segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Análise da primeira rodada de ensaios técnicos

Terminada a primeira rodada de ensaios técnicos, com todas as escolas do grupo Especial do Rio tendo feito o primeiro treino na Sapucaí, já é possível começar a perceber os rumos que o carnaval 2011 vai tomar. E até o momento, nenhuma surpresa. Os grandes destaques ficaram por conta das seis escolas que voltaram no sábado das campeãs em 2010 e provavelmente a campeã sairá deste grupo.

O Salgueiro foi o primeiro "rolo-compressor" a desfilar, provando a todos que contestavam o samba (incluindo este blog) que o mesmo rende e é de fato um dos melhores do carnaval. Cenário perfeito para a Academia, que realizou um ensaio muito empolgante do início ao fim. Ainda pelas bandas da Tijuca, a atual campeã Unidos da Tijuca mostrou que quer o bicamepeonato e tem gás pra isso. Apesar do samba não ter uma letra convincente, consegue sustentar bem o desfile e o canto dos componentes. Aliás, assim como no ano passado o chão tijucano mostra-se muito forte.

Como de costume, a Beija-Flor devastou a Avenida com uma comunidade empolgada e cantando o belo samba do início ao fim. A agremiação de Nilópolis mostrou que mais uma vez vai brigar pelo campeonato, estando bem em todos os quesitos técnicos. Co-irmã da Baixada, a Grande Rio provou em seu ensaio que está pronta para ser campeã. O título que a comunidade de Caxias merece há algum tempo pode vir em 2011. E desta vez a escola tem em seu samba um diferencial, já que, ao contrário dos anos anteriores, é mais forte e valente.

Fechando o grupo das, até agora, candidatas ao título, Vila Isabel e Mangueira também empolgaram. A escola de Noel tem um dos melhores sambas do ano, uma bateria respeitável, um dos melhores casais do Especial e uma comunidade muito animada que canta do início ao fim. Já a Mangueira vem mordida com os resultados medianos que vem obtendo, valendo-se de um enredo de grande apelo emocional para a escola e um excelente samba-enredo, defendido a plenos pulmões pelos componentes.

Das outras agremiações, três podem surpreender. A União da Ilha fez um ensaio bastante animado e alegre, como é costume da escola. Apesar de ainda precisar de alguns ajustes, a escola se afasta cada vez mais da condição de candidata ao rebaixamento. A Porto da Pedra também foi bem e a impressão que se teve é de que a escola pode dar muito mais. O excelente samba não rendeu tudo o que era esperado e pode crescer. O Tigre depende apenas de si mesmo para fazer uma bela apresentação. E a Mocidade Independente, que apostou na mesma fórmula do samba de 2010, teve um bom retorno de sua comunidade, que mostrou-se bastante motivada. A escola ficou a um passo do sábado das campeãs em 2010 e pode conseguir a sonhada vaga em 2011.

A Portela até foi bem, contando com componentes animados e um verdadeiro show da bateria. Mas o criticado samba da escola mostrou-se de fato limitado e pouco empolgante. A Águia de Madureira vai precisar se garantir nos demais quesitos para tentar um classificação satisfatória. A Imperatriz ainda não conseguiu convencer, mesmo com a excelente apresentação da bateria. O bom samba não foi suficiente para sustentar o ensaio, que foi bem morno. A escola precisa urgente de uma "injeção de alegria" para não precisar nem pensar em maiores problemas.

E a São Clemente é, até o momento, a principal candidata ao rebaixamento, infelizmente. O ensaio da agremiação foi mediano, a escola precisa mostrar mais garra se quiser passar alguma credibilidade. O samba não funciona tanto, ficando cansativo depois de um tempo. A escola da Zona Sul precisa trabalhar enquanto ainda tem tempo.

Já no grupo de Acesso, nem todas as escolas realizaram seus ensaios mas por enquanto a Viradouro mostrou que é mesmo a escola a ser batida. Ensaio irrepreensível, digno de grupo Especial. Dentre as demais escolas, nenhuma foi mal, mostrando que o grupo de Acesso A será bem competitivo em 2011. Ainda restam algumas agremiações realizarem seus treinos. No final da segunda rodada de ensaios, às vésperas do carnaval, uma nova análise do Especial e o panomara completo do grupo A.

Confira aqui o calendário dos próximos ensaios técnicos na Marqûes de Sapucaí.

sábado, 29 de janeiro de 2011

Os melhores sambas da década - São Paulo 2005



Inferior à do ano anterior, a safra paulistana de 2005 conta com algumas boas obras mas no geral não se destaca tanto. Algumas escolas conseguiram manter o nível ascendente de qualidade que vinha sendo obtido desde o início da década. Já outras erraram a mão e apresentaram sambas muito abaixo do esperado. Entre os grandes destaques do ano estão sambas mais melodiosos, de variações mais marcantes e dolentes, característica bem típica das composições paulistanas. A Mancha Verde, que acabara de ascender ao grupo Especial, marcou sua estreia com um samba muito bonito sobre o Mato Grosso, uma amostra da qualificada safra que a escola apresentaria nos anos seguintes. A Império de Casa Verde conseguiu seu primeiro campeonato emabalada por um samba emocionante, com uma melodia em tom de clamor que seria a principal característica dos sambas posteriores da escola. A exaltação ao amanhecer no refrão principal também seria uma marca das composições do Tigre. E a Rosas de Ouro, com um lindo enredo sobre a rosa, apresentou um samba espetacular, diferenciado e muito bonito. Infelizmente a escola sequer conseguiu voltar no desfile das campeãs. Destaque para os cantores Belo e Alcione, que participam das faixas da Mancha e da Rosas, respectivamente.


MANCHA VERDE - 2005



Enredo: Da pré-história aos transgênicos: Mato Grosso. Uma Mancha Verde no coração do Brasil
Compositores: Vaguinho, Jaú, Turko, Celso, Ademir, Levi Sintonia, Fabinho LS, Marcos, Thiago, Victor, Tucuruvi da Mancha, Duda, Lelé, Divino, Marquinhos e Pindaia

Mancha em poesia
Na história foi buscar
Um carnaval pra te emocionar
Mato Grosso terra cheia de encantos
De metamorfose radical
Admirar, sua formação sua grandeza
Relicário de beleza, no coração do meu Brasil
Na chalana naveguei, pelo mar de Xarayés
O meu sonho conquistei, encontrei o meu amor
Onde o Verde é esperança e o Branco é a paz
O meu samba é a "Mancha" que o tempo não desfaz

Iê eis o bailar das borboletas
Iê a passarada a revoar
Flora traz a melodia
Vitória-Régia és o meu cantar


Cerrado que viu nascer a febre do ouro
Em Vila Bela este imenso tesouro
Virar cobiça e ambição
No Guaporé negro lutou, contra o terror
Quanta bravura, hoje faz valer sua cultura
Alto-Xingu, o índio gigante guerreiro
O Araguaia e o povo místico, verdadeiro brasileiro
Cenário de grande ascensão
Deus abençoe este grão, tens futuro à conquistar
O mundo sagrada raiz
Mato Grosso meu Estado, meu País

Vai passar a mais querida
Mancha Verde na avenida
De "chapa e cruz" Mato-Grossense eu sou
Que esplendor



IMPÉRIO DE CASA VERDE - 2005



Enredo: Brasil: Se Deus é por nós, quem será contra nós?
Compositores: Vaguinho, Carlos Júnior e Raphael

Desbravando continentes
Voando numa nave espacial
Vejo o fim do então primeiro mundo
O medo do futuro é universal
É nova era
O ser humano se transforma em munição
Parece até que é brincadeira
Tudo por um pedacinho: "assim" de chão
Vaca louca adoidado, até frango ta gripado
Veja só que ironia, o alerta é geral
Bate forte bateria, eu quero é carnaval

Sou mais você Brasil
Ó pátria mãe gentil
Esculturada por Nosso Senhor
Terra do samba e do amor


É lindo ver o povo brasileiro
Otimista e guerreiro
Nunca perde a esperança
Sempre se virando como pode
Quem não pode se sacode
Em busca do seu ideal
E Por falar em sonhos e conquistas
Eis um nobre idealista
Revolucionário imperial
Saudade, vá de encontro ao infinito
Nesse imenso azul e branco
Que hoje serve de manto
Pra esse ser iluminado
Que ao lado de Deus
Se faz presente na avenida
Eterna estrela dos meus carnavais
Valeu, descanse em paz

Amanheceu
Desperta amor, é novo dia
E com o Sol vem meu Império
Nesse sagrado paraíso da alegria



ROSAS DE OURO - 2005



Enredo: Mar de Rosas
Compositores: Emerson de Paula, Osmar Costa e Dema de Deus

Conta a lenda
De uma prova de amor, uma transformação
Afrodite chorou, derramou seu encanto
Uma rosa nasceu, o mar se perfumou
Um mundo pleno de vida, maravilhoso jardim
Sonho enfeitado, com flores e rubís
Pro rei se deslumbrar, do reino de Sabá
A rainha mandou levar
Gente jovem pra agradar
Mil belezas de encantar
Cidade eterna
Ornada com rosas
Festas e banquetes
Loucuras no ar

Divina imagem com rosas aos pés
É o amor
Do alto homenagens em forma de flor
Que esplendor


A "Guerra das Rosas" muito sangue derramou
A ordem criada por Dom Pedro imperador
A "Rosa de Hiroshima", poetinha o criador
A musa de Caymmi, que Cartola eternizou
Linda mulher, a mais perfeita flor

Um mar de rosas
De ouro pra entregar
Iemanjá
Abra os caminhos, minha escola vai passar

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Os melhores sambas da década - Rio de Janeiro 2004



A safra carioca de 2004 foi bem ruim, uma das mais fracas da década. Claro que nesta afirmação não estão incluídos os sambas de Império Serrano, Portela, Tradição e Viradouro, que aceitando a sugestão da Liga fizeram reedições de sambas antológicos, como Aquarela Brasileira e Contos de Areia. Dentre os sambas originais temos o da Grande Rio sobre a camisinha, o da Caprichosos sobre a Xuxa e a campanha para o bom comportamento no trânsito da Mocidade, alguns dos piores sambas das respectivas escolas. Entre uma ou outra obra melhor, dois sambas destacaram-se no ano. A São Clemente, que havia sido campeã do Acesso no ano anterior, apresentou um samba com a sua cara, debochado e crítico, sobre as falcatruas ao longo da história nacional. Como de costume acabou sendo rebaixada mas não merecia. E o melhor do ano é da Beija-Flor, muito acima dos demais. Com um recorrente enredo sobre a Amazônia, a agremiação de Nilópolis desfilou com um de seus mais belos sambas e conseguiu o bicampeonato.


SÃO CLEMENTE - 2004



Enredo: Boi voador sobre o Recife - Cordel da galhofa nacional
Compositores: Jorge Melodia, Noronha, Marcos Zero e Cesar Ouro

A cobra vai fumar
De além mar ao mar de lama
Gostoso é pecar, se lambuzar no mel da cana
Índias que não estão no mapa
Na boquinha da garrafa, cheias de amor pra dar
O tal batavo começou avacalhar
E como brasileiro gosta de uma obra
Nassau fez até de sobra
Mascarando o leão do norte, lugarejo sem saúde
Onde a maior virtude era viver de armação
Macunaíma, anti-herói idolatrado
Aqui tudo foi tramado pra virar esculhambação

Todo mundo pelado, beleza pura
Todo mundo pelado, mas que loucura
Ninguém segura a perereca da vizinha
É um barato a buzina do Chacrinha


Era a corte um rebu
Se ouviu um sururu, vai pra ponte que partiu
Com o laranja endividado
O pedágio foi cobrado, o primeiro do Brasil
O boi voou, começou a roubalheira
A galhofa, a bandalheira pra chacota nacional
Mas tira o olho, ninguém tasca eu vi primelro
Tem muito boi brasileiro pra comer nesse quintal

Onde a zorra vai parar
Eu tô sofrendo mas eu gozo no final
A São Clemente faz a gente acreditar
Que no Brasil o que é sério é carnaval



BEIJA-FLOR - 2004



Enredo: Manôa, Manaus, Amazônia, Terra Santa... Que alimenta o corpo, equilibra a alma e transmite a paz
Compositores: Claudio Russo, José Luis, Marquinhos e Jessey Beija-Flor

A ambição cruzou o mar
Trazida pelo invasor
A Espanha veio explorar
Pilhar e semear a dor
Amazônia, Terra Santa
Dos igarapés, mananciais
Alimenta o corpo, equilibra a alma
Transmite a paz
Brilhou o Eldorado
No coração da mata as guerreiras
Belezas naturais, riquezas minerais
O reino de Tupã ergue a bandeira

Êh! Manôa
Minha canoa vai cruzar o Rio Mar
Verde paraíso
É onde Iara me seduz com seu cantar


Força, mistério e magia
Fruto da energia o meu guaraná
A lágrima que o trovão derramou
A terra guardou semente no olhar
Maués, Anauê cultura milenar
Anauê, Manaus, Mamirauá
Viva a Paris tropical!
Água que lava minh'alma
Ao matar a sede da população
Caboclo ê, a homenagem hoje é
A todo povo da floresta um canto de fé

Se Deus me deu vou preservar
Meus filhos vão se orgulhar
A Amazônia é Brasil, é luz do criador
Avante com a tribo Beija-Flor

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Os melhores sambas da década - São Paulo 2004



Em 2004 todas as agremiações paulistanas deveriam fazer enredos relacionados à São Paulo, em homenagem aos 450 anos da cidade. A princípio pode-se pensar que esse requesito fosse deixar os sambas chatos e repetitivos, porém o que se viu foi uma das melhores safras do carnaval paulistano, a melhor da década até então. Todas as escolas conseguiram soluções bastante criativas, falando sobre a cidade sob diferentes pontos de vista. Algumas homenagearam seus bairros, outras falaram de fatos históricos, de paulistanos ilustres, da cultura... E o resultado foi muito bom, grandes obras passaram pelo Anhembi em 2004. A Peruche, que permanecera no Especial devido à uma virada de mesa no ano anterior, trouxe um lindo samba sobre a cidade e sua população. Infelizmente foi rebaixada, mas deixou uma bela composição para o carnaval da cidade. A Vai-Vai, que homenageou seu bairro, o Bixiga, mais uma vez apresentou um excelente samba, com belas variações e uma letra muito bonita. E o grande destaque do ano veio de uma escola humilde e de poucos recursos: a Imperador do Ipiranga. Apesar disso, fez um desfile emocionante em homenagem ao bairro do Ipiranga, embalado pelo melhor samba de sua história e um dos melhores de São Paulo. A cidade foi muito bem representada e homenageada pelas suas agremiações em 2004.


PERUCHE - 2004



Enredo: São Paulo é como coração de mãe... Sempre cabe mais um
Compositores: Marcio Pessi, Ronaldo, Rubinho Guimarães e Nivaldo

Salve a Terra da Garoa
Que ao seu apostolo engrandece e encanta
Não adormece jamais
O seu trabalho nos traz chances iguais
Tem coração de mãe, que alimenta o sonho dessa gente
Jesuíta aqui chegou, primeiro filho que se apaixonou

Nem pro sol, nem pro mar, se virou
Homens de fibra, você plantou
Braço forte e guerreiro, que conquistou
O seu respeito e valor


Dos quatro cantos
Chegaram os imigrantes
De braço aberto então, abriu seu coração
Recebendo o migrante, irmão de pátria de toda nação
Que lutou, desbravou
Em busca de um futuro promissor
Selva de pedra, tão linda surgiu
É grandiosa e conduz o meu Brasil
E transformou, sonho em realidade
A vitória em verdade, se tornando parque industrial
Vamos brindar
Votos de felicidades
Em teu seio é meu lugar
Seus filhos vem cantar (cantar o que?)

Pra sempre vou te amar
São Paulo me entregar
Hoje a Peruche é poesia
Pra sempre vou te amar
São Paulo me entregar
Hoje a Peruche em versos vai te exaltar


VAI-VAI - 2004



Enredo: Quer conhecer São Paulo? Vem no Bixiga pra ver...
Compositores: Zeca do Cavaco, Zé Carlinhos e Naio Denay

Quem é Bixiga diz: sou raiz
Sou tradição, o coração
Luz dessa cidade
Nasceu pra eternidade
Às belas margens do Rio Saracura
Chegaram os portugueses com amor e muita fé
Gente de todo lugar vinha pra negociar
Com os barões do café
Na calada da noite, negro fugia do açoite
E veio a abolição
Negro feliz então, se espalhou neste chão

Iáiá e ioiô, sinhá e sinhô, a girar
Minhas baianas lindas lavadeiras
Fazem a massa delirar


Samba, tarantela, embalam as cantinas
Um pedaço da Itália tão divina
Oh Acheropita, abençoe a Bela Vista
Reluz no alto da Paulista
Cartão postal desta cidade
A arte, o esporte, o poder financeiro
O manifesto, a comunicação, a liberdade de expressão
Música, cinema e teatro em alto astral
A boemia do lugar
De bar em bar cai na folia
São Paulo hoje a comunidade do Bixiga
Feliz da vida canta forte na avenida
Parabéns para você

É de enlouquecer
Vai-Vai minha coroa
É show, é carnaval
Na Terra da Garoa



IMPERADOR DO IPIRANGA - 2004



Enredo: Ipiranga, berço esplêndido de um povo heróico
Compositores: Batuta e Dall'Acqua Neto

O despertar de um sonho livre
No Ipiranga se fez brilhar (fez brilhar)
Quando ecoou o brado heróico de D. Pedro, o Imperador
Foi do alto da colina que a luz
Do sol da liberdade despontou
E esta nação menina escutou pulsar
Um coração no peito de São Paulo
Ipiranga, berço cultural
Meus olhos se perderam no horizonte
Esse quadro é o cenário que pintei pro Carnaval

Venham ver, toda cidade está em festa
E a minha escola manifesta
O orgulho do Ipiranga ser


Palco de estrelas e astros geniais
Cartão postal cantarolado em verso e prosa
Arquiteturas tão monumentais
Patrimônio secular é tua história
Portas abertas à imigração, abrigo aos filhos do sertão
Fascinante é fazer destas tuas glórias
Toda minha inspiração
E no Planalto, um orgulho teu brilha também
Abençoado é o teu chão, meus parabéns

O meu canto levanta poeira
O samba é a minha bandeira
Esta arte de bamba me coroou
Cabeça feita, sou Imperador

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Os melhores sambas da década - Rio de Janeiro 2003



O ano de 2003 proporcionou ao Rio de Janeiro uma safra bem desigual. São desse ano um dos melhores e um dos piores sambas de toda a história do carnaval. Não há como esquecer o samba da Tradição, cujo enredo era o jogador Ronaldinho. Uma obra sempre lembrada em qualquer listagem de sambas ruins. Por outro lado, também é de 2003 alguns dos melhores sambas de suas respectivas agremiações. A Grande Rio iniciava sua trajetória de bons resultados (e enredos patrocinados) com um belo samba sobre as belezas naturais do Brasil. A Viradouro, numa linda homenagem à Bibi Ferreira, apresentou uma composição considerada por muitos a grande obra da escola. E a melhor obra do ano veio do Borel. "Agudás" é um samba perfeito, que infelizmente no desfile não rendeu o desejado pois foi executado com uma cadência acelerada. Mas é sem dúvida um samba histórico e inesquecível.


GRANDE RIO - 2003



Enredo: O Nosso Brasil que Vale
Compositores: Mingau, Tere e Marcos Moreno

Valeu Brasil
Terra onde o tempo é o senhor (ôôô)
Trago sonhos bordados em ouro
És o gigante da alegria, és meu tesouro
Nas matas viajei
Sou desse chão um rei
Onde pisei deixei meu coração aventureiro
Cheguei em Minas, Eldorado Brasileiro
Andei, criei cidades coloniais
Na história, o vento nos traz
Salve o barroco, estilo igual jamais

Uma luz brilhou no céu eu vi
Um sol de bronze a reluzir
Nuvens de prata vão cobrir
As montanhas de ferro, é o progresso a surgir


Vem meu bem, quanta beleza
A mãe natureza tem pra dar
Tudo que o bom Deus criou
O homem tem que preservar
O orvalho molha as flores
No "Rio Doce" eu vou navegar
Os passarinhos voando
Entoam um canto de paz
Enquanto danço com índios em Carajás
Deixe o futuro chegar
Que a criançada vai ver
Quanta magia tem na arte e no saber

Vem meu povo a festa começou
Vem que a voz da alegria eu sou
Solta grito da garganta
A Grande Rio chegou... Meu amor



VIRADOURO - 2003



Enredo: A Viradouro canta e conta Bibi, uma homenagem ao teatro brasileiro
Compositores: Gustavo, Gilberto Gomes, Heraldo Faria, Gelson

Abram as cortinas, que o show vai começar
É "manhã de sol", um rouxinol vem despertar
Voa, vai tocar no seu coração
Amor, nessa avenida quanta emoção
Em cada gesto, em cada expressão
Em cada lágrima que faz sorrir
Diva, brilha a voz dos grandes musicais
Nesse palco, os artistas imortais
Hoje vão te aplaudir

Se um vento soprar, eu vou
Deixa o "dom" me levar, amor
Vou em busca de um ideal
No meu sonho de carnaval


Em toda forma de arte
Uma luz acendeu
A "Gota d'Água" faz parte
Dos seus encontros com Deus
"Piaf, um hino ao amor"
"A vida de uma estrela da canção"
Em uma noite de esplendor
"Amália" foi a sua inspiração
E quando o sol se põe
Desce uma estrela lá do céu
Vem reviver ao seu lado Bibi
O seu mais brilhante papel

O teatro consagrou e pede passagem
A Viradouro, meu amor, faz a homenagem



UNIDOS DA TIJUCA - 2003



Enredo: Agudás: os que levaram a África no coração e trouxeram para o coração da África o Brasil!
Compositores: Rono Maia, Jorge Melodia e Alexandre Alegria

Obatalá
Mandou chamar seus filhos
A luz de Orunmilá
Conduz o Ifá, destino
Sou negro e venci tantas correntes
A glória de quebrar todos grilhões
Na volta das espumas flutuantes
Mãe África receba seus leões

No rufar do tambor ôô
Atravessando o mar de Yemanjá
No sangue trago essa chama verdadeira
Raiz afro-brasileira, sou Agudá


Quem chega a Porto Novo
E raça, é povo e se mistura
De semba se fez samba
Um carnaval pelas culturas
Na fé de meus orixás
Axé meu delogun
Temor e proteção ao anel do dragão de Dagoun
A união é bonita
E a gente acredita na força do irmão
No continente africano a ecoar
A epopéia Agudá, vitoriosa face da razão

Tem cheiro de benjoim no xirê, alabê
Prepare o acarajé no dendê
Salve o chachá, salve toda negritude
A Tijuca vem contar uma história de atitude

sábado, 15 de janeiro de 2011

Os melhores sambas da década - São Paulo 2003



Continuando com o emergente nível de qualidade dos sambas paulistanos, a safra de 2003 também foi bastante qualificada. A maioria das escolas apresentou boas obras. Nota-se uma contínua evolução técnica dos sambas, com letras mais criativas e elaboradas e melodias mais ousadas e originais. Três obras destacam-se no ano, entrando para a galeria das melhores da década. A Vai-Vai, com seu interessante enredo sobre o cavalo, levou um samba melodioso porém de cadência mais acelerada, característica típica dos sambas paulistanos. Conta também com uma ótima letra. A Império de Casa Verde, que acabara de ascender ao grupo Especial, trouxe um samba que é bem pouco comentado mas muito bonito. É bastante dolente, característica presente na grande maioria dos sambas posteriores da escola. E a Mocidade Alegre teve a melhor composição do ano. Aliás, o samba da Morada é considerado por muitos o melhor de todos os tempos em São Paulo. Sua melodia é o grande destaque, possuindo muita força e variações originais, sobretudo no refrão do meio. Ano com maior número de sambas paulistanos destacados pelo Carnaval de Avenida até agora, 2003 consolidaria a ascenção iniciada no ano anterior e levaria à contínua melhoria que se estenderia pelos anos seguintes.


VAI-VAI - 2003



Enredo: Entre marchas, galopes e cavalgadas
Compositores: Danilo Alves, Regis e Vagner Almeida

A Bela Vista chegou com garra e emoção
Invadindo continentes vem mostrar a essa gente
A origem de uma criação
Surgiu na era glacial
A descoberta genial
E a sua história vai brilhar no carnaval
Sangrentas guerras conquistou
Grandes guerreiros carregou
Fez da Mongólia a sua arena de terror

Pisa forte na avenida
Indomável campeão
Que virou mitologia de tanta fascinação


Centenas de anos antes de Cristo
Conquistador e arisco, fundou cidade
Presente de grego foi construído
E ao longo desse conflito, realidade
Glórias a cônsul venerado
Imperador foi derrotado
Deposto caiu do seu garanhão
Vitórias também teve o alasão
Tem corrida, tem rodeio, tem jogo no tabuleiro
E o Grande Prêmio do Brasil
Com força, raça e harmonia eu vou trazer
O mundo inteiro pra você
Entre marchas, galopes e cavalgadas
De preto e branco sacudindo a arquibancada

Lá vem o Bixiga com muita alegria
Devoção e muito mais
Cantando forte em poesia
Eu sou Vai-Vai



IMPÉRIO DE CASA VERDE - 2003



Enredo: Nhô João, preto velho milagreiro e profeta de todos os deuses lá pelas bandas do Cafundó
Compositores: Biro-Biro, Daniel Colêtte, Raphael, Júnior Marques, L.C. Santos, Turko, Sérgio Biriba e Maradona

Oh, mãe África
O grande ventre que gerou os Orixás
Atravessando o mar aqui chegou
No espledor de uma raça
Esta cultura germinou
E nasce então o mito
Em terra cercada de crenças e lendas
Mistério das águas vermelhas
Iluminado, com sua fé rompeu fronteiras

Ô me leva... Tem festa, sinhá me leva
Folclore na terra sagrada
Tem tropeiros, cavalhada
Tem congada


Aí... Sai de cena o vício cruel
A missão vem das luzes do céu
É hora de plantar o amor
Da natureza
Esse médico santo faz cura e ilumina
Nessa fé nem prisão desanima
É a igreja negra em ascensão

E o santo foi morar... Nos cafundós... Com os orixás...
De lá ele derrama amor e paz...


Com o clarão do luar
Tambores vão ecoar... Sou Império
Profeta, santo e irmão
Ilumine a nossa nação... Nhô João



MOCIDADE ALEGRE - 2003



Enredo: Omi! O berço da civilização Iorubá
Compositores: Tico, Imperial, Sílvio Negão, Silva Oliveira e Fábio Bonfim

Água, Mocidade dá um banho de fé
É paixão, é cultura, é axé
Essa fonte de vida
Gotas de amor, essência da criação
A missão de criar, recebe Oxalá então
Traído pela sua indiferença
Não cumpre a oferenda, sedenta ilusão
Odúduá faz sua vingança
Tendo o poder em suas mãos

Ciscando, Adié faz a terra espalhar
Dando luz à nação Yorubá
Expressão de bondade infinita
E assim o milagre da vida se viu
Moldado em barro o homem surgiu


Mistério, é o ciclo da vida a se desvendar
É Nanã Buruké dos Ibás
Governando em águas turvas
Chora, de suas lágrimas o rio-mar
Rainha negra Yemanjá, Odoiá
Oxum, Oxum, Oxum, senhora da realidade
Da riqueza, do amor e da fertilidade
Ora yê yê ô
Senhor, oh Senhor!
Aos seus pés repousam as águas
Acima de ti não há nada
Iluminai nossa morada

Ôôô, é água amor, fundamental
É água pra vencer o mal
Taí o nosso carnaval

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Os melhores sambas da década - Rio de Janeiro 2002



Apesar de inferior à do ano anterior, a safra de 2002 também proporcionou belas obras ao Rio de Janeiro. Temos a presença de alguns sambas bem fracos, mas os bons são ainda melhores que os destaques de 2001. Campeã do ano, a Mangueira desfilou com um samba que se tornou conhecido e popular, algo bastante difícil na época atual. Mesmo aqueles que não acompanham tanto o carnaval conhecem os versos "Vou invadir o Nordeste, seu cabra da peste...". Um dos melhores sambas da Mangueira, que possui uma excelente safra na década. A Porto da Pedra, que vinha do grupo de Acesso, se manteve no grupo com um desfile em homenagem a cidade de Petrópolis e um samba bem compacto mas de melodia encantadora. Não é uma obra muito comentada mas é uma das melhores da escola de São Gonçalo. E o melhor samba do ano foi do Império Serrano, que apresentou um enredo sobre Ariano Suassuna. Uma composição muito valente e marcante, que pode ser colocado entre os destaques da agremiação da Serrinha. A gravação de todo o CD de 2002 também é muito interessante, com os sambas ganhando um toque de "ao vivo", algo muito desejado mais ainda longe da realidade na época.


MANGUEIRA - 2002



Enredo: Brasil com 'Z' é pra cabra da peste, Brasil com 'S' é nação do Nordeste
Compositores: Lequinho e Amendoim

Mangueira encanta
E canta a história que o povo faz
Vem mostrar a nação do valente sertão
De guerras e de sonhos imortais
A cada invasão, uma reação
Pra cada expedição, um brado surgia
Brilhou o sol no sertão
A luz de um novo dia
Lendas e crendices, mistérios que vem ao luar
No velho Chico naveguei, com meu cantar

No canto e na dança
No pecado ou na fé, vou seguir no arrasta pé
Deixa o povo aplaudir
Ao som da sanfona
Vou descendo a ladeira, com o trio da Mangueira
"Doce Cartola" sua alma está aqui


Padim, Padre Ciço faça chover alegria
Pra que cada gota seja o pão de cada dia
Jogo flores ao mar pra saudar Iemanjá
E na lavagem do Bonfim eu peço axé
Terra encantada e predestinada
Tua beleza não tem fim
Brasil, no coração eu levo paz
Pau de Arara nunca mais

Vou invadir o Nordeste, seu cabra da peste
Sou Mangueira
Com forró e xaxado os filhos do chão rachado
Vêm com a Estação Primeira



PORTO DA PEDRA - 2002



Enredo: Serra acima, rumo à Terra dos Coroados
Compositores: Evaldo Melodia, Ernesto do Cavaco e Beto Grande

Natureza
Os nativos coroados
Sinais de rica cultura
A densa neblina cobre a mata
O ciclo do ouro ao barroco nos levou
Dom Pedro I
Com essa terra se encantou
O delírio imperial
Foi herança que ficou

Pedro II, coroado
Jovem ainda se engalana
Depois de se coroar
É inspirado a criar
A bela cidade serrana


Major projetou Petrópolis
Colonizada ganha a "Baronesa"
O Palácio de Cristal, onde a Princesa
Realizou o baile da abolição
Então a República
Traz a burguesia para a mesa
No cassino, luz acesa
E o show vai começar
A Cidade Imperial continua a encantar

Serra Acima
Rumo à terra dos coroados
Porto da Pedra vem exaltar
E coroada hoje vai te coroar



IMPÉRIO SERRANO - 2002



Enredo: Aclamação e coroação do imperador da Pedra do Reino - Ariano Suassuna
Compositores: Aluízio Machado, Maurição, Carlos Sena, Elmo Caetano e Lula

Sol inclemente, oi
Vai além da imaginação
Sopro ardente, árida terra
Desse poeta cantador
Sede de vida, gente sofrida
Salve o lanceiro, guerreiro do amor

Cabra macho, firmeza, que emoção
Liberdade, esperança, ressurreição
A bondade, a maldade no coração
Amor, verdade, eu encontro neste chão


(Vem que tem...)
Tem azul, tem encarnado, tem
Numa comunhão de fé
Lança em punho ao som da luta
Desse sonho contra a dor
Resgatando o passado
Desse povo vencedor
Esses reis tão sertanejos
Descendentes de valor
E a cavalgada parte
Lá de Belmonte
Prá serra do Catolé
Tão linda minha corte sertaneja
Marco forte, altaneira do sertão
Buscando na justiça igualdade
Empunhando a bandeira na coroação

Hoje o Império é a voz da razão
Onde reina a paz e a união
E é muito mais que uma paixão
Sou imperador... Lá do sertão

sábado, 8 de janeiro de 2011

Os melhores sambas da década - São Paulo 2002



Com relação à safra do ano anterior, é absurdo o nível da melhoria dos sambas paulistanos. As obras de 2002 são imensamente superiores às de 2001, dando início a melhor fase do carnaval paulista, que se estenderia e atingiria seu auge ao longo da década. Todas as agremiações possuem sambas bons, uns melhores em letra, outros em melodia, mas nenhuma composição pode ser considerada verdadeiramente ruim.
Dentre os destaques, há dois sambas que se sobressaem e que certamente entraram para o grupo dos melhores de São Paulo. A Gaviões da Fiel, campeã de 2002, desfilou com um samba que, se não possui uma letra muito desenvolvida, é muito valente e se impõe na safra. Apesar de ser compacto, passa a mensagem do enredo "Xeque-Mate" e possui uma melodia muito bonita. Outro fortíssimo samba foi apresentado pela Leandro de Itaquera, que homenageou Mário Covas. Uma bela melodia aliada à uma letra correta fizeram desta composição uma das melhores da vermelho e branco. Apesar destes dois destaques, vale a pena ouvir todos os qualificados sambas do ano.

LEANDRO DE ITAQUERA - 2002



Enredo: Mário Covas - São Paulo - Brasil. Meu Orgulho, meu amor
Compositores:André Ricardo, Braulino-7, Dado, Medonha, Pequeno da Leste e Rafa do Cavaco

Liberdade, paz e amor no coração
Aplausos a Mário Covas
O orgulho da nossa nação


Amanheceu
De vermelho e branco venho homenagear
A história de um político guerreiro e professor
Taurino, santista, cidadão trabalhador
Democracia a luta de um povo sonhador
Alma de quem ama
Exemplo de vida eu conto agora
Saudoso velho Zuza
O povo canta em sua memória

Ô, ô, ô, ô, ô, sacode minha bateria
Mostra a força do leão
Sou Leandro de Itaquera e caio na folia


Dona Lila sua eterna companheira
No esporte a paixão
Santos supercampeão
Eleito deputado federal
Teve grande atuação no Congresso Nacional
Sofreu com a ditadura
E o silêncio não pôde acatar
Como defensor ele apoiou as "Diretas Já"
Prefeito, senador, governador
Em sua trajetória
Obras de grande valor
São Paulo teu orgulho, teu amor

Dignidade a missão, em sua pátria o amor
Canta Leandro sobre a luz do vencedor



GAVIÕES DA FIEL - 2002



Enredo: Xeque-Mate
Compositores: José Rifai e Alemão do Cavaco

Sou Gavião, sou Rei
No tabuleiro da vida
Sou fiel a um ideal
É xeque-mate, to na área, é Carnaval


Talvez
Precise mil e uma noites pra contar
Do oriente o vento leva o meu cantar
Trazendo poesia
Paixões, romances de amor sem fim
Um jogo envolvente enfim
Que encantou o Velho Mundo

Tem muamba
O mercador tem muamba
Tem novidade
Vem jogar o Chaturanga


Na dança das pedras
Tem peão lutando pra sobreviver
Contra o FMI
Que em seu cavalo alado
Sempre mal intencionado
É a rainha do poder
Quero meu Brasil
Jogando limpo
O povo dando um xeque na corrupção
Um xeque na impunidade
E a bateria sacudindo a multidão

É hora da virada (vem amor)
Tenho fé e esperança (no coração)
O meu país menino vai mudar
E a felicidade há de brilhar

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Os melhores sambas da década - Rio de Janeiro 2001



A primeira safra carioca da década foi logo uma das melhores. Todos os 14 sambas do Especial eram bons e mesmo os mais fracos tinham qualidades, sendo no mínimo agradáveis de ouvir. Foi difícil selecionar os melhores da safra já que há muitos com condições de estarem na seleção dos destaques da década. Mas os sambas mais marcantes estão logo abaixo. Começando com o da Caprichosos, que homenageou Goiás em seu enredo e criou toda uma história de amor para servir de pano de fundo para o desfile. O samba é pouco comentado mas é uma dos melhores da escola de Pilares, apesar de fugir do seu estílo. A Grande Rio desfilou com um de seus sambas mais marcantes em 2001. O enredo em homenagem ao profeta Gentileza rendeu uma obra compacta mas muito bonita, lembrada até hoje. E a melhor composição do ano sem dúvidas é o inesquecível "Agotime", da Beija-Flor. Uma obra mais curta e pra cima, diferente do atual estilo da escola, mas inegavelmente um dos melhores sambas de sua história. O vice-campeonato da escola é até hoje contestado, já que o desfile foi digno de título.
Além destes, há muitos outros grandes sambas no CD de 2001. Vale a pena ouvi-lo!


CAPRICHOSOS DE PILARES - 2001



Enredo: Goiás, um sonho de amor no coração do Brasil
Compositores: Jorge 101, Luiz Pião, Gule e Lequinho

No Carnaval
O cupido me flechou
Fui procurar a bela que me conquistou
A esmeralda do teu olhar reluziu
Brilha meu conto de fadas
No coração do Brasil
Diabo velho se lançou em busca do ouro
Os carajás não revelaram o tesouro
Ametista, Turmalina
A mão divina concebeu as riquezas naturais
Cenário de beleza é o Araguaia
Onde a natureza ensaia encontros de amor e paz
Doce é repousar em Caldas Novas
Onde a vida se renova em suas fontes termais

Esse amor é o meu destino
Salve a Festa do Divino
Na Cavalhada, a luta do bem contra o mal
Apaixonado, eu brinquei seu Carnaval


Goiás...
Dos grãos e das flores
Poemas e amores
Sertaneja canção
Paixão, seu paladar sedutor
Me fez sonhar e acreditar que existe amor
A profecia amanheceu no paraíso
Eu já tenho os quatro elementos que preciso

Procurei e encontrei minha morena
Caprichei e agora eu sei, valeu a pena
Te quero muito, amor, somos iguais
Sou Caprichosos, sou amor e sou Goiás



GRANDE RIO - 2001



Enredo: Gentileza "X" - O profeta do fogo
Compositores: Carlos Santos, Cláudio Russo, Zé Luiz e Ciro

Novo milênio
Avança o homem para o espaço sideral
Em busca de mensagem positiva
Valorização da vida, o amor universal
Na arena, alegria e dor
Triste legado que Roma Pagã deixou
Pelas vozes foi guiado
O arauto iluminado
A mudar o seu destino
Renuncia a ambição
Ao seguir a intuição José Datrino

Deixa clarear... (deixa clarear)
Idade Média nunca mais...
Gentileza anuncia
No raiar de um novo dia
Um clamor de amor e paz


Das flores a beleza
Para o mundo recriar
O vinho é a vida
É preciso festejar
Considerado louco
E poeta foi bem mais...
Deixando nas pilastras
As palavras imortais
Com a sabedoria universal
Pregava contra o mundo desigual
Gentileza gera perfeição
Violência não

Era de "Aquarius"... Tempo de amor
A Grande Rio... iluminou
Profeta faz nascer
Do fogo alvorecer
Irmão Sol, a verdade é você



BEIJA-FLOR - 2001



Enredo: A saga de Agotime - Maria Mineira Naê
Autores: Déo, Caruso, Cleber e Osmar

Maria Mineira Naê
Agotime no Clã de Daomé
E na luz de seus Voduns
Existia um ritual de fé
Mas isolada no reino um dia
Escravizada por feitiçaria
Diz seu Vodum que o seu culto
Num novo mundo renasceria

Vai seguindo seu destino (de lá pra cá)
Sobre as ondas do mar
O seu corpo que padece
Seu alma faz a prece
Pro seu povo encontrar


Chegou nessa terra santa
Bahia viu a nação nagô ô ô
E através dos orixás
O rumo do seu povo encontrou
Brilhou o ouro, com ele a liberdade
Foi pra terra da magia
Do folclore e tradição
Um bouquet de poesia
A casa das minas
É o orgulho desse chão

Sou Beija Flor e o meu tambor
Tem energia e vibração
Vai ressoar em São Luís do Maranhão

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Os melhores sambas da década - São Paulo 2001



No começo da década os sambas de São Paulo começavam a se aprimorar, mas a safra de 2001 talvez seja uma das mais fracas do período. Os sambas em sua maioria são bastante nivelados, com letras não muito elaboradas ou melodias pouco ousadas. Apesar de haver algumas obras que se sobressaem, duas em especial podem ser consideradas grandes composições do carnaval paulistano: as de Vai-Vai e Mocidade. A Vai-Vai sagrou-se bicampeã com um enredo sobre a busca pela paz. Com uma letra compacta, conseguiu passar bem a mensagem do abstrato enredo. O refrão do meio é o trecho de maior destaque. A Mocidade ficou apenas na oitava posição mas seu samba é o melhor de 2001. Seu grande diferencial é a melodia, muito valente. Os dois sambas se destacam por serem os que melhor alinham letra e melodia. Apesar disso, se comparados aos sambas dos próximos anos, são inferiores.

VAI-VAI - 2001



Enredo: O caminho da luz à paz universal
Compositores: Zéca, Zé Carlinhos, Naio Denay e Ronaldinho

Brilhou...
A luz no universo, clareou
O sol irradia o calor
Que é a fonte pra vida
Que esplendor
Surge a natureza no planeta
Que o ser humano iluminado dominou
Na luz da razão o bem ou o mal
Reluz dentro do coração

Pra quem tem fé, axé
Um Deus pra nos guiar
"Ele" é a benção em toda crença
"Ele" é um só pastor
E nada nos faltará


Mil fagulhas cintilantes
Trilham o céu dos geniais
Tantos homens de mentes brilhantes
Se tornaram imortais
Mas o mundo se mostrou
Desumano sem calor
Só a luz da consciência
Pra reacender o amor
Me de a mão, somos irmãos
Vamos caminhar
Buscar na luz celestial
A paz universal

O Bixiga balançou
Iluminou toda cidade (a bateria)
Arrepia da um show
Vai-Vai é luminosidade



MOCIDADE ALEGRE - 2001

Enredo: A lenda da lenda - do fascínio de Ophir ao mistério das Encantadas
Compositores: Ratinho, Biro-Biro, Ricardinho, Raphael e Gudi



Lenda vamos mostrar pra você (vem ver)
Antes de Cristo nascer
Navegou pra conquistar
África era o destino da realeza
Dos fenícios buscando riquezas
Originou-se então Ophir
Pindorama, fauna, flora que encanta
Exuberância sem igual
Terra da dança, da lua, dos deuses
Das grandes mulheres guerreiras, Tupinambás
Da aliança de reis surgiu
Prosperou Nova Canaã
Explorou-se riquezas mil
Que fama e cobiça atraiu

Ouro, prata, ferro e cobre "quem vai querer"
Pau-Brasil e pedrarias "tem pra vender"
De Pindorama pra você


E assim, tudo ia muito bem, esqueceram-se porém
Do deus das profundidades, nos festejos da cidade
Tudo que era felicidade, com sua ira destruiu
Em noite de lua cheia
A Morada do Samba incendeia
A lenda é lenda no Piauí, eis aqui

A Mocidade é mistério e magia
É sonho, é fantasia que esplendor
Encanto e fascinação
Pro seu coração... Vem amor

sábado, 1 de janeiro de 2011

Os melhores sambas da década



2011 começou e trouxe consigo o início de uma nova década, a segunda do novo milênio, que já não é mais tão novo assim. E traz também um novo período para o carnaval, este ainda desconhecido. Não se sabe ao certo que rumo os desfiles irão tomar daqui por diante, mas não há dúvidas que muita coisa mudou desde 2000 até aqui, para melhor e para pior. Com relação aos sambas de enredo, inegavelmente mudaram para pior na visão daqueles que priorizam a poesia e uma melodia bem construida. Para melhor segundo aqueles que gostam de um bom sacode, de tirar o pé do chão. Mas, felizmente, o samba-enredo continuará em constante transformação, agradando ora a gregos, ora a troianos.

Claro que é um exagero imenso dizer que a década passada não rendeu bons frutos. Apesar de nenhuma antologia imortal ter sido composta, há sim sambas muito capazes de orgulharem suas respectivas agremiações e serem lembrados nas futuras feijoadas e rodas de botequim. E é isto que será mostrado no Carnaval de Avenida a partir de amanhã! Os sambas-enredo que marcaram a década de 00, tanto no Rio de Janeiro quanto em São Paulo. Sim, porque as escola de samba da Terra da Garoa também possuem obras lindíssimas em suas safras e que são em sua maioria desconhecidas do grande público.

Então, a partir de amanhã, dê uma passada no Carnaval de Avenida para recordar os grande sambas de enredo da década, de cada uma das 14 agremiações do grupo Especial de São Paulo e das 12 do grupo Especial do Rio. Além daquelas que estão nos grupos de Acesso dos dois estados, que também não serão esquecidas. Como diz o samba de 2011 da Porto da Pedra, "um samba de verdade vai passar". No caso, alguns.

A primeira postagem será com os destaques de 2001 em São Paulo. Até lá!