sexta-feira, 30 de julho de 2010

Sinopses 2011 - Caprichosos de Pilares



Bota - Abaixo e Passa - Fora!

Final do século XIX, fim da escravidão no Brasil: cada negro livre, porém sem trabalho e sem moradia.

O cenário do centro da cidade do Rio de Janeiro era de superpopulação, com ruas estreitas e muito trânsito vindo do porto.

O Poder Público, com o apoio Federal, (já naquela época) sem saída para os problemas desse caos urbano e, junto a isso, um surto de epidemias... O que fazer? A solução encontrada foi demolir as moradias. "Cabeças de porco", cortiços, oficinas de fundo de quintal, ou seja, afastando a classe menos favorecida do Centro para uma reforma sanitária e urbana (inspirada na arquitetura e urbanismo Franceses); dando início, assim, ao famoso "bota abaixo".

Surge, então, a ocupação das Freguesias que, pouco a pouco, vão se transformando em bairros urbanos com a extensão das linhas ferroviárias para a locomoção dos trabalhadores ao Centro da Cidade. E nasce assim o subúrbio carioca, com uma identidade própria, dentro de uma cidade considerada a capital cultural do país.

Cada um no seu quadrado

Hoje, na mesma ferrovia, voltando do trabalho, comecei a imaginar como as coisas no subúrbio mudaram ou se perderam com o passar dos anos. Sou suburbano sim, moro logo ali, num lugar para onde Cristo ficou de costas. Por que será? Por que não projetaram também um giratório nele? Deixaram-no olhando para o lado de lá, mas... Tudo bem, isso não vem ao caso, sei que Ele também olha por nós. Do outro lado, lugar onde vivo, existe um povo feliz e que luta como se o amanhã só dependesse dele mesmo. "É... Lá a chapa é quente... E que futuro pode ter toda essa gente?" (Como dizia o poeta). Será que o mapa anda meio desbotado justamente na parte onde moro?

Onde moro não tem turistas, não tem famosos, e nem sai fotos nas revistas... Mas nos jornais sim, ah isso sai e muito... Também, da forma que a violência vem crescendo!!! Precisamos combate-la, e isso é fato! Mas será que o tal "carro de aço" que sobre o morro para extinguir o mal, não poderia ter também um acoplado a reboque que levasse educação, saúde e alimentação? Poderíamos ter menos foras da lei.

"Para suburbano, pouca comida, e de sobremesa bala perdida"

As coisas por aqui estão muito diferentes. Os cinemas eram as grandes salas dos bairros, pomposas por sinal, com cadeiras aveludadas, grandes escadarias e a famosa lojinha de pipoca na entrada. Hoje são nos shoppings e as antigas são usadas para "outros fins"... E com direito a "sacolinhas"!

Mas hoje existem também os "sacolões", forma carinhosa que chamamos os hortifrutis. Em todo canto tem um. Comerciantes vão ao Ceasa e compram produtos para revender em seus estabelecimentos. É a necessidade dando lugar à criatividade que invade o mercado.

E por falar em mercado, o de Madureira hoje é considerado o "Shopping da fé". Atualmente, ele é responsável pela maior venda de produtos religiosos da cidade. Uma promessinha aqui, uma macumbinha ali... Afinal, aqui vive um povo que, apesar de esquecido, traz em sua crença a esperança de construir um futuro melhor.

"... Esqueceram de mim"

Já que foram construídas vias de tudo que é cor, cavaram túneis, encurtaram distâncias, mas tudo isso só serviu para vermos mais de perto o que não temos. Não poderiam ter construído mais caminhos que nos levassem à igualdade social?

A originalidade está sendo posta de lado. Não posso mais sair pelas ruas sem a preocupação de encontrar os ditadores de tendências de moda pelas esquinas. As crianças não brincam mais pelas calçadas, não soltam pipas, quase não jogam mais futebol e não sonham mais em ser um craque da bola. Hoje não temos mais aquele famoso festival de pelada com direito a raspa-raspa de groselha, onde nasceram grandes craques internacionalmente conhecidos. Quantas seleções formaríamos só com os craques revelados do subúrbio?

Muita coisa mudou. Nos almoços de domingo era sagrada aquela galinha caipira preparada com tanto carinho pela minha mãe. Lembro que os vizinhos se reuniam para conversar até altas horas, amigos jogavam dominó ou sueca pelos bares, enquanto "molhavam a palavra numa boa". Mas criaram uma lei que secou do lado de cá, pois ninguém bebe no subúrbio morando na Zona Sul. Certas coisas só aconteciam no subúrbio como, por exemplo, pintar a casa no natal, usando o 13º salário. Existia um certo orgulho do lugar onde morávamos. Eram "casas simples, com cadeiras na calçada, e na fachada escrito em cima que é um lar".

... Mas o sol brilha para todos!

Na luz do amanhecer, nasce também a esperança de cada dia de uma gente forte e que, apesar de tudo, continua alegre e festeira, "sacudindo a poeira suada da luta e fazendo a brincadeira"! Esse é o povo que sempre buscou em coisas aparentemente simples uma forma de ser feliz. Inventou ou preservou festas, descobriu também nos blocos carnavalescos de rua que a desorganização era a tônica da coisa e, com fantasias e instrumentos improvisados, mostravam a marca do nosso humor.

E hoje grandes Escolas de Samba, também oriundas do subúrbio, fazem parte de uma cultura das maiores festas do mundo. Afinal, o nosso carnaval faz parte do patrimônio cultural do Rio de Janeiro e isso nunca pode acabar! Vamos resgatar o que perdemos e preservar o que nos resta de bom. Pois vejo raiar o sol de dias melhores...

... E eu que creio peço a Deus por minha gente, é gente humilde!

Enredo: Amauri Santos e Paulinho do Ouro
Pesquisa: Luiz Carlos Máximo

Sinopses 2011 - Mocidade Independente de Inhaúma



Nem só de prata. Nem só de ouro:

No Carnaval de 2011, a Mocidade Independente de Inhaúma irá exaltar as jóias e pedras preciosas. Muitas vezes quando ouvimos falar delas não imaginamos a quantidade de histórias que existem por trás de cada pedra, e muitas curiosidades também.

Além do ouro e da prata muito usados na confecção de jóias, há também o diamante e as pedras preciosas, chamadas gemas. As gemas, utilizadas como objetos de decoração, adornos pessoais e até mesmo como amuletos da sorte ou de magia, fascinam o homem desde seus primórdios, com seu brilho, sua cor, sua raridade e até mesmo aqueles mistérios que as envolvem quanto aos seus poderes esotéricos. O Brasil é considerado uma das maiores províncias geomológicas do mundo. No solo brasileiro estão presentes todos os tipos existentes na crosta terrestre. Água-marinha, Esmeralda, Topázio, Turmalina e Diamante são as pedras preciosas mais encontradas.

Resumo:

O fascínio do homem em usar adornos preciosos e "mágicos" vem dos tempos mais remotos. Os materiais considerados belos, fascinantes ou raros foram utilizados para produzir as primeiras jóias. Daí a origem da imagem de riqueza que se associa à própria imagem da jóia.
Formadas há bilhões de anos, as pedras preciosas têm diferentes composições químicas, que determinam sua cor, densidade, clivagem e aspecto. Por sua extrema beleza, os povos da antiguidade achavam que as pedras preciosas tinham poderes ocultos, capazes de trazer sorte, curar ou simplesmente tornar uma pessoa mais bonita.

Uma jóia era utilizada normalmente como enfeite, mas também havia uma íntima ligação com forças místicas. O homem primitivo produzia as suas peças de adorno quando as estrelas se alinhavam em posições que eles consideravam favoráveis. Surgiam assim os amuletos com poderes mágicos e protetores.

Em algumas sociedades, aos caçadores mais valentes eram concedidos colares com dentes e garras de animais ferozes, isso lhes dava um símbolo de poder.

A atração que o ouro exerce sobre o homem é antiga. As primeiras jóias em ouro datam de 3.500 a.C., descobertas na região da antiga cidade de UR fundada pelos sumérios no vale do Eufrates.
Na história cristã, por ocasião do nascimento do menino Jesus, um dos três Reis Magos, o Melchior, levou de presente ao filho de Deus um metal precioso: o ouro.

Os egípcios deixaram peças elaboradas, em formas de escorpiões, escaravelhos, serpentes, repletas de simbolismo e misticismo. Eles foram os primeiros a aplicar cores às jóias, tendo dominado as técnicas de engaste de pedras e a descoberta de um novo material produzido pelas mãos do homem, o vidro colorido.

Outras civilizações figuram com igual importância no cenário da joalheria. Os artesãos minóicos produzindo com excepcional cuidado contas estampadas em finas lâminas de ouro. A Grécia, a princípio restringia suas criações a motivos geométricos. O contato com os fenícios resultou na fusão de conhecimentos e tendências, surgindo então peças com motivos naturalistas, temas da mitologia.

A cultura celta presenteando-nos com peças intrigantes e "magnéticas", com um design de espirais e arcos concêntricos de linhas sinuosas, invocando misteriosas forças da natureza.

Na história do Brasil, o ciclo do ouro, diamantes e pedras preciosas fez com que nosso país passasse a ter novas riquezas. Teve importância decisiva na ocupação da região de Minas Gerais, Mato Grosso, Goiás e Planalto Baiano. A mineração tornou-se a mais importante atividade econômica do Brasil-Colônia no século XVIII.

As pedras na Magia:

Através da História, as pedras preciosas têm sido usadas, não apenas por sua beleza ou raridade, mas também por seus poderes secretos. Durante séculos, elas foram usadas como auxiliares indispensáveis para o aprimoramento da vida espiritual, assim como para aumentar a percepção psíquica, para inspirar amor e como poderosos agentes de cura.

As pedras no Zodíaco:

Assim como as flores, as pedras preciosas também são relacionadas aos meses do ano, relacionadas com os signos do zodíaco. Há, pelo menos, uma pedra para cada mês, e cada uma tem um significado especial.

A arte milenar da joalheria:

O homem contemporâneo não poderia desapontar seus ancestrais na evolução dessa arte. Hoje conhecemos técnicas que nos possibilitam maior liberdade de criação, mas toda a tecnologia desenvolvida não vale muito sem mentes criativas e de bom gosto por trás de todo o maquinário. O século XXI conta com grandes designers dando personalidade, irreverência e estilo às peças de joalheria.

O mercado joalheiro atual está ampliando seu público-alvo. Empresas que antes ofereciam jóias para encantar apenas os ricos, agora também tentam atingir a classe média disposta a adquirir peças cujo papel principal é a vaidade e o desejo de atrair atenção. Ao comprar uma peça de grife o consumidor da classe media busca distinção e recolocação de status na sociedade.

Atualmente, no Brasil, o mercado de jóias e pedras preciosas movimenta cerca de US$ 4 bilhões ao ano, sendo 55% para o mercado interno e 45% para exportações, de acordo com o IBGM. O Rio de Janeiro, principal exportador de jóias do Brasil. Empresas locais tem grande influência no exterior, como H. Stern e Amsterdam Sauer.
Segundo Carla Pinheiro, presidente da Associação dos Joalheiros e Relojoeiros do Estado do Rio de Janeiro, "O design das jóias tem feito realmente o diferencial. O Brasil tem conquistado prêmios internacionais todo ano. Isso traz mercado para o produto de maior valor agregado, e a gente passa a competir pela qualidade e criatividade."

E em 2011, a Mocidade Independente de Inhaúma irá revelar todo esse tesouro, através do seu enredo, uma verdadeira filigrana, mostrando que o carnaval e as escolas de samba podem contribuir muito para o enriquecimento da cultura do povo, jóia rara desta nação, contando esta brilhante história, de valor inestimável.
Abram alas! A Safira do samba vai passar!

Edson Siqueira
Carnavalesco

quarta-feira, 28 de julho de 2010

Sinopses 2011 - Acadêmicos de Santa Cruz

"Paz e amor! O sonho não acabou"

JUSTIFICATIVA

Estamos na década de 50 e início da década de 60.

Os jovens participaram dos acontecimentos com uma intensidade nunca visto antes na história. Foi uma época que prometeu grandes mudanças: na tecnologia, na moda e nos comportamentos, na economia e na política.

Minissaia - Rock - Televisão - Computadores - Guerrilha - Viagem à Lua - Liberdade sexual - Festivais - Cabelos compridos - Estudantes enfrentando a polícia - Guerra do Vietnã - Feminismo - Revolução

O mundo inteiro parecia querer mudar.
Mas, no final, pouca coisa se transformou profundamente.
O sistema era mais forte do que se pensava. O sonho acabou?

PAZ E AMOR! O SONHO NÃO ACABOU.

Jovens das décadas de 60 e 70 viveram o grande sonho de que o mundo poderia mudar para melhor. O sentimento de que nascia uma nova era contagiava corações e mentes.

Foi uma geração que lutava pelas mudanças políticas, sociais e culturais. A idéia básica era contestar o sistema. A juventude tinha pressa.

"Vem, vamos embora
Que esperar não é saber
Quem sabe faz a hora,
Não espera acontecer."
(Geraldo Vandré)

Todas as instituições eram contestadas, repensadas, refeitas.

"Abaixo a Repressão!"

"É proibido proibir!"

A Humanidade pensava viver a aurora de uma nova era.

"Um dia, todos serão livres, iguais e amigos" (Martin Luther King).

Nesta época teve inicio uma grande revolução comportamental como surgimento do feminismo e os movimentos civis em favor dos negros e homossexuais.

NOVOS COSTUMES E COMPORTAMENTOS

Os jovens acreditavam que não bastava transformar a estrutura econômica e o Estado. Era preciso mudar a própria maneira de se comportar.

Os homens começaram a usar cabelos compridos, enquanto as moças vestiam minissaias. As roupas eram coloridas, cheias de flores e de imagens psicodélicas.

As mulheres tornaram consciência e que não eram inferiores aos homens e que deveriam ter os mesmos direitos.

Jeans, discos, refrigerantes, alimentos e carros passaram a ser amplamente vendidos para uma sociedade de consumo composta basicamente por jovens.

A REVOLUÇÃO CIENTÍFICA

A ciência e a tecnologia se desenvolveram amplamente nesta época.

Em 1963, foi criado o gravador com fitas cassetes;

Em 1967, realizou o primeiro transplante de coração bem-sucedido, pelo Dr. Barnard;

Em 1967, os americanos se tornaram pioneiros no desembarque de um homem na lua.

ROCK E REBELDIA

A música viveu a colorida explosão do rock através de grandes nomes como: Os Beatles, Rolling Stones, Jimi Hendrix e Elvis Presley.

No Brasil a música popular ocupava seu espaço, levando as multidões aos festivais. Surgia nos palcos uma nova geração de artistas: Caetano Veloso, Gilberto Gil, Geraldo Vandré, Milton Nascimento, Wanderléia,

Roberto Carlos e Chico Buarque, entre outros.

Através das letras, os músicos protestavam e exprimiam sua revolta contra tudo e contra todos.

HIPPIES: UMA PROPOSTA DIFERENTE

Nem todos os jovens da época sonhavam com revoluções.
Muitos aderiram ao lema. "Paz e Amor" para transformar o mundo. Eram os hippies.

Vivendo em acampamentos, andavam em grupos, admiravam a cultura oriental, vestiam batas indianas, usavam barba e cabelos compridos, apreciavam a alimentação vegetariana e a liberdade.

Para um mundo melhor, os hippies propunham o extermínio das mentiras, cobranças, castigos, guerras e neuroses da sociedade de consumo.

Faça amor, não faça guerra!

PAZ E AMOR! O SONHO NÃO ACABOU.

A mudança radical sonhada pelos jovens foi bonita e marcante. Entretanto, não se realizou. O mundo continuou sendo o mesmo, talvez até mais contraditório. Mas, os ideais de um mundo melhor, mais justo e

igual para todos permanece.

No coração das atuais gerações ainda pulsam a coragem e a vontade de transformar o planeta. Os ideais de paz e amor continuam povoando a imaginação dos jovens.

Atravessando décadas, os jovens de todas as gerações ainda sonham, provando que, apesar de todos os obstáculos o sonho não acabou.

O primeiro passou
O segundo amor passou
O terceiro amor passou
Mas, o coração continua.
(Carlos Drummond de Andrade)

Autora do enredo: Rosele Nicolau Jorge Coutinho
Adaptação: Carlos Muvuca

Sinopses 2011 - Estácio de Sá




Justificativa

Quando o carnaval chegar...

"...Quando o carnaval chegar,
Fantasiar-me-ei de rosas...
O mundo irei perfumar,
Dançarei bela e dengosa..."
(Autor Desconhecido)

Fechem os olhos!

Sintam o aroma inebriante das rosas.


Sinopse

A Rosa Benevolente - De Cabrochas e Malandros

Abram-nos! É carnaval!

Desfilam os Ranchos Carnavalescos pela cidade... Relembrando toda a influência do folclore baiano, dos mesmos Ranchos que desfilavam na Bahia em dia de Reis. Apresentam-se as Pastorinhas, cantando, dançando e fazendo a guarda do pavilhão, perfumando ruas com o aroma das rosas e ornando alegorias. Dos Ranchos veio a inspiração direta para que muitos sambistas logo criassem as primeiras escolas de samba da cidade. Ismael Silva, Bide, Marçal, Baiaco, Brancura e Mano Edgar fundaram aos pés do morro de São Carlos a primeira escola de samba do Brasil, Deixa Falar.

Afloram-se hoje na Estácio de Sá os desejos mais intensos, as mais belas rosas perfumadas. Ao chegar ao Berço do Samba vejam com esmero nossas cabrochas vestidas nas cores da paixão, sempre com suas rosas ao cabelo. Da nossa malandragem faceira com suas rosas ao terno risca de giz desfilando elegantes em nosso reduto de bambas que receberam as rosas como heranças dos Rancheiros. São os filhos de nossos grandes poetas da Deixa Falar, hoje Estácio de Sá. A mais bela e perfumada dentre todas as rosas de um jardim!


A Rosa do Amor - O Símbolo dos Deuses

Rosas do Amor...

...que nasceram da espuma do mar quando a Deusa Afrodite, por Clóris deusa do amor e da beleza, vê sua paixão Adonis ferido. Ao tocar o mar, suas lágrimas perfumadas transformam-se em rosas brancas. Afrodite ferida por um dos espinhos tinge todas as rosas de vermelho e deixa cair sobre o mar de rosas um aroma suave dos deuses...

...cultivadas no jardim criado por Orzmude, segundo a mitologia iraniana. És majestoso onde a vida plena de prazeres é semeada com rosas e exuberantes aves de penas de rubis...

...que foram semeadas em forma de rosas prateadas nos Jardins Suspensos da Babilônia pelo Rei Nabucodonosor, como agradecimento aos deuses e oferenda aos seus inúmeros casos de amor...

...enfeitando os salões do palácio de Cleópatra. A rainha preparou uma festa onde aos pés eram visto rosas a fim de seduzir seu grande amor: Marco Antônio. Diziam que a mesma tomava banho de leite com rosas...

...nas grinaldas da Rainha de Sabá. Vestida de jóias em visita ao seu grande amor, Rei Salomão, a rainha levou consigo um cortejo de belas jovens que se confundiam com a beleza das rosas que a ornava...

...cósmicas na Índia sendo o símbolo da beleza e da mãe divina. Triparasundari ou a rosa de Lótus simboliza a taça da vida, a alma e o coração. Até hoje cultuadas como mandala, ou centro místico de realização ao amor divino.

...inspiradora de grandes paixões.


A Rosa da Fé - Sagrada e Profana

Rosas da Fé...

...que no princípio foi rejeitada pelo cristianismo devido a sua relação com o paganismo. Surgiram banhadas em ouro como símbolo do poder e de proteção aos devotos em procissões. A cada quarto domingo da Quaresma o Papa abençoava um de seus devotos príncipes católicos com uma Rosa de Ouro...

...desenhando rosáceas dos vitrais das catedrais góticas e atribuídas as Virgens Marias. O Cristianismo oficializou por São Bernardo a Rosa como o símbolo da virgem. O rosário ou jardim de rosas se aplicou em guirlandas trançadas para coroar as estátuas da Virgem Maria. Quando a Mãe de deus aparece aos devotos, rosas nascem aos seus pés...

...em devoção com os peregrinos. Na forma de agradecer ao santo devoto a graça alcançada em procissões e círios, sejam lançando pétalas sobre o cortejo ou ornando ricamente as berlindas. Nas cerimônias adornando as igrejas e abençoando casamentos, batizados e sendo lançadas como o símbolo da paz, da união e da renovação...

...sagradas e profanas. Como oferendas aos Orixás, cultuadas à rainha do mar Iemanjá, ao mar como pedido de paz e serenidade a cada ano que se inicia. O sincretismo religioso ganha força na lavagem do Senhor do Bonfim, que no sincretismo é Oxalá. As águas de cheiro de Rosas purificam o átrio da igreja e suas escadarias, ao som de atabaques e cânticos africanos...

...purificadoras da alma.


A Rosa Folclórica - Colorindo o meu país.

Rosas Folclóricas...

...alegres, coloridas e faceiras ganharam o jeito de retratar nosso país de maneira diferente. No Brasil foram introduzidas pelos Jesuítas e tiveram na arte sacra sua maior expressão. Na religiosidade ganhou pelas mãos dos artesãos beleza em: madeira, na pintura e na costura.

...das rédeas das Cavalhadas, recriando os folguedos medievais; ao redor das pombas do divino espírito santo pela Festa do Divino; representando o poder na coroação do Rei e da Rainha do Maracatu; estampando rosas natalinas nos brincantes da Folia de Reis; enfeitando as saias das mulatas do Tambor de Crioula; encenando ricos desenhos de bordados do Bumba-Meu-Boi e ganhando um toque de feminilidade ao colorir os tecidos que vestem os quadrilheiros ou sendo expostas nos bustos das sinhazinhas...

...sinônimo da alegria.


A Rosa Musa - Inspiração dos Poetas.

Rosas Musas...

...a feminina rosa ao seio de a ´´Rosa no Mar`` de Gonçalves Dias; o amor perdido, desbotado de ´´Rosa Murcha`` de Casimiro de Abreu; tú és divina e graciosa, estátua majestosa do amor de ´´Rosa`` de Pixinguinha; das rosas que falam de ´´As Rosas não Falam`` do mestre Cartola; da morenisse da mulher de ´´Rosa Morena`` de Dorival Caymmi...

...das cantigas de roda: Do cravo que brigou com a rosa, de uma linda rosa juvenil enfeitiçada por uma bruxa má e despertada por um Rei...

...da impiedosa ''Rosa de Hiroshima'' do poetinha Vinícius de Moraes. A rosa radioativa, estúpida e inválida que mata. A lição de que a mesma rosa que origina o amor nas pessoas causa a morte. Um tributo de paz ao mundo!

...inspiradoras de grandes poetas.

...musa do meu carnaval.

Marcus Ferreira
Carnavalesco

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Eliminatórias 2011 - Estação Primeira de Mangueira


O sucesso da Mangueira e do seu enredo pode ser percebido no número de composições inscritas na disputa: 131. Foi necessário que houvesse uma pré-eliminatória, onde 40 obras foram escolhidas para participarem de fato da disputa. As eliminatórias na verde e rosa possuem uma característica peculiar desde o ano passado: os nomes dos compositores não são divulgados. A medida busca evitar que um samba seja julgado pelos compositores, fazendo com que amadores e profissionais, estes mais conhecidos, possam competir de igual pra igual. O método é válido na teoria mas não surte muito efeito já que é possível identificar quais sambas são de compositores profissionais simplesmente pelo nível da gravação do samba, bem como o seu intérprete.
Sobre a safra, é excelente. A escola tem à sua disposição grandes obras, que podem representá-la muito bem no desfile. O enredo, sobre Nelson Cavaquinho, pede isso. Dentre todas as composições, destaquei as três que considerei mais qualificadas. Qualquer um dos sambas abaixo tem capacidade de ser o vencedor e candidatar a Mangueira à disputa do Estandarte de Ouro no quesito.

O samba interpretado por Luizinho Andanças é um dos mais melódicos do concurso. Foge um pouco dos lugares comuns onde as outras obras recaem. Sua segunda parte é belíssima, possui alguns dos mais belos trechos dentre todos os sambas de todas as escolas. A única característica que pode prejudicá-lo é o fato de ser muito cadenciado. Na avenida poderia se arrastar, ainda mais sendo a Mangueira a última escola de domingo. Mas é uma obra única e emocionante. Seria brilhantemente defendido por Jamelão.



Autores: ???
Intérprete(s): Luizinho Andanças

"Mangueira me chamou eu vou"
A boemia da canção...
E nos versos mais belos
Momentos singelos de inspiração
Sobe a ladeira, olha o rabo de arraia
No chalé pendura a saia
Quintal do compositor
Mangueira meu amor
Senhora do meu carnaval
Salve Nelson Cavaquinho
"A flor e o espinho", "o bem e o mal"

Acorde balança, meu coração
Acordes ao mestre da minha nação
É força e raiz, é jequitibá
Em todo o país é paixão popular


Poeta sim, daquele tipo que não se vê mais
No botequim "a notícia" desses dramas passionais
Ao violão e "o palhaço" a brilhar no Zicartola
Consagração, "folhas secas" minha escola
"... O sol há de brilhar mais uma vez..."
"... o amor será eterno novamente..."
Volta, à sua gente reunida
Sobe nos "degraus da vida"
E conta as "rugas" do compositor
A minha festa traz, amigos geniais
Compondo uma história de amor

Eu sou fiel, sou da Mangueira
O meu amor não tem fronteiras
É verde e rosa a emoção
Do eterno filho da primeira estação



O samba interpretado por Igor Vianna se aproxima bastante das características dos sambas que costumam ser escolhidos pela Mangueira. Destaque para os refrões, que são fortes sem perderem a beleza. Aliás o samba todo é muito bonito e poético. O único porém está na segunda parte, mais lenta que o resto, mas nada que comprometa o conjunto da obra. Tem grandes chances de ir longe na disputa e, quem sabe, ser o vencedor.



Autores: ???
Intérprete(s): Igor Vianna

EM MANGUEIRA DOBRAM SURDOS DE PRIMEIRA
PARA EXALTAR UM MESTRE DA CULTURA POPULAR
A BOEMIA CHAMOU...
AO CAVALEIRO FARDADO ENCANTOU
UMA TRAJETÓRIA GLORIOSA
EMOLDURADA EM VERDE E ROSA
SUBI O MORRO PELOS “DEGRAUS DA VIDA”
A “MINHA FESTA” HOJE É NESSA AVENIDA
MADRUGADA, LEAL COMPANHEIRA
ESTAÇÃO PRIMEIRA...
“TATUAGEM” NO MEU CORAÇÃO

SOU “A FLOR E O ESPINHO”
JÁ FUI “REI VAGABUNDO”
SENTI GIRAR O MUNDO E NA PRAÇA ADORMECI
NUM LINDO SONHO SURGE NELSON ENTRE NÓS
A ALVORADA, O NOSSO CANTO A UMA SÓ VOZ


MÚSICA QUE ALIMENTA CORPO E ALMA
FOI-SE O HOMEM, VIVE A OBRA
EU NÃO MUDO DE OPINIÃO
ZICARTOLA, ENCONTRO DE BAMBAS
NO TEMPLO DO SAMBA, A RENOVAÇÃO
POETA, TROVADOR DOS AFLITOS
ENTRE ACORDES TÃO BONITOS
O PRANTO ESCORRE DE EMOÇÃO
ENQUANTO HOUVER “FOLHAS SECAS” NO CAMINHO
JAMAIS SERÁS SAUDADE, OH, CAVAQUINHO!

“A MANGUEIRA ME CHAMA, EU VOU!”
ENTOANDO VERSOS DE AMOR
O FILHO FIEL ESTÁ PRESENTE
“O AMOR SERÁ ETERNO NOVAMENTE!"



A obra mais completa dentro do que seria ideal para o desfile é o samba interpretado por Diego Nicolau. Possui um ritmo mais acelerado, melodia pra cima. A letra muito bonita e poética, assim como a melodia, que tem variações interessantes e bem feitas. Só apresenta um pequeno problema de métrica no último verso da primeira parte, mas nada que não possa ser consertado. Levando em conta os sambas escolhidos pela Mangueira nos últimos anos, este se encaixa perfeitamente em seu estilo. O Carnaval de Avenida apóia este samba, mas não deixa de apoiar também as outras duas obras.



Autores: ???
Intérprete(s): Diego Nicolau

A VOZ DA SAUDADE VEM CHAMAR-TE
E FLORES VAI TE DAR, JAMAIS VOU TE ESQUECER
PELOS “DEGRAUS DESSA VIDA”,
NASCE UMA HISTÓRIA DE AMOR
ENTRE UM POETA E A MANGUEIRA
ENTRE UM BOÊMIO E A DOR
MONTADO EM SEU CAVALO, O NELSON DA SILVA
CHEGA A PRIMEIRA ESTAÇÃO
E TRAZ UM TOQUE ORIGINAL
NO MEIO DOS BAMBAS COM SEU VIOLÃO
FAZ DA ARTE, ESTRANHO SUSTENTO
O “REI VADIO” NO ZICARTOLA E NO TEATRO OPINIÃO

MANGUEIRA, VÃO CAINDO AS “FOLHAS SECAS”
SOBRE UM “CARVALHO” EM FLOR
POR ISSO O “PALHAÇO” HOJE CHORA
“DONA CAROLA” SE ENCANTOU


LÁ DO MORRO O SAMBA AVISOU PRA TODA A CIDADE
QUE AO SOM DO SURDO UM
ABRAÇOU O TROVADOR DA “CARIDADE”
SEU CENTENÁRIO É VERDE E ROSA
TANTAS LEMBRANÇAS DEIXOU TATUAR
“ACEITO TEU ADEUS”, “VOU PARTIR”
MAS SEI QUE UM DIA IREI TE ENCONTRAR
“ESPINHO NÃO MACHUCA FLOR”
E O PRANTO QUE LAVA ESTE CHÃO
NÃO FAZ “MINHA FESTA” ACABAR

CANTA MEU POVO, A MANGUEIRA CHEGOU
PRA EXALTAR NESSA AVENIDA
SEU FILHO FIEL, SAMBISTA IMORTAL
MONARCA NESSE CARNAVAL

sexta-feira, 23 de julho de 2010

Sinopses 2011 - Portela

"Rio, azul da cor do mar"

Porto de Sapucahy, verão de 2011

Soltem as amarras e deixem as velas enfunar ao sabor do vento.

Vejam o cais se distanciar e, com ele, as lembranças que ficaram, Na bagagem, trazemos sonhos e esperança. Nossos olhos já não conseguem divisar o que é mar, o que é céu, e tentam traçar uma linha de equilíbrio no horizonte. Singramos no azul!

Subamos à gávea para conversar com as estrelas, companheiras de saudades e solidão. Ora, direis, ouvir estrelas... Por que não?

Estrelas são quase tudo o que temos. Além delas, trazemos instrumentos que nos ajudarão a decifrá-las. Elas se espalham pelo céu formando desenhos e um deles nos chama a atenção. É uma águia! Sim, uma águia em forma de constelação. E será esta que escolheremos para nos guiar pela imensidão.

Dizem que o destino está traçado nas estrelas. Ensinam que precisamos de muita coragem para enfrentar os perigos e, sobretudo, determinação. E, com fé em Deus, navegaremos pelos sete mares que abrirão os portais do coração.

No Reino de Poseidon, tempestade e bonança

Estamos a muitas braças do continente, nessa noite tenebrosa.

A fúria do vento força a resistência dos cabos que sustentam o mastro principal. O tecido das velas parece que não conseguirá resistir. Ondas se agigantam, cobrindo o casco. Raios, relâmpagos e trovões abrem fendas no firmamento.

Começamos a enfrentar o desafio do desconhecido. E, sem que tenhamos tempo de raciocinar, nos deparamos com o medo escondido em nossos porões.

Das profundezas surgem criaturas fantásticas! São polvos, serpentes e dragões abrindo uma estrada na espuma, levando-nos por um turbilhão sem fim.

Ao abrirmos os olhos, porém, tudo se transforma. Cavalos marinhos conduzidos por guerreiros transportam o cortejo de reis e rainhas que governavam a crença de civilizações que desapareceram no mar abissal.

O que tenta nos dizer a tempestade, afinal?

Respeitar o que é do mar, mas nunca temer. Acima de toda maldade, o bem sempre há de vencer.

Mare Nostrum, sob a luz de Alexandria

Estas galés que cruzam o nosso caminho transportam toras de cedro, tapetes, tecidos, cerâmicas, corantes, jóias, peças de metal e outros produtos que as mãos do homem foram capazes de moldar.

Do Oriente partem gigantescas embarcações. São os chineses oferecendo novas trocas, ampliando suas rotas, construindo relações.

São mercadorias que remontam aos tempos dos primeiros navegantes, que se lançaram ao mar. Para trocá-las em outros portos, fenícios e egípcios não imaginavam que também deixariam vestígios de sua cultura milenar.

Gregos e romanos inauguraram um tempo de conquistas, ampliando as frentes de comércio e os limites de seus territórios.

Da distante Alexandria, brilha uma chama, transformando a noite em dia.

A caminho de Calicut

Debruçados sobre mapas, lendas e antigos relatos tentamos encontrar o caminho que nos levará às misteriosas terras das especiarias. É para lá que apontam nossos olhos, mergulhados em fascínio.

Para proteger este comércio, mercadores árabes semearam lendas de monstros e gigantes que devoravam quem ousasse cruzar os seus domínios.

Tudo mentira. O pesadelo agora é um sonho. As águas ganham novos matizes e como atrizes representam cada uma de nossas expectativas: cravo, canela, açafrão, flor de lótus e também porcelanas, tapetes, sedas e jóias que não se cansam de brilhar.

As mais variadas fragrâncias se misturam no ar. Conseguimos, estamos em Calicut! Mas não devemos nos demorar.

Atlântico, em direção ao Pacífico

O Velho Mundo despertou para um novo século sabendo que não estava mais só. Por trás do horizonte, entre o nascente e o poente, existiam outras terras e riquezas a se alcançar.

Eram terras primitivas, que ficavam muito além da calmaria e daqui podemos vê-las. Ao dia, parece uma deslumbrante miragem, ocupada por nativos, adornadas pela praias e a plumagem dos pássaros mais bonitos que já se viu. Eis a visão do paraíso tropical.

São tantas terras que nossos olhos se perdem ao tentar abraçá-las. Elas se escondem sob florestas, percorrem montanhas e flutuam nas nuvens, onde guardam segredos e mistérios de antigos impérios, que se curvam diante do Sol.

Quantas riquezas brotam de suas nascentes! Ouro, prata, pedras preciosas e uma madeira estranha, que tinge de sangue o tecido mias nobre. Dizem que o futuro a perpetuará na força de um gigante chamado Brasil.

Mare Liberum, numa ilha do Caribe

Quantas estradas se abrem neste azul sem fim! O Atlântico é cortado em todas as direções. Embarcações de diversas bandeiras transportavam cana-de-açúcar, café, tabaco e algodão.

Já não existem fronteiras para o comércio, nem medidas para a ambição. Outras galés rumam para a África, inaugurando a rota do tráfico negreiro. Trazem milhões de escravos, despejando-os em solo americano. Aceleram a produção, deixando uma dor que não se apaga e uma chaga que ainda marca o sentimento humano.

Negros vão, corsário vem. Omar já não pertence nem à Armada do Rei. Agora, é terra de ninguém.

Brasil, entre riquezas e belezas

Abençoada natureza, que sempre encantará os olhos de quem veleja no aconchego dessa Baía. A mesma brisa que traz lembranças do passado, sopra na direção do futuro, ensinando que o mar foi, é e será a principal via de comunicação entre os povos mais distantes.

Salve, Porto centenário, e esse intenso vai-e-vem do comércio exterior. Foi aqui que começaram e depois se intensificaram nossas relações com o estrangeiro.

Esse marulhar fustiga a todo instante, recordando investidas e o leva-e-traz. As ondas não se cansam de contar todos os tesouros que ficaram para trás; mas ainda guardam nas profundezas a mais preciosa das riquezas, que, por muito tempo, nos impulsionará.

Rio de Janeiro, ponto de encontro de brasileiros de Norte a Sul, de Leste a Oeste; que recebe de braços abertos o jangadeiro e outros irmãos do Nordeste. Rio das praias, das raias, cruzeiros, pescadores da noite e da vida marinha. Terra de São Sebastião, paraíso dos golfinhos.

Porto dos Amores, Fonte de Inspiração

Aqui da proa, quando olhamos para trás, não conseguimos dar conta do tempo que passou. Orientados pelas estrelas, desafiamos tempestades, enfrentamos inimigos e aprendemos que navegar é preciso - mas na mesma direção!

Foi assim que descobrimos novos continentes, inauguramos a rota do oriente e encontramos em pleno mar a Fonte da Inspiração.

Traduzimos os sentimentos em música, transportamos a emoção para a ópera e o teatro, recriamos aventuras em romances, no cinema eternizamos sagas e amores em páginas de clássicos memoráveis. Quando pintamos uma marina, tentando retratar a fascinação que existe em tanto mar, deixamos o azul brincar na tela.

Descobrimos que o mar é apenas um tema: ele tem início, meio e fim, é um enredo. E toda essa experiência começou quando vencemos o medo, desfraldando as velas do Carnaval.

Pois, o amor é azul.

O céu é azul.

O mar é azul.

E entre eles, navega a nossa querida Portela!

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Eliminatórias 2011 - Acadêmicos do Cubango


A academia de Niterói já divulgou todos os 18 sambas concorrentes de suas eliminatórias. Em comparação com a safra do ano passado, o nível caiu bastante. Os sambas estão nivelados por baixo. Não há uma melodia que se destaque e os termos utilizados pelos compositores são parecidos. A setorização dos elementos do enredo no samba também é bem similar em todas as obras. A grande abrangência e abstração do enredo, sobre a emoção, pode ser a causa da baixa qualificação da safra.

O samba que apresenta as variações melódicas mais interessantes é o de Bello, Beto Gama, Wagner e Gonzaguinha. A segunda parte do samba é muito bonita em termos melódicos. O resto não apresenta grandes atrativos, não tem muita força. Os refrões também não são explosivos e essa falta de energia pode prejudicar a parceria na competição.



Autores: Bello, Beto Gama, Wagner e Gonzaguinha
Intérprete(s): Gonzaguinha, Tiãozinho e Jansen

AMOR VEM VER
O RENASCER DE UM NOVO DIA
NESSA EPOPEIA DE ALEGRIA
DEIXE-SE LEVAR PELA CANÇÃO
CUBANGO MENSAGEIRO DA FOLIA
EXPRESSANDO EM POESIA A SUA EMOÇÃO
COM AMOR, FÉ E ESPERANÇA
NA FORÇA DO VERDE, O AROMA DA FLOR
O SORRISO CRIANÇA E O TOQUE DO TAMBOR

O BRILHO DA RIBALTA CLAREOU
O PALCO DA VIDA QUE A MUSA INSPIROU
VEDETES, ARTISTAS NO CARNAVAL
O TEATRO DE REVISTA É SENSUAL


NAS ONDAS DO RÁDIO, EU VOU MERGULHAR
NO PROGRAMA O REPERTÓRIO É POPULAR
É NOVELA, HUMOR, JOGO DE FUTEBOL
PRA DELÍRIO DO FÃ, LÁ NO MARACANÃ
QUE OUVINDO CHORA QUANDO GRITA É CAMPEÃO
EM PARIS O CINEMA SURGIU
E POUSOU ENCANTANDO MEU PAÍS
SÉTIMA ARTE MARAVILHA ALTANEIRA
CINEMA NOVO É CHANCHADA BRASILEIRA
SEU LANTERNINHA POR FAVOR
UM ESPACINHO PRA SENTAR COM MEU AMOR
NO ESCURINHO A GENTE PODE VER
A DUPLA DO BARULHO NA TELINHA DA TV

O VERDE E BRANCO DO MEU PAVILHÃO
NA PASSARELA VAI BRILHAR
O SOM DA BATERIA CONTAGIA E ANUNCIA
QUE A EMOÇÃO ESTÁ NO AR



Outro samba interessante é o de Gegê Fernandes, Fabíola Assed, Gabriel Haddad, João Fernandes, Marco Moreno e Caleco. O corpo do samba é mais do mesmo quando comparado aos outros da disputa mas a letra é um pouco mais trabalhada. O grande chamativo da composição é o refrão principal, talvez o mais forte dentre todos os sambas da disputa. Pode chegar longe.



Autores: Gegê Fernandes, Fabíola Assed, Gabriel Haddad, João Fernandes, Marco Moreno e Caleco
Intérprete(s): Hugo Júnior

MINHA ACADEMIA
HOJE É MENSAGEIRA DA EMOÇÃO
TRADUZ O SENTIMENTO EM POESIA
SE RENDE A SUA SEDUÇÃO
NA SUTILEZA DOS MOMENTOS DA VIDA
LEMBRANÇAS, ENCONTROS OU DESPEDIDAS
A PUREZA DE UM SORRISO DE CRIANÇA
TRANSMITE PAZ, AMOR E ESPERANÇA
“EM CENA” A ARTE DA EXPRESSÃO
DA ALMA , INSPIRAÇÃO, NO PALCO VAI REPRESENTAR
DIVA , VEDETE SENSUAL
SEU REBOLADO FOI SUCESSO NACIONAL

DEIXE O SOM VIAJAR, NAS ONDAS DA IMAGINAÇÃO
NA ERA DE OURO, ENCANTO AO CORAÇÃO
O REPÓRTER DA HISTÓRIA ANUNCIOU
A GUERRA ACABOU E NUM GRITO DE GOL!!!
PELO RÁDIO MEU BRASIL SE APAIXONOU


TEMPO, QUE UM DIA O VENTO LEVOU
UM BEIJO NAS TELAS SE ETERNIZOU
HUMOR, FICÇÃO, CINEMA PAIXÃO
SEU OLHAR ME DISSE TUDO NO SILÊNCIO
VEM, SENTA AQUI DO MEU LADO AMOR, AMOR
VEM VER COMIGO, NESSA EXPLOSÃO DE CORES
ESTRELAS VÃO BRILHAR, NA TV A NOSSA ESCOLA DESFILAR
NUM CÉU VERDE E BRANCO
TENTO CONTER O MEU PRANTO, NÃO QUERO CHORAR
PORQUE O SHOW TEM QUE CONTINUAR

VOU CELEBRAR
DE ALEGRIA ABASTECER MEU CORAÇÃO
“A MAIS QUERIDA” PISA FORTE NESSE CHÃO
CUBANGO É RAÇA! CARNAVAL DE ARREPIAR
UM CONVITE A SE EMOCIONAR



O samba que desde a sua divulgação se sobressaiu mais foi o de Sardinha, Zé Glória, Junior Duarte, Gustavo Soares, Carlinhos da Penha e Bruno Derani. A obra é empolgante, sendo seu ápice no refrão central. Se encaixa perfeitamente na voz do intérprete da Cubango, Tiãozinho Cruz. Letra e melodia, se não são perfeitas, destacam-se entre as demais. A melodia pra cima é ideal para o desfile da agremiação, já que será a sétima da noite, de um total de onze escolas. Desponta como grande favorito na disputa e por suas qualidades favoráveis ao desfile e por ser a obra mais completa, o Carnaval de Avenida apóia este samba.



Autores: SARDINHA, ZÉ GLÓRIA, JUNIOR DUARTE, GUSTAVO SOARES, CARLINHOS DA PENHA E BRUNO DERANI
Intérprete(s): LUIZINHO ANDANÇAS

EU SOU...
NA PURA ESSÊNCIA, EXPRESSÃO
SOU EU, SOU EU...
QUEM TOCA O SEU CORAÇÃO
EMANO TRAÇOS DA VIDA, MEXO COM SUA RAZÃO
SORRISO DE CRIANÇA, PODER DA CRIAÇÃO
E AO EXPLODIR... CHORAR, SORRIR
NAS LUZES DA RIBALTA, ENCANTEI
É ARTE QUE HOJE PASSO EM REVISTA
CENÁRIO DE ESCRITORES E ARTISTAS...

VEM NESSA "ONDA", AMOR! NO RÁDIO VAI ROLAR
NOVELA, INFORMAÇÃO E ASTROS A CANTAR
PODE APLAUDIR PORQUE A EMOÇÃO ESTÁ NO AR!


À MINHA LUZ
SÉTIMA ARTE, A GRANDE TELA
AOS QUATRO CANTOS SE REVELA
O SONHO EM PRETO E BRANCO GANHA CORES
CINEMA NOVO, BRASILEIRO, MARGINAL
É CHANCHADA NACIONAL!
E NA TV SOU A IMAGEM EM MOVIMENTO
QUE NO OLHAR REFLETE CADA SENTIMENTO
SOU A EMOÇÃO...
QUE NASCE DA ALMA, ESTENDE A MÃO
CORAGEM PRA LUTAR E FORÇA PRA CANTAR
O SHOW TEM QUE CONTINUAR!!!

É CARNAVAL, ME LEVA QUE EU VOU
BRILHAR NA AVENIDA, MOSTRAR MEU VALOR
COM TEU VERDE BRANCO CORRENDO NA VEIA
CUBANGO INCENDEIA!!!

quarta-feira, 21 de julho de 2010

Eliminatórias 2011 - Vai começar a festa!!!



Com o início das eliminatórias dos sambas-enredo, o carnaval 2011 começa definitivamente. Para muitos, as eliminatórias são a melhor parte do carnaval. Você escolhe um samba e torce por ele a cada semana, para que ele tenha a chance de ser levado para a avenida e se imortalizar na história do carnaval. E todo esse processo gera muitos debates e discussões nas comunidades, tanto das escolas quanto em mídias sociais, como o Orkut.

Essa semana começaram a ser divulgados os primeiros sambas das eliminatórias da Mangueira e todos os sambas das eliminatórias da Cubango. Não tem muito cabimento colocar os sambas aqui, já que existem diversos sites que, com exclusividade, disponibilizam esse material. Mas para não deixar passar em branco esta parte tão importante do carnaval, o Carnaval de Avenida irá comentar cada safra e mais ainda, tomar partido e dizer por qual samba irá torcer em cada disputa! As eliminatórias a serem analisadas são das escolas dos grupos Especial e Acesso A.

Vai começar a festa! Logo mais a análise da safra da Acadêmicos do Cubango.

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Sinopses 2011 - Unidos do Porto da Pedra

"O Sonho Sempre Vem Pra Quem Sonhar..."

"Voar é com os pássaros
Sonhar é com a gente
porque eles têm asas
e nós temos a mente
que nos permite voar
de um jeito bem diferente
ir - sem sair do lugar -
ao futuro lá na frente
e além de ir, enfeitar,
construir e habitar
uma realidade inexistente
como se fosse real
o que é apenas sonho,
realmente."

- Sonhar parece coisa de gente que vive de fantasia, fora da realidade!

Quantas vezes já ouvi: Caia na real!

Mas hoje eu te proponho: Caia no sonho!

Sonhe acordado, com o impossível e o improvável.

Use a imaginação!

Conheci muitas pessoas que também sonhavam, mas não tiveram coragem de lutar pelo que acreditavam, e foram deixando que seus sonhos se esvaziassem. Sonhando sozinhas... desanimaram.

Sonharam o sonho dos outros, nunca foram protagonistas, somente figurantes.

"o sonho é a fotografia
de um tempo muito esperado
que dorme dentro da gente
sonhando ser acordado
... o sonho é a expressão
do nosso mundo sonhado"

- Sempre vivi num ambiente de sonhos. Que sorte!

Ainda menina, cresci cercada de finas companhias, com tantos sonhos quanto eu, só que maiores e mais importantes, sonhos de gente grande. Aníbal Machado, meu pai; Drummond, Cecília Meirelles, Eneida, Fernando Sabino, Paulo Mendes Campos, Rubem Braga e muitos outros.

Que prazer senti em conhecer tanta gente diferente, inusitada!

Pareciam nem viver neste mundo...

Fez parte da minha essência: sonhar!

"(...) sonhos que viraram história (...) sonhos que nos enchem de esperança sonhos pra quando a gente crescer e sonhos de voltar a ser criança"

- Fiz do meu dia-a-dia sempre uma história diferente, pois queria ter a cada minuto um encontro com a liberdade e a fantasia, o sonho e a ilusão.

Ninguém me contava as histórias que queria ouvir, por isso criava as minhas.

Vivi a aventura de perseguir meus sonhos, ainda que para muitos esses sonhos fossem utopia, coisa de "gente doida", levei-os adiante, fazendo com que outras pessoas acreditassem neles e os tornassem realidade.

Transformei o natural em maravilhoso, a realidade em fantasia, um pedaço de pano e papel pintado em personagens vivos. Através dos bonecos consegui atingir a alma da criança e da "criança" que os grandes guardam dentro de si, fazendo-os crer no irreal, e viver dentro dele, tão próprio do espírito infantil.

Meu sonho: surpreender, divertir, encantar. "Tem sonhos de todos os tipos pra todos os gostos e agitos (...) sonhos que são mesmo da gente e sonhos emprestados (...) sonhos de crescer, de mudar o mundo e sonhos de ir viver bem distante deste mundo Sonhos de todas as cores, formas e tamanhos (...) e sonhos que todos podem sonhar
a qualquer hora do dia em qualquer tempo e lugar"

- Criança é um ser que acredita. Quando começa a deixar de acreditar finge que acredita. É o faz de conta. E fiz de conta tantas coisas! Misturei, inventei e reinventei de tudo. Já fui herói e bandido, já fui boa e fui má.

Já fui menino sonhador e até matei um dragão. Fui ladrão, roubei fórmulas, cebolinhas, receita e colar. Conversei com Deus e fui bicho que nem existe. Brinquei de bangue-bangue, fui artista de circo e viajei na corcunda do vento. Já tive medo de gente, conheci o mundo inteiro e tive a audácia de deixar um rei sem roupa.

Imaginei que fui fantasma, marinheiro, palhaço, músico, velha, detetive, jurado, juiz, xerife, bruxo, pirata e até cavalo. Fui tudo o que eu quis ser.

Inventei tanta coisa, até um teatro! Ah, o meu Tablado! Só não inventei que eu era escritora, porque isso... ah eu era!

"Há sonhos pra se sonhar sozinho
e sonhos pra se sonhar a dois
sonhos que muitos já sonharam antes
e que muitos sonharão depois
sonhos pra se sonhar em vida
e sonhos pra depois (...)"

- Criei meus sonhos principalmente porque quis mexer com a emoção e o inconsciente das pessoas. Procurei em cada um de nós aquilo que parecia e precisava, nos dar um motivo maior para viver. Ainda quero sonhar muito, sonhar alto e fazer sonhar. Sonho que as minhas histórias sejam sempre recontadas e reinventadas, pois a cada reinvenção, o meu sonho continua, e cada criança que a ouve, um dia cresça e conte aos seus filhos, para que estas histórias recomecem. Sonhou?

Maria Clara Machado,
reinventada por mim,
Paulo Menezes

sábado, 17 de julho de 2010

Sinopses 2011 - Renascer de Jacarepaguá

"Águas de Março"

Serra da Mantiqueira. Serra que chora. Conta a lenda que a bela princesa da Brava Tribo Guerreira do Povo Tupi, desejou o Sol que, enamorado por sua beleza, não queria mais se por; e a Lua não tinha mais a noite para exibir seus encantos, esconder o guerreiro Sol em seus braços até o começo de um novo dia. Então, enciumada foi contar a Tupã que a razão de tantos tormentos era a paixão de seu amado por uma simples mulher. Tupã fez surgir uma montanha onde aprisionou a princesa que nunca mais pode ver a luz do dia. O Sol mergulhou no mar para afogar sua tristeza. E da grande serra, brotaram as lágrimas de tristeza da prisioneira. Lágrimas que escorreram e criaram fontes mágicas, rios e cachoeiras, abrindo o caminho das águas.

As águas vão rolar na Sapucaí. Vão descer a serra, guiando bandeiras e conquistas. Atravessando o tempo fazendo brotar da terra molhada, o café a ser preparado no fogão a lenha das fazendas. O cheiro bom da comida ainda vem da casa-grande. O trotar dos cavalos, o barulho dos riachos, as praças e as igrejas. Tudo como antigamente...

Do alto da serra brotam as nascentes e as lendas que alimentam a terra e o imaginário, a biodiversidade e diversidade de um povo que vive das águas. Águas que curam, águas que encantam, águas que embriagam, águas que guiam os que se aventuram nas florestas, águas que correm sem parar. E que levam e trazem milhares de pessoas ao longo da história. Em busca do ouro ou da colheita. No lombo do burro ou de trem, essa terra das águas carregou suas riquezas através do tempo cultivando os gostos e as cores de uma cultura que preserva a memória e a ousadia. De explorar a serra e desafiar a natureza, descendo as corredeiras, escalando as montanhas, saltando num vôo de tirar o fôlego. Ou simplesmente sentar a beira do riacho e pescar, caminhar nas trilhas, caminhos de tempos que se sobrepõe, e que levam a lugares por onde passaram muitas gerações. Na adrenalina dos esportes de aventura, nos passeios da Maria fumaça, nas delícias dos sabores e saberes das fazendas, correm as águas encantadas e a vida na beira dos rios.
Gostou do clima? Então mergulhe nas Águas de Lindóia, Amparo, Jaguariúna, Lindóia, Monte Alegre do Sul, Pedreira, Serra Negra e Socorro: cidades do circuito das águas que vão atravessar a Sapucaí em março de 2011. O carnaval da Renascer vai beber em várias fontes e mostrar as delícias e histórias de um povo que conhece o poder das águas.

Edson Pereira
Isabel Azevedo
Simone Martins
Ana Trindade
Paulo Barros

Sinopses 2011 - Acadêmicos do Grande Rio

"Y-Jurerê Mirim - A Encantadora Ilha das Bruxas (Um conto de Cascaes)"

A Grande Rio é sempre uma possibilidade, e dentro de todas as possibilidades, ela pode propor-te a conhecer um pedaço do Brasil, de gente bela, de cultura forte e folclore plural. Por tratar-se de um pedaço de terra cercado por água, outras coisas dela se acercam, como suas belezas naturais, e muitas lendas que refletem um Brasil lúdico, que aponta para o futuro com o interesse de levar adiante o que de mais valioso possui: a cultura popular de seu povo.

Bruxas, feiticeiras, lobisomens, sete cuias, boitatás e mapinguaris: Uma forte névoa se faz presente, e em pleno Atlântico Sul, logo abaixo ao trópico de Capricórnio, num arquipélago de visão paradisíaca encoberto de mistérios e lendas bruxólicas; entre mangues, dunas e lagoas cercadas por um intenso mar azul, repousa Y-JURERÊ MIRIM. Uma Ilha encantada de magia onde se fala o manezês.

Neste conto de Cascaes, ela é uma fascinante ilha coberta de magia, recebendo, portanto, o nome de ILHA DAS BRUXAS. Porém, essas bruxas não são tão maléficas como as que habitam o imaginário coletivo, e sim, as que assustam apenas para proteger seus espaços, preservar sua terra, suas etnias, folclore e crendices.

A Grande Rio para o carnaval 2011, coberta de rezas e patuás, desvenda a história dessa ilha misteriosa que começa numa era chamada cambriana.

Nesse país onde se encontra o tal arquipélago, misteriosos habitantes do alto Amazonas descem em direção a essa ilha de magia mesclando-se a um povo já existente, chamado Carijós, remanescentes de uma presença humana registrada por sambaquis que datam de 4.800 a.C.

Há quem diga que o mar que cerca o arquipélago é povoado por Ondinas, seres das profundezas, e que, num passado, esse pedaço de terra, serviu de paragem e pousada para navegadores aventureiros, cientistas, piratas, náufragos e marinheiros infratores que, em suas retiradas deixaram para trás rastros de temores, misticismos e lendas de possibilidade de tesouros piratas tão possíveis e capazes de aguçar a curiosidade humana como a de uma embarcação pirata inglesa naufragada numa praia que recebeu o nome (Praia dos Ingleses) ou até mesmo, de secretos caminhos conhecidos por guerreiros Avás (Guaranis) e que levariam a um Eldorado coberto de tesouros da mais pura prata, como também, a de uma grande fortuna em pérolas produzidas por ostras cravadas nas pedras e encostas da Ilha banhada pelo Atlântico

Há uma força mística que faz atrair para essa parte do Atlântico, baleias e golfinhos, além de uma grande variedade de cardumes de peixes que, além de sustentar o povo da ilha, é motivo para festejos e agradecimentos a esse imenso e mágico mar azul.

Essa onda magnética que envolve essa ilha de encantamentos também exerceu atração sobre os povos de outras terras, cada qual, vindo para cá com suas razões, metas, ou até mesmo, destinos retorcidos e alongados, como uma imensa e centenária figueira carregada de histórias bíblicas e estórias acontecidas em seu entorno transformando-a quase que como um totem envolvido em crendices e fé dos que habitam a ilha.

E a ilha então os abraçou como filhos da terra comungando com eles e os tornando tambpem, herdeiros da nação Carijó, dos mitos e lendas do lugar.

"Vão-te daqui bruxas e boitatás". E todos os seres que nos possam amedrontar. Arreda, arreda as brumas que cobrem essa ilha de mistérios. Pela cruz de São Simão, que te benza como a vela benta. Na sexta-feira da paixão. Treze raios tem o sol, treze raios tem a lua. "Salta demônio para o inferno que esta alma não é tua". "Tosca marosca, rabo de rosca". Vassoura na tua mão Aguilhão nos teus pés e relho na tua bunda. Por baixo do telhado, São Pedro, São Paulo e São Fontista Por cima do telhado, São João Batista. Bruxa, Tatara-bruxa, Tu não me entres nessa casa, nem nesta comanda toda. Por todos os santos, e pela Grande Rio. Amém!

Ao cair da noite, quando das datas dos festejos da ilha, uma ritualização se pode sentir na mágica tradição folclórica que habita a ilha protegida por feiticeiras, fadas rendeiras, bruxas e seres da mitologia ameríndia cantadas por Cascaes. Uma ilha que vive um rico calendário entre o profano e o sacro, com procissões, danças e folguedos folclóricos numa pluralidade cultural onde os festejos em homenagem aos frutos provenientes do mar e da terra convivem com a alegria colorida e dançante do boi-de-mamão, cacumbis e as festas do Divino.

O cantador se põe a falar:

Ò Matumba, ó querenga,
Erunganda
Òruganda, Ó matumba, Ó
querenga
Moreninha vem brincar
Meu boi já está na rua, ele vem para mostrar
Revelo ser Florianópolis, o nome desse lugar
Ò Matumba, ó querenga, eruganda
Òruganda, Ó matumba, Ó
querenga!

Misteriosas e encantadoras paisagens cobrem a ilha de riquezas em sua fauna e flora exuberante. A extensão litorânea desvenda praias inexploradas, sendo a ilha das bruxas, um monumento natural do litoral sul brasileiro digna de ter sido, em seu passado, paragem e pousada para todos que por lá passaram, tornando-se real diante do que antes nos pareceu lenda ou conto. A hospitalidade é marca de um povo que soube mesclar-se tendo como princípio o respeito mútuo de suas crenças e tradições.

Florianópolis possui uma marca romântica registrada nas fachadas de seu casario e azulejaria portuguesa, o desenho rico da renda de bilro, os "points" noturnos do mercado público municipal, a lagoa da Conceição onde a prática de esportes náuticos "fervem" no verão, as praias do litoral florianopolitano com suas ondas fortes e convidativas para as práticas de surf e esportes ligados aos ventos fortes, uma culinária rica e de sabor requintado, ou até mesmo, o simples peixe frito servido pelo "manézinho" local regado sempre com a presença mística das tradições e do passado da ilha.

E, terminado o mistério deste conto inspirado em Cascaes, é que a Grande Rio revela a Floripa de todos nós, que, com sua ponte "luz da independência", nos transportará para uma travessia lúdica, e agora, mais mágica do que nunca, ligando a folia momesca da ilha ao carnaval da cidade maravilhosa mostrando ao Brasil e ao mundo, toda essa beleza da ilha de magia e encantamento chamada Florianópolis.

Pesquisa e texto:
Cahê Rodrigues e Lucas Pinto

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Ordem de desfiles - 2011 - Grupos Especial, A e B



Definida a ordem dos desfiles das escolas de samba dos grupos Especial, Acesso A e Acesso B. Os três grupos fazem suas apresentações no Sambódromo.

GRUPO ESPECIAL
Domingo
1- São Clemente
2- Imperatriz Leopoldinense
3- Mocidade Independente de Padre Miguel
4- Unidos da Tijuca
5- Unidos de Vila Isabel
6- Estação Primeira de Mangueira

Segunda-feira
1- União da Ilha do Governador
2- Acadêmicos do Salgueiro
3- Portela
4- Acadêmicos do Grande Rio
5- Unidos do Porto da Pedra
6- Beija-Flor

GRUPO DE ACESSO A - Sábado
1- Alegria da Zona Sul
2- Renascer de Jacarepaguá
3- Unidos do Viradouro
4- Acadêmicos de Santa Cruz
5- Império da Tijuca
6- Inocentes de Belford Roxo
7- Acadêmicos do Cubango
8- Estácio de Sá
9- Império Serrano
10- Acadêmicos da Rocinha
11- Caprichosos de Pilares

GRUPO DE ACESSO B - Terça-feira
1- Difícil é o Nome
2- Independente de São João de Meriti
3- Sereno de Campo Grande
4- Acadêmicos do Sossego
5- Lins Imperial
6- Arranco do Engenho de Dentro
7- União do Parque Curicica
8- Tradição
9- Unidos de Padre Miguel
10- União de Jacarepaguá
11- Mocidade de Vicente de Carvalho
12- Paraíso do Tuiuti

quarta-feira, 14 de julho de 2010

Sinopses 2011 - Independente de São João de Meriti



ENREDO, PESQUISA, ROTEIRIZAÇÃO
HELIO PORTO E AMARILDO DE MELLO

CARNAVALESCO
ROBSON GOULART

APRESENTAÇÃO

O Enredo do GRES Independente de São João de Meriti para o Carnaval 2011 se constitui num olhar sobre um passado recente de muitas lutas e resistências políticas e culturais, um presente de angustias e indagações e um futuro marcado pela esperança de uma vida melhor. Falaremos das favelas cariocas, através do desenvolvimento de nosso enredo quando, apresentaremos de forma geral uma narrativa baseado em fatos do cotidiano de uma grande parcela da população do Brasil. Levar a Favela Carioca para a avenida é, sobretudo combater o preconceito, a discriminação e um certo senso comum que já tem anos.

OBJETIVO

Nosso objetivo é mostrar, que a Favela não é o mundo da desordem, e que sua idéia de carência "comunidades carentes" denominada, pela falta de elementos básicos no cotidiano do ser humano, é absolutamente insuficiente para entendê-la em seu contexto e importância na fotografia brasileira.

Núcleos de mistura de raças, diversas influências culturais e costumes, as favelas no decorrer de sua historia lutaram e resistiram contra regras elitistas pré estabelecidas e contra a má vontade política foram se estruturando e traçando um perfil próprio, impulsionados por ONGs, associações, grupos de caráter sócio-político ou cultural.

As favelas criaram estilos próprios na arte, na dança, no teatro, na música, no esporte ou outras manifestações. E é esse novo objetivo central neste enredo; apresentar um desfile onde a favela e os "favelados" serão mostrados a partir de seu cotidiano, suas manifestações sócio-culturais-esportivas, enfim, como uma sociedade vencedora que através de seu jeito, suas culturas e suas lutas, hoje vêm se impondo.

Objetivamos com o esse enredo contribuir de forma substancial para que a palavra "favelado" não seja mais usada entre aspas, algo destacado em todos os aspectos, mas sim, como uma denominação que seja objeto de orgulho e não alvo de preconceito.

Em 2011, vamos falar de uma nova Favela - a Favela que dita moda, que tem estilo próprio, que pensa politicamente, faz arte e que se impôs e exige respeito. A Favela vista de uma ótica positiva e sublimadora de suas raízes.

A REFAVELA!!!

DESENVOLVIMENTO DO ENREDO

1º MOVIMENTO - "Vá as favas" Meu nome é Favela - A nova paisagem que surgiu na contra-mão da modernização - A Dualidade, O Progresso e A Favelização.

O meu nome é favela, nasci a mais de um século na Cidade do Rio de Janeiro, luto a anos para adquirir cidadania brasileira. Falar de favela a partir do seu surgimento é falar da minha, da sua história, enfim da história do Brasil de 1900 para cá.

As contradições e os conflitos na cidade sempre foram muitos. O poder republicano, em geral exercido pelos brancos, desejava limpar a cidade, eliminar os focos de doença que atingia todos de forma indiscriminada. Higienização era a palavra de ordem do poder republicano. Os pobres, em geral ex-escravos recém libertos, respondiam com manifestações e revoltas, onde se destacava a revolta da vacina.

Eles derrubaram os cortiços, habitações coletivas utilizadas pela população pobre e negra da cidade, e vacinaram muita gente na marra, na força. Esse processo resultou no crescimento da população pobre nos morros, charcos e demais vazios em torno da cidade, que nessa época era capital federal.

Eles desejavam construir uma cidade moderna e européia, os pobres não cabiam dentro dela. A resposta para a sobrevivência foi a criatividade política, cultural e capacidade de luta e organização e a resistência. Para eles era: "Bota Abaixo" e "Art Nevour", para nós "Subir os Morros", na busca por moradias cidadania e direitos e assim nascia a Favela com a arquitetura no estilo "Art Zincour"


2º MOVIMENTO - "Eu sou o samba... a Voz do morro sim senhor. Venho para mostrar o meu valor..."

A Favela é um lugar de onde se expressam diversas manifestações culturais. A partir da década de 20, já se ouvia um barulhinho bom, letrado, ritmado, cadenciado, enfim, algo que forma intensa e extensa representava um pouco do clamor e das angustias, mas também da felicidade e a alegria de um povo.

O samba surgiu nos morros, nos subúrbios cariocas, enfim nas regiões pobres da cidade. Essa expressão cultural tinha força de massa, em tempos áureos invertia valores e coloca em suspenso normas de comportamentos da vida cotidiana. Muita sátira, ironia, brincadeira, enfim essas eram algumas das formas encontradas pelas classes populares de quebrar regras, reivindicar e ironizar as autoridades.

O samba se constituia numa expressão musical criativa de uma parcela da população da cidade. O samba ajudou a desenvolver o pensamento crítico, construir nas pessoas um comportamento audacioso, gerador de iniciativas sociais, culturais, ambientais, fortalecendo a idéia de união e de construção de uma consciência coletiva junto à população de favela.

O samba nesse período se constitui num instrumento importante de aglutinação das pessoas, de construção de uma identidade coletiva e de uma relação.

Esse gênero musical desbravou fronteiras e ganhou o mundo. Caiu no gosto popular, às favelas foram formando as suas agremiações e o samba passou a ter instituição, o lugar que guardava a produção musical e a cultura do lugar que se manifestava em forma de Escola de Samba no desfile principal.

Mangueira, Deixa Falar, Portela, Unidos da Tijuca, são Escolas de Samba que surgem entre o final da década de 20 até a metade dos anos 30, essas agremiações se formam onde as tradições foram definidas com base em memoráveis histórias, que não podemos afirmar se são memórias de lugar ou lugares de memória.

3º MOVIMENTO - "Daqui não saio daqui ninguém me tira"

Neste setor vamos reverenciar as lutas urbanas desenvolvidas pelos movimentos de favela. As associações de moradores, os movimentos pastorais, os movimentos de esquerda, a federação de favelas (FAFERJ), que foram fundamentais para que a população da favela tivesse assegurado seu direito à cidade.

Algumas favelas não resistiram. Praia do Pinto dentre outras, são alguns dos exemplos de remoção, enfim, foram a baixo. Mas com muito suor, organização e mobilização as favelas continuam no espaço da cidade, o que não significa que fazem parte da cidade formal. A não-cidade para as favelas ainda é uma realidade.

"Ah seu doutor ninguém pensa na gente não. Aqui as coisas só chegam nas eleições, tudo muito pouquinho... parece até água subindo morro."

Essa fala revela a ausência ou precariedade das políticas públicas desenvolvidas pelo poder público.

Toda vez que há uma tragédia, seja desmoronamento, incêndio ou alguma similar, uma parte da população busca culpar os "favelados", como se as pessoas vivessem nessas condições por vontade própria. Criminalizar a pobreza é a forma mais fácil de esconder o problema e seu verdadeiro responsável, o poder público.

Moradia digna, escola de qualidade, saúde, saneamento, cultura, trabalho e paz, são os benefícios que nós mais queremos como dizia Gonzaguinha "a vida devia ser bem melhor, e será...".

Isso é dignidade, cidadania e bem estar social. E os "favelados" muito bem sabiam disso, e já lutavam, brigavam, se organizavam na busca por essa realidade.

4º MOVIMENTO - REFAVELA - Prenúncio de um poeta que anteviu o futuro. "Visto assim do alto, mas parece um céu no chão sei lá..." Isso é já era REFAVELA

REFAVELA é uma releitura, um novo olhar sobre o mundo e o imaginário da Favela Carioca. Um olhar sem preconceito e estigmas, um olhar generoso e criativo, algo que retira do povo da Favela a culpa que lhe é imputada pela pobreza, pelo lugar e pelas formas de vida.

REFAVELA é pensar o futuro considerando o passado, construir formas de transformação do espaço, valorizando as pessoas, suas histórias, fortalecendo a construção de novas dinâmicas sociais, econômicas, culturais, ambientais e educacionais, aonde o espaço vai sendo transformado e todo mundo tenha uma percepção real da integração e da inclusão social.

REFAVELA é o AFROREGGAE - que a partir das atividades culturais, como capoeira, dança, balé, música e etc., une toda a cidade através de conexões urbanas.

REFAVELA é o NÓS DO MORRO - que desenvolve um processo de formação artística para os jovens do Morro do Vidigal para se destacarem nos palcos da cidade e do mundo, na televisão, no cinema, enfim nas artes de uma forma geral.

REFAVELA é o PRÉ-VESTIBULAR COMUNITÁRIO - que prepara os jovens para entrar na universidade, entendendo que o conhecimento é fundamental para o desenvolvimento humano. Não orgulho maior para pai e mãe do que ver seus filhos entrando numa universidade, seguindo um caminho de sucesso.

REFAVELA é o JONGO DA SERRINHA - que através de varias gerações mantém as tradições de uma manifestação cultural, assegurando identidade e compromisso com a cultura popular brasileira.

REFAVELA é a REGINA CASÉ - que através da televisão valoriza a cultura popular de massa que vem da periferia, proporcionando voz e fortalecendo a identidade da periferia.

REFAVELA é a CUFA - Central Única das Favelas e MANGUEIRA DO AMANHA - desenvolvendo atividades sócio-esportivas jogos educacionais mobilizando a juventude, criando alternativas de inclusão positiva.

REFAVELA é LUIZ MELODIA - ele e tantos outros que surgiram da Favela e são motivo de orgulho para milhões de pessoas.

REFAVELA é o FUNK - expressão cultural que mobiliza milhares de jovens em torno de uma música que fala do cotidiano da Favela.

REFAVELA é o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) - intervenção pública que mobiliza um alto volume de recursos do governo federal para obras de urbanização em favelas.

REFAVELA é a garantia de paz e tranqüilidade para as comunidades menos favorecidas.

REFAVELA é um mosaico de colagens de ações comunitárias e de inclusão do cidadão que compõe parte integrante da cenografia de nosso Brasil, que cresce na luta que busca assegurar dignidade e cidadania aos menos favorecidos.

REFAVELA, o sonho que esta virando realidade.

REFAVELA é orgulho de ser FAVELADO

quarta-feira, 7 de julho de 2010

Sinopses 2011 - Unidos do Viradouro



A Unidos do Viradouro, porta-voz de uma expressão artístico-popular que fascina multidões, traz em seu glorioso pavilhão vermelho e branco um coroado aperto de mãos que expressa a característica mais marcante de sua aguerrida e apaixonada comunidade: a união entre os seus componentes, união, aliás, que está lá, estampada, no próprio nome da agremiação. É compromisso antigo...

Ingrediente fundamental em todo relacionamento humano, a união ganha contornos destacados no agrupamento de pessoas que se reúnem em busca da realização de objetivos e/ou sentimentos comuns.

Dentro desse contexto, pode-se dizer, junto com o dito popular, que "a união faz a força"! Sozinhos não somos ninguém, juntos - escola e comunidade - chegaremos muito além do que se possa imaginar.

Essa percepção de que cada indivíduo busca e alcança o seu complemento no "outro" é a síntese do que se convencionou chamar de comunidade. Livre da solidão infrutífera, o homem se "abraça" ao seu próximo e forma as suas tribos, grupos, agremiações...

Inicialmente, como havia apenas os sons, os homens primitivos utilizavam algumas artimanhas para formar uma coletividade. Imitando sinais da natureza, eles se comunicavam por meio de gestos, gritos, grunhidos e pulos, formando, então, os primeiros bandos.

A partir do domínio do fogo, dele se valem não somente para emitir sinais de fumaça e para esquentar os couros esticados em troncos de madeira, fazendo neles ecoar as batidas de seus sentimentos. O fogo, rápida oxidação de um material combustível, libera calor, luz, energia...

As tintas, por sua vez, eram aquecidas para pintar as paredes das cavernas com representações de caçadores e animais. Eram as inscrições rupestres, primeiros sinais de uma linguagem articulada, quando o "uga-uga" não era mais suficiente para o pleno entendimento entre as "partes". Percebe-se, então, que a comunicação por meio da arte sempre foi característica própria do ser humano.

Assim, com o saber alcançando registro e forma fora do corpo, fez-se o verbo, e a comunicação, seguindo a evolução da inteligência humana, deu os seus passos definitivos para a eternidade.

Precursores da escrita cuneiforme, os sumérios gravavam suas cifras e sílabas em tabuletas de pedra e barro cozido, exemplo também seguido pelos fenícios ao construírem o primeiro alfabeto, formado apenas por consoantes, ao tempo em que os egípcios organizavam seus hieróglifos que podiam ser lidos em vários sentidos nas folhas de papiro. De seu lado, os gregos elegiam o pergaminho, introduzindo as vogais no alfabeto fenício, vindo, a seguir, a criação do papel pelos chineses, já no período da dinastia Han.

A palavra escrita, então, tornou-se sagrada, com os livros transformados em pilares das sociedades e religiões. Por intermédio deles, o homem passou a transmitir sua história e ideias aos seus semelhantes e aos seus descendentes. Idealizava-se, assim, uma teoria acerca de uma "língua mãe", ou "língua natural", falada por toda a humanidade em um tempo muito remoto e que confirmaria lendas milenares. A mais famosa delas situava na Suméria, região onde se localizava a Torre de Babel, o nascimento das raízes de todos os idiomas do mundo.

Consta que os clãs dos descendentes dos filhos de Noé (Sem, Cam e Jafé), em sua marcha para o Oriente, encontraram-se e puseram-se a construir um enorme zigurat para fazer com que um dia o seu ápice penetrasse nos céus. Eis que, porém, o Divino resolveu intervir e, num simples gesto, todos passaram a pronunciar palavras em línguas diferentes e cada grupo partiu para um canto distinto da Terra, tamanha foi a desavença entre os homens.

Diante da diversidade de idiomas e a conseqüente dificuldade de se comunicar, a humanidade saiu em busca do entendimento perdido, fruto dos mais de três mil idiomas falados no mundo de hoje.

Fez-se clara, então, para o homem, a percepção de que era a sua capacidade de produzir, armazenar e fazer circular as informações a força motriz de sua evolução e sobrevivência como espécie, advindo, então, a convicção de que o isolamento oriundo das longas distâncias precisava ser vencido em sua caminhada em direção ao outro.
Assim, a proposta de se levar a cabo um projeto que tornasse cada vez mais rápida a difusão das mensagens deu início a formas de relacionamento bem mais amplas.

Para além do horizonte, Salomão lançou pombos no transporte ágil de recados através de seu vasto império.

Em Roma, o cursus publicus sofisticou o diligente sistema postal de forma segura; Johanes Gutenberg inventou a prensa e multiplicou a reprodução da informação, enquanto Samuel Morse criou o telégrafo e possibilitou o contato sonoro instantâneo.

Por seu turno, Alexander Graham Bell conseguiu falar e ser ouvido por um fio com seu telefone elétrico. Já as ondas do rádio de Guglielmo Marconi alcançaram multidões.

A televisão uniu o som à imagem e trouxe os acontecimentos para dentro de nossas casas. Desenvolvemos o computador e percebemos que ele seria mais útil em conjunto com outros do que sozinho.

Influenciados por esta lição milenar, conectamos bilhões de pessoas no mundo inteiro, rompendo fronteiras e unindo povos, culturas e nações através da internet, levando cada indivíduo a fazer cada vez mais parte de um todo, seguindo, assim, em direção a uma existência humana alicerçada numa consciência de unidade, como na sonhada "aldeia global".

Por outro lado, a procura pelo acesso total ao nosso próprio mundo nos impulsionou até para fora dele, pois nenhuma forma de comunicação eletrônica funcionaria hoje se não fossem os satélites viajando pelo espaço.

Em pouco tempo, juntaremos os planetas do sistema solar com a internet terrestre para formar uma internet interplanetária em um sistema já testado na Estação Espacial Internacional. E, como a simples ideia de estarmos sós sempre foi inquietante, vasculhamos o cosmos em busca de algum sinal de vida inteligente. Enviamos sinais e fantasiamos, imaginando contatos de civilizações extraterrestres em nossa galáxia, a permitir uma integração entre mundos no universo.

A nossa multicitada necessidade de viver em comunhão nos levou para muito além do que poderíamos imaginar e crer racionalmente. Fomos para outras dimensões, em universos paralelos, estabelecendo diálogos com planos espirituais superiores, solidificando o sentimento de que não estamos ou somos sozinhos. Várias culturas nos ensinam os possíveis caminhos para encontrarmos um portal, um elo com este "multiuniverso".

Exu fala todas as línguas e trabalha como mensageiro entre o mundo material e o espiritual, entre os orixás e os homens; oráculos, como o jogo de búzios das religiões africanas, as runas nórdicas dos vikings, as cartas de baralho e tarôs também nos servem como formas de conexão com os deuses.

Os próprios seres humanos podem servir de instrumento para a comunicação entre planos. Valendo-se do poder da mediunidade, Chico Xavier encontrou no mais sublime dos sentimentos - o amor ao próximo e à vida - a possibilidade e a capacidade de sermos compreendidos em qualquer parte, em qualquer mundo, por qualquer ser.

Na verdade, passamos milênios buscando uma forma de estarmos sempre juntos (em bandos, tribos, grupos, nações, fraternidades, torcidas, agremiações, entidades etc) para descobrirmos a mais simples e libertadora lição de que o amor pode tudo e nada se pode contra ele. O amor existe dentro de nós, nos aproxima, nos une, nos fortalece no infortúnio, nas dificuldades. Foi ele o grande diferencial entre o ontem e o hoje e será a mola propulsora entre o hoje e o amanhã. A Unidos do Viradouro pode ter certeza absoluta disso!

Jack Vasconcelos


BIBLIOGRAFIA CONSULTADA:
ALBERTINI, Lino Sardos. O Além Existe. São Paulo: Edições Loyola, 1989.
BARBROOK, Richard. Futuros Imaginários: das máquinas pensantes à Aldeia Global. São Paulo: Pierópolis, 2009.
CHERRY, Colin. A Comunicação Humana. São Paulo: Cultrix, 1971.
DOYLE, Arthur Conan. História Do Espiritismo. São Paulo: Pensamento, 2004.
LIMA, Sandra Lúcia Lopes. História da Comunicação. São Paulo: Plêiade, 2000.
MAIOR, Marcel Souto. As vidas de Chico Xavier. São Paulo: Planeta, 2003.
MATTELART, Armand. Comunicação-Mundo: história das técnicas e das estratégias. Petrópolis: Vozes, 1994.
McLUHAN, Herbert Marshall. Os meios de comunicação como extensões do homem (Understanding Media). São Paulo: Cultrix, 1971.
MOURÃO, Ronaldo Rogério. de Freitas. O Livro de Ouro do Universo. Rio de Janeiro: Ediouro, 2001.

terça-feira, 6 de julho de 2010

Sinopses 2011 - Acadêmicos do Salgueiro



"Noite de estreia. A agitação na porta do cinema revive os tempos de glamour da eterna Cinelândia. Uma multidão se aglomera para ver de perto os astros da superprodução salgueirense que entra em cartaz depois de um ano de filmagens. Todos prontos? Vai começar a sessão!

(E no apagar das luzes, surge na tela):

SALGUEIRO APRESENTA: O RIO NO CINEMA

O cenário: Rio 40º. Uma mística terra em eterno transe tropical, paisagem perfeita para uma chanchada musicalmente mirabolante. Babilônia maravilhosa, de onde se avista a grande montanha que estampa as letras de uma monumental indústria de sonhos. Bem vindos à SAPUCAÍ Produções Cinematográficas, os estúdios onde brilham milhares de artistas no maior espetáculo da "tela".

Ação! Logo nas primeiras cenas, surgem imagens de um continente que há muito tempo teria afundado no mar da baía de Guanabara. Mito? Delírio? Alucinação? O que há por trás do sumiço da Atlântida carioca? O que revelariam os fotogramas perdidos? Relatos dão conta de um tesouro de valor incalculável escondido sob um mar de mistérios. Quem poderá encontrá-lo?

Começa, então, uma grande caçada ao ouro de Atlântida. Na Praça XV, entra em cena Carlota Joaquina, que prepara a expedição para retomar os caminhos da submersa Atlântida. Mas é obrigada a abortar a missão para voltar à Europa, em uma saída cinematográfica. A notícia, então, foi bater na Lapa. Da sua alcova, Satã não se faz de santa e convoca a malandragem para empunhar as navalhas em busca da tão falada riqueza. Será que vão conseguir?

Mais ao Sul da cidade, já se pode ouvir o chacoalhar dos ganzás e a batida do pandeiro que vem do Cassino da Urca. No palco, a Pequena Carmen Notável Miranda, acompanhada do seu Bando, ataca no melhor estilo Chica-Chica-Boom-Chic. E ao final da arrebatadora apresentação, sai à brasileira, em apoteose, sacudindo as tamancas noite afora, sem que ninguém perceba suas reais intenções de se juntar à caça ao tesouro.

Enquanto isso, na favela de tantos amores, Orfeu embarca no sonho de Atlântida, enquanto arranca do violão as notas de um samba clássico, embalando as belas cabrochas do morro. Castiga nas cordas, distraindo também a tropa em incursão pela comunidade. E o faroeste urbano, enfim, dá uma trégua pra ver a escola passar. Pedir pra sair? Naquela noite, não...

Muda a cena e o Rio amanhece cantando em mais um dia de verão. Na mais real dimensão, surge a fantasia que salta aos olhos. A invasão aérea que tinge os céus da Zona Sul à Zona Norte é traçada por uma turma pra lá de animada. Alô, amigos! Voando para o Rio, também atraídos pelas lendas do continente perdido, a passarada esperta solta suas feras e arrasta a asa pras araras nativas. Afinal, as aves que aqui gorjeiam, não gorjeiam como lá...

A notícia do tesouro escondido ao Sul do Equador não para de se espalhar. E deu a louca no cinema! Estrelas da sétima arte desembarcam por aqui e entram em irreversível processo de carioquização. Trocam o hot dog pela feijoada, o bip-bop pelo samba, desfilam pelo calçadão da fama de Copacabana... Uma confusão! Até o King Kong, vejam só, foi se pendurar na torre da Central do Brasil. O Homem Aranha se amarra no Beijo da Mulher Aranha, e com ela se prende numa teia conjugada na Zona Sul. A bela mocinha, que o vento levou, agora veste plumas e paetês e, quem diria, foi parar em Irajá! E a loirinha, que nunca foi santa? Virou rainha da escola. Gostou do samba e hoje vive muito bem.

E lá no infinito, quem um dia há de duvidar que o grande tesouro perdido de Atlântida era brilhar na avenida numa noite de carnaval? Isso tudo é verdade? Nada foi comprovado... Mas na memória, o que fica são as grandes histórias e a alegria de receber, enfim, o prêmio maior da Academia.

E como toda boa chanchada, tudo acaba em carnaval!"

Renato Lage, Márcia Lage e Diretoria Cultural


"Esta é uma obra de ficção. Mas qualquer semelhança com nomes, obras ou datas não terá sido mera coincidência..."

Sinopses 2011 - União de Vaz Lobo



Introdução.

África misteriosa mãe negra, senhora de nossas raízes tribais terra dos antílopes, leões, zebras de uma vasta fauna, de lá nossos antepassados foram tirados a força porem de raça forte, estes nos deixaram de herança a luta pela liberdade e a fé na natureza, que hoje a nossa agremiação evoca, mas propriamente a força feminina que nos leva motricidade das águas e do amor.

Sinopse:



Eu sou agremiação nascida aqui no subúrbio do Rio De Janeiro, com meus 80 anos já lutei muito, já fiz muito, mesmo com poucos recursos estou aqui, muitos sambas, muitos carnavais me fiz presente, hoje vendo tantas coisas absurdas em nosso mundo, vejo sempre nos jornais, violência, aquecimento global, desordem será que isto esta certo?

Com tantos problemas assim hoje eu me faço num grande templo africano, de onde vieram minhas origens clamo ajuda aos meus componentes para que possamos juntar todas as energias positivas e encontrar uma solução aos problemas do mundo.

Yaos, Yalorixas e ogãns estão neste ritual que veio de um tempo muito antigo, das antigas nações africanas, tradições milenares que nos remetem aos nossos antepassados.

Ao toque dos atabaques começamos o nosso ritual, que hoje evocamos toda força das Yabas, estas que simbolizam a força feminina, mães, guerreiras videntes, como mulheres são compreensivas e complacentes aos pecados do mundo, elas vão nos ensinar com suas energias o que podemos fazer para mudar.

As energias se juntam e todo povo do terreiro dança e evoca-as,porem para que nossas mensagens sejam escutadas por elas o primeiro a vir a este terreiro é o orixá Exu,o orixá da comunicação. É o guardião das aldeias, cidades, casas e do axé, das coisas que são feitas e do comportamento humano.a esfera de fogo é o inicio de tudo salve ele "Laruê"

Salupa Nanã !Mostre que em sua moradia seu reino ha vidas para serem respeitadas, donas dos mangues e manguezais,a mais velha dos orixas nos mostra que a morte não é o fim,e sim uma transmutação,e ecologicamente falando sem mangues toda costa marinha estará perdida e poluida,ela somente pede respeito aquele ecossistema.

Ao toque do no ritmo do Ijexa vem ela "oraieieu,Oxum,yeuyeu!" Generosa e digna, Oxum é a rainha de todos os rios e cachoeiras. Vaidosa, é a mais importante entre as mulheres da cidade, a Ialodê. A dona do grande poder feminino.Oxum é a deusa mais bela e mais sensual do Candomblé. É a própria vaidade, dengosa e formosa, paciente e bondosa, mãe que amamenta e ama. Dela tambem vem o jogo de búzios, que no futuro ela mostra se não tivermos os sentimentos bondosos como dela com as águas que bebemos,morreremos de sede ,viveremos em terras tão secas que não poderemos nem andar,ela nos ensinar a cuidar e não disperdiçar as águas dos nossos mananciais.

Riro!riro! Ewá é a divindade do canto, das coisas alegres e vivas. Dona de raro encanto e beleza é considerada como a Rainha das mutações, das transformações orgânicas e inorgânicas. É o Orixá que transforma a água de seu estado liquido para o gasoso, gerando nuvens e chuvas. Quando olhamos para o céu e vemos as nuvens formando, às vezes, figuras de animais, de pessoas ou objetos, não nos importamos muito. Porém, ali está Ewá, Rainha da beleza, evoluindo solta pelos céus, encantando e desenhando por cima do azul celeste da atmosfera da Terá. Ewá é também o inicio da chuva, regida por sua mãe Nanã. É a mágica da transformação. Está ligada à mutação dos animais e vegetais. Ela é o desabrochar de um botão de rosa; é a lagarta que se transforma em borboleta; é a água que vira gelo e o gelo que vira água,lembrando do descongelamento das camadas polares do planeta, pelo aquecimento global. , Ewá é aquela que vai dar cor ao seres; torná-los bonitos, vivos, estimulando a sensibilidade; a fragilidade das coisas; a transformação das células, gerando o que há de mais lindo no mundo. É a deusa da beleza; é o sentimento de prazer pelo que é belo; é o respeito pela maravilha que o mundo apresenta. A força natural Ewá é ligada também à alegria, dividindo a regência daquilo que se chama ou se tem como feliz. Está presente nas coisas e nos momentos alegres, que têm vida. É também a divindade do canto; da música; dos sons da natureza, que enchem nossos ouvidos de alegria e contentamento. Está presente no canto dos pássaros; no correr dos rios; no barulho das folhas, sopradas ao vento; na queda da chuva; no assovio dos ventos; na música interpretada por uma criança, no choro do bebê, no canto mais que sagrado da mãe Natureza. Ewá é a própria beleza. É o som que encanta. É o canto da alegria. É a transformação do mal para o bom. É a vida... Que como temos que ver e tirarmos de exemplo.

Sentimos a energia de uma guerreira, na natureza, Obá está ligada às enchentes, às cheias dos rios, às inundações. É ela quem vai reger todos esses fenômenos, sejam naturais ou provocados por erros humanos, estes erros citamos aqui, lixo nos rios, poluição e muita degradação nos campos e nas ruas onde vivemos. Seu encantamento é feito desta forma, quando um rio transborda, inundando tudo. É poderosa, sábia, madura e realista. Na vida dos seres humanos, Obá rege a desilusão amorosa, a tristeza, o sentimento de perda, o ciúme, a incapacidade do homem de ter aquilo que ama e deseja. Obá é a raiva, a solidão, a depressão, o sentimento de abandono. Obá são também a frustração do homem e da mulher, os mesmos sentimentos que a Terra tem com seus filhos, e esta Deusa mostra como exemplo, toda essa dor, essa desesperança, esse abandono, ficou com marca registrada de Obá, e tais sentimentos tem a sua regência. Quando nos sentimos traídos, abandonados, sem esperança, com raiva, frustrados em nossos objetivos, desencadeamos essa força da natureza chamada Obá, que mexe no nosso interior. E a lógica diz que Obá é a "ultima gota", que faz transbordar nossos sentimentos. Daí sua regência também nas enchentes e inundações. É um ato de excesso, de excesso, de explosão, de revolta, desencadeado por esta força cósmica. Se um rio enche e transborda, é porque não suporta mais o volume de água, deixando escapar "aquilo que já não cabe mais". Isso é Obá, essa é a sua regência, seus encantamentos, sua influência.
Obá é o desabafo: "já não suporto mais...", é a agitação do sentimento indevidamente mexido, afetado por algo ruim. Este desabafo escutou todos os dias da mãe Terra. Destruindo muitos lares, deixando muitos desabrigados, mas nós mesmos somos culpados pelo que fazemos nas margens dos rios.

Eparrey Oya assim evocamos a senhora de Matama, Deusa da espada de fogo, Dona das paixões, Iansã é a Rainha dos raios, dos ciclones, furacões, tufões, vendavais, das tempestades e das chuvas. Orixá do fogo, guerreira e poderosa, Não é muito difícil depararmo-nos com a força da Natureza denominada Iansã (ou Oyá). Convivemos com ela, diariamente. Iansã é o vento, a brisa que alivia o calor. Iansã é também o calor, a quentura, o abafamento. É o tremular dos panos, das árvores, dos cabelos. É a lava vulcânica destruidora. Ela é o fogo, o incêndio, a devastação pelas chamas. Oyá é o raio, a beleza deste fenômeno natural. É o seu poder. É a eletricidade. Iansã está presente no ato simples de acendermos uma lâmpada ou uma vela. Ela é o choque elétrico, a energia que gera o funcionamento de rádios, televisões, máquinas e outros aparelhos, porem ela lembra que temos que poupar energia, pois ela não é constante, e um dia poder ter fim depende de como usamos,a senhora mostra como exemplo varias outras maneiras alternativas de buscar a tal eletricidade que usamos todos os dias.como exemplo :energia solar,energia hidroelétrica,energia eólica etc.

A mãe de todas as cabeças esta para chegar, um cheiro de mar circula em nosso templo, ouvimos ondas é a energia que esta presente neste momento, A majestade dos mares. Senhora dos oceanos, sereia sagrada, Iemanjá é a Rainha das águas salgadas, considerada como mãe de todos os Orixás, regente absoluta dos lares, protetora da família. Chamada também como a Deusa das Pérolas, Iemanjá é aquela que apara a cabeça dos bebês no momento do nascimento. Essa força da natureza também tem um papel muito importante em nossas vidas, pois é ela que vai reger nossos lares, nossas casas. É Iemanjá que vai dar o sentido de "família" a um grupo de pessoas que vivem debaixo de um mesmo teto. Ela é a geradora e personalidade ao grupo formado por pai, mãe e filhos, transformando-os num grupo coeso. Assim tem que ser as pessoas que desfilam pelo meu manto rosa e azul.

Dentro do culto, numa casa de santo, Iemanjá também atua organizando e dando sentindo ao grupo, à comunidade ali reunida e transformando essa convivência num ato familiar; criando raízes e dependências; proporcionando o sentimento de irmão pra irmão em pessoas que há bem pouco tempo não se conheciam; proporcionando também o sentimento de pai para filho, ou de mãe para filho e vice-versa, nos casos do relacionamento do Babalorixás, ou Ialorixás como os Omo Orixás (filhos de Santo).

Iemanjá é a preocupação e o desejo de ver aquilo que amamos a salvo, sem problemas. É a manutenção da harmonia do lar. E com este exemplo eu União DE Vaz Lobo nunca vou acabar. Iemanjá está presente nos mares e oceanos. É a Senhora das águas salgadas mães dos peixinhos e será ela que proporcionará boa pesca nos mares, regendo os seres aquáticos e provendo o alimento vindo de seu reino. Iemanjá é a onda do mar, o maremoto, a praia em ressaca, a marola, É ela quem controla as marés, é ela quem protege a vida no mar. Que muitas vezes vimos com tanto desdenho, de seu lar vem nossa fartura e inteligência. Odoya Yemanjá!

E nosso Xirê de Yabas esta por fim e deles tiramos exemplos para vida, mas para tudo terminar bem, tem que chamar ele o senhor de tudo e da paz. Se Exu é o começo de tudo, Oxalá é o fim. Se Exu é o principio da vida, Oxalá é o principio da morte. Equilíbrio positivo do Universo é o pai da brancura, da paz, da união, da fraternidade entre os povos da Terra e do Cosmo. Pai dos Orixás é considerado o fim pacífico de todos os seres. Orixá da ventura, da compreensão, da amizade, do entendimento, do fim da confusão. É ele que vai proporcionar a paz entre os homens; é ele que vai trazer o entendimento, a compreensão, o sossego, a fraternidade, não somente entre os homens, mas também em sua relação com outras forças da natureza, pois é comum nas Casas de Santo oferecemos comidas e flores, para que Oxalá venha apaziguar uma situação de conflito, uma determinada cabeça. É ele que servirá de mediador para que haja uma solução, uma definição. Oxalá, portanto, está presente nos momentos em que a calma é estabelecida. Rege a tranqüilidade, o silêncio, a paz do ambiente. Oxalá é o equilíbrio das coisas, mantendo-as suavemente estabilizado e em posição de espera ou definição, de acordo com o caso, de acordo com a situação.

É, portanto, a organização final, da maneira mais pacífica possível.
Paz que eu, esta antiga agremiação que fiz esta viagem em minhas raízes afro, peço junto com meus componentes todos os dias e noites de nossas vidas.

Xeuepababá meu pai Oxalá!

Eduardo Pinho

Sinopses 2011 - Boi da Ilha do Governador



Apresentação / Justificativa

É com muito orgulho que o G.R.E.S. Boi da Ilha do Governador apresenta para o carnaval de 2011 a lenda do guaraná, por ser de uma singularidade tão especial, que define a origem de uma tribo indígena, a dos índios Sateré-Maué, e que, por extensão, caracteriza e justifica a força e a raça do povo brasileiro.

"Uaraná-cécé: a força da vida!" é um enredo destinado à revitalização da cultura indígena, recheada de lendas e mitos, que vagam pelo imaginário coletivo, servindo mesmo como base para a cultura nacional.

O enredo, também, intitula o guaraná como instituição nacional, assim como a feijoada, porque é tipicamente brasileiro, sendo descoberto, domesticado e cultivado pelos indígenas há muitas centenas de anos no interior do Estado do Amazonas, em torno das localidades de Maués e Parintins, no norte do Brasil.

Também chamado "o fruto do prazer", o guaraná merece destaque no progresso do país, pelo abundante comércio de seus grãos, destinados aos mais variados fins.

E, como determinou a bela índia Uniaí, o guaraná fortalece os fracos, conserva o jovem e rejuvenesce o velho!

Sinopse

"Uaraná-cécé: a força da vida!" versa sobre a lenda e trajetória evolutiva do guaraná, iniciando-se com a indignação do pajé com a fraqueza e passividade de sua gente, que pedia incansavelmente a Tupã (o deus do bem) uma solução.

Comovido com o apelo do pajé, Tupã respondeu que mandaria como presente um filho para salvar a tribo.

Nessa tribo existiam três irmãos, dois homens e a linda índia Uniaí, dona do Noçoquém, um lugar encantado da tribo, que se apaixonou e engravidou de um misterioso índio que surgira na aldeia.

Diante da revolta de seus irmãos, que queriam seus cuidados somente para eles, a índia fugiu do Noçoquém, terra encantada onde plantava as mais diversas ervas, pois temia pela vida de seu filho.

Aguiry nasceu belo e forte, mas queria provar da castanha plantada pela mãe no Noçoquém. Provou, gostou e queria mais, mesmo tendo sido alertado por Uniaí que seus tios eram agora os donos do lugar.

Mas a vontade foi tão grande, que o indiozinho resolveu pegar as castanhas, mas foi surpreendido pelas flechas do macaquinho-boca-roxa, a mando de seus tios, conseguindo fugir com o cesto cheio do fruto, entrando pela floresta adentro, perdendo-se no caminho.

Jurupari, o demônio das trevas, ao ver o menino não hesitou em atacá-lo, transformando-se em imensa serpente venenosa.

Uniaí encontrou seu filho já sem vida, e da tristeza fez a força:

- De você faço a semente da planta mais poderosa que já se viu!

E, plantando a criança na terra, cantava: "Grande será, curador dos homens! Todos terão que recorrer a você para acabar com as doenças, ter força na guerra, pra ter força no amor, pra ter bastante energia. Grande Será!"

Orientada por Tupã, enterrou seu filho. Do seu olho esquerdo, nasceu o falso guaraná (uaraná-hôp) e, de seu olho direito nasceu o guaraná verdadeiro (uaraná-cécé).

Dias depois, Uniaí foi ver a planta que nascera. O guaraná estava grande, cheio de frutos. Debaixo do guaranazeiro, encontrou seu filho, alegre, forte, lindo. Esse menino, que nasceu que nem planta, foi o primeiro índio Maué.

O poder do guaraná é tão grande, que gerou a tribo Sateré-Maué, criou o município de Maué e, através de estudos científicos, descobriu-se suas propriedades terapêuticas, aquecendo a economia nacional e gerando empregos.

O guaraná é como determinou Tupã: forte e energético. O pequeno notável é tão ativo, que outrora alimentava uma tribo, hoje atravessa fronteiras, para ganhar o mercado mundial.

O pajé entendeu o presente de tupã.

Ele é a força e a vitalidade. Ele é a origem da nova tribo!

E, como o guaraná, fique de olhos bem abertos: BOI DA ILHA VEM AÍ!!!!!

Guilherme Alexandre
Carnavalesco