Alô, você que todo ano me espera
Sessenta anos... Sou Nenê com a galera



PÉROLA NEGRA - 2009



Enredo: Guiado por Surya pelos caminhos da Índia em busca da Pérola sagrada
Compositores: Mydras, Carlinhos, Bola, Ladislau e Michel

O vento soprou... Aroma
No sonho lindo, um jardim de alegria
Uma voz soberana me fez viajar
Paraíso de encanto e magia
Pelos caminhos da Índia, Shangri-lá
A Pérola sagrada fui buscar
O símbolo mais puro do amor
Aliança entre o homem e o divino
Trouxe paz, sabedoria
Surya, luz que irradia

Mistério da fé milenar
Cultura pra enriquecer, ao desvendar
Em Goa respirei felicidade
De corpo e alma, na esperança de encontrar


E passo a passo, amor
O sol me orientou
Cheguei ao templo do imperador
Senti a mesma paixão
Mas não vi brilhar minha jóia rara
Voltei ao jardim
Aquela voz disse assim
O carnaval vale ouro
E a Índia é inspiração
Encontrei você
No meu coração

Meu batuque faz a Vila Madalena despertar
A comunidade abraçou
Pérola Negra, o meu grande amor



TOM MAIOR - 2009



Enredo: Uma nova Angola se abre para o Mundo! Em nome da paz, Martinho da Vila canta a liberdade!
Compositores: Maradona, Claudinei, Amós, Ferracini, Ricardo e Tinga

É nova Angola, com mais amor
Seus ideais de independência e libertação
Chega de guerra e opressão
Buscando o caminho da paz
Um povo que tanto sofreu renasceu
E brilha o sol da nova era
Reconstruindo a sua história
Rainha Nzinga, guerreira
Com seu exemplo rompeu fronteiras
Entre correntes e lamentos
A negritude atravessou o mar
Fazendo desse chão seu gueto
O Brasil é negro e hoje vem sambar

Oi, deixa a gira girar... Vamos girar
A proteção Zambi nos dá
Vem na ginga d'Angola
E deixa o corpo balançar


Mais tarde o filho volta
Ao lugar que o concebeu
Levando a sabedoria que aprendeu
Axé para quem estendeu a mão
Firmando aliança com o nosso irmão
Reconhecendo essa nação
Angola tão cheia de luz
Conquistada por um sonhador
Terra de seus ancestrais
Exalta seu embaixador
É Martinho, é José, partideiro, escritor
É da Vila Isabel, que fez Kizomba lá no bairro de Noel

Bate tambor batuqueiro
O canto do negro ecoou
É tempo de liberdade e felicidade
Em Tom Maior é negra a cor



LEANDRO DE ITAQUERA - 2009



Enredo: Leandro de Itaquera faz a festa das periferias do Brasil para o Mundo. Salve, Salve nossa estrela Regina Casé!
Compositores: Xixxa, Juba, Didi Poeta, André Ricardo, Wagner, Rodolfo Minueto, Rodrigo Minueto e Gomes

Povo forte, sonhador ôô
Valente, cheio de esperança
Oh! Solidário sertão, sofrimento, ilusão, adeus asa branca
Gente que sobe o morro, constrói sua vida com dignidade
Favela... A nossa raiz, carente... Mas sempre feliz
De raças, culturas tão lindas, patrimônio nacional
O samba que desce a ladeira e traz a cidade inteira
Pra brincar o carnaval

É a fé, muito axé... A benção, meus orixás
Gira aí, diz no pé... Energia, saravá
Ah! seu Zé... Mas quanta alegria!
Swinga majestosa bateria


Assim é o nosso dia-a-dia, do sonho à realidade
Com educação e cidadania
Trabalho, esporte pra comunidade
Notícia boa é assim, vem em tom de igualdade

Se liga no som, é rap, baião
É funk, é brega, pagode na palma da mão


Estrela a brilhar no teatro, cinema e TV
Põe a boca no trombone pra alertar
Em prol dos direitos de viver
Eu, tu eles a sambar na Central da Periferia
Hoje vamos coroar um exemplo de mulher
Salve, salve Regina Casé... Salve, salve Regina Casé!

Sou Leandro, sou guerreiro da periferia
Tenho garra, vou à luta... Sou leão
Meu pavilhão é a luz que irradia
A vermelho e branco no meu coração