quinta-feira, 28 de julho de 2011

Eliminatórias 2012 - Estação Primeira de Mangueira


A Mangueira recebeu a inscrição de nada menos que 244 sambas para sua disputa. Desses, apenas 38 foram selecionados para se apresentar na quadra da escola e no Cacique de Ramos. Um número bem pequeno diante da quantidade de inscritos. Será mesmo que havia mais de 200 sambas sem nenhum proveito? Até porque alguns dos classificados eram muito ruins. E apesar de algumas boas obras, a safra da Mangueira está inferior à do ano passado. A sinopse não ajudou muito, falando menos de Cacique e mais do surgimento do samba, deixando o bloco em segundo plano. Além de ser bastante extensa, o que pode ter deixado alguns compositores incertos do que seria relevante para entrar na letra. Dentre os melhores sambas, não há nenhum que se destaque mais, o que deixa a disputa ainda mais competitiva. Mais uma vez os nomes dos compositores não são divulgados, para não haver influência na avaliação das obras, sobretudo por parte do público.

Resumindo: Safra boa porém sem grandes destaques e inferior à do ano passado, prejudicada pela sinopse muito abrangente e com pouco destaque ao Cacique de Ramos.

Seguem abaixo os 3 melhores sambas das eliminatórias mangueirenses, de acordo com o Carnaval de Avenida:

O samba 85-B é um dos mais empolgantes. A melodia é mais acelerada e bem forte, mesmo tendo algumas variações não tão originais. Consegue ser bem compacto, resumindo bem o enredo e ainda citando pontos que não constam na sinopse, como a menção a palavra "caciquear" como verbo surgido devido ao Cacique de Ramos. Destaque melódico para o verso "dindinha, de pé no chão fez a semente" e para o refrão do meio. De negativo, o uso repetido da palavra tamarineira, que não é tão musical. Poderia ter sido usada apenas uma vez. Mas o samba é contagiante e deve ir longe na disputa, podendo até surpreender no final.



Compositores: ???
Intérprete: ???

Olha meu amor...
A Mangueira chegou
Nessa avenida vamos exaltar
O brilho negro que venceu a dor
Na profecia de Iemanjá
Embaixo da tamarineira
Num sonho de liberdade
Eu vi um cacique guerreiro
E o dom da floresta me ensinou
A raiz do meu destino
Plantei nessa terra, meu Rio de amor

Levantou a saia, nêga
Na festa da Penha pro "sinhô" rezar
Nos salões da burguesia
Não vi a magia do teu requebrar


Na pequena África, a devoção
A mãe baiana me abençoou
A minha tribo, a atração
Até a onça amansou
Dindinha, de pé no chão fez a semente
Caciquear a nossa gente
No verbo fiz meu carnaval
A chama não se apagou
Hoje o samba esquentou lá no fundo do quintal
Herdeiro de Oxossi eu sou, amor
Patrimônio cultural!

Sou fruto da tamarineira
Em verde e rosa vou festejar
Sou cacique, sou Mangueira
O “doce refúgio pra quem quer sambar”



O samba 107-E tem tudo pra ser um dos grandes favoritos. É um dos que melhor contempla o enredo de acordo com a sinopse e ainda consegue ser bastante original em letra e melodia. O refrão do meio é o grande destaque, com uma letra muito bonita e melodia diferenciada, apesar de ser meio acelerada, dificultando um pouco o canto. A repetição do trecho "olha meu amor", menção à música "Caciqueando", também ficou bacana. De negativo no samba apenas o refrão principal, que, apesar de ser "grudento" e empolgante, tem uma letra pobre. Mesmo assim a composição é forte candidata à vitória.



Compositores: ???
Intérprete: Igor Sorriso

Sonhei a liberdade
E o destino me levou ao novo lar
Chegando ao Rio de Janeiro, encontrei no meu terreiro
A alegria dessa festa popular
Levando a fé na minha batucada,
Fui pelas ruas arrastando a multidão
Contrariei a elite a bailar nos salões
Desfilei pelos ranchos, cordões
Fiz o meu carnaval
O Bafo da Onça passou a reinar
Até que o Cacique chegou pra ficar
E o samba firmou lá no fundo do nosso quintal

Vai lá, vai lá...
Mais um pouco e já vai clarear
Nosso show tem que continuar
Abre a roda, Cacique de Ramos
A gente não perde o prazer de cantar


Olha, meu amor...
Nessa onda que eu vou, com esses bambas imortais
Olha, meu amor...
De verde e rosa peço axé aos orixás
À sombra da Tamarineira, o doce refúgio da inspiração
Lá o samba é alta bandeira
Mas também mora em Mangueira,
A razão dos meus versos
Hoje vou conquistar o universo
Se até em Marte fiz sucesso,
O nosso grito vou eternizar

Vou caciquear
Não vou parar na quarta-feira
Vou caciquear e festejar na Estação Primeira



Explosivo do início ao fim, o samba 65-A possui melodia bem acelerada e contagiante, com variações interessantes mas nada de excepcional. O destaque está na letra, sobretudo na segunda parte. A repetição da palavra "sim", em menção à música "Doce Refúgio", foi bem realizado. Interessante o verso que fala do Bafo da Onça não como um bloco extinto, o que não é verdade, mas sim como grande rival do Cacique. Alguns pontos importantes do enredo foram deixados de lado, como a vinda dos escravos da África, ou abordados de forma um pouco subjetiva. O "na palma da mão" do refrão principal não combina muito com samba-enredo mas não compromete o conjunto. O refrão do meio é muito acelerado e difícil de cantar, sobretudo em seus dois primeiros versos. Destaque absoluto para o criativo e original "hei hei hei" no final da obra. Tem adversários bem fortes em uma disputa equilibrada e bem aberta, mas por seus diferenciais e por ser bem pra cima como o enredo pede, o Carnaval de Avenida aposta neste samba.



Compositores: ???
Intérprete: Tinga

Salve a tribo dos bambas
Um doce refúgio de inspiração
Salve o Palácio do Samba onde um simples verso se torna canção
Debaixo da tamarineira um índio guerreiro me fez recordar
Um lugar, um berço popular
Seguindo com os pés no chão
Raiz que se tornou religião
Da boêmia dos antigos carnavais
Não esquecerei jamais

Vem no batuque
Que eu quero sambar (Me leva)
Já começou a festa
Esqueça a dor da vida
Caciqueando na Avenida


Sim, vi o bloco passando
O nobre rezando e o povo a cantar
Sim, é o nó na garganta
Ver o Bafo da Onça a desfilar
Chora, chegou a hora eu não vou ligar
Minha cultura é arte popular
Nasceu em 'Fundo de Quintal'
Sou imortal e eu vou viver
Agonizar não é morrer
Mangueira fez o meu sonho acontecer
O povo não perde o prazer de cantar
O povo liberto que a voz ecoou
Respeite quem pôde chegar onde a gente chegou

Vem festejar
Na palma da mão
Eu sou o samba, a voz do morro
Não dá pra conter tamanha emoção
Cacique e Mangueira num só coração

4 comentários:

  1. Muito bom!! Ja sou fã do seu blog..adoro carnavald demais..e sempre posto sobre isso tbm..passa la..vlwlwlw!

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  2. Olá! Qdo vai ser a final do samba de enredo?? Sou de São Paulo e quero me programar prá ir! Abraços!!! ♫

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  3. O q vcs do site acharam do samba 87-C q supostamente é do sombrinha????? eu gostei mais do q estes ai

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  4. Sou carnavalesco aqui no RGS e adorei o terceiro samba... é puro Mangueira! Parabéns aos compositores!

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