sábado, 26 de maio de 2012

Sinopses 2013 - Portela

"MADUREIRA... ONDE MEU CORAÇÃO SE DEIXOU LEVAR"


Rio de Janeiro, 1970.

Avenida Presidente Vargas.

“Nesta Avenida colorida a Portela faz seu carnaval...”

Com o rosto molhado de suor e lágrimas, vejo a minha Escola conquistar a plateia com mais um desfile. Agora com um sabor especial, se aquecendo... “senti meu coração apressado, todo o meu corpo tomado, minha alegria voltar...”

E então pensei:

“Meu coração tem mania de amor...” E que amor é esse que me conquista a cada dia? Que amor é esse que move toda essa gente? De onde vem isso tudo e como essa história começou?

E é isso que vou descobrir.

E assim, com a alma aquecida de emoções, lá fui eu para Madureira, de trem, cantando samba, assim como Paulo Benjamin fazia décadas atrás.

“Eu canto samba
Porque só assim eu me sinto contente
Eu vou ao samba
Porque longe dele eu não posso viver...”

Quero trilhar os caminhos desse povo, como um “peregrino”, descobrir sua gente, sua cultura, sua fé, o seu canto e o seu samba.

Descobrir sua história.

Pisar onde outrora pisaram tropeiros, escravos, boiadeiros, mercadores e imperadores, caminhos de trabalho e suor, onde antes só se viam fazendas, engenhos e fé, afinal toda essa história começa pela fé.

E o povo dança, o povo canta; dança o branco, dança o negro.

“Pisei na pedra
A pedra balanceou
Levanta meu povo
Cativeiro se acabou”

Negros fugidos, negros forros. Festa, jejum e esmola. Samba, dança, música e religião. Enfrentar a dor através da arte.

Casas de umbanda e casas de candomblé, liderança e mistério, atraindo a atenção para a “roça”.

Caminhos de terra, caminhos de ferro.

E o povo vai chegando, de tudo quanto é direção. Imigrantes de dentro e de fora. Os caminhos viram estradas.

Estradas de terra, estradas de ferro.

Chega o progresso e com ele os ambulantes, que depois viram mercadinhos, os mercadinhos viram mercados e os mercados viram mercadões.

E eu... vou seguindo meu caminho.

Vou ouvindo batuques, ritmos e sons. Sons sincronizados, parecendo sapateado. Mas são apenas sons de pés, que dançam, chutam e pulam. Pés que vão construindo outros caminhos. Não importa se num tablado, no asfalto ou na grama, o importante é a ginga, que por vezes me lembra a de um malandro. Como tantos que esta história construiu. Ou como tantos que aqui chegaram para construir outras histórias. Malandros loiros, brancos, mulatos, sararás, crioulos. Assim como as músicas, loiras, brancas, mulatas, sararás e crioulas, ou como se diz agora: black.

“No carnaval, esperança
Que gente longe viva na lembrança
Que gente triste possa entrar na dança
Que gente grande saiba ser criança”

E o batuque continua.

Marchinhas, mascarados, coretos, baianas, blocos de sujo, carnaval...

São os caminhos da folia! Caminhos da fantasia, onde cada um é o que deseja ser, onde mulher pode virar homem e homem, virar mulher. E é através da fantasia, do sonho, que nascem duas das maiores Escolas de Samba da história.

E que orgulho hoje ver Portela e Império, juntas, a cantar que esse nosso lugar “que é eterno no meu coração. E aos poetas traz inspiração pra cantar e escrever”.

Madureira é assim. Amor, atividade intensa, vivida com orgulho suburbano, lugar de morada da altiva nobreza popular, pois aqui reside a Majestade do Samba.

“Não posso definir
Aquele azul
Não era do céu
Nem era do mar...”

Tantos são os caminhos, e por eles vou atrás de suas histórias, me sentindo cada vez mais parte integrante dela, deste lugar e destes caminhos, que hoje se encontram mais uma vez, afinal...

Sou Paulo, sou Paulinho, da Viola e da Portela.

E tenho muito orgulho em contar esta história para vocês, afinal... “o meu coração se deixou levar.”

E, agora, o mesmo trem que me trouxe, me leva de volta, e continuo batucando, não mais como Paulo Benjamin fazia, mas como todos os Portelenses continuam fazendo ainda hoje, preservando a sua memória e o seu lugar, que eternamente será conhecido como a “Capital do Samba”.

“Madureiraaa, lá lá laiá.”

Paulinho da Viola,
pelas mãos de Paulo Menezes (e mais uma vez os caminhos se cruzam).

Este enredo é dedicado aos noventa anos da Portela e a todos os portelenses que, infelizmente, não estão mais entre nós, mas que continuam abençoando a Portela lá de cima, do Olimpo dos sambistas.

Sinopses 2013 - Mocidade Independente de Padre Miguel

"EU VOU DE MOCIDADE COM SAMBA E ROCK IN RIO - POR UM MUNDO MELHOR"


Rasgando o espaço, como um cometa,

Que viaja na contramão,

Neste universo de sambas,

De estrelas “bambas”

Como rocha que rola solta ao léu,

Um coração aberto, alado,

Com asas de liberdade

Que se abrem pra Mocidade,

E se desfaz no céu,

Faço-me um “PULSAR”, “SUPER NOVA”,

A “Pop Star”, com luz que irradia,

A energia que atrai e guia

Sou o Rock and Roll, a rebeldia,

Independente de Padre Miguel.

Num “Big-Bang” musical,

Venho trazer algo de novo,

Romper barreiras, invadir a festa,

Pra contagiar o povo,

E com o poder da criação,

Como a terra assim se fez,

Imaginar... que bom seria,

“Se a vida começasse agora”,

“E o mundo fosse nosso outra vez...”

Num gesto de estender a mão,

Venho apagar preconceitos

E com ousadia, conduzir com bravura

Todos numa só direção,

 “Uma só voz, uma canção...”,

Canção de amor e respeito,

Que propõe união,

Uma doce mistura,

Fazer um “swing” bacana,

Do “Chiclete com Banana”,

Da Guitarra e do Pandeiro,

Do teclado e do Tamborim,

Do Roqueiro e do Sambista,

Num encontro maneiro,

“Pro meu samba ficar assim”.

Bebop, baticumbum

“É o Samba-Rock, meu irmão...”,

Juntos, na mesma praça,

Num sonho de carnaval,

Vem me dá tua mão,

Somos “dois em um”, que o Rio abraça,

E que nos mostra, mundo a fora,

Vem, vamos juntos com a Mocidade,

Mudar de vez a história,

E nela, escrever mais um capítulo,

No sonho que começa agora

Era uma vez...

Houve um tempo,

Que uma cortina de chumbo,

O Brasil envolvia,

Porém, um sonho verde esperança,

Também nascia,

Vislumbrando um horizonte novo,

E dele, um brado forte e direto se ouvia,

Livre e jovem, na voz de seu povo,

Foi então, que um certo homem,

Com um sonho certo,

Imaginou o Rio, um palco aberto,

A taba de todas as tribos

Unidas num festival,

A celebração da música

Da arte e da cultura

E da vida, em alto astral

E o sonho se construiu em aço

E da lama se fez brotar a flor,

Um belo lírio de paz,

Uma ideia feliz de futuro,

Um pensamento capaz,

De unir o mundo através da música,

Num pequeno planeta a se formar,

Diverso, repleto,

Daquilo que há de mais profundo,

Ou, que imaginamos sonhar,

De tudo um pouco,

Um pouco de tudo e mais,

Muito de música, muito de gente,

Diferentes, juntos, iguais,

E foram dias de felicidade,

Incandescentes,

Noites inesquecíveis,

Envolventes,

Noites de estrelas,

Que iluminaram legiões,

Preencheram mentes e corações,

Com o que há de bom de vida,

O melhor que dela flui,

Sentimento que ficou como tatuagem,

Naqueles que seguiram em frente,

A lembrar com alegria e orgulho,

E a dizer simplesmente: Eu Fui!

E assim se passaram 06 anos...

E a vida segue, o mundo roda,

Solto como uma bola,

E no templo do futebol,

É o rock que rola,

No tempo marcado, o tempo de cantar,

Levei craques da música,

A pisar o gramado,

Driblando a rivalidade,

Fiz de cada lance, um momento encantado,

E todo estádio se transformar,

Era como um anel de luz, aliança,

A se envolver e se encontrar,

Como uma linha de passe,

A sintonia,

O “que antes dividia,” “versus”,

Uniu-se em versos, numa canção,

E virou sinergia,

E o som se tornou uma só bandeira,

A balançar na melodia,

Como um show à parte,

Ou parte do show

E se propagou no agito,

De pura emoção e de alegria

A explodir o coração,

Numa imensa “hola”, como magia,

Num mesmo grito

É Maraca, Rock in Rio,

É massa!

É gol!

Uma década se passa...

E na roda do tempo,

O amanhã é incerto,

De um mundo disperso,

Sem atenção,

Eu fiz soar um sino de alerta,

O silêncio que desperta,

À conscientização,

Tempo de refletir,

Hora de pensar,

E fazer a música impedir,

O progresso que avança,

Lançar o som que alcança,

O mundo que corre,

E fazê-lo parar,

Era hora de acordar,

De usar a mente, em cena aberta,

E fazer do rock, a voz da razão,

Ecoar sons por todo o planeta,

Amplificar a canção

Em música e letra,

Como instrumento de ação,

Ser acordes do bem maior,

Acordes pela vida,

Por um futuro de paz,

E me fiz à rocha, um marco,

De um “Rock in Rio” que faz,

Cantar “por um mundo melhor”

Tempo que avança, tempo de mudança,

Mas “navegar é preciso”

E foi preciso mudar,

Jogar-me ao mar e esquecer,

Outro, de lágrimas,

Daqueles que aqui deixei ficar,

E segui os ventos,

Pra respirar outros ares,

Onde a música pode levar,

E “por mares nunca dantes navegados”

Ao contrario dos descobridores,

Eu fui o navegante inverso,

Rumo ao velho porto de além-mar,

Num mar de fados e de versos,

Pronto a me aventurar,

Seria o acaso,

Ou uma brisa boa?

Descrito por “Camões”

Ou num poema de “Pessoa”

Que fez do Tejo Lusitano,

Outro Rio por abraçar?

A resposta não tarda,

O poeta faz explicar,

“tudo vale à pena

Se a alma não é pequena”

Valeu a pena navegar,

E descobrir numa boa,

Que apesar do grande mar que nos separa,

Maior é o coração que nos une,

E a alma que nos ampara,

Na mesma língua, a voz que ecoa,

Na música, no Rock in Rio ou em Lisboa,

E a Europa jamais seria a mesma...

E assim... Eu segui meu caminho,

E o velho mundo se abriu,

E abraçou o sonho novo,

O sonho por viver,

De se entregar, se dar,

Um mundo a se entender,

Através da música sem fronteiras,

Cigana sem pátria, sem bandeiras,

Livre a percorrer estradas,

E por elas se deixar levar,

Como linhas da vida, do destino,

Portas abertas por adentrar,

E rompi a terra de sangue e areia,

Com a força implacável de um touro,

Indomável Rock, “olé” que incendeia,

O chão ibérico de rubro e ouro,

Tangendo as guitarras flamencas,

Na arena feita de aço,

Eu desbravei, conquistei passo a passo,

A terra madre, Madrid,

“España, soñada”

De Galdi, Miró e Picasso

E foram mais 10 anos...

Sim, tudo na vida passa,

Só não passa a saudade,

Da cidade-mãe que um dia deixei,

E cruzei novamente o oceano,

Como um filho a correr pro abraço,

Pra dizer feliz pro meu Rio:

Estou aqui, “Eu voltei!”,

Voltei renovado, ainda mais forte,

Tanto quanto eu sempre quis,

Fiz do meu sonho, realidade,

Da Taba, uma cidade-diversidade,

A fórmula para um mundo mais feliz,

Sou o “Rock In Rio”, rocha em fusão,

Amálgama a ligar culturas,

Em constante transformação,

A cidade eterna da alegria,

Sou a magia em forma de emoção,

Na arte viva de luz e som,

De corpo, alma e coração,

Ponto a romper a linha do horizonte

Pra levar ao mundo a minha mensagem.

Eu irei!

Seguir a minha viagem, essa história sem ponto final

Que se escreve a cada momento

Como som que hoje bate em meu peito,

Um sentimento,

Um desafio, um novo sonho, um ideal,

De ver juntos, “na Apoteose”,

Numa só voz, no carnaval,

O samba e o rock, uma overdose,

De união, paz e felicidade,

Uma insólita mistura, delírio, loucura,

Que com certeza não faz mal,

O futuro a Deus pertence,

O nosso começa agora,

A Mocidade traz o novo, de novo,

Indiferente aos velhos preconceitos,

Abre o seu coração ao povo,

Independente de ser samba ou rock,

É a arte, é a música, é o presente,

Ou melhor, um presente,

Para o mundo inteiro receber

E perceber

Como seria bom imaginar

“Que a vida começasse agora,

E a gente não parasse de amar,

De se dar, de viver...”

ÔÔÔÔÔÔÔÔ ROCK IN RIO...