quarta-feira, 26 de maio de 2010

Sinopses 2011 - São Clemente



Conselho Deliberativo da Criação Divina
Lá longe e tão perto, eternizado em nossos corações, está Deus. Dada sua condição especial, onipresente e divino, Ele convoca todos os santos, anjos e arcanjos e institui o Conselho Deliberativo da Criação Divina. Transforma-os em incansáveis missionários para construir o mundo dos homens em sete dias. E afirma: - Dos sete, utilizarei dois para criar uma cidade admirável, esculpida pela própria natureza.

Em seguida, chama por São Clemente e São Sebastião e ordena-os:
- Vocês serão responsáveis pela obra desta "cidade única". Descerão da criação divina ao plano material, levando o sopro à vida. Distribuirão mistérios por uma terra abundante de frutos, pássaros e peixes. Belas, igualmente únicas e belas, serão suas paisagens e suas águas cristalinas "azuis como a cor do mar". E ao término do cumprimento de minha ordem divina chamem-na de E Deus fez a Maravilha. Contudo, antes de partirem, o criador de todas as coisas designou os anjos Ariel, Gabriel e Raphael para a tarefa de fiscalizar as obras e a vida na cidade única por Ele planejada.

Rio: um porto desejado!
A Maravilha de Deus é contemplada.
Os fenícios podem ter sido os primeiros que aqui chegaram. Eles vislumbram um "Rio Alado". Algumas inscrições gravadas no alto da Pedra da Gávea permitem fantasiar sobre esta versão indubitavelmente mágica em sintonia com a natureza.

O Rio torna-se alvo irresistível para os navegadores portugueses e franceses, que ávidos da majestosa natureza, travam batalhas por seu valor inestimável.
Deus percebendo a cobiça e o crescente desejo pelo domínio de sua menina dos
olhos promove São Sebastião a santo padroeiro da cidade. Credita-se a São Sebastião, o bem-aventurado, parte do nosso futuro sucesso como cidade. Dada a batalha final, é ele quem surge na visão do consciente imaginário português motivando-o a vencer e expulsar os invasores, fundando-se a Cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro.

Império Tropical
Vendo através dos olhos dos homens, o nosso divino arquiteto dá condições à vida...
A Família Real desembarca no Rio de Janeiro. É a época da política do "Ponha-se na Rua", nome dado, com senso de humor, pelos cariocas, que se inspiravam nas iniciais "PR", de Príncipe Regente, que eram gravadas na porta das casas requisitadas para os nobres portugueses.

A Divindade transforma-se em uma realidade histórica. É a fonte cristalina das águas do Rio carioca. Suas águas correm, suprem as necessidades de abastecimento e chegam aos homens. Tornam-se as águas do Rio, dos escravos agueiros, dos caminhos dos aquedutos, das mães-d´água: das bicas públicas, dos chafarizes, das casas dos nobres.

Águas que molham o canto das lavadeiras nos riachos e atiçam o imaginário carioca: mulheres que delas bebiam ficavam formosas e os homens recuperavam o vigor físico. Seguindo o caminho das águas do Rio, a sabedoria divina é observada na natureza. Emerge da terra macia e fértil uma deslumbrante floresta urbana. Depois de emitidos os relatórios pelos anjos consultores de Deus, visando garantir a comunhão entre a natureza e a cultura dos seres humanos, conclui-se a Floresta que se denominou Floresta da Tijuca. Não obedecendo à ordem existente, o homem, nela, cultivou o plantio do café. A cafeicultura se espalhou rapidamente por grande parte do Maciço da Tijuca, ocasionando forte desmatamento, o que levou os barões e os senhores do café, os nobres e a crescente população da capital do Império a sentirem a ira de Deus.

Como resposta, atribui aos homens consequências desastrosas como as severas secas que atingiram o Rio de Janeiro, criando um problema periódico de falta d’água para a cidade carioca. Como se não bastasse, o governo imperial foi responsabilizado por um programa emergencial de preservação dos mananciais e do replantio das árvores da Floresta da Tijuca, seguido das desapropriações das fazendas cafeeiras da região.

Em contrapartida, o governo propôs o cultivo de um jardim, com o intuito de estimular a aclimatação e a cultura de especiarias exóticas vindas das Índias Orientais. A fluida terra desse jardim, nomeado, inicialmente, de Real Horto, Real Jardim Botânico e, finalmente, de Jardim Botânico do Rio de Janeiro, semeou-se de novas opções de plantio.

Nele, a mão de obra chinesa foi utilizada para testar a receptividade do solo carioca ao cultivo do chá. Contudo, diante da experiência marcada pelo insucesso, os chineses foram aproveitados para abrir uma via carroçável. Nesta obra, teriam feito seu acampamento onde hoje está localizada a Vista Chinesa, dando origem desta maneira a um dos mais belos mirantes da cidade do Rio.

Modernismo Carioca
São Clemente e São Sebastião, após se reunirem com os anjos fiscais das obras divinas, chegam à conclusão que devem, mesmo sabendo da conformação geográfica da cidade (constituída de elevações, lagoas e pântanos), encaminhar, para a aprovação do Conselho Deliberativo da Criação Divina, o programa urbanístico do engenheiro e prefeito Pereira Passos, que visa transformar a antiga cidade imperial em uma metrópole cosmopolita.

Sob esta ação, inicia-se no centro carioca uma grande intervenção. Em pouco tempo as picaretas do progresso abrem à cidade as vias da modernidade. Construção de grandes e largas avenidas, de praças e jardins; revitalização do cais do porto e arborização da Avenida Beira-Mar.

Entre planos estratégicos, riscos e traços, o Rio civiliza-se e é "rebatizado" de Cidade Maravilhosa. Conta-se, inclusive, que nessa época, Deus para proteger os seres aterrados, nomeou São Jorge como General da Guanabara. E salve Jorge!

Os princípios do projetar moderno, contudo, somente são aplicados nas décadas
seguintes pelo estudo urbanístico do arquiteto Alfred Agache e dos projetos do
arquiteto-paisagista Roberto Burle Marx que, entre outros, assina o projeto paisagístico do Parque do Flamengo.

Nesse contexto de grandes transformações, os belos cenários urbanos projetados e ordenados pelos novos meios técnicos do homem conjugam harmoniosamente as paisagens do Rio, possibilitando uma gestão cultural à altura do que a cidade única idealizada por Deus merece.

Música: a paisagem do Rio
A música é um dom divino. O som está por toda parte. É pura ilusão achar que a
natureza é silenciosa.
A paisagem do Rio de janeiro situa-se no horizonte musical do carioca Villa-Lobos, que incorporou o folclore brasileiro às seduções urbanas do Rio de Janeiro; e no repertório original da pianista Chiquinha Gonzaga, autora da primeira marcha carnavalesca "Ô Abre-Alas".

Sobre as formas populares situa-se nos "chorões" das composições de Pixinguinha e nos aspectos mais descontraídos como o samba e todas as músicas de inspiração rítmica, que descem dos morros e interagem com a cidade. A Bossa Nova, o mais carioca dos estilos musicais, é o Rio que inspira "no doce balanço a caminho do mar". É a paisagem musical que canta a paixão do carioca pelo Rio, a benção divina que, de braços abertos, ilumina a vida, a diversidade de cores e de sabores, de flertes e de olhares, e de muitos amores.
A Bossa Nova gira em 78 rotações e redescobre o Rio de Janeiro. Universaliza,
revoluciona, rompe fronteiras e leva a música do Brasil aos quatro cantos do mundo.

Rio Cidade!
Muito antes, o divino criador já anunciava: é preciso ter fé e redenção.
Cuidados com a cidade para sua preservação... Mais de 400 anos se passaram e a cidade única planejada por Deus é dominada pela Lei do mais forte, "que dita as normas e causa algumas imperfeições à cidade".

Não se vê mais o todo: a vida, as águas, a terra. A cidade cresce desordenadamente. O Homem autoriza, polui, e a "pobreza" chancela a construção em terras invadidas e em áreas inadequadas. As consequências são drásticas! Salve-se quem puder. Engarrafamentos, enchentes, deslizamentos, lixo, injustiças sociais e epidemias.

Esses efeitos chamam a atenção do nosso divino arquiteto, que intervém lançando um desafio para a cidade: no lugar do "progresso" e do crescimento ilimitado, hostil para a natureza do Rio, devem-se convocar todos os engenheiros, arquitetos e paisagistas e criar um grande planejamento para a reconstrução urbana da cidade. Isto porque, o Rio haverá de ser o responsável pela realização de dois grandes eventos mundiais.
Eis o meu desafio para garantir as condições de continuidade à vida nesta cidade.
Ser Carioca é...
Ser abençoado por Deus e bonito por natureza.
Ser carioca ou não, é se reconhecer na paisagem do Rio, nos seus morros, na sua
geografia humana e nos seus estados de espírito.
Ser carioca é sermos nós. São nossas manifestações, nossos costumes, nosso sotaque, nosso jeito de ser e nossa alegria de sermos lembrados e vistos em diversos pontos do mundo.
Ser carioca é manter a aliança divina, quando contemplamos a beleza de um pôr do sol.
É uma explosão de cores. São encantos mil. É ser blasé com a própria rotina, é sorrir para o surreal, confiando nos próprios instintos.
É ser patrimônio cultural e observar a cidade em 360 graus.
Contudo, ser carioca é torcer pela carioquíssima São Clemente, é ser o Rio que eu canto e exalto, o mesmo Rio que Deus protege e cuida lá do alto.

Créditos:
Carnavalesco: Fábio Ricardo
Pesquisa e texto: Marcos Roza
Idéia original: Mauro Chaves
Desenvolvimento do enredo: Fábio Ricardo e Marcos Roza
Revisão e copidesque: Márcia Rinaldi

Bibliografia consultada:
BOFF, Leonardo. Uma declaração: os Direitos da Mãe Terra. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 3 de mai. 2010, p. A11.
COLASANTI, Marina; PINHEIRO, Augusto Ivan de Freitas. Rio de Janeiro 360º. Rio de Janeiro: Priuli & Verlucca editori, 1997.
LODI, Maria Cristina Vereza. Dossiê da Candidatura do Rio de Janeiro a Patrimônio Mundial, na categoria "Paisagem Cultural" - IPHAN, dez. de 2009.
NEVES, Margarida de Souza. A Cidade e Paisagem. In: MARTINS, Carlos (org). Paisagem Carioca. Rio de Janeiro, MAM, 2000.

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Sinopses 2011 - Unidos da Vila Kennedy



Em tempos primórdios Y-Tinga...

Em meados do século XVII, ao iniciar o desbravamento do atual território de Itaguaí, quando os índios da ilha de Jaraguamenon se transferiram para ilha de Itacuruçá. Mais tarde e acolhidos pela natureza atravessam para o continente onde se fixaram entre os rios Tinguaçu e o Itaguaí. Nesse local tempo depois chegaram os missionários da companhia de Jesus para iniciar sua catequese. E num rito de entre deuses e santos da igreja católica, a lua acariciava as ondas do mar e banhava de luz a densa floresta. Desejosos de doutrinar, esses pregadores em missão instalaram-se próximo ao citado local onde construíram um aldeamento chamado de Taguay, devido ao fato de os índios obterem água potável de poços abertos em lugares argilosos (Taguá = barro, Y - água). Harmoniosamente esses elementos da natureza contavam a história do lugar através do barro que, segundo a Bíblia deu origem ao homem e da água que é fonte da vida e senhora da terra. Águas de Iemanjá e Oxum. Águas de batismo nas cachoeiras. Água de parto e água de beber. Água doce e salgada, das matas e igarapés.

Os Jesuítas construíram uma igreja neste local para catequizar os índios. Com o passar do tempo os missionários se mudaram para a Fazenda de Santa Cruz e deixaram o povoamento indígena.

A tribo dos Y-tingas se desenvolveu, prosperou e passou a rechaçar a colonização dos Jesuítas, o que produziu vários conflitos. Num deles, um pequeno índio de aproximadamente 10 anos foi ferido e pego pelos portugueses, sendo batizado com o nome de José Pires Tavares.

Tavares cresceu entre os colonos, mas sempre pensou em defender seu povo. Quando completou 30 anos, já casado com uma índia, embarcou rumo a Portugal buscando uma carta de proteção para aldeia Y-tinga junto à Coroa Portuguesa. Ironicamente recebido no Paço Real pela Rainha Dona Maria I.

Os colonos, sabendo da alta chance de o indígena conseguir a proteção régia, não perderam tempo: atacaram a aldeia durante sua viagem, não distinguindo sexo ou idade. Os sobreviventes foram em embarcações furadas, lançados ao mar, morrendo todos afogados. Quando José Tavares retornou de Portugal com a carta de proteção, não havia mais o que ser protegido: a tribo dos Y-tinga estava extinta.

Após a barbárie, foi fundada pelos colonos a Vila de Itaguaí, que passou a ser uma rota de viagem padrão para os viajantes, em suas idas e vindas para São Paulo e para Minas Gerais, o chamado "Caminho do Ouro" devido ao terreno pouco acidentado e transitável durante todo o ano. Por volta de 1725, iniciou-se a construção deste caminho que ligava o Rio de Janeiro à São Paulo com o objetivo de encurtar a viagem exaustiva e perigosa que era feita por mar de Paraty ao porto do Rio, pois habitavam na Ilha Grande uma grande quantidade de corsários que assaltavam as embarcações que por ali passavam, o que quase sempre representava prejuízos à Coroa Portuguesa.

Foi iniciada a construção de um novo templo dedicado a São Francisco Xavier. E a mesma continua sendo a matriz de Itaguaí.

Itaguaí passou a categoria de Paróquia. A atividade econômica de praticamente toda região costeira incluindo Itaguaí eram as plantações de cana de açúcar. Pois as lágrimas da tribo dos Y-tingas que encharcaram a terra tornaram o solo pronto para a semeadura de cana que adoçou a terra e anunciou a prosperidade do lugar. Suas terras férteis proporcionaram uma vida rural e comercial bastante vigorosa.

Em meados do século XVIII, na famosa viagem onde seria dado o Grito de Independência do Brasil, Dom Pedro I parou na Vila de Itaguaí para pernoitar, alimentar e saciar seus cavalos. E o Imperador do Brasil D. Pedro I pisou solenemente no solo de Itaguaí de onde quem sabe veio a grande inspiração para o seu forte brado "Independência ou Morte!"

Cidade de Itaguaí, evolução...

Depois da independência do Brasil, Itaguaí desenvolveu a sua agricultura sendo em tempos diversos o maior produtor de milho, quiabo, goiaba, laranja e banana do Brasil.

Recebeu inicialmente o uso de trabalho escravo de negros; após ser assinada a Lei Áurea e proclamada a libertação dos escravos, os mesmos saíram dessas terras; e obrigando assim gradualmente a substituição para mão de obra estrangeira, mais especificamente de Japoneses, e em menor números de Alemães. Ainda hoje é uma das maiores colônias japonesas do estado do Rio de Janeiro. Solo rico e terra tratada e amada por índios, negros e por mãos de pessoas de além-mar.

Em 1844 foi fundado o distrito de Seropédica cujo nome deriva de sericultura - criação do bicho da seda. Foi o inicio da primeira Fábrica de Tecidos de Seda do Brasil, tendo sido distrito de Itaguaí durante muitos anos.

Como um dos marcos dessa nova evolução foi construído um chafariz, pequena construção que abrigava uma fonte de água potável e que servia a todos os viajantes de passagem por Itaguaí. O grandioso prédio pertence ao patrimônio histórico da cidade nos dias de hoje.

Itaguaí ainda abrigou o nascimento de algumas pessoas importantes em nosso cenário histórico como: Quintino Bocaiúva - jornalista e político, Barão de Teffe - militar e geógrafo e Luiz Norton Barreto Murat , fundador da 1ª cadeira da Academia Brasileira de Letras, grande paisagista. É arte escrevendo sua página na história de Itaguaí

Itaguaí ampliava suas atividades agrícolas e exportava seus produtos. Produzia cereais, café, açúcar, farinha e aguardente.

Uma das bibliotecas mais antigas do Brasil foi fundada em Itaguaí; nela constam livros doados por D.Pedro II e nesse período ela chegou a possuir 2.500 livros. O livro da história de Itaguaí contou com histórias de tantos outros livros doados por D. Pedro para ilustrar a mente dos filhos ilustres que tornaram-se cidadãos do mundo, que escreveriam junto aos seus feitos a história do Brasil.

O transporte de tração animal fazendo ligação entre Itaguaí e Santa Cruz foi também inaugurado neste período. Porém, mãos ocidentais cultivam o plantio até a presente data e unidos Brasil e Japão pela força da terra, que germinou e floresceu a amizade entre continentes.

Como a região era inteiramente dedicada á agricultura e dependente do trabalho escravo, com a abolição da escravatura a cidade sofreu um grande abalo. Como os escravos partiram imediatamente após a assinatura da Lei Áurea, os proprietários perderam suas colheitas, (além de ter perdido o capital investido na compra desses escravos) já que não haviam providenciado colonos para substituir os escravos. E ficando assim obrigados a substituir gradualmente para mão de obra estrangeira, mais especificamente de Japoneses, e em menor números de Alemães. Ainda hoje é uma das maiores colônias japonesas do estado do Rio de Janeiro.

Após o fim das atividades na fabrica de seda, construíram a Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro no distrito de Seropedica. Trazendo o desenvolvimento educacional para região.

Com a chegada desses imigrantes Japoneses, que deixavam o estado de São Paulo, vindo se instalar em Itaguaí e com seu trabalho e conhecimento da agricultura incrementaram a lavoura nesse território contribuindo para o saneamento das Áreas agrícolas.

Itaguaí: A cidade do Porto...

A cidade progrediu a partir dos anos 60 tornando-se um município com características industriais, com a inauguração de algumas empresas nucleares, como a Nuclep e Usina de Itaguaí.

Itaguaí, hoje, é um município em grande crescimento. A Companhia Siderúrgica do Atlântico, localizada em Santa Cruz, bairro do Rio vizinho à cidade, promete dinamizar a economia local, além do Porto de Itaguaí. Novos portos, privados, estão por se instalar na cidade, além de estaleiro civil a militar. A Marinha brasileira pretende construir submarinos em Itaguaí, inclusive atômicos, em parceria com o governo Frances e estabelecer uma base naval.

Dentre as obras realizadas para melhoria do transporte na região, estão as obras do Arco Rodoviário do Rio de Janeiro, que vai ligar o Porto de Itaguaí ao trecho da BR 101 em Itaboraí, contornando a Baia de Guanabara.

A cidade de Itaguaí hoje tem como um dos seus principais atrativos turísticos, apesar de não possuir os mesmo potencial de turismo que os outros municípios da Costa Verde, as praias da Ilha da Madeira, Coroa Grande e a Ilha do Martins são muito visitadas principalmente no verão. E, apesar de incipiente, Itaguaí oferece diversas atividades ligadas ao ecoturismo. Dentre elas, caminhadas e banhos de cachoeira como a dos rios Mazomba, Itinguçú e Itimirim.

Itaguaí das águas doces dos rios e cachoeiras onde cantam Iaras que vêm encantar pescadores e brincarem nas margens, enquanto o luar prateado vem azulado e prateado serpentear nas areias.

A Expo Itaguaí é o maior evento popular realizado na cidade, que ocorre no mês de julho, que é uma exposição agropecuária da região que inclui comidas típicas, e shows diários com ritmos variados.

O Porto tinha o seu nome original, Porto de Sepetiba, por conta da baia onde ele se situa, a baia de Sepetiba, porém havia alguma confusão nesse caso, pois Sepetiba é também o nome de um bairro da cidade do Rio de Janeiro; que fazia algumas pessoas pensarem que o porto se situava no bairro de Sepetiba (que também é costeiro e esta situado na mesma baía) e causava aos moradores de Itaguaí um certo descontentamento, pois era interessante ter uma associação direta entre o nome da cidade e sua maior fonte econômica. Segundo um projeto de lei sancionado pelo atual Presidente da Republica, o Porto passou a se chamar "Porto de Itaguaí"; e tornando assim "Itaguaí, Cidade do Porto".

Ah, Itaguaí, cidade de tantos encantos,
Recanto de sonhos e realizações,
Espelho e retrato de uma gente por demais importante
à história da região,
tão fundamental
no desejo de ser em potencial
brasileiro na raça e cor
do negro e do índio,
e integrar-se a outros povos do mundo.
Itaguaí das artes e das culturas,
das grandes obras de siderurgia,
do progresso e do crescimento,
Itaguaí das águas e da exuberância.

Itaguaí, sois vós a grande dama dos salões
que sorris à memória e ao futuro de um Brasil belo e digno, ao Mundo.

Itaguaí,
Berço de nomes históricos.
Itaguaí,
Terra de homens heróicos.
O seu clima faz viver seu céu de anil,
Tudo isso quer dizer
Brasil! Brasil! Brasil!

Poética do texto: Elenira Vasconcellos (escritora e poetisa)
Carnavalesco Cláudio Fontes

Samba da Escola - Acadêmicos da Abolição



Estampando as cores verde e branco, a agremiação da Abolição começou recentemente sua história como escola de samba. Sua trajetória começou em 1993, quando desfilou pela primeira vez com o enredo "Bons ventos nos trás". Nos anos de 1995 e 1996 desfilou no grupo B, o mais alto grupo que conseguiu alcançar. O terceiro lugar em 95, com o enredo "Crescendo e aprendendo" é a melhor colocação de sua história. Nos últimos oito anos, a Abolição desfilou pelo grupo C, obtendo boas posições mas nunca suficientes para a sua ascenção.

Poucos áudios dos sambas da escola podem ser encontrados. Não há grandes destaques na safra, mas são obras razoáveis que, apesar da falta de qualidade técnica, mostraram-se funcionais para os desfiles. Entre os destaques está o samba de 2006, "Na Terra, na água, no fogo, no ar os espíritos da natureza clamam pela vida", sobre a preservação da natureza, um dos melhores da escola, com destaque para sua melodia. Também é muito bom o de 2009, "Rio São Francisco, um tanto pai, um tanto mestre, um tanto santo", que tem letra muito bonita e melodia qualificada, apesar de algumas falhas.

O samba de 2010 é o mais encorpado, aliando letra razoável, com bons momentos, e melodia muito bem feita. A melhor parte da obra é o refrão do meio. "Naveguei, naveguei, um paraíso encontrei!" foi o enredo da escola. Um tema batido: o descobrimento do Brasil, mas que rendeu uma bela composição e uma boa apresentação para a Abolição. Mais uma vez chegou perto de subir de grupo, ficando na sexta posição. Alguns termos da letra do samba não foram identificados, pois tive que transcrevê-la diretamente do áudio do samba, já que não a encontrei. Também não sei quem são os compositores.



Enredo: Naveguei, naveguei, um paraíso encontrei!
Compositores: Pedro Paulo, Miguelzinho PQD, Sandrinho do Beco e Zé Neguinho

Que maravilha
Bons ventos mudaram o rumo da navegação
Belo santuário de beleza, que fascinação
Terra à vista, seduziu os olhos do navegador
Vendo de suas caravelas
Um cenário multicor
Fauna e flora, nativos do lugar
Caminha tudo via sem deixar nada faltar
Relatando com destreza as maravilhas do lugar
Naveguei, naveguei, um paraíso encontrei

São seres gigantes, estrelas do mar
Cavalos marinhos a me deslumbrar
Se o mar tem segredos, eu vou desvendar
O encontro das águas a me iluminar


Piratas, pirataria
Acabando com as belezas naturais
O tratado se dizia só no nome
E a colonização sentia a resistência do lugar
Mas a esperança continua
De ver tudo isso mudar
A nossa natureza é vida
E a Abolição traz pra avenida
Este alerta popular

Um grito forte ecoou
Sou índio, valente, guerreiro, vou lutar
Vou proteger nossa terra, chega de devastação
Minha bandeira em nome da preservação


Link para baixar o samba:
http://www.4shared.com/audio/lBDf3nLz/Abolio_2010_-_Naveguei_navegue.html

Outros sambas da Acadêmicos da Abolição:
http://www.4shared.com/dir/sfMM18fn/sharing.html

A partir de hoje os demais sambas das escolas poderão ser todos encontrados neste link. Dessa forma, fica mais fácil o acesso aos sambas de escolas que já possuem postagens, além de não ser necessário atualizações das mesmas quando novas obras forem adicionadas. Os sambas estão bem organizados, com o nome da escola, ano e enredo.

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Vai-e-Vem (parte 6)


Desfile da Unidos da Tijuca de 2010 - "É Segredo!"

GRANDE RIO
Sai o mestre-sala Sidcley
Sai a rainha de bateria Paola Oliveira
Entra o mestre-sala Luiz Felipe
Entra a rainha de bateria Cris Vianna

BEIJA-FLOR
Sai a coreógrafa Ghislaine Cavalcante
Entra o carnavalesco Victor Santos

VILA ISABEL
Sai o carnavalesco Alex de Souza
Entra a carnavalesca Rosa Magalhães
Entra o carnavalesco Junior Schall

SALGUEIRO
Sai o mestre-sala Ronaldinho
Entra o mestre-sala Sidcley

MANGUEIRA
Sai o carnavalesco Jaime Cezário
Sai o carnavalesco Jorge Caribé
Entra o carnavalesco Mauro Quintaes
Entra o carnavalesco Wagner Gonçalves

IMPERATRIZ LEOPOLDINENSE
Sai o carnavalesco Max Lopes
Sai o diretor de harmonia Chico Branco
Sai a coreógrafa Regina Sauer
Entra o diretor de harmonia Guilherme Nóbrega
Entra o coreógrafo Alex Neoral

PORTELA
Sai o carnavalesco Alex de Oliveira
Sai o carnavalesco Amauri Santos
Sai o coreógrafo Henrique Talmah
Entra o carnavalesco Roberto Szaniecki
Entra o coreógrafo Marcio Moura

PORTO DA PEDRA
Sai o diretor de carnaval Guilherme Nóbrega
Entra o diretor de harmonia Luiz Carlos
Entra a porta-bandeira Cíntia

UNIÃO DA ILHA
Sai a carnavalesca Rosa Magalhães
Entra o carnavalesco Alex de Souza
Entra o coreógrafo Roberto Lima
Entra o diretor de harmonia Almir Frutuoso
Entra o mestre-sala Ronaldinho
Entra a porta-bandeira Patrícia Gomes

SÃO CLEMENTE
Sai o carnavalesco Mauro Quintaes
Entra o carnavalesco Fábio Ricardo
Entra o diretor de tamborins Mestre Ricardinho

VIRADOURO
Sai o carnavalesco Junior Schall
Sai o mestre de bateria Jorjão
Sai o diretor de carnaval Saulo Tinoco
Sai o coreógrafo Sérgio Lobato
Sai o presidente Marco Lira
Sai o intérprete Wander Pires
Entra o carnavalesco Jack Vasconcelos
Entra o mestre de bateria Pablo

INOCENTES DE BELFORD ROXO
Sai o carnavalesco Roberto Szaniecki
Sai a porta-bandeira Priscila
Entra o intérprete Celino Dias

SANTA CRUZ
Sai a porta-bandeira Cíntia

IMPÉRIO DA TIJUCA
Sai o carnavalesco Jack Vasconcelos
Sai o coreógrafo Júnior Scapim
Entra o carnavalesco Severo Luzardo
Entra o diretor de carnaval Sérgio Costa

IMPÉRIO SERRANO
Sai o intérprete Bira Silva
Sai o intérprete Djovaci do Império

CAPRICHOSOS DE PILARES
Sai a porta-bandeira Denadir

RENASCER DE JACAREPAGUÁ
Sai o mestre-sala Marquinhos
Sai a porta-bandeira Andreia
Sai o diretor de carnaval Luiz Carlos
Entra o carnavalesco Edson Pereira

CUBANGO
Sai o carnavalesco Milton Cunha
Sai o diretor de harmonia Robertinho Maciel
Entra o carnavalesco Jaime Cezário
Entra o diretor de carnaval e harmonia Jorginho Harmonia

ROCINHA
Sai o presidente Maurício Mattos
Sai o carnavalesco Fábio Ricardo
Entra o presidente Déo Pessoa
Entra o carnavalesco Luis Carlos Bruno
Entra o coreógrafo Sérgio Lobato

UNIDOS DE PADRE MIGUEL
Sai o intérprete Edson Carvalho
Sai o carnavalesco Guilherme Alexandre
Entra o carnavalesco Marcus Ferreira

PARAÍSO DO TUIUTI
Sai o mestre de bateria Ricardinho
Sai a porta-bandeira Lívia
Entra o mestre de bateria Jeferson

ARRANCO
Sai o carnavalesco Severo Luzardo
Entra o diretor de carnaval Marquinhos do Toldo
Entra o carnavalesco Sandro Gomes
Entra o carnavalesco Walter Guilherme
Entra a carnavalesca Morgana Bastos
Entra o intérprete Nino do Milênio

UNIÃO DE JACAREPAGUÁ
Entra o diretor de carnaval Ricardo Fernandes

TRADIÇÃO
Sai o carnavalesco Sandro Gomes

LINS IMPERIAL
Sai o carnavalesco Jorge Caribé
Entra o carnavalesco Alex de Oliveira
Entra o carnavalesco Lane Santana
Entra o presidente Amendoim do Samba
Entra o intérprete Lequinho

MOCIDADE DE VICENTE DE CARVALHO
Sai o carnavalesco Marcus Ferreira

JACAREZINHO
Sai o carnavalesco Alex de Oliveira
Entra o carnavalesco Eduardo Gonçalves
Entra o diretor de carnaval Flávio Mello

INDEPENDENTE DE SÃO JOÃO DE MERITI
Entra o mestre-sala Jorge Luiz Valle

VIZINHA FALADEIRA
Sai o mestre de bateria Ronaldo
Sai o intérprete Lico Monteiro
Entra o mestre de bateria Polinho
Entra o intérprete Rafael Santos
Entra a coreógrafa Renata Monnier
Entra o carnavalesco Leandro Santoro
Entra o o mestre-sala Júnior Almeida
Entra o diretor de harmonia Dias

EM CIMA DA HORA
Entra o coreógrafo Carlinhos de Jesus
Entra a diretora de harmonia Jackeline Nascimento
Entra o mestre de bateria Claudinho

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Sinopses 2011 - Alegria da Zona Sul



Assim como o vento que sopra e ninguém vê, o tempo passa transformando tudo, às vezes sem ninguém notar...
O que fica é o que o vento traz e o tempo nos deixa impressos a sabedoria e o conhecimento vindos de outras épocas, como que trazidos pelo vento...

Foi assim que cheguei nestas terras: trazida pelo vento. Venho de outra época para deixar aqui um relato de minha missão. Vim predestinada: descendente de africanos, nascida em Salvador, escolhida pelos orixás. Chamo-me Eugênia Anna Santos - Mãe Aninha. Vou contar a todos minha história, que começa muito antes de meu nascimento...

Há muitas gerações passadas, em tempos incontáveis, havia uma terra chamada Oyó. Lá havia um rei. Xangô era rei de Oyó. O mais temido e respeitado de todos os reis. Mesmo assim, um dia, seu reino foi atacado por um grande número de guerreiros que invadiram sua cidade violentamente, destruindo tudo, matando soldados e moradores numa tremenda fúria assassina. Xangô reagiu e lutou bravamente durante semanas.

Um dia, porém, percebeu que a guerra tornara-se um caminho sem volta. Já havia perdido muitos soldados e a única saída seria entregar sua coroa aos inimigos. Resolveu então procurar por Orunmilá e pedir-lhe um conselho para evitar a derrota quase certa. O adivinho mandou que ele subisse uma pedreira e lá aguardasse, pois receberia do céu a iluminação do que deveria ser feito. Xangô subiu e, quando estava no ponto mais alto do terreno, foi tomado de extrema fúria. Pegando seu Oxê, machado de duas lâminas, começou a quebrar as pedras com grande violência. Estas, ao serem quebradas, lançavam raios tão fortes que em instantes transformaram-se em enormes línguas de fogo que, espalhando-se pela cidade, mataram uma grande quantidade de guerreiros inimigos. Os que restaram, apavorados, procuraram os soldados de Xangô e renderam-se imediatamente pedindo clemência.

Levados à presença do rei, os presos elegeram um emissário para servir-lhes de porta-voz. O homem escolhido foi logo se atirando aos pés de Xangô. Reclinando-se, pediu perdão. Humilhando-se, explicou que lutavam, não por vontade própria e sim forçados por um monarca, vizinho de Oyó, que tinha um grande ódio de Xangô e os martirizava impiedosamente. Xangô, altamente perspicaz, enxergou nos olhos do guerreiro que ele falava a verdade e perdoou a todos, aceitando-os como súditos de seu reino. Foi assim que ele ficou conhecido como o orixá justiceiro, aquele que perdoa quando defrontado com a verdade, mas que queima com seus raios os mentirosos e delinqüentes.

Após o desaparecimento do lendário rei Xangô e sua transformação em orixá, seus sacerdotes se reuniram a fim de perpetuar sua memória. Esses ministros, antigos reis, príncipes ou governantes de territórios conquistados pela bravura de Xangô, não quiseram deixar extinguir a lembrança do heroi na memória das gerações futuras.

Formou-se, assim, um conselho encarregado de manter vivo o culto ao rei de Oyó, organizado com os doze ministros que o tinham acompanhado em terra: seis ao lado direito e seis ao lado esquerdo. Seis para condenar e seis para absolver.

Esta história eu ouvi desde muito cedo, assim como outras, como, por exemplo, a chegada de meus antepassados aqui no Brasil...

Em suas mãos, sob suas unhas, restava, ainda, um pouco da terra da Mãe África; em seu peito a dor, a solidão, o medo e a incerteza. Em seu olhar o vazio. Atravessando o mar tenebroso rumo ao desconhecido, enfrentando tormentas sob condições desumanas. Para muitos a vida, longe da terra mãe, já não valia a pena. Os que aqui desembarcaram vieram sob o acalento da mãe do mar. Trouxeram em sua alma a saudade e junto com a saudade um tesouro que ninguém poderia tirar: sua cultura. Graças aos orixás encontraram forças para suportar tamanha injustiça.

Muitas histórias eram contadas no frio da senzala. Nasci em tempo de escravidão, porém nasci livre, escolhida por Xangô, pois trazia no peito o fogo sagrado daqueles que têm sede de justiça. Fui iniciada no culto da nação Ketu por Dona Marcelina de Xangô, no Candomblé do Engenho Velho, apesar de meus pais serem descendentes da nação Gurunsi.

Foi assim que recebi o nome de Obá Biyí, que quer dizer "Xangô Nasceu aqui, nesta terra". Conheci um Brasil em formação, Brasil de preconceitos e injustiças, Brasil onde as raças estavam se misturando e a cultura negra era marginalizada.
Como Iyalorixá fundei o Ilê Axé Opó Afonjá - "Casa de Força Sustentada por Afonjá" (uma das doze qualidades de Xangô). Estava dando o primeiro passo para a realização de minha missão... Entretanto, ainda havia muito a ser feito. A missão divina de transformar o mundo através dos ensinamentos dos orixás ainda estava longe de acontecer, pois queria ver meus descendentes espirituais "usando anéis de doutores" aos pés de Xangô.

Foi assim que, auxiliada pelo Babalaô Martiniano Eliseu Bonfim, elo de ligação do Opó Afonjá com a Nigéria, instituí, no Novo Mundo, o Corpo dos Obás ou Doze Ministros de Xangô, responsáveis pelo destino civil e religioso do Ilê, sendo inspirados e guiados pela sabedoria do grande rei de Oyó.

Os doze obás são divididos em duas falanges: seis da direita (Qtun) e seis da esquerda (Ósi), representando os dois lados da justiça, assim como o Oxê, machado de duas lâminas de Xangô. Os obás da direita têm direito à voz e voto, os da esquerda, à voz. Os obás são especialmente chamados de "pai" pelos filhos de Xangô e sentam-se ao lado da Iyalorixá, como ministros ao lado de seu rei. Têm a missão de preservar as tradições religiosas e lutar pelo crescimento e pela respeitabilidade da religião africana.

Missão cumprida, eis que chegou a hora.... o momento em que Icú - "a morte" - me levaria para Orum - "o lugar de eterno recomeço" - para juntar-me ao meus dignos ancestrais. Do alto acompanho meu Ilê, meu legado, meus filhos... Assim como Xangô, o rei de Oyó, zela por seu povo do alto da pedreira...

Sigo em paz, ciente que meu trabalho teve continuidade através da luta incansável e abnegada de minhas sucessoras: Mãe Bada, Mãe Senhora, Mãe Ondina e Mãe Stella, sacerdotisas escolhidas pelos orixás após minha partida. Através de seus esforços o Ilê Axé Opó Afonjá prosperou e completou 100 anos de existência, possuindo, hoje, além da escola municipal, o Museu Ilé Ohun Lailai - "Casa das Coisas Antigas".

Minha maior alegria foi ter visto, ao longo do tempo, grandes expoentes da cultura e da política como Dorival Caymmi, Carybé, Pierre Verger, Jorge Amado, Gilberto Gil, Antônio Olinto, Muniz Sodré, Ildásio Tavares, Antonio Luis Calmon, Camafeu de Oxóssi, Antonio Albérico Santana, Mário Cravo, Vivaldo Costa Lima, Demeval Chaves entre outros, serem iniciados como Obás de Xangô para que se tornassem a voz do "fogo e do trovão", a voz da justiça e da retidão. Protetores da cultura afro-brasileira.

Para que cada um receba apenas aquilo que por direito lhe pertença. Nem Mais, nem menos...

Como o vento meu tempo passou...Através dos doze Obás de Xangô minha obra ficou imortalizada...em honra ao Pai da Justiça. Eugênia Anna Santos - Mãe Aninha de Afonjá - Iyá Obá Biyí

Sabemos que muito trabalho resta a ser feito, mas através da proteção de Xangô conseguiremos, enfim, ter um mundo mais justo para todos os povos, com perfeito entendimento e igualdade entre todas as raças, culturas e religiões, basta que para isso cada um de nós assuma sua missão de obá da justiça, de Obá de Xangô.

Este é o engajamento da Alegria da Zona Sul para o Carnaval 2011.

JUSTIÇA!!!

No centenário de criação do Ilê Axé Opó Afonjá, levaremos esta hirstória para a avenida, fazendo com que o legado de Mãe Aninha, esta importante expoente de nossa cultura, seja conhecido por todos.

Carnavalesco Lane Santana
Departamento de Carnaval

terça-feira, 11 de maio de 2010

Sinopses 2011 - Acadêmicos da Rocinha



Hoje vou mostrar, com transparência, minha longa vida de transformação ao lado do Homem. De lendas criadas sobre minha descoberta à datação de peças achadas em escavações arqueológicas e, principalmente, todas as mudanças que minha existência proporcionou ao dia a dia do ser humano.

Conta a lenda que nasci de uma alquimia acidental, quando numa fogueira feita por fenícios, sobre a areia, foram depositadas pedras de sílica que junto com o fogo fez na manhã seguinte um líquido viscoso escorrer desta fogueira. Esse, ao esfriar, cristalizou-se como uma pedra preciosa encantando os mercadores. Minha existência é milenar. Achados arqueológicos indicam o meu uso em peças pequenas de bijuteria e decoração.

Adornei faraós, enfeitei suas tumbas e guardei produtos de beleza de reis e rainhas em formas ainda rudimentares. Fui desejado por impérios e comercializado como jóia. Em terras egípcias, os fornos foram aquecidos por foles que aumentaram minha temperatura, facilitando o meu manuseio. Fui soprado como um balão e deram formas novas a meu existir. Levado ao ocidente, por romanos conquistadores que, com técnicas mais apuradas, moldaram a arte de me criar.

Na Idade Média, narrei histórias religiosas para seus fiéis em mosaicos coloridos que adornavam as catedrais. Com o meu amadurecimento, fui misturado e modificado. Adicionando chumbo, virei cristal e, pintado com prata, refleti a imagem deste criador. Ao lado do ouro, decorei os mais lindos castelos e me tornei um precioso artigo de ostentação para nobres.

Com a areia escorrendo dentro de mim, marquei o tempo e vi a popularização do meu uso chegar às mãos dos meros mortais, ajudando a focar suas visões e a matar suas sedes. Temperaram minha alma, e deixei o mau tempo do lado de fora. Da chuva e do vento, protegi os seus passeios sobre rodas. Um brinde à vida no tilintar dos meus encontros.

O tempo todo estou ao lado de vocês, será que não percebem isso?
Minha natureza inusitada faz com que eu assuma várias formas e tenha muitas utilidades. Eu queria ter visto Thomas Edson acender sua lâmpada sem minha transparência.

A ciência e a tecnologia me impulsionam sempre à frente. A comunicação via rádio e televisão não existiriam sem que meu corpo protegesse as antigas válvulas incandescentes.

O homem enxergou o espaço e olhou para dentro de seu corpo ajustando o foco em minhas lentes, observou o microcosmo que o cerca, misturou fórmulas em meus recipientes. Dados percorrem o meu ser levando informações de alta qualidade pelo mundo, e, assim, eu sei que ainda tenho um longo caminho a percorrer com o meu inventor.

Voaremos nas asas vidradas de uma borboleta rumo ao desconhecido.

Texto: Luiz Carlos Bruno

Carnavalesco assistente: João Victor

Revisão: Hermínio Mattos Russo e Maria Gabriela Matos de Oliveira.

terça-feira, 4 de maio de 2010

Sinopses 2011 - Estação Primeira de Mangueira



Desenvolvida pela: Comissão de Carnaval

Colaboração: Sergio Cabral e Beth Carvalho

A Mangueira me chama, eu vou
Sempre fui o seu defensor
Sou um filho fiel
Á Mangueira eu tenho amor
Foi a Mangueira quem me deu apoio e fama
Até hoje ela me ama
Agora vieram me dizer
Que a Mangueira me quer ver quer me ver
(A Mangueira me chama)

A Estação Primeira de Mangueira pede passagem para afirmar, em plena Marquês de Sapucaí, que um dos maiores baluartes da sua história, Nelson Antônio da Silva, o nosso Nelson Cavaquinho, que completaria 100 anos de nascimento em 2011, está vivo e comparece a Marquês de Sapucaí, com o seu talento e a sua poesia, para dizer que o Rio de Janeiro é esta festa de criatividade porque tem filhos como ele.

E pede passagem também para contar o belo caso de amor envolvendo o poeta e a nossa comunidade. Um caso de amor que começou na década de 1930, quando Nelson Cavaquinho, carioca nascido nas proximidades da Praça da Bandeira, apareceu no Morro de Mangueira na condição de soldado da
Polícia Militar, atividade que exercia por influência do pai, Brás Antônio da Silva, tocador de tuba e contramestre da banda de música da PM. Mas, desde menino, Nelson tocava cavaquinho - e passou logo a ser conhecido como Nelson Cavaquinho - e fazia sambas e choros, razão pelo qual aproximou-se
imediatamente de Cartola (seu amigo e ídolo), Carlos Cachaça, Zé Com Fome, Alfredo Português e Zé da Zilda. Quis o destino que ele, montado em seu cavalo, tomasse o rumo da Mangueira. "Buraco quente", "Pendura saia", "Olaria" e "Chalé" passaram a ser uma espécie de extensão da casa
dele, um quintal do poeta.

Quem havia sido designado a cuidar da ordem estava envolvido na boemia e atraído pelo charme e calor de um morro que se consagrava como o mais rico canteiro de cultura popular da nossa cidade. Foi nessa época que Nelson trocou o cavaquinho pelo violão, um instrumento, por sinal, que tocava num estilo absolutamente original, com a utilização apenas do polegar e do indicador da mão direita. A troca de instrumento, porém, não alterou o pseudônimo que o consagrou, pois permanece Nelson Cavaquinho até agora, quando comemoramos um século do seu nascimento.

A boemia fez dele um personagem de grande destaque nas noites do Rio de Janeiro e também pela convivência com a fina-flor do samba mangueirense. Ele sempre impressionou os apreciadores da música popular brasileira pela capacidade de compor letras e músicas tão sofisticadas que chega a ser inacreditável que aquele homem tão simples fosse capaz de criar obras tão sofisticadas, trabalhando sozinho ou com o seu excelente parceiro Guilherme de Brito…

Nelson Cavaquinho e Cartola viveram uma experiência de grande importância na história do samba do Rio de Janeiro, quando ambos, ao lado de Zé Kéti, eram as atrações principais do Zicartola - a primeira casa de samba do Brasil e responsável pela projeção de novos valores da nossa música - Paulinho da Viola, por exemplo - e pelo retorno de sambistas que raramente se apresentavam em público, como Ismael Silva. Foi ouvindo os sambas cantados no Zicartola que Nara Leão, até então considerada a musa da Bossa Nova, decidiu gravar o seu primeiro disco com as obras daqueles compositores.

A partir do Zicartola, o Rio de Janeiro foi contemplado com a moda das rodas de sambas, com destaque para as Noitadas de Samba do Teatro Opinião. Todas as segundas-feiras apresentavam Nelson Cavaquinho como atração principal. Numa dessas noitadas conheceu a cantora Beth Carvalho.

Beth era uma menina da Zona Sul, que ia todas as segundas no teatro Opinião ver Nelson cantar. O poeta ficara muito impressionado, pois a menina sabia tudo do seu repertório… De admiradora e fã, virou sua principal intérprete e querida amiga. Assumiu, imediatamente, a condição de sua principal intérprete, incluindo um samba dele em cada disco que gravava, até que gravou um CD totalmente tomado por obras do extraordinário compositor. "Folhas secas", por exemplo, foi uma espécie de presente da dupla Nelson Cavaquinho/Guilherme de Brito para Beth Carvalho.

A Estação Primeira pretende apresentar um retrato de Nelson Cavaquinho, chamado algumas vezes de "o trovador dos aflitos". Mulheres, botequins, dor de cotovelo e até a morte são temas predominantes nos seus sambas. Certa vez, não permitiu que o relógio da sua casa passasse das duas horas da madrugada, porque sonhara que morreria naquela noite, às três horas da manhã. Nelson
sempre conviveu com a fatalidade e, por isso, sua poesia é marcada pela melancolia.

Compunha com intensa paixão para os solitários dos bares, para as mulheres sem alma, para os errantes e plebeus da noite.

Apresentamos também o boêmio de um profissionalismo um tanto ou quanto estranho, pois era capaz de pagar com músicas as compras de comestíveis para sua casa. Portanto, saibam todos que alguns dos parceiros desconhecidos, cujos nomes aparecem em suas músicas, são, na verdade, pequenos comerciantes ou feirantes e fornecedores de gêneros alimentícios para sua família. Quando estava sem dinheiro, ia até a Praça Tiradentes e vendia o produto que melhor sabia fazer, seus sambas. César Brasil, um de seus "parceiros", era gerente de um velho hotel, no Centro do Rio de Janeiro, e incapaz de compor um verso ou de tocar uma nota, em qualquer instrumento, mas entrou para a história como um dos autores de um dos mais belos samba do gênio: "Degraus da vida". Foi na Praça Tiradentes, também, que conheceu Lygia. Uma mulher sem teto e que se tornara sua companheira de copo. Nelson a considerava tanto que tatuou seu nome no braço. Muitos o criticaram por isso, então, compôs: "Muita gente tem o corpo tão bonito e a alma toda tatuada" (Tatuagem).

Enfim, apresentamos Nelson Cavaquinho ao grand complet, chamando atenção, naturalmente, para o grande caso de amor entre ele e a Mangueira, um caso que o grande compositor fazia questão de tornar público. Agora, o morro que ele tanto subiu é que desce para exaltar sua vida e sua obra. E cada componente da nossa escola vai viver intensamente a sua vida, beber da sua obra e louvar a sua alma boêmia. Seremos uma só voz! Empunhando uma só bandeira! Estação Primeira de Mangueira, com muita emoção e garra, anuncia por quem dobram os surdos de primeira.

Na manhã do dia 18 de fevereiro de 1986, aos 75 anos, morreu o homem, mas o poeta vive! Então vem, Nelson! Vem receber as "flores em vida"! Você, que sempre fora um Filho Fiel, a Mangueira o chama mais uma vez! E agora é para sempre, por que de hoje em diante, nunca mais você será chamado de saudade.

…Mas depois que o tempo passar, sei que ninguém
vai se lembrar que eu fui embora
(Quando eu me chamar saudade)

Quando eu piso em folhas secas
Caídas de uma mangueira
Penso na minha escola…
(Folhas secas)

Em Mangueira
Quando morre um poeta todos choram
Vivo tranqüilo em Mangueira porque sei
Que alguém há de chorar quando eu morrer
(Pranto de um poeta)

Finjo-me alegre, pro meu pranto ninguém ver
Feliz àquele que sabe sofrer
(Rugas)

Sei que a maior herança que tenho na vida, é meu
coração, amigo dos aflitos
Sei que não perco nada em pensar assim
Porque amanhã não sei o que será de mim
(Caridade)

Mas o sambista vive eternamente no coração da
gente
Os versos de Mangueira são modestos
Mas há sempre força de expressão…
Ô, foi Mangueira que chegou
(Sempre Mangueira)

Tire seu sorriso do caminho que eu quero passar
com a minha dor… Hoje pra você eu sou espinho…
Espinho não machuca a flor
(A Flor e o Espinho)

Vingança, meu amigo eu não quero vingança. Os
meus cabelos brancos me obrigam a perdoar uma
criança
(Notícia)

Do mal será queimada a semente…
O amor será eterno novamente
(Juízo Final)

Sei que estou no último degrau da vida, meu amor
Já estou envelhecido, acabado
Por isso muito eu tenho chorado
(Degraus da vida)

Fui tão bom pra ela, dei meu nome a ela
Tudo no princípio eram flores
Sem saber que eu era demais, entre seus amores.
(Mulher sem alma)

Graças a Deus minha vida mudou! Quem me viu,
quem me vê a tristeza acabou
(Minha Festa)

Nesse mundo de Deus tudo pode acontecer
Porque que eu não posso
Te esquecer?
(Aceito teu adeus)

E quando vejo a torre bem alta,
Daquela linda catedral,
Fujo de tua amizade, infernal.
(Devia ser condenada)

Levantei-me da cama, sem poder
Até hoje ninguém veio me ver
Fui amigo enquanto eu tive dinheiro
Hoje eu não tenho companheiro
(Dona Carola)

A luz negra de um destino cruel
Ilumina um teatro sem cor
Onde estou representando um papel
De palhaço do amor....
(Luz Negra)

Você tendo vida, saúde e dinheiro
Todos lhe querem muito bem
Mas se você fracassar
Pode Ter a certeza
Que ninguém vai lhe procurar
(Nem todos são amigos)

Vamos pra bem longe da maldade
Deus que nos guie
Em direção à bondade
(Tenha paciência)

Vou partir não sei si voltarei...
tu não me queiras mal
hoje é carnaval
(Vou partir)

Vou sair daqui
Seu caso cheira à vela
Quem está te olhando é o marido dela
(Cheira à vela)

Quando eu passo perto das flores
Quase elas dizem assim:
Vai que amanhã enfeitaremos o seu fim
(Eu e as flores)

Meu coração é terra que ninguém passeia
Tu és igual a quem traiu Jesus na Ceia
Sou companheiro
Não mereço ser trocado por dinheiro
(Minha honestidade vale ouro)

Deus, Nosso Senhor, devia castigar
O infeliz que faz uma mulher chora
(Nome sagrado)

Sei que choras palhaço
Por alguém que não lhe ama
Faça a platéia gargalhar
Um palhaço não deve chorar
(Palhaço)

Meu reinado é cheio de ilusão
E ninguém de mim tem compaixão
(Rei vagabundo)

Noites eu varei
Mas cada amor me fez um rei
Um rei vadio…
(Rei vadio)

Passei a mocidade esperando dar-te um beijo
Eu sei que agora é tarde, mas matei o meu desejo
É pena que os lábios gelados como os teus
Não sinta o calor que eu conservei nos lábios meus
(Depois da vida)

Hoje não é dia 1º de abril
Com essa cara, outra vez, você mentiu
Por favor, não faça isso, mais
Se outra vez você mentir eu sei do que serei capaz
(1º de abril)

Já vem a saudade outra vez me visitar
Que visita triste, só me faz chorar
Para ninguém ver o meu pranto
Boa noite para todos! Eu vou me retirar
(Visita triste)