terça-feira, 14 de junho de 2011

Sinopses 2012 - Acadêmicos do Salgueiro


SALGUEIRO 2012

(Cheio de poesia, imaginação e encantamento) apresenta:

Cordel Branco e Encarnado

Minha “fia”, meu senhor
Deixa eu me apresentar
Sou poeta e meu valor
Vai na avenida passar
Basta imaginação
Um “cadim” de inspiração
Que eu começo a versar

Vou cantar a minha arte
Que nasceu bem lá distante
Num lugar que hoje é parte
Da nossa origem errante
Vim das bandas da Europa
Nas feiras, a boa trova
Era demais importante!

Foi assim que o mar cruzei
Na barca da encantaria
Chegou por aqui um Rei
Com bravura e poesia
Carlos Magno o os doze pares
Desfilando pelos mares
Da mais real fidalguia

E veio toda a nobreza
Que um dia eu imaginei
Rainha, duque, princesa
E até quem eu não chamei:
Um medonho de um dragão
Irreal assombração
Dessa corte que eu sonhei

Também tem causo famoso
Que nasceu lá no Oriente
De um tal misterioso
Pavão alado imponente
Que cruza o céu de relance
Dois jovens, e um só romance
Vencendo o Conde inclemente

Todas essas histórias
Renasceram no sertão
Onde vive na memória
O eterno Lampião
E não houve um brasileiro
Que de Antônio Conselheiro
Não tivesse informação

Pra viajar no meu verso
É preciso ter “corage”
Vai que um bicho perverso
Surge que nem “visage”?
Nas matas sertão afora
Lobisomem, caipora
Que medo dessas “image”!!

Pra findar esse rebuliço
Rezar é a solução!
Valei-me meu “padim” Ciço!
Vá de retro, tentação!
Nossa Senhora eu não quero
(Tô sendo muito sincero)
Cair nas garras do cão!

E não é que meu santo é forte?
Cheguei ao céu divinal
É tamanha a minha sorte
A minha vitória afinal
É cantar com alegria
Fazer verso todo dia
Na terra do carnaval

Ao ver chegar a tal hora
Da minha “alegre” partida
Saudade, palavra agora
Tem posição garantida
Mas não se avexe meu irmão
Que hoje a coroação
Acontece é na avenida

Pois eles hão de herdar
Todo esse sertão sonhado
Monarcas que vão reinar
Na corte do Sol dourado
Poetas de tradição
Recebam de coração
Um cordel Branco e Encarnado

E agora eu vou sem medo
Fazer festa “de repente”
Vai nascer um samba-enredo
Pra animar toda a gente
Afinal, não sou melhor
Muito menos sou pior
Só um poeta diferente!

Renato Lage, Márcia Lage, Departamento Cultural

COMENTÁRIOS: Como não poderia deixar de ser, a sinopse do Salgueiro foi produzida em forma de cordel. Provavelmente os compositores receberão mais informações do que as que constam na sinopse, fatalmente reduzida e pouco abrangente. Apesar de ser muito bonita e fazer com que a leitura fique interessante, o formato acaba prejudicando um pouco o entendimento do que a escola vai mostrar. Apesar disso gosto do enredo em si, que não é inédito mas pode proporcionar um bom samba. A literatura de cordel é muito rica e, se for bem explorada, trará belas imagens ao desfile. Sobre a sinopse propriamente dita é difícil fazer muitos comentários já que tangencia o enredo sem se aprofundar muito, é quase ilustrativa. Mas Salgueiro, Renato e Márcia são confiáveis e certamente o resultado será positivo.

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Sinopses 2012 - União da Ilha do Governador


Argumento

"Once upon a time", ou "ERA UMA VEZ"... é a forma mais popular, desde 1380, de iniciar histórias em língua inglesa. E se tornou convencional na abertura de narrativas a partir de 1600, da mesma forma que terminam com um: "E VIVERAM FELIZES PARA SEMPRE". Prevalecem em contos de fadas para crianças e na tradição oral de recontar mitos, fábulas e folclore.

A cada quatro anos o mundo se une para o grande momento do esporte e para celebrar a paz. A cidade anfitriã faz em sua abertura uma representação artística de sua história e sua cultura. No ano de 2012, Londres será a sede desse evento.

A União da Ilha fará uma versão bem carioca e carnavalesca dessa festa. E também uma contagem regressiva para os jogos olímpicos do Rio de Janeiro.

Em vermelho, branco e azul, as mesmas cores do Reino Unido, a Ilha falará da Ilha que sambará ao batuque da Ilha. Saint George, padroeiro da Inglaterra, estará ao lado de São Sebastião do Rio de Janeiro, ambos padroeiros da nossa escola.
O fogo que atravessou nosso último carnaval nos uniu, assim como o fogo olímpico une as nações. Superamos as dificuldades, assim como cada atleta supera seus limites para atingir o pódio.

Era uma vez uma Ilha feita de alegria e muito samba que vai contar histórias de outra Ilha. Incendiando a avenida misturando irreverência e tradição, vamos acender a pira com o fogo da paixão e transformação. Foi dada a partida! A festa vai começar!!!

Sinopse

... Onde vivia um povo valente e guerreiro. Um dia, apesar de ser defendida com bravura, um grande império a conquistou. O imperador invasor fundou uma cidade que cresceria até se tornar uma das mais importantes do mundo.

Capital de um país e depois de um reino que se tornaria unido. Sua história é feita de reis e rainhas, príncipes e princesas, e de heróis errantes.

Nobres cavaleiros cruzaram terras para defender a sua fé. Vestidos e armados com as armas de um santo guerreiro e com sua cruz estampada na bandeira, seguiram em sua saga de bravos, pondo sob as patas de seus fiéis ginetes o mais temível dragão.(1)

Nesta terra, a fantasia e a realidade se confundem. Em sua tradição, narram contos onde espadas são encantadas e cálices são sagrados. Histórias de távolas redondas, fiéis escudeiros e magos a serviço de um só Rei.

Nos palcos encenam histórias de amores impossíveis, comédias, dramas e tragédias. Onde nesta noite de verão, há somente uma questão: ser ou não ser? Nas ambições por um trono, até as "rosas" guerreiam. (2)

Em uma era dourada, conquistaram os mares e a Coroa aliou-se a corsários e piratas em busca de inesgotáveis tesouros. Dominaram por séculos boa parte do planeta.

Lançaram, sob a ótica da ciência, um novo olhar sobre fatos naturais e a todo vapor se tornaram condutores revolucionários, pondo o progresso nos trilhos e no campo do pensamento. Publicaram temas que nos deram arrepios e nos levaram a um delirante país das maravilhas.

Seus artistas brilharam nas telas e sob as luzes da ribalta. Com suingue(3) encurtaram medidas, mudaram comportamentos e deram uma chance à paz e ao amor.

Inventaram com a bola nos pés a nossa maior paixão.
Hoje convidam a todos para um encontro onde pessoas do mundo inteiro mostram o que é superação, exaltando a cultura de paz. Saudemos aqueles que ultrapassam seus limites e dentre esses os nossos patrícios que sempre nos enchem de orgulho.

Era uma vez... A nossa Ilha, onde também vive um povo valente e guerreiro, que defende com bravura sua bandeira. Que todo ano vem para conquistar o coração de um lugar que cresceu até se tornar um dos mais importantes da terra e que em breve será o próximo anfitrião. A Ilha é a pista para esse sonho aterrissar e a porta de entrada das nossas vitórias.

Nessa grande paródia carnavalesca, vamos adiantar os ponteiros do relógio e imaginar que a festa é aqui e agora. Acender a chama da paixão, incendiar de alegria toda a cidade e renovar as esperanças.
Contos de fadas são como o carnaval, e sempre nos levam ao imaginário, sendo assim, esta história não poderia terminar diferente: "E viveremos felizes para sempre".

Alex de Souza
Carnavalesco

(1) Referência á oração de São Jorge, Padroeiro da Inglaterra.
(2) Citações ás peças de Willian Shakespeare. O maior dramaturgo de língua inglesa.
(3) Swinging London foi uma expressão utilizada nos anos 60 para descrever a vanguarda londrina. Swinging representaria algo com arrojo, moderno, etc.

COMENTÁRIOS: Assim como em 2011, a Ilha vem com um enredo de fácil compreensão. Certamente o público não terá dificuldade para identificar os elementos que passarão na Sapucaí, o que fornece um entendimento maior do desfile. Acho interessante o fato de falar sobre a Inglaterra, que possui uma cultura rica e nunca foi muito explorada no Carnaval. Uma boa sacada associar a chama Olímpica com o incêndio no barracão, que serviu de motivação e uniu a escola. A princípio me preocupava um pouco essa ligação do enredo com os Jogos Olímpicos, pois poderia acabar fazendo com que o desfile ficasse comercial e frio demais. Me lembrei logo da Portela em 2007, que não foi tão bem com o desfile sobre os Jogos Panamericanos. Mas pelo que fala a sinopse, a Inglaterra será mesmo o foco principal, deixando as Olimpíadas apenas para o último setor, talvez. Espero um bom desfile da escola, que está com a autoestima nas alturas após o último Carnaval, quando ganhou os Estandartes de Ouro de melhor escola e enredo. Esse ano a ilha britânica vai brigar com outros belíssimos enredos no Grupo Especial, mas o trunfo da União será mais uma vez a fácil assimilação que devem proporcionar suas alegorias e fantasias.

domingo, 12 de junho de 2011

Com emoção, otimismo e quadra lotada, Porto da Pedra apresenta à comunidade sua equipe para 2012


O Tigre de São Gonçalo começa a mostrar suas garras.A Porto da Pedra iniciou oficialmente seus trabalhos para 2012, apresentando a equipe do Carnaval de 2012 para a comunidade. O evento aconteceu durante a tradicional Feijoada da Família Tigre e contou com muita emoção e animação, além do otimismo demonstrado pelos profissionais em realizar um bom trabalho.


Em um dos momentos mais marcantes da festa, a presidente da Velha-Guarda, Dona Olinda, entregou o pavilhão da escola ao primeio casal de mestre-sala e porta-bandeira, Fabrício Pirez e Cristine Caldas. “Não tem jeito, há cada ano que passa é uma emoção diferente e não tenho como segurar as lágrimas. Essa festa linda, essa feijoada maravilhosa, como nunca tivemos, e essa equipe incrível me deixaram ainda mais encantada com a minha escola. Quando peguei o pavilhão para entregar ao querido casal que vai nos representar, é como se estivesse entregando meu próprio coração, minha vida", disse Dona Olinda, que se emocionou durante a cerimônia.


O presidente da agremiação, Fernando Marins, mostrou-se satisfeito e confiante no bom desempenho da escola: “A feijoada da Dona Ângela estava deliciosa, aconteceu em grande estilo e conquistou a comunidade. A nova equipe de carnaval demonstrou otimismo e uma energia muito empolgante. Novas feijoadas virão e mais energia positiva também chegará. Já estamos com força total”.

Fred Tavares, o grupo Merece Respeito e a cantora Andréa Caffé também participaram da feijoada, que já tem data marcada pra acontecer de novo. A próxima edição da Feijoada da Família do Tigre será no dia 9 de julho e contará com a presença da cantora Dorina. Mais informações pelo telefone 21 3707-1518.

Fotos: Divulgação

sábado, 11 de junho de 2011

Sinopses 2012 - Inocentes de Belford Roxo


"Este enredo é a junção de vozes que ao longo do tempo ecoaram dispersas. Ao ouvir um sussurrar suave percebe-se a voz da história como um canto que projeta o um País, rico e exuberante envolvido em sua pluralidade. Algumas visões culturais especificas sobre a formação do Brasil e seus Brasis. Ergue-se então um contracanto que é a polifonia da história com as vozes do povo, os descendentes dos índios Jacutingas enraizados a margem do Rio Sarapuí.

E assim as vozes destes homens simples se juntam com as, dos Guaikurus dos Guatós e todos iram defender e fazer tremular um pavilhão de cores; vermelho, branco e azul, inspirados no urucum jenipapo e calcário. E o canto que regi é o gritar do Jaburu - que resume arremata e faz culminar um estandarte natural de ironia alegria e festa, compondo assim a "sinfonia da natureza".

Cada voz é uma importante contribuição para esta grande orquestração. Iremos compor um mosaico e gerar mais uma releitura desta aldeia chamada Brasil.

Apresentaremos no libreto uma narrativa "maravilhosa" que vai navegando entre o lírico e o rasteiro. Inserindo assim uma cor especifica a este "livro de figuras".

Esta opera é uma espécie caleidoscópica da vigorosa tradição musical e folclórica brasileira, tornando-se um contundente retrato da "Alma Nacional". "A partitura será apresentada feito uma singela pintura de um ‘rio de fantasia" no qual desaguam: paisagens, sonhos, lendas, folclores e tradições...

A rapsódia verde amarela de lugar distante

Sou o sagrado coração da terra

A fauna, flora, e lendas. E também cacique dos índios cavaleiros

Trago as cores e a exuberância das riquezas naturais

Sendo Lagoa e mar de Xarayes

Tenho a Fonte nascente... Vida e rio afluente, raízes e frutos da ambição.

Sinto um leve sabor de fruta retirado das mangabeiras, e o perfume das flores abertas.

Passados de lembranças e sonhos de futuros

O emergir e o desaparecer

A transformação à margem do Rio Paraguai

E o Forte de Nossa senhora da Conceição

O fogo- e as cinzas da historia.

O Porto e o progresso de um povoado coberto de musgo. E das Ruinas que dão arvores; vejo a vila, a beleza e a epidemia.

Defendo as cores pátria na Figura de Tamanduá bandeira,... Comendo formigas e cupins

Tal qual Homem da guerra; sou tenente, raposa, coronel, coiote e Tamandaré.

Sou gavião caramujeiro devorando aruás. Sangue mais denso que agua

A arte plumária me faz

Um Senhor da liberdade

Que deita com a lua

Diante do passar dos séculos.

Agora me sinto estrela e um sonho indecente, Deixando apenas os grafismos para inspiração.

E Na lavagem do São João, misturo o sagrado e o profano.

Sendo Marinheiro, mestiço, pantaneiro. ...Toco "Índia" da Guarânia, e danço polca.

Sou "prenda". Sou "prata".

Idealizado de brasileiro da fronteira.

Na Minha "estrada de ferro" danço com a morte e a jazida e frágil e forte.

Vejo a Chalana... E sinto a brisa

E tal qual homem do verso de Manoel de Barros sou a continuação das aguas reviradas pelo minhocuçu.

E Ao silencio do por do sol

Sinto o vento embaixo das saias ao som do rasqueado

Será que sou o que seria?

... Sim! Um ser inocente, porém valente, inzoneiro que revela o carnaval. E também símbolo de paz sobre dois corações.

Represento harmonia e conexão confluente entre a cidade branca e a cidade do amor.

Danço no Chão da morena trigueira ao som do cavaco e da viola de cocho. E a minha poesia me faz irmão do povo melodia e mensageiro de écos que retumbam no ar;

"Vale a pena preservar"

Meu nome é Tupi - Guaikuru, amigo de Peri, neto de Caramuru, sou Juruna, Galdino, Maria, Iracema, Jorge, João, Paulo, sou Cererê e Raoni.

A fantasia é um velho mistério e tesouro guardados dentro cada um de nós

Sou Belford Roxo, Corumbá - sou Macunaíma - sou brasileiro.

"Mim" só quer brincar

Abram - alas que eu vou chacoalhar... "

COMENTÁRIO: O texto é um pouco confuso, com frases soltas e sem conexão direta. Talvez uma tentativa de dar a um enredo simples sobre uma cidade ares mais densos, parecido com o que faz a Beija-Flor. Particularmente achei interessante as imagens sugeridas, apesar de Corumbá não ter muito sua razão de ser enredo. Parece uma escolha meio aleatória fazer um desfile sobre a cidade, já que ela não está fazendo aniversário nem nada do tipo. Por outro lado, justamente por ser um lugar não muito conhecido, pode ser interessante pois proporcionará novidades na Sapucaí. Depois de alguns enredos duvidosos e "trashs", a Inocentes volta a apresentar uma temática indígena, da mesma forma que fez em 2008 com "Ewe - a cura vem da floresta", que lhe valeu o campeonato do grupo B e ascensão ao A. Se seguir o estilo da sinopse, o samba deverá sem bem poético, algo que a escola não fez desde que subiu. Aliás, a Inocentes ainda não conseguiu se apresentar de forma convincente no grupo A, mesmo com o vice-campeonato de 2010. Pode ser uma boa oportunidade.

sexta-feira, 10 de junho de 2011

Sinopses 2012 - Imperatriz Leopoldinense


"'Briguei pela boa causa, a do homem e a da grandeza, a do pão e a da liberdade, bati-me contra os preconceitos, ousei as práticas condenadas, percorri os caminhos proibidos, fui o oposto, o vice-versa, o não, me consumi, chorei e ri, sofri, amei, me diverti.'
Jorge Amado (Navegação de Cabotagem, 1992)

Ave Bahia! Bahia sagrada!
1912. A lua prateada banha o céu de axé...
Eis a coroa de Oxalá, o Senhor da Bahia!
Venha nos proteger, meu Senhor do Bonfim!
Vem do mar a esperança... Litoral de magia... Iemanjá! Oferendas à rainha do mar!
"Ela é sereia, é a mãe-d’água, a dona do mar, Iemanjá"
Velas bailam ao som do vento baiano. Veleiros, canoinhas e jangadas, deixem-se levar.
"...cerca o peixe, bate o remo, puxa corda, colhe a rede
Canoeiro puxa rede do mar..."
Jorge, Amado Jorge... Eis aqui sua história, vida e memória!
Vai, criança baiana; descubra os segredos dessa terra.
Jorge conheceu fazendas, ruas, vielas,
Becos e guetos, tipos e jeitos.
- Quem quer flores? Frutas? - grita o vendedor.
- Olha o acarajé! - oferece a velha baiana.
Águas de Oxalá! Venha ver a Lavagem do Bonfim!
As letras lhe chegam num sopro. Um vento de liberdade em defesa do povo.
Ah... O Rio de Janeiro... Nova casa do rapaz escritor.
Graduado na vida e na universidade.
Na política, com o "coração vermelho", se engajou.
É a vida na capital. Amigos, papos e mulheres...
Ah... As mulheres... Vida perfumada e sensual...
Bares e cabarés... Eis a malandragem, o primeiro livro: o "país do carnaval".
Primeiros romances. Romances da guerreira e apimentada Bahia, sua eterna paixão.
O ciclo do cacau, grande inspiração.
Viver nas areias da história e sonhar em ser capitão.
Um ideal. O valor do homem. O reconhecimento da valente alma do povo.
Vivência e personagens se confundem. Verdadeiros baianos traduzidos nos folhetins.
Onde está a liberdade?
Essa é a "Bahia de todos os santos", de toda gente! Gente brasileira.
Doce amor, doce flor. Amiga, companheira, parceira de letras e caminhadas
Que o segue fielmente pelo "sem fim" do mundo.
Retornar a sua origem... Os passos rumo à alvorada da literatura.
Rumo à consagração: premiado e Amado. De farda e fardão.
Busca no tempero de Gabriela os sabores da vida. O aroma da crônica do interior.
A brisa que balança as madeixas da morena embala palavras ao encontro de Dona Flor.
Tieta do "chão dos prazeres", do agreste. Tereza Batista, "fonte de mel".
Mulheres e "milagres" do Nordeste.
Jogue a rede, pescador! Traga do mar de memórias as palavras inspiradoras.
Hoje o capitão é Jorge Amado. Capitão de sua navegação. "Navegação de Cabotagem".
Misticismo e miscigenação, a alma desse chão.
Que Exu nos permita caminhar! "Se for de paz, pode entrar."
Okê Arô Oxossi! Salve todos os Orixás! Joga búzios, canta a reza!
Kaô kabesilê! Kaô meu pai Xangô! Jorge é obá no Ilê Axé Opô Afonjá!
Ora iê iê Oxum! Mãe de Mãe Menininha do Gantois, amiga na fé, axé!
É festa na ladeira do Pelô! É festa na Bahia! Fervilha a mestiça terra de Jorge!
A Magia dos Filhos de Ghandi... É energia do sangue nordestino...
Tocam atabaques e alabês. O Pelourinho estremece! Vem descendo o Ilê Aiyê!
É o tambor! É a força do ritmo! É o som do Olodum!
Venham, amigos queridos! Amada família do escritor, venha conosco cantar!
100 anos do nascimento de Jorge Amado... Comemora a Imperatriz Leopoldinense!
De alma e coração, vamos todos brindar ao mestre das letras!
Sentadas sob a sombra da copa de uma grande árvore, suas palavras vão para sempre descansar...
Jorge, Amado Jorge...
Muito obrigado!
Hoje, a ti canto e me declaro:
sou mais um gresilense apaixonado!"

COMENTÁRIO: Até o momento, a melhor sinopse. Não só pela estrutura de poesia , que deixa a leitura agradável e interessante, mas pelo próprio enredo, que deve proporcionar um lindo desfile à Imperatriz. Alguns certamente criticarão o fato da Bahia e seus orixás já terem passado incontáveis vezes na Sapucaí, mas mesmo assim acho que apresentados sob o contexto de Jorge Amado devem dar um resultado interessante. E para a própria escola isto pode ser muito bom, pois depois de anos apresentando enredos densos e frios, desta vez deverá vir bem leve e colorida (para alegria de Max Lopes), estabelecendo também mais contato com o público e, quem sabe, finalmente animando seus componentes. Sem falar que a Imperatriz já se deu bem falando da Bahia, em 1980, quando foi campeã com o enredo "O que que a Bahia tem" e um dos melhores sambas de sua história. E também foi levando a literatura pra Sapucaí que a escola fez seu último grande desfile, em 2005, com "Uma delirante confusão fabulística". Ou seja, cenário bastante favorável à agremiação de Ramos, que, com a ala de compositores que tem, certamente irá em busca do terceiro Estandarte de Ouro consecutivo no quesito.

quinta-feira, 9 de junho de 2011

Sinopses 2012 - Caprichosos de Pilares


"Sonhar é preciso.

O Homem é movido a sonhos, e os sonhos alimentam as nossas perspectivas de dias melhores; eles podem nos transportar a qualquer tempo e lugar, podemos viver num paraíso, em perfeita harmonia com a natureza, com direito a arco-íris, flores e pássaros a cantar... Enfim, trazendo à tona nossos desejos mais íntimos.
Sonhar é não limitar-se a limites sejam eles quais forem. Devemos sonhar com o que queremos, buscarmos ser o que quisermos... A vida é boa, porém curta e nela temos muitas surpresas, boas, ruins, inesperadas... Por isso temos que fazer o nosso papel: rir, pular, dançar, cantar, brincar sem medo de viver intensamente e ser feliz! Pois só assim nos fortificamos para podermos enfrentar os pesadelos que surgem no nosso dia-a-dia.

A todo o momento devemos sonhar, traçar novas metas, querer o "melhor do melhor," e com nosso coração azul e branco e muita garra, despertar o gigante que está adormecido há algum tempo.
Que bom! Nosso gigante está despertando, e seus sonhos não foram dos melhores. É hora de levantar, tomar um banho, lavar a alma e limpar todas as impurezas entranhadas no seu corpo. E assim trazer de volta para os seus braços antigos amores. Pois em sua memória ele guarda muitos momentos de glória de uma comunidade que tem orgulho de bater no peito e dizer: "Sou Caprichosos"...
Momentos de glória.

Esse povo apaixonado faz parte de uma bela história construída com suor e muito amor, que começou em 19 de fevereiro de 1949, quando no subúrbio carioca nascia a Caprichosos de Pilares, sob os olhares de bambas e sobre um manto "vermelho e branco".

Pouco tempo depois foi batizada, e suas cores foram alteradas para azul e branco em homenagem à sua ilustre madrinha: A Portela.
Nossa escola foi crescendo e ganhando o mundo, revelando talentos e mostrando sua arte pelas mãos de grandes artistas que tanto contribuíram para nossos momentos de glória. Carnavalescos, serralheiros, marceneiros, escultores, pintores, aderecistas e tantos outros profissionais responsáveis em realizar nossos memoráveis desfiles.

O veneno de nossas cobras sempre esteve presente em tantos belos enredos inesquecíveis trazendo sátiras, críticas e bom humor. Criando assim uma identidade própria de uma escola alegre e que se identifica muito com o povo carioca.
Tendo uma visão debochada do mundo em que vivemos, sempre mostrou com muita propriedade uma forma diferente de fazer carnaval, tratando muitas vezes, de assuntos sérios com irreverência, mas mostrando com muita responsabilidade a força que tem uma comunidade dedicada, orgulhosa e sempre pronta para encarar as dificuldades que aparecem em nossos caminhos... E vamos à luta.

Então agora é tempo de renovação e superação, pois assim como a Fenix (pássaro mitológico que ressurgia das cinzas) não nos abalamos com maus momentos do passado, porque sabemos que está renascendo uma "Nova Caprichosos" muito mais forte para superar novos desafios e alçar vôos muito mais altos.
Com muita determinação vamos transformar todos os nossos sonhos em realidade. Somos guerreiros e apaixonados, já erguemos a cabeça, chutamos a tristeza e partimos para a luta.

Nossa evolução vem da persistência e determinação; pois quando entramos na avenida nosso coração bate forte no compasso da bateria, e dessa vez não será diferente, a emoção e a paixão serão o nosso combustível para que possamos levar a nossa escola ao lugar de onde nunca deveria ter saído.

Vamos levantar nossa bandeira, pois muitos outros grandes momentos nos esperam; unidos juntaremos nossas forças, por que sabemos que fazemos parte de uma história escrita pelas mãos e "pés" de um povo que "com garra, com raça e amor" veste a fantasia que nos leva a esse mundo encantado onde nos tornamos os personagens mais importantes do maior e mais emocionante espetáculo do planeta terra.

'Tudo o que um sonho precisa para ser realizado é alguém que acredite que ele possa ser realizado.'"

COMENTÁRIO: O mais interessante deste enredo é que não se resume a somente contar a história da escola, como pode parecer à primeira vista. Possui uma linha de raciocíno que busca muito mais homenagear a agremiação do que relatar grandes desfiles, que também não devem ficar de fora. Na verdade soa mais como um resgate da autoestima da Caprichosos, que passa por um período de renovação após a festejada saída de Paulo de Almeida da presidência. No próprio logotipo vem escrito "Nova Caprichosos", mostrando que a escola quer mesmo esquecer o passado e dar a volta por cima. Um desfile que exalta as glórias de Pilares pode ser um bom começo, mesmo não podendo ser muito abrangente devido às limitações de setores do grupo B. Mas é bastante oportuno para o momento da escola e deve fazer com que a comunidade, o grande trunfo da Caprichosos, também compre a ideia. Escolas que fazem enredos sobre si próprias geralmente não são bem sucedidas mas acho que a Caprichosos pode se dar bem, até por ser mais experiente que as co-irmãs do grupo B. Torço para que venha com uma boa plástica, o que lhe tem faltado nos últimos anos.

quarta-feira, 8 de junho de 2011

Sinopses 2012 - Beija-Flor de Nilópolis


"Areias infindas das terras das palmeiras do meu país, depois do oceano, do areal extenso, o horizonte imenso, onde a terra esboça luz. Upaon-Açu, solo sagrado, terra de encantarias, onde vive em plena mata, a tribo dos homens nus. São guerreiros dos cumes dos montes, dos vastos horizontes, onde canta o sabiá. São combatentes bravos, que não se fizeram escravos do estalar do açoite dos que vieram te dominar.

Sem saber o que esperar, três Coroas te cobiçaram as riquezas, os relatos do Novo Mundo inflamaram as paixões, por cidades de ouro puro a serem descobertas, de fantásticos prazeres, ilusão hiperbólica dos seres, transformados em quimera bestial.

A França te fundou, Holanda te invadiu, mas Portugal conseguiu, por fim, te colonizar. Mas para tanto, o que se deu foi um quadro medonho e triste, que, ao surgir, no mar se achou. Abrindo as velas ao soprar das virações marinhas, surge espectro sombrio. Em meio às brumas, desenha grande navio, que traz um canto funeral. Choro, amargura e horror fazem do cúmulo da maldade, a mordaça da liberdade para triste multidão; o navio da escravidão, ferida aberta nos mares, vem macular os ares de São Luís do Maranhão.

Fatalidade atroz, envolve reis e rainhas, soberanos de selvas longínquas da majestade dos leões. Ontem belos, livres e bravos, agora míseros escravos; sem luz, sem lar, sem amplidões.
E a terra se desdobra, cresce, evolui, se renova, a ferro, fogo e escravidão. Mas nos planos divinos, nos reinos cristalinos, nos píncaros da luz eterna, surge nova terra, cultivada à força da oração.

Upaon-Açu, ressurge agora mística no poder dos voduns e ao som dos tambores de Daomé, na manifestação dos antigos e na força do candomblé. Desse misticismo santo, surge a alegria e o encanto das festas que te enfeitam, por vezes, como o Boi morto e ressuscitado da negra mãe Catirina, celebração divina em meio a enfeitados casarões de azulejos portugueses; teu folclore tem brilho farto, que à tua riqueza conduz.

Terra dos ludovicenses, Ilha do Amor e dos mitos da Fonte do Ribeirão, da terrível serpente encantada, da lenda da praia do olho dágua, de Iná princesa, e do milagre de Guaxenduba. Fala-se de uma sinhá incompreendida, que virou assombração, e no soar da meia-noite, surge o espectro sinistro, ouvem-se o ranger de correntes, estalar de açoites, seres sombrios como a noite, escravos arrastados em imenso turbilhão.

E a Sinhá Ana Jansen sofre agora, aprisionada em carruagem encantada por antigos escravos seus, furiosos, desesperados, cortejo de celerados, esquecidos filhos de Deus. E a cena só termina, quando o galo, na campina, anuncia o dia raiar.

São Luís, capital do Maranhão, terra de Alcione, de Joãozinho Trinta, de Zeca Baleiro, de Rita Ribeiro, do Reggae Brasileiro, de Gonçalves Dias, de Ferreira Gullar e Josué Montelo.
Vestindo a fantasia, vem celebrar nossa folia o fofão, o vira-lata, cruz-diabo, o corso do meretrício e as cabrochas a brincar com os mascarados dos salões do Moisés.

Em meio a tanta festa reluz o Eldorado da bauxita, minério batizado pela Coroa que te fundou e que desconheceu essa tua riqueza, que hoje é chama acesa para que possas progredir; na luz dos céus incomparáveis do futuro que te aguarda, na imensidão, para te consagrar, enfim, São Luís, pérola sagrada da Coroa encantada do glorioso Maranhão."

COMENTÁRIO: Sinopse com a cara da Beija-Flor. O que pode ser muito bom já que sabemos que quando a escola vem como gosta certamente é candidata ao título. Mas pode ser ruim, já que repetir a invariável estrutura de enredo ao falar sobre cidades pode dar ares de "já vi este filme" ao desfile. Ainda mais porque o Maranhão já passou diversas vezes na Sapucai, forçando a escola a tentar abordar aspectos diferenciados. Sobre o enredo, fala da cidade de São Luís de um ponto de vista mais místico, sem esquecer a parte histórica e cultural. Torci para não ler "Agotime" no texto, o que felizmente aconteceu, já que a dita cuja já esteve presente nos desfiles de 2001 e 2007 da Beija-Flor. Apesar de curta, a sinopse é bem escrita e dá uma boa noção do que a escola irá apresentar. Não enche meus olhos ver mais uma vez São Luis na avenida, sobretudo na Beija-Flor, que recentemente já fez Macapá e Brasília e há dez anos atrás falou da mesma São Luis. Em se tratando da agremiação nilopolitana podemos esperar um desfile luxuoso e com a garra de sempre, porém dificilmente conseguirá surpreender e estabelecer maior relação com o público.

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Sinopses 2012 - Império da Tijuca


"O Grêmio Recreativo Escola de Samba Educativa Império da Tijuca é a única escola que traz em seu nome a preocupação com a educação. E é isso que nossa escola tem feito em suas atividades e desfiles desde sua fundação.

Dando continuidade à sua função de transmitir conhecimento, após apresentar, em 2011, um enredo de cunho cultural que mostrava as formas de celebração do Carnaval pelo mundo, este ano nossa escola traz para a Passarela do Samba um enredo intrigante e inusitado, mas também com propriedades notadamente culturais. Com o enredo Utopias - Viagem aos confins da imaginação, faremos uma incursão nos mais extraordinários e mirabolantes lugares imaginados pela mente humana.

Vamos mergulhar em admiráveis mundos antigos e novos, em sociedades com feições e estruturas singulares, nos embrenhar na espantosa natureza de cada civilização criada pela ilimitada e desvairada imaginação do homem através do tempo. Vamos cantar outras terras, demarcadas pela beleza e anormalidade, mas coalhadas por muita gente interessante que contracena com personagens insólitos e apaixonantes.

Lugares utópicos deslumbrantes onde o tempo e o espaço desafiam a lógica para constituir reinos, províncias, regiões, povoados, cidades, países, mundos redimensionados, ambíguos e acolhedores, frutos do delírio de quem os concebeu.

Ao reconstruirmos esses locais fantasiosos, onde tudo é possível e o improvável acontece, pretendemos provocar o público, fazendo com que todos se sintam potenciais visitantes de outras dimensões, na tentativa de decifrar os enigmas da composição social dessas misteriosas terras lendárias.

Incitados a procurar, a examinar o que lhes chegam aos olhos, os foliões serão convidados, a todo instante, a achar respostas para indagações sobre a própria sociedade em que vivem. Estaremos, assim, instigando o imaginário coletivo, reforçando a dúvida do que seria o ideal de uma sociedade humana, contrapondo à representação de outras sociedades com características únicas.

Para isso, passarão pelo desfile do Império da Tijuca reinos encantados como Seráfia, Agartha e Lórien. Logradouros fabulosos, férteis terrenos da imaginação, universos descritos pela fantasia em Foxville, Cocanha e Calonack. Ilhas construídas e habitadas por personagens e acontecimentos maravilhosos como Utopia, Avalon, Kradac, Cantahar e Benzalém.

Vamos fazer uma viagem muito louca pelos mais diversificados e estranhos territórios imaginados por Garcia Marquez: Macondo; por Érico Veríssimo: Antares; por Manuel Bandeira: Pasárgada, e tantos outros criadores de utópicos reinos encantados.
Nessa expedição, teremos a emoção como bússola a nos guiar pelos recantos altaneiros banhados de alegria em Pirandria, de fulgor e cores em Celesteville, de extravagâncias e dos arroubos em Sabá.

São tantos os lugares projetados no futuro e no passado, os sentimentos tencionados, os desejos renovados quando se tratam de ambientes utópicos. Invenções? Sonhos? Devaneios? Alucinações? Ilusões? Isso pouco importa, pois o Carnaval também se baseia em conceitos utópicos, muitas vezes, criando enredos, inventando e dando vida a personagens, produtos da imaginação das sociedades, delas muito revelando.

Assim, com esse espírito de fantasiar e delirar ao extremo, o Império da Tijuca ganha a Sapucaí em 2012, para revelar mundos distantes criados a partir de ideias utópicas difundidas ao longo dos séculos, alimentando o místico imaginário popular.

Senhores foliões, pedimos que deixem agora somente a fantasia dominar suas mentes. Anunciamos, neste momento, a última chamada para darmos início a nossa fabulosa viagem carnavalesca aos confins da imaginação! E convidamos a todos os presentes a embarcar nessa fascinante jornada por lugares incríveis, para participar dessa vibrante aventura, desbravando paisagens exóticas e diferentes e conhecer personagens fantásticos que povoam o pensamento da humanidade."

COMENTÁRIO: Gostei muito do enredo mas a sinopse me decepcionou um pouco. Primeiro porque é muito subjetiva e implícita, não especificando ou se aprofundando no que o desfile pretende mostrar. A ideia é boa mas faltou um pouco de clareza. Segundo porque no setor que fala dos reinos encantados, tenho medo de uma "estrangeirização" do desfile. O próprio logotipo do enredo parece capa de video-game. No entanto, me agradou ver que lugares vindos da literatura, como Pasárgada e Antares, estarão presentes. Sem dúvida deve render uma bela plástica ao desfile, mas espero que a escola não faça como sua vizinha tijucana e apresente um parque de diversões em forma de desfile. Aliás o enredo é bem parecido com o de 2005 da Unidos da Tijuca. Como a sinopse não dá muitos detalhes do que podemos esperar da apresentação da escola, resta torcer para que o Imperinho saiba aproveitar a boa proposta que tem em mãos.

domingo, 5 de junho de 2011

A casa caiu


Antes foram os camarotes, o setor de luxo da Sapucaí. Que faziam alguns torcerem o nariz por representarem o Carnaval comercial, dando a honra e privilégio de assistir aos desfiles à pessoas que estavam mais interessadas em fazer social. Mesmo assim, já era costume ver aqueles acolchoados coloridos permeando todo o setor 2, onde também ficavam algumas cabines de jurados, o Estandarte de Ouro, cabines de TV e o quase folclórico Camarote Número 1. Impossível para quem desfilava ou estava na arquibancada deixar de olhar pro primeiro camarote da Sapucaí e procurar algum famoso e comentar com quem estava ao seu lado.

Tudo virou pó, lenta e gradualmente. Hoje as paredes que certamente presenciaram o glamour, o requinte e as mais escandalosas histórias são um grande amontoado de destroços.

Neste domingo, veio abaixo o prédio da Brahma. Diretamente não fazia parte dos desfiles mas é impossível a qualquer um que tenha algum vínculo com o Carnaval não sentir uma pontinha de tristeza ao ver a implosão. Era parte do cenário da avenida, um espectador como nós, presente em cada desfile. Uma companhia para as diversas horas passadas na Sapucaí. Imponente atrás do setor 2, com fachada de ares históricos mas já desgastada pelo tempo.

A nova Sapucaí promete uma maior interação entre o público, com arquibancadas de frente umas pras outras, da mesma forma como acontece com os setores 4 e 11. Vai melhorar, sim. Mas impossível deixar de lembrar do muro de concreto que percorria grande parte da extensão da pista, pra onde sempre se ficava olhando enquanto se esparava a próxima escola desfilar.

Foram-se, sacrificados pelas Olimpíadas. Que pelo menos dêem lugar à vibração e emoção das quais carece o público da avenida.

Casa nova. Vamos nos acostumar.

sexta-feira, 3 de junho de 2011

Sinopses 2012 - Acadêmicos da Rocinha


"Hoje, eu um pombo, tão difamado na atualidade, porém como assíduo frequentador dos céus urbanos, peço licença para narrar a história do surgimento das praças e o quanto elas influenciaram o desenvolvimento social do Homem.

Em um voo milenar meus ancestrais gregos viram surgir a Ágora ateniense, amplo espaço aberto cercado de prédios públicos e mercados onde palpitava a vida política, social e econômica da cidade. Ornada com belos pórticos de finas colunatas onde homens de negócios discutiam seus interesses e todas as classes podiam interagir. Era lá que os políticos debatiam com o povo futuras decisões. Com a abertura do mercado, comerciantes e artífices se punham a negociar uma infinidade de produtos. Assim nascia para o mundo a praça, seu exemplo de convívio e democracia.

Já em terras brasileiras gerações passadas de minha família vinda da Europa, contaram ter visto do alto de um campanário, o centro nervoso da sociedade em uma cidade pequena do interior onde tudo acontecia. De um encontro amoroso a festividades religiosas de onde brotava um cheiro bom dos quitutes lá vendidos por senhoras religiosas. Os discursos políticos deixando crédulos esperançosos de mudanças em seus votos. Os acordes da banda no coreto convidavam todos a dançar. Ao cair da noite as luzes contornando a linda igreja, enfeitavam o passeio em família esperando o encantamento de uma sessão de cinema convidando todos a sonhar na praça da matriz onde o tempo teima em não passar.

Hoje me ponho a voar para ver o quanto estas Ágoras modernas têm a oferecer. Entre um amontoado de arranha-céus vejo espremido um pequeno Oasis na cidade grande. Pouso em um busto de ferro como tantos que homenageiam um herói ou personagem histórico. Vejo crianças brincando em lúdicas trapizongas de ferro, velhinhos que preenchem o tempo ganho pela aposentadoria jogando nos seus tabuleiros; enquanto outros descansam e leem seus jornais sentados nos bancos à sombra de uma árvore. Vejo nesta praça de bairro um refúgio, onde convivem em harmonia, esquecendo todas as diferenças, moradores de apertados "pombais" de concreto, isolados nas grandes cidades.

Em uma repentina revoada sou levado à periferia desta cidade. Lá pousando em uma trave de gol com minhas penas brancas lembro que sou um símbolo de paz, sentimento tão necessário para muitas comunidades que colocadas à margem da sociedade enfrentam todo o tipo de sorte. Assim em um terreno abandonado surge à esperança, uma praça de esportes. São quadras, pistas e aparelhos de ginástica que mudam a perspectiva de jovens que alcançam novos ideais e idosos ganham melhor qualidade de vida com atividade física. A praça mostra o poder que possui de reintegrar o cidadão.

Novamente me ponho a voar para longe chegando ao centro do poder político, Brasília! Plainando entre modernos prédios avisto uma multidão que em marcha bradam palavras de ordem empunhando bandeiras, ferramentas e faixas que expressam seus anseios. Essa procissão segue a caminho de um belo monumento erguido em nome dos trabalhadores, construtores desta cidade. E na Praça dos Três Poderes, lembro-me da Ágora grega e quanto ela se adaptou em terras brasileiras, sem perder a essência da democracia.

Pois é, depois de tanto voar e narrar essa história junto a esta comunidade, eu um simples pombo, espero ao fim deste desfile, na Ágora maior do samba a Apoteose, poder botar o nome Rocinha na praça, como a campeã do carnaval de 2012."

COMENTÁRIO: Interessante o enredo sobre as praças, embora eu esperasse uma abordagem um pouco diferente. Pelo que diz a sinopse, o desfile irá mostrar a representação cultural da praça, desde os tempos da Ágora grega até os dias de hoje. Ao saber do enredo imaginei que fosse sobre praças famosas e seu contexto histórico, algo que só é abordado no final, onde é citada a Praça dos Três Poderes. Ou então sobre praças tradicionais e conhecidas do Rio de Janeiro, o que poderia proporcionar mais comunicação com o público ao mostrar lugares do cotidiano das pessoas. Talvez fique um pouco desconexo dar relevância apenas à praça brasiliense, mas pode ser que no desfile apareçam algumas outras. De qualquer forma acho um enredo atrativo e original, e em se tratando de Rocinha, podemos esperar um bom desfile, que não deixe o tema ficar tosco ao passar na Sapucaí. Com relação ao pombo que conduz o enredo, achei uma excelente sacada. E, como era de se esperar, a Praça da Apoteose fechará o desfile. Mesmo esperando uma abrangência maior, está de bom tamanho para o grupo de Acesso.