domingo, 30 de maio de 2010

Sinopses 2011 - Acadêmicos do Cubango



Com a vida agitada do dia a dia, se faz cada vez mais necessário buscar momentos nos quais possamos nos descontrair, relaxar e viver boas emoções. Sem exceção, homens e mulheres de todas as idades, graus de instrução cultural e nível econômico têm emoções, atentam para as emoções dos outros, cultivam passatempos que manipulam as suas emoções e governam suas vidas, buscando a felicidade e procurando evitar o que não lhes é agradável.

Cubango é o mensageiro da emoção.

Sente, transmite de uma forma e do seu jeito...

Expressando a todos os gritos contidos dentro do peito.

Na vida podemos ter uma infinidade de emoções. E elas não aparecem por acaso: as encontramos no nosso dia a dia. Contemplamos a beleza das flores, o verde das florestas, o sorriso de uma criança. A emoção está em nossas lembranças, em nossas orações, ou mesmo, num singelo aceno de adeus...

Há muitos momentos, em nossas experiências rotineiras, que indicam a natureza da indução da emoção. Entretanto, além de atuar permanentemente no nosso jeito de viver, a emoção em sua intimidade protagoniza o AMOR; é mais que paixão, é um estado de graça, é uma reação que altera o comportamento humano diante de uma sensação.

Mexe com a gente. Comove, alegra, reage, integra e dá sentido à vida...

Cubango entra em cena,

Nos palcos revoluciona o sentimento.

Fala da alma para alma,

É emoção a todo momento.

Explode a emoção!

Não satisfeito com as emoções da vida diária, o homem fez criar uma nova maneira de levar esta emoção ao público em geral, através da criação das artes dramáticas: o Teatro. Com suas formas variadas de representações e entretenimento, o teatro espalha-se pelo mundo, sempre com o mesmo motivo: de encantar e emocionar platéias.

Nos palcos: são musas inspiradoras, eternos romances, encontros e despedidas que marcam a dramaturgia da vida como ela é.

E com extrema beleza, afastando a tristeza, apresenta a alegria do teatro de revista e a emocionante sensualidade das vedetes.

Cubango estréia sensível, sensual, experimental, intelectual, comportamental, musical e em diversos gêneros, vive cada cena de seu grande espetáculo.

Nas ondas do Rádio,

O real e a imaginação se fundem...

Cubango constrói das palavras, dos sons e ruídos: imagens.

E idealiza a vida dos artistas e vive a sua obra.

Emocionar é preciso! Pelas ondas do Rádio surge uma nova forma de levar emoção a cada coração, usando cada vez mais a imaginação! A "era de ouro do Rádio" é pura emoção!

Cubango apresenta a música brasileira com as vozes inesquecíveis de nossos cantores e cantoras que encantaram o Brasil.

Descobre os "Brasis" com sua infinidade de ritmos e musicalidade e sintoniza na vibração dos programas de auditório, no delírio dos fãs à coroação dos reis e das rainhas do rádio.

Traz a alegria e a diversão dos programas de humor com suas piadas - satirizando fatos e acontecimentos do cotidiano brasileiro -, e leva os ouvintes a darem boas gargalhadas.

O amor e paixão marcam a nova coqueluche da época, a radionovela, que faz o Brasil se apaixonar, imaginando-se na narrativa dos capítulos como parte integrante da trama, vivendo intensamente todas as emoções!

O mundo integra-se pelas ondas sonoras, tudo que acontece é passado rapidamente aos ouvintes que se comovem, sorriem, temem, se espantam ou comemoram a informação em primeira mão. Assim o Brasil ouviu admirado o Repórter Esso, com seus slogans inesquecíveis: "Repórter Esso, o primeiro a dar as últimas", "Repórter Esso, a testemunha ocular da história!".

É Golllllll! Narra a transmissão de um jogo de futebol. O rádio fortaleceu o crescimento da maior paixão do brasileiro, mexeu com a alma do torcedor que vibra e chora de emoção nas vitórias do seu time ou da seleção brasileira nas conquistas das copas do mundo! E haja coração!

Cruza as "fronteiras sonoras"

Em direção a centenas de emoções...

Transmitida em sons e imagens,

Por uma fábrica de ilusões.

Em Paris, no século XIX, nasce o Cinema. A sétima arte inicia sua caminhada de emoção, fascínio e sedução pelos quatro cantos deste planeta. Em preto e branco, Cubango é cinema mudo; satirizando cenas do cotidiano, exibindo os primeiros clássicos do cinema mundial.

Cubango a cores é cinema falado. É vivaz, é como se a emoção personificasse e saísse da tela, habitando o inconsciente coletivo e imaginário no escurinho do cinema... Misturando ficção e realidade e criando personagens para diversos gêneros.

No Brasil, o "Cinema é Novo" e "Marginal". É "Chanchada" nacional! É o cinema que ressurge, fazendo o filme brasileiro romper fronteiras, emocionar e expandir a nossa arte cinematográfica.

Da grande tela dos cinemas, que sensibiliza multidões, o mundo vê nascer a televisão. A telinha passa a conviver com a intimidade dos lares, permitindo que a diversão e a informação façam parte do dia a dia familiar.

Em "preto e branco" ou "a cores", a emoção ganha vida com as tramas das telenovelas, com os programas humorísticos, com as coberturas jornalísticas e com os grandes espetáculos artísticos, culturais e esportivos. Assim, a emoção brota do olhar de cada telespectador que liga, acompanha, dá palpite, interage, vota, se irrita, sorri, fica feliz ou triste.

É... "São tantas EMOÇÕES"!

A televisão torna-se o espelho do homem em movimento... que informa, ensina, choca, aliena, alegra, deprime, incentiva, mostra, inspira e emociona.

E nessa festa sem recato,

Sou Cubango, sou emoção!

Sou solidário e o Carnaval

É a minha paixão!


A nossa paixão se traduz na emoção de vermos a nossa escola de samba desfilar. Choramos, sorrimos, brigamos, trabalhamos para ver o nosso pavilhão brilhar na Avenida. Despontamos na passarela da alegria, em forma de samba, cantando o nosso enredo vestidos de criatividade e fantasia.

Do entrudo ao atual megaespetáculo, a emoção e a alegria dos foliões fazem a diferença, conduzem ao encantamento dessa festa, sem recato, chamada Carnaval.

Cubango se inspira no Carnaval. Das alegrias do povo às histórias que não tem fim. Dos personagens carnavalescos que juntos bailam, buscando na paixão o desejo de dizer que sim...

Em puro êxtase!

Cubango celebra a emoção como sendo o combustível necessário para tornar a vida mais feliz. E alerta que sem ela perderíamos a capacidade de perceber as coisas mais importantes da vida. E tomada de emoção, presta homenagem a sua valente comunidade.

Força!... Porque o show tem que continuar!

Sou Cubango, sou emoção!

Sou solidário a causa de um irmão...

Cubango!

No teu manto sagrado em verde e branco,

O teu pavilhão a girar,

Tua comunidade a vibrar...

Para todo sempre te amar.

Salve a minha inspiração,

Porque a Emoção está no Ar!

Carnavalesco: Jaime Cezário
Texto: Jaime Cezário e Marcos Roza

sábado, 29 de maio de 2010

Sinopses 2011 - Mocidade Independente de Padre Miguel



Introdução

Com a última glaciação, o gelo e a neve cederam lentamente.

Uma estrela incandescente brilhou no horizonte primitivo e espalhando luz e calor fez a vida explodir em cores e fartura. O homem, enfim, se libertou das cavernas e festejou.

As forças da natureza foram transformadas em deuses e as respostas para o desconhecido eram encontradas pelos feiticeiros primitivos nos raios e trovões, nas águas, nas matas e nos mistérios da terra.

De caçadores coletores até se tornarem semeadores, nossos ancestrais atravessaram um longo caminho, muitas vezes marcado por pedras e espinhos.

À medida que a agricultura e a criação se estabeleceram as plantas das quais dependiam homens e animais para se alimentar tornam-se crucialmente importantes e os ciclos Da natureza passaram a ser fator dominante e foco de atenção mágica e religiosa.

O plantio e a colheita se transformaram nos grandes acontecimentos do ano e eram celebrados com festivais e ritos que pretendiam assegurar um bom resultado.

Foi através desta reverência à natureza que o homem começou a entrar no reino da utopia através das comemorações: no momento da festa se desligava das coisas ruins como o inverno e as enchentes, que concretamente, tinham ido embora e saudava o que lhe parecia um bem, como a chegada da primavera e o nascer do sol, com danças e cânticos, em torno das fogueiras, para espantar os espíritos do mal e as forças negativas que prejudicavam o plantio.

Em uma deliciosa viagem através destas festas, rituais e celebrações em louvor aos deuses da agricultura e que depois foram abraçadas e remodeladas pelo catolicismo, encontramos a origem, a raiz da frondosa árvore que é o carnaval do Rio de Janeiro.

E é no templo sagrado dos desfiles das escolas de samba que vamos relembrar em ritmo de comemoração as nossas origens agrárias e agrícolas, afinal festejar é o que fazemos melhor.

Louvadas sejam os divinos semeadores do carnaval!

Viva a folia!

Parábola dos Divinos Semeadores

A primeira semente: depois do degelo, eis que surge o caminho.

Em um tempo muito distante, grande parte das sagradas terras africanas encontravam-se sob o domínio do frio. Um império branco e gelado que matinha o homem primitivo praticamente prisioneiro das cavernas.

Certa manhã, uma estrela incadescente reluziu intensamente no horizonte; um forte clarão cortou o nevoeiro e espalhou-se pela palidez da paisagem, anunciando um deslumbrante espetáculo de luz e calor. Aos poucos, o branco do gelo e da neve foi sendo matizado pelo verde da vegetação, que surgia vigorosa. Assim, nossos ancestrais saíram da toca e festejaram.

A vida explodiu em cores e fartura. Plantas de todos os tipos, diversas espécies de frutas e animais variados passaram a dominar o cenário renovado. O poder dos raios e trovões, os mistérios das águas e da terra e os segredos das matas passaram a ser reverenciados por guias espirituais escolhidos entre os mais sábios de cada tribo. Nas celebrações, esses feiticeiros cantavam e dançavam enfeitados com folhas e máscaras em torno de fogueiras para afastar os maus espíritos e garantir as boas colheitas.

De festa em festa e de ritual em ritual, o homem evoluiu e descobriu o milagre da vida contido no interior dos grãos e sementes que se manifestavam quando estes alcançavam o solo.

Ao se tornar, então, semeador, o homem criou raiz e se fixou na terra.

A segunda semente: sobre pedras pagãs, ergueram-se templos de adoração.

As cavernas geladas, cada vez mais, faziam parte do passado e os campos, agora cultivados, sinalizavam um mundo em transformação.

Grandiosas civilizações floresceram, templos de pedra e magníficos palácios foram construídos; rituais de sacrifício e cânticos de louvor ecoaram em celebração à fertilidade da terra.

Deuses da agricultura e animais sagrados se juntaram aos deuses dos raios e trovões, das águas, da terra e das matas consolidando um poderoso panteão agrícola que atravessaria as fronteiras do tempo e do espaço nos lombos de camelos e cavalos.

No antigo Egito, tochas e incensos impregnavam de magia os grandiosos banquetes em honra à deusa Ísis, senhora da agricultura, enquanto majestosos cortejos reverenciavam o Boi Ápis.

Na Grécia, alegres festivais de músicas, danças sensuais e farta distribuição de vinho embalavam as festividades em homenagem a Dionísio, deus protetor das parreiras, e eram marcadas por uma deliciosa inversão de papéis: o miserável se vestia de rei e machos reconhecidos se fantasiavam de fêmeas.

Em Roma pagã, as festas da primavera anunciavam as Saturnálias em homenagem ao deus italiano da agricultura e, num momento de grande euforia, Saturno era saudado calorosamente pelo povo. Na ocasião, a cidade com as ruas ricamente decoradas com flores, era governada por um rei escolhido entre os pobres e, do alto de seu "carro naval", Momo, o soberano da alegria, comandava a farra que não tinha hora para acabar.

A terceira semente: a festança é sufocada pelos espinhos de uma nova religião.

Espremida entre as celebrações pagãs, surge em Roma uma nova religião.

Enquanto pregava a fraternidade, o Catolicismo logo tentou sufocar as origens dessas manifestações e, aos poucos, os festejos vão sendo modificados.

Dessa maneira, o dia dedicado às comemorações da Saturnália passou a determinar o nascimento de Jesus em um estábulo cercado por bois, ovelhas e pastores, em uma cena tipicamente agrícola.

O pão e o vinho, símbolos dos rituais e festas pagãs, foram transformados no corpo de ostensório dourado e foi colocado nas cabeças das imagens dos mártires católicos.

Subjugada pelo clero romano, a "ritualística primitiva" foi transformada em uma celebração marcada por banhos de cheiro, fantasias e desfiles alegóricos.

Ao incorporar personagens da Comédia Dell' art, o novo formato acabou por conquistar as cidades de Nice, Roma e Veneza e invadiu os salões da nobreza com seus requintados bailes de máscaras.

Nascia, assim, o "carnevalle", comemorado nos dias que antecediam a Quaresma e que, feito sementes sopradas pelo vento, espalhou-se pelos quatro cantos do mundo.

A quarta semente: "...e nesta boa terra, cresceu e produziu a cento por um".

No Brasil, essas divinas sementes encontraram solo fértil e abençoado. Lançadas aos diversos recantos do nosso torrão, rapidamente germinaram e se multiplicaram, dando frutos com características próprias.

De Norte a Sul desta nação, virou manifestação popular.

O boi que veio de tão longe, lá do Norte, também se tornou sagrado: "é boi Ápis pra lá, é bumba-meu-boi, meu boi-bumbá pra cá".

No Nordeste, a festa do deus Sol se transformou em festa de São João e a comilança não pode faltar: tem milho assado, tem arroz doce, garapa de cana, um bom cafezinho e fogueira acesa "pra" esquentar.

Tem festa da uva nos Pampas e cavalhadas no Cerrado; mas, foi aqui no Rio de Janeiro que a mais beca e formosa das sementes encontrou o seu lugar. Misturando as festas e celebrações que vieram da Europa com a magia que desembarcou com os negros africanos, criamos o nosso próprio ritual. Cantando, dançando e batucando com alegria sem igual, acrescentamos tempero à festança, reinventamos o carnaval.

Hoje, celebramos o nosso passado agrário e agrícola enquanto festejamos o nosso presente como o maior espetáculo Da Terra e, quando esse t al de futuro chegar e a folia for levada "pro" espaço sideral, estará, na verdade, voltando ao início, encontrando-se com o próprio passado e fechando um ciclo.

Afinal, vale lembrar que tudo começou com o brilho incandescente de uma estrela que derreteu a neve e fez a folia começar.

Viva o carnaval!!!

Cid Carvalho.

Organograma

Setor 1 - As Geleiras

Alegoria 2 - As Forças da Natureza

Setor 2 - A Segunda Semente: sobre pedras pagãs ergueram-se templos de adoração

Alegoria 3 - Egito

Alegoria 4 - Grécia e Roma

Setor 3 - A Terceira Semente: a festança é sufocada pelos espinhos de uma nova religião

Alegoria 5 - Igreja

Alegoria 6 - Baile de Máscaras

Setor 4 - A Quarta Semente: "... e nesta boa terra, cresceu e produziu a cento por um"

Alegoria 7 - Norte, Nordeste, Sul e Centro-Oeste

Alegoria 8 - Rio de Janeiro

sexta-feira, 28 de maio de 2010

Sinopses 2011 - Unidos de Padre Miguel



JUSTIFICATIVA DO ENREDO

"Festa de Iemanjá (1978);
O Quilombo dos Palmares (1984);
Meu Irmão de Cor, Meu Irmão de Fé (1987);
Valongo (1988);
Bahia de Todos os Negros (2000) e
No Reino das Águas de Olokum (2008)".

Negra.

Com um toque de africanidade que sempre fez bem a Unidos de Padre Miguel.
Foi preciso olhar ao longo de seus 54 anos de história e resgatar a sua
identidade.

"Unidos" vestiremos turbantes, torço branco ou rodilha. Pescoço repleto
de argolões e colares de búzios, a minha proteção. No ombro o xale de pano
da costa e sobre o peito erguido uma blusa de cabeção rendado. Sobre o
pulso firme traremos amuletos: balangandãs de prata, braceletes, pulseiras
e cordões. A saia rodada nos veste e nos pés, chinelinhas de couro.

Na alma: as mães de Santo. No coração: as mães do samba.

Viemos contar a mãe de todas: Hilária Batista de Almeida.

Nossa Mãe.

SINOPSE DO ENREDO

Ouçam o som dos Ilús! O Semba celebra a vida.
Ifá, senhor do Destino.
A luz de Òrun gera a vida, sua ancestralidade.
Dos Yorubás valentes, a herança!
Mãe África Ritual... Das Savanas ensolaradas.
O Ventre do mundo.

Bahia, Salvador. Em que seus pais escravos aportaram.
Escrava nasceu, cresceu... Entre costumes afro-portugueses.
Onde desfilam os Ranchos de Reis. Assistiu nas ruas e ladeiras...
Procissões católicas, cheganças, pastoris... Bumba-meu-boi e baianos
cucumbis.
Por Bamboxê Obtikô no Terreiro da Casa Branca...
Fez-se filha de Oxum, Senhora do amor e da beleza.
Na Gira dos Batuqueiros, o Semba se fez Samba.

Bahia, seu berço, seu chão... Sentirás saudades!
Destino te guia rumo ao Rio de Janeiro.
Seria a oferta de emprego na estiva, no cais.
Nos antigos sobrados da Saúde, seu lar.
À beira do cais... Vida simples. Pescadores, populares.
Saudades, Hilário Jovino Ferreira e Mãe Baiana Bebiana.
Fundadores dos primeiros ranchos... O Reis de Ouro.
Que relembram o folclore nordestino de alegorias ao divino.
Nas esquinas: quitandas, nas ruas: vendedores e artistas.
Pioneiro terreiro de magia do irmão de fé João Alabá de Omulu.
Tia Bebiana, Tia Mônica, Tia Amélia, Tia Carmem do Xibuca, Tia Perciliana,
De santo irmãs! Torna-se Yakekêrê, mãe pequena.

Pequena África de magia! Praça Onze... Um novo lar.
Viveria dos quitutes baianos e das comidas típicas.
Diziam que obtinhas o poder da cura... Não se avexem, são as mãos de Oxalá!
Sua fama pela cidade percorria. Até as vestes ela alugaria.
Verdadeiro reduto de sambistas, das rodas de samba.
Do samba de terreiro, do Partido Alto.
Samba criado pelos filhos das mães baianas
Donga, Pixinguinha, Sinhô e João
És uma verdadeira casa de samba, de bambas.

Quem diria que os ranchos... Ganhariam alegorias.
Negros que se vestiam em nobres. Belas damas.
Da Malandragem nascente, filhos das mães baianas...
Que formariam as primeiras escolas de samba.
Dos primeiros pavilhões. Dos estandartes informando os enredos...
Dos adereços. Das burrinhas de vime a bailar.
Das nossas Baianas de Linha protegendo os sambistas.

Esta aí senhora... Nascido em seu lar.
Vejo-o com orgulho. O samba é seu, do Rio!
Das nossas mães baianas do samba.
De nossas cabrochas, da comunidade da Vila Vintém.
A homenagem do meu Boi Vermelho, Unidos de Padre Miguel.
Deixo meu Axé em branco, com sangue vermelho pulsante...
À Hilária Batista de Almeida ou simplesmente Tia Ciata.
Peço a sua proteção, minha mãe!

Tia Rema

(Elizete Cândida da Silva, 73 anos, nascida em dois de março de 1937. Tia
Rema como é conhecida pela comunidade, é uma das figuras mais importantes da Unidos de Padre Miguel. A Mãe que embala uma grande geração de sambistas para a Vila Vintém.)

Edward Moraes e Marcus Ferreira

Carnavalescos

quinta-feira, 27 de maio de 2010

Sinopses 2011 - Acadêmicos do Engenho da Rainha



"De Paulo da Portela à Nilo Figueiredo... Essa é a história da escola de samba mais brasileira, fazendo o voo com a Águia Altaneira!"

Criada em 1644, a antiga freguesia de Irajá se estendia por uma vasta região ocupada por fazendas. Esta imensa área, ao longo dos séculos XVIII e XIX, chegou a ter 13 engenhos de açúcar produtivos e importantes economicamente.

Entre eles, talvez o mais próspero, merece destaque o Engenho do Portela, cujos escravos, no labor do dia-a-dia, contribuiriam para engrandecer a região que se estendia da Fazenda do Campinho até o Rio das Pedras, e que mais tarde herdaria o nome do boiadeiro e mercador mais famoso da localidade: Lourenço Madureira.

Em fins do século XIX e início do século XX, a economia da região, amparada principalmente na força do trabalho escravo, entra em uma inevitável crise. Os antigos latifúndios são aos poucos repartidos por pessoas pobres que fugiam das reformas urbanas que ocorriam no centro da capital da jovem República Brasileira. O trem, chegado em 1890, trazia diariamente um grande contingente de pessoas desprovidas de qualquer bem material para os já conhecidos subúrbios. Especialmente, merece destaque a brava população que, enfrentando todos os tipos de dificuldades, ocupou a região próxima ao Rio das Pedras através da antiga estação de Dona Clara. Mais tarde, a ainda jovem localidade, que herdou o nome do Rio vizinho, receberia o definitivo nome de Oswaldo Cruz em 1904 homenagem do Prefeito Pereira Passo ao grande san itarista que exterminou a febre amarela no Rio de Janeiro.

Os negros trouxeram sua música, sua dança, sua religião e sua inigualável forma de enfrentar a dor através da arte para a "roça". Foram estes negros, muitos deles vindos de outras partes do Brasil, sobretudo de Minas Gerais e do antigo Estado do Rio, que plantaram a semente da batucada nas festas da região. O cavalo torna-se o principal meio de transporte. Imensos valões dificultavam a passagem dos moradores. Não havia água, luz ou qualquer tipo de conforto já comum nos bairros mais abonados da cidade. O antigo engenho cedeu espaço e nome para a principal via da região: a estrada do Portela.

Os primeiros portelenses foram verdadeiros alquimistas. Magos capazes de transformar dor em arte, e sofrimento em notas musicais. A dificuldade, em suma, foi a matéria-prima das primeiras composições da PORTELA.

Esta integração foi fundamental para a história da Portela, pois possibilitou uma vida social marcada por festas religiosas, batucadas e jongo, manifestação cultural herdada dos antepassados escravos.

- COMO TUDO COMEÇOU ...

Em 1920 existiam em Oswaldo Cruz os bloco carnavalescos Bainaninha de Oswaldo Cruz e Quem fala de nós come mosca, o primeiro formado por adultos, entre eles Galdino Marcelino dos Santos, Antônio Caetano, Antônio Rufino e Candinho (primeIro mestre de canto, hoje intérprete de samba) e Paulo Benjamim de Oliveira , O Paulo da PORTELA (segundo mestre de canto), Claudionor Marcelino, irmão de Gaudino José da Costa, Álvaro Sales, Angelino Vieira, Manoel Barbeiro, Alfredo Pereira da Costa, Carminha, Benedito do Braz (componentes). E o segundo bloco formados por crianças. A festeira dona Esther Maria de Jesus, do Come Mosca por ter muita influência na área política da época, conseguiu toda a legalização na polícia (Registro e Permissão de Funcionamento) para o bloco sair. O Come Mosca, por ser comporto por crianças saia apenas durante o dia. O Baianinhas que descia à noite para a Praça Onze, levava emprestada a licença do Come Mosca. O fato fazia com que muita gente confundisse os blocos.

Em 1923, foi fundado, embaixo de uma mangueira, na casa de seu NAPOLEÂO (pai de NATAL), o bloco carnavalesco Conjunto Oswaldo Cruz, que é a fusão dos Blocos Baianinhas e Come Mosca, tendo como principais responsáveis: Paulo Benjamim de Oliveira, Antonio Caetano, Antonio Rufino, Natalino José do Nascimento, entre outros, sendo feita a primeira Junta Governativa: Paulo da Portela o Presidente, Antônio Caetano o Secretário e Antônio Rufino o Tesoureiro. Natal, à época, era somente ligado ao futebol, mas como amigo de Paulo, esteve presente na fundação.

- A PORTELA E SÃO SEBASTIÃO

Em 1929, dia 20 de Janeiro (Dia de Oxossi), Heitor do Prazeres, representante do conjunto vence o primeiro concurso entre as Escolas de Samba e, na volta para Oswaldo Cruz, troca o nome do conjunto por QUEM NÓS FAZ É O CAPRIXO. Inconformado, em 1930, Manuel Bam Bam Bam, assume do controle do grupo e transforma o Quem nós faz é o caprixo em Vai como pode. Apesar de ser citado apenas Vai como pode, como o bloco antecessor da PORTELA, os pioneiro são os Baianinhas e Come Mosca. Por isso , a data de fundação da escola é 11 de abril de 1923.

O Batismo da PORTELA, foi realizado por dona Esther Maria de Jesus (do Bloco Come Mosca), que consagrou Nossa Senhora da Conceição (Oxum) como madrinha e São Sebastião (Oxóssi) como padrinho. Hoje, Nossa Senhora da Conceição é a padroeira da escola, e São Sebastião é o santo protetor da bateria. Todo diia 20 de janeiro a PORTELA sai às ruas em procissão a São Sebastião. Muitos afirmam que as características peculiares da bateria da PORTELA foram inspiradas nas batidas dos atabaques para Oxossi.

- AS SEDES

A primeira sede da PORTELA foi na casa de PAULO DA PORTELA, na Barra Funda.

A segunda, na Estrada do Portela nº 412, onde mais tarde foi construído o Bar do Nozinho.

A terceira na Estrada do Portela, onde foi construído depois a Portelinha, e a quarta, na Rua Arruda Câmara que passou a se chamar Rua Clara Nunes (famosa portelense) após sua morte, o Portelão.

- NATAL

Natalino José do Nascimento o Natal e a Portela.

A história da PORTELA está intimamente ligada à vida de Natal, já que foi nos fundos da casa de seu pai, Napoleão na esquina da Rua Joaquim Teixeira com a estrada do Portela, que foi fundada a escola.
Foi com a morte de Paulo da Portela que Natal resolveu se dedicar à PORTELA e ajudou a transformá-la na maior de todas as escolas de samba.

Em 1972, Natal começou a construir a atual sede da PORTELA, o PORTELÂO.

Natal foi um sambista rei. Rei do samba, do bairro, da cidade. Natal foi um sambista que nunca fez samba, que nunca desenhou um passo, que nunca cantarolou um refrão siquer.

Às vezes, nos perguntamos de onde surgiu tanto respeito, tanto temor, tanto amor e ódio por um homem comum, que andava sempre com seu paletó de pijamas, de chinelos, um cigarro no canto da boca, um chapéu no alto da cabeça e com apenas um braço?

Natal dizia que se tivesse dois braços seria covardia.

- PORTELA PIONEIRA, CONTRIBUINDO PARA A EVOLUÇÃO DO CARNAVAL

A PORTELA foi a campeã do primeiro desfile oficial do carnaval carioca, no ano de 1935. E nesse ano, trouxe para a avenida um rústico globo terrestre idealizado por Antônio Caetano, introduzindo, assim, as alegorias nos desfiles das escolas de samba.
Em 1939 - o samba de Paulo da Portela, "Teste ao Samba", é considerado o primeiro samba de enredo. Ano em que, uma vez mais, a PORTELA inovou ao trazer para o desfile fantasias totalmente enquadradas ao enredo.

A PORTELA foi a escola que introduziu nos desfiles a Comissão de Frente e, foi também a primeira escola a trazer uma comissão de frente uniformizada, por iniciativa de "Candeia Velho", nome pelo qual ficou conhecido o antigo portelense Antônio Candeia após o sucesso do filho com o mesmo nome.

A PORTELA foi a primeira escola a usar cordas para organizar os desfiles. Inúmeros portelenses, hoje bastante consagrados, deram seus primeiros passos no mundo do samba segurando essas famosas cordas.

Antônio Caetano e Lino Manuel dos Reis são considerados por muitos estudiosos como precursores dos atuais carnavalescos que, atualmente, realizam maravilhosos espetáculos. Coube a eles introduzir o espelho e outros tantos materiais considerados importantes na feitura das alegorias.

Em 1970, por seu carnavalesco Yarema, introduz o uso de isopor na elaboração das esculturas nas alegorias.

Adalberto dos Santos, o homem que desenvolveu as características de nossa bateria, teve a idéia de usar um apito para comandar seus ritmistas após observar um guarda de trânsito no exercício de sua função. Mestre Betinho, nome pelo qual ficou conhecido e eternizado na história da PORTELA, também foi o responsável pela utilização da caixa-surda e reco-reco pelas escolas de samba.

A PORTELA foi a primeira escola de samba a trazer uma mulher na bateria tocando surdo. Dagmar, assim, entra para a história do carnaval carioca.

Em 1964, a PORTELA trouxe para a Avenida, um grupo de violinistas para representar o enredo "O segundo casamento de D. Pedro".
A PORTELA, a partir de 1970, passa a realizar seus ensaios, também na sede esportiva do Botafogo Futebol e Regatas, tornando-se a primeira escola a ensaiar e levar o samba para a zona sul da cidade do Rio de Janeiro.

Em 1934, a PORTELA participou do filme "Favela dos meus amores", de Carmem Santos e Humberto Mauro, tornando-se a primeira escola de samba a atuar em uma produção cinematográfica. Em 1936, novamente a PORTELA é convidada a atuar no cinema, dessa vez o filme foi "O bobo do Rei".

Em 1934, viajou para Valença, no interior do Estado do Rio de Janeiro, sendo assim a primeira escola de samba a excurcionar.
Em 1937, Paulo da Portela, participou da primeira excursão de sambistas para o exterior, ajudando a difundir nossa música em Montevidéu, Uruguai.

"Lá vem ela chorando", também conhecida como "Dinheiro não há", da autoria de Ernani Alvarenga, cantado em desfile pela PORTELA, foi o primeiro samba a fazer sucesso nas rádios.

Coube, em 1957, a Ala dos Impossíveis, da PORTELA, o pioneirismo de ser a primeira ala coreografada da história do Carnaval.
Vale, ainda, registrar, que em novembro de 2001, a PORTELA, numa cerimônia em Brasília, foi agraciada pelo então Presidente da República Fernando Henrique Cardoso, com a "Ordem do Mérito Cultural", em reconhecimento aos serviços prestados, ao longo dos anos, em defesa da cultura nacional.

Em novembro de 2004, recebeu a visita do Presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva, em cerimônia bastante comentada e noticiada, por se tratar de fato inédito e ímpar, pois era a primeira vez em que um Presidente da República, em exercício, comparecia a quadra de uma escola de samba, num seminário que dava partida para a discussão, análise e elaboração, em novos seminários, de projetos sociais para os bairros de Oswaldo Cruz e Madureira, e áreas adjacentes.

Ainda em 2004, recebeu as visitas do Sr. Presidente da Câmara dos Deputados Deputado João Paulo da Cunha e do Sr. Presidente do Supremo Tribunal Federal Ministro Nelson Jobim, fatos também inéditos na história de uma escola de samba.

- CURIOSIDADES

A quarta-feira tem uma especial importância para a PORTELA, já que a data de sua fundação, dia 11 de abril de 1923, caiu em uma quarta-feira.

Nas quartas-feiras de cinzas, "João Calça Curta", ex-presidente da PORTELA, realizava, em sua casa, uma concorrida peixada na qual compareciam importantes figuras do carnaval carioca e, claro inúmeros integrantes da PORTELA, principalmente aqueles pertencentes a Velha Guarda.

Ainda, nas quartas-feiras, na Rua Adelaide Badajós, acontecia uma feira onde o pessoal da Velha Guarda da PORTELA aproveitava para se reunir num bar, que, em razão disso, acabou conhecido como Botequim da Velha Guarda.

Tradicionalmente, a quarta-feira é o dia-celebração da Velha Guarda da PORTELA.

Em 1941, o empresário Wall Disney, numa visita em cumprimento a política de boa vizinhança do governo americano, assiste a uma animada noite de samba em Oswaldo Cruz. De volta ao Estados Unidos, surge na prancheta de seu desenhista, artista que o acompanhou durante a viagem, o personagem "Zé Carioca", muito provavelmente inspirado em algum sambista portelense.

A PORTELA é a única escola heptacampeã do carnaval carioca, posto que ganhou todos os títulos disputados entre 1941 a 1947, inclusive.
A PORTELA foi a primeira escola a ser campeã com nota 10 em todos os quesitos. Tal fato ocorreu em 1953, ano da reunificação do samba.
A preocupação de vestir-se bem acompanha a escola desde seus primórdios. Paulo da Portela, preocupado em livrar o sambista do estereótipo de "malandro" e "vagabundo", impôs ao grupo que se tornou conhecido como "cabeça e pescoço tapados" a obrigatoriedade de o portelense trajar chapéu e gravata.

PORTELA, MANGUEIRA e UNIDOS DA TIJUCA são as únicas escolas que participaram do primeiro desfile, realizado em 1932, que continuam em atividade até hoje.

A PORTELA é a única escola que participou de todos os desfiles principais do carnaval carioca de 1932 até hoje, visto que, em 1937 o delegado Dulcídio Gonçalves mandou encerra o desfile antes que a Mangueira e Unidos da Tijuca se apresentassem. Tal fato faz com que a Verde-e-Rosa não reconheça o resultado final desse desfile.

O nome PORTELA tem sete letras e a escola é a única que conquistou sete títulos consecutivos.

- A BANDEIRA

Em 1931, Antônio Caetano, desenhista da Marinha, desenhou a primeira bandeira da Escola.

Inspirado no sol nascente e no valente povo da ilha japonesa, instituiu as cores azul e branco em homenagem a Nossa Senhora da Conceição, padroeira da escola, e como símbolo a Águia, por sua imponência e vôo alto.

Segundo Candeia: "PORTELA é perfume da flor e aroma no ar, para sentir só basta saber respirar. Seu azul é além do céu, seu branco é amor e paz. Sublime é seu pavilhão.".

- MOMENTOS ATUAIS

O processo eleitoral concluído em fins de julho de 2004, possibilitou a mudança da Administração, que vem conseguindo resgatar a auto resgatar a auto-estima e a confiança dos portelenses, na busca incessante da união de todos os seguimentos.

Provas dessa atuação foram as visitas à das autoridades máximas do País: o Presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva, o Presidente da Câmara dos Deputados, Deputado Federal João Paulo Cunha e o Presidente do Supremo Tribunal Federal, Ministro Nelson Jobim.

Além de diversos Ministros de Estado como Celso Amorim, Patrus Ananias e Gilberto Gil, bem como cerca de quarenta deputados federais e estaduais. Desde a posse do novo Presidente as portas da quadra da PORTELA têm sido mantidas abertas permanentemente para receber as famílias portelenses, tendo se tornado palco permanente de brincadeira infantis, numa demonstração clara do desejo de promover uma nova forma de aproximação com a comunidade local.

É de se registrar, também, a recente criação da escola de Samba Mirim FILHOS DA ÁGUIA, uma antiga aspiração dos portelenses, que começa a realizar atividades como ensaios, shows e visitas a outras escolas.

Para dar seguimento, após o Carnaval de 2005, às idéias representadas pelas Metas do Milênio, está sendo realizado um Seminário denominado Implantação das Metas do Milênio em Oswaldo Cruz, Madureira e Bairros Adjacentes, iniciado no dia 05 de novembro de 2005 com a visita do presidente Lula à PORTELA, reunião realizada nas dependências do SESC-Madureira contando, entre outros, com a presença de representantes das entidades PNUD-Brasil, COEP - Comitê das Entidades no Combate à Fome e pela Vida, Instituto Ethos, Fiocruz, Conservação Internacional, RIO Voluntário, Universidade Federal Fluminense, Madureira Toca, Canta e Dança e ainda diversos representa ntes da PORTELA.

Durante a reunião foram feitas explanações sobre as razões e o conteúdo da iniciativa da ONU que resultou na definição das Metas do Milênio para o Mundo e para o Brasil, foi feita uma manifestação de compromisso tanto do COEP como do Instituto Ethos, foi definida a metodologia de condução dos projetos a serem identificados e foram apresentados resultados preliminares de levantamento de equipamentos urbanos existentes e dos índices de cobertura resultantes do Censo 2000 do IBGE.

Com tais objetivos o Seminário deverá ter prosseguimento a partir de março de 2005. COEP como do Instituto Ethos, foi definida a metodologia de condução dos projetos a serem identificados e foram apresentados resultados preliminares de levantamento de equipamentos urbanos existentes e dos índices de cobertura resultantes do Censo 2000 do IBGE.

Com tais objetivos o Seminário deverá ter prosseguimento a partir de março de 2005.

Outras decisões foram adotadas como por exemplo:

1 - Estabelecer, preliminarmente, como área de abrangência inicial do projeto os bairros de Oswaldo Cruz, Madureira, Campinho, Bento Ribeiro, Rocha Miranda e Turiaçu;

2 - Definir com sendo de responsabilidade do COEP e de seus membros a condução de quatro metas - as metas relacionadas com a saúde ficarão sob responsabilidade da Fiocruz - e a cargo do Instituto Ethos a condução das outras quatro, de acordo com suas experiências acumuladas;

3 - Confirmar a continuação do Seminário para o próximo mês de março de 2005, em data a ser oportunamente confirmada;

4 - Delegar ao IPEA o levantamento detalhado de situação atual nas áreas dos Projetos, trabalho a ser desenvolvido no início do ano de 2005, de forma possibilitar a identificação dos Projetos e Ações a serem conduzidas a partir de março de 2005;

5 - Prosseguir nas iniciativas que permitam identificar novos parceiros que possam integrar-se a esse esforço, participando das atividades futuras;

Os objetivos gerais das ações sociais que se pretende realizar a partir de março de 2005 têm como fundamento os seguintes pontos principais:

1 - Contribuir para aumentar a auto-estima, a convivência e a confiança de crianças, adolescentes e adultos moradores na região;

2 - Realizar ações que complementem e melhorem a qualidade do ensino básico na região;

3 - Fornecer informações sobre a origem, a história, os costumes e tradições e sobre a cultura local, ressaltando a importância da PORTELA nesse contexto;

4 - Promover ações em parceria que sejam capazes de gerar novas oportunidades de emprego e renda para as populações dos bairros abrangidos pelos projetos;

5 - Identificar iniciativas que permitam melhorar a qualidade de vida local, tais como: reeducação alimentar, criação de hortas residenciais e/ou comunitárias, oferta de serviços de saúde preventiva, valorização do meio ambiente, limpeza do Rio das Pedras, coleta seletiva de lixo e atividades esportivas.

Carnavalesco Wenderson Silva

quarta-feira, 26 de maio de 2010

Sinopses 2011 - São Clemente



Conselho Deliberativo da Criação Divina
Lá longe e tão perto, eternizado em nossos corações, está Deus. Dada sua condição especial, onipresente e divino, Ele convoca todos os santos, anjos e arcanjos e institui o Conselho Deliberativo da Criação Divina. Transforma-os em incansáveis missionários para construir o mundo dos homens em sete dias. E afirma: - Dos sete, utilizarei dois para criar uma cidade admirável, esculpida pela própria natureza.

Em seguida, chama por São Clemente e São Sebastião e ordena-os:
- Vocês serão responsáveis pela obra desta "cidade única". Descerão da criação divina ao plano material, levando o sopro à vida. Distribuirão mistérios por uma terra abundante de frutos, pássaros e peixes. Belas, igualmente únicas e belas, serão suas paisagens e suas águas cristalinas "azuis como a cor do mar". E ao término do cumprimento de minha ordem divina chamem-na de E Deus fez a Maravilha. Contudo, antes de partirem, o criador de todas as coisas designou os anjos Ariel, Gabriel e Raphael para a tarefa de fiscalizar as obras e a vida na cidade única por Ele planejada.

Rio: um porto desejado!
A Maravilha de Deus é contemplada.
Os fenícios podem ter sido os primeiros que aqui chegaram. Eles vislumbram um "Rio Alado". Algumas inscrições gravadas no alto da Pedra da Gávea permitem fantasiar sobre esta versão indubitavelmente mágica em sintonia com a natureza.

O Rio torna-se alvo irresistível para os navegadores portugueses e franceses, que ávidos da majestosa natureza, travam batalhas por seu valor inestimável.
Deus percebendo a cobiça e o crescente desejo pelo domínio de sua menina dos
olhos promove São Sebastião a santo padroeiro da cidade. Credita-se a São Sebastião, o bem-aventurado, parte do nosso futuro sucesso como cidade. Dada a batalha final, é ele quem surge na visão do consciente imaginário português motivando-o a vencer e expulsar os invasores, fundando-se a Cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro.

Império Tropical
Vendo através dos olhos dos homens, o nosso divino arquiteto dá condições à vida...
A Família Real desembarca no Rio de Janeiro. É a época da política do "Ponha-se na Rua", nome dado, com senso de humor, pelos cariocas, que se inspiravam nas iniciais "PR", de Príncipe Regente, que eram gravadas na porta das casas requisitadas para os nobres portugueses.

A Divindade transforma-se em uma realidade histórica. É a fonte cristalina das águas do Rio carioca. Suas águas correm, suprem as necessidades de abastecimento e chegam aos homens. Tornam-se as águas do Rio, dos escravos agueiros, dos caminhos dos aquedutos, das mães-d´água: das bicas públicas, dos chafarizes, das casas dos nobres.

Águas que molham o canto das lavadeiras nos riachos e atiçam o imaginário carioca: mulheres que delas bebiam ficavam formosas e os homens recuperavam o vigor físico. Seguindo o caminho das águas do Rio, a sabedoria divina é observada na natureza. Emerge da terra macia e fértil uma deslumbrante floresta urbana. Depois de emitidos os relatórios pelos anjos consultores de Deus, visando garantir a comunhão entre a natureza e a cultura dos seres humanos, conclui-se a Floresta que se denominou Floresta da Tijuca. Não obedecendo à ordem existente, o homem, nela, cultivou o plantio do café. A cafeicultura se espalhou rapidamente por grande parte do Maciço da Tijuca, ocasionando forte desmatamento, o que levou os barões e os senhores do café, os nobres e a crescente população da capital do Império a sentirem a ira de Deus.

Como resposta, atribui aos homens consequências desastrosas como as severas secas que atingiram o Rio de Janeiro, criando um problema periódico de falta d’água para a cidade carioca. Como se não bastasse, o governo imperial foi responsabilizado por um programa emergencial de preservação dos mananciais e do replantio das árvores da Floresta da Tijuca, seguido das desapropriações das fazendas cafeeiras da região.

Em contrapartida, o governo propôs o cultivo de um jardim, com o intuito de estimular a aclimatação e a cultura de especiarias exóticas vindas das Índias Orientais. A fluida terra desse jardim, nomeado, inicialmente, de Real Horto, Real Jardim Botânico e, finalmente, de Jardim Botânico do Rio de Janeiro, semeou-se de novas opções de plantio.

Nele, a mão de obra chinesa foi utilizada para testar a receptividade do solo carioca ao cultivo do chá. Contudo, diante da experiência marcada pelo insucesso, os chineses foram aproveitados para abrir uma via carroçável. Nesta obra, teriam feito seu acampamento onde hoje está localizada a Vista Chinesa, dando origem desta maneira a um dos mais belos mirantes da cidade do Rio.

Modernismo Carioca
São Clemente e São Sebastião, após se reunirem com os anjos fiscais das obras divinas, chegam à conclusão que devem, mesmo sabendo da conformação geográfica da cidade (constituída de elevações, lagoas e pântanos), encaminhar, para a aprovação do Conselho Deliberativo da Criação Divina, o programa urbanístico do engenheiro e prefeito Pereira Passos, que visa transformar a antiga cidade imperial em uma metrópole cosmopolita.

Sob esta ação, inicia-se no centro carioca uma grande intervenção. Em pouco tempo as picaretas do progresso abrem à cidade as vias da modernidade. Construção de grandes e largas avenidas, de praças e jardins; revitalização do cais do porto e arborização da Avenida Beira-Mar.

Entre planos estratégicos, riscos e traços, o Rio civiliza-se e é "rebatizado" de Cidade Maravilhosa. Conta-se, inclusive, que nessa época, Deus para proteger os seres aterrados, nomeou São Jorge como General da Guanabara. E salve Jorge!

Os princípios do projetar moderno, contudo, somente são aplicados nas décadas
seguintes pelo estudo urbanístico do arquiteto Alfred Agache e dos projetos do
arquiteto-paisagista Roberto Burle Marx que, entre outros, assina o projeto paisagístico do Parque do Flamengo.

Nesse contexto de grandes transformações, os belos cenários urbanos projetados e ordenados pelos novos meios técnicos do homem conjugam harmoniosamente as paisagens do Rio, possibilitando uma gestão cultural à altura do que a cidade única idealizada por Deus merece.

Música: a paisagem do Rio
A música é um dom divino. O som está por toda parte. É pura ilusão achar que a
natureza é silenciosa.
A paisagem do Rio de janeiro situa-se no horizonte musical do carioca Villa-Lobos, que incorporou o folclore brasileiro às seduções urbanas do Rio de Janeiro; e no repertório original da pianista Chiquinha Gonzaga, autora da primeira marcha carnavalesca "Ô Abre-Alas".

Sobre as formas populares situa-se nos "chorões" das composições de Pixinguinha e nos aspectos mais descontraídos como o samba e todas as músicas de inspiração rítmica, que descem dos morros e interagem com a cidade. A Bossa Nova, o mais carioca dos estilos musicais, é o Rio que inspira "no doce balanço a caminho do mar". É a paisagem musical que canta a paixão do carioca pelo Rio, a benção divina que, de braços abertos, ilumina a vida, a diversidade de cores e de sabores, de flertes e de olhares, e de muitos amores.
A Bossa Nova gira em 78 rotações e redescobre o Rio de Janeiro. Universaliza,
revoluciona, rompe fronteiras e leva a música do Brasil aos quatro cantos do mundo.

Rio Cidade!
Muito antes, o divino criador já anunciava: é preciso ter fé e redenção.
Cuidados com a cidade para sua preservação... Mais de 400 anos se passaram e a cidade única planejada por Deus é dominada pela Lei do mais forte, "que dita as normas e causa algumas imperfeições à cidade".

Não se vê mais o todo: a vida, as águas, a terra. A cidade cresce desordenadamente. O Homem autoriza, polui, e a "pobreza" chancela a construção em terras invadidas e em áreas inadequadas. As consequências são drásticas! Salve-se quem puder. Engarrafamentos, enchentes, deslizamentos, lixo, injustiças sociais e epidemias.

Esses efeitos chamam a atenção do nosso divino arquiteto, que intervém lançando um desafio para a cidade: no lugar do "progresso" e do crescimento ilimitado, hostil para a natureza do Rio, devem-se convocar todos os engenheiros, arquitetos e paisagistas e criar um grande planejamento para a reconstrução urbana da cidade. Isto porque, o Rio haverá de ser o responsável pela realização de dois grandes eventos mundiais.
Eis o meu desafio para garantir as condições de continuidade à vida nesta cidade.
Ser Carioca é...
Ser abençoado por Deus e bonito por natureza.
Ser carioca ou não, é se reconhecer na paisagem do Rio, nos seus morros, na sua
geografia humana e nos seus estados de espírito.
Ser carioca é sermos nós. São nossas manifestações, nossos costumes, nosso sotaque, nosso jeito de ser e nossa alegria de sermos lembrados e vistos em diversos pontos do mundo.
Ser carioca é manter a aliança divina, quando contemplamos a beleza de um pôr do sol.
É uma explosão de cores. São encantos mil. É ser blasé com a própria rotina, é sorrir para o surreal, confiando nos próprios instintos.
É ser patrimônio cultural e observar a cidade em 360 graus.
Contudo, ser carioca é torcer pela carioquíssima São Clemente, é ser o Rio que eu canto e exalto, o mesmo Rio que Deus protege e cuida lá do alto.

Créditos:
Carnavalesco: Fábio Ricardo
Pesquisa e texto: Marcos Roza
Idéia original: Mauro Chaves
Desenvolvimento do enredo: Fábio Ricardo e Marcos Roza
Revisão e copidesque: Márcia Rinaldi

Bibliografia consultada:
BOFF, Leonardo. Uma declaração: os Direitos da Mãe Terra. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 3 de mai. 2010, p. A11.
COLASANTI, Marina; PINHEIRO, Augusto Ivan de Freitas. Rio de Janeiro 360º. Rio de Janeiro: Priuli & Verlucca editori, 1997.
LODI, Maria Cristina Vereza. Dossiê da Candidatura do Rio de Janeiro a Patrimônio Mundial, na categoria "Paisagem Cultural" - IPHAN, dez. de 2009.
NEVES, Margarida de Souza. A Cidade e Paisagem. In: MARTINS, Carlos (org). Paisagem Carioca. Rio de Janeiro, MAM, 2000.

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Sinopses 2011 - Unidos da Vila Kennedy



Em tempos primórdios Y-Tinga...

Em meados do século XVII, ao iniciar o desbravamento do atual território de Itaguaí, quando os índios da ilha de Jaraguamenon se transferiram para ilha de Itacuruçá. Mais tarde e acolhidos pela natureza atravessam para o continente onde se fixaram entre os rios Tinguaçu e o Itaguaí. Nesse local tempo depois chegaram os missionários da companhia de Jesus para iniciar sua catequese. E num rito de entre deuses e santos da igreja católica, a lua acariciava as ondas do mar e banhava de luz a densa floresta. Desejosos de doutrinar, esses pregadores em missão instalaram-se próximo ao citado local onde construíram um aldeamento chamado de Taguay, devido ao fato de os índios obterem água potável de poços abertos em lugares argilosos (Taguá = barro, Y - água). Harmoniosamente esses elementos da natureza contavam a história do lugar através do barro que, segundo a Bíblia deu origem ao homem e da água que é fonte da vida e senhora da terra. Águas de Iemanjá e Oxum. Águas de batismo nas cachoeiras. Água de parto e água de beber. Água doce e salgada, das matas e igarapés.

Os Jesuítas construíram uma igreja neste local para catequizar os índios. Com o passar do tempo os missionários se mudaram para a Fazenda de Santa Cruz e deixaram o povoamento indígena.

A tribo dos Y-tingas se desenvolveu, prosperou e passou a rechaçar a colonização dos Jesuítas, o que produziu vários conflitos. Num deles, um pequeno índio de aproximadamente 10 anos foi ferido e pego pelos portugueses, sendo batizado com o nome de José Pires Tavares.

Tavares cresceu entre os colonos, mas sempre pensou em defender seu povo. Quando completou 30 anos, já casado com uma índia, embarcou rumo a Portugal buscando uma carta de proteção para aldeia Y-tinga junto à Coroa Portuguesa. Ironicamente recebido no Paço Real pela Rainha Dona Maria I.

Os colonos, sabendo da alta chance de o indígena conseguir a proteção régia, não perderam tempo: atacaram a aldeia durante sua viagem, não distinguindo sexo ou idade. Os sobreviventes foram em embarcações furadas, lançados ao mar, morrendo todos afogados. Quando José Tavares retornou de Portugal com a carta de proteção, não havia mais o que ser protegido: a tribo dos Y-tinga estava extinta.

Após a barbárie, foi fundada pelos colonos a Vila de Itaguaí, que passou a ser uma rota de viagem padrão para os viajantes, em suas idas e vindas para São Paulo e para Minas Gerais, o chamado "Caminho do Ouro" devido ao terreno pouco acidentado e transitável durante todo o ano. Por volta de 1725, iniciou-se a construção deste caminho que ligava o Rio de Janeiro à São Paulo com o objetivo de encurtar a viagem exaustiva e perigosa que era feita por mar de Paraty ao porto do Rio, pois habitavam na Ilha Grande uma grande quantidade de corsários que assaltavam as embarcações que por ali passavam, o que quase sempre representava prejuízos à Coroa Portuguesa.

Foi iniciada a construção de um novo templo dedicado a São Francisco Xavier. E a mesma continua sendo a matriz de Itaguaí.

Itaguaí passou a categoria de Paróquia. A atividade econômica de praticamente toda região costeira incluindo Itaguaí eram as plantações de cana de açúcar. Pois as lágrimas da tribo dos Y-tingas que encharcaram a terra tornaram o solo pronto para a semeadura de cana que adoçou a terra e anunciou a prosperidade do lugar. Suas terras férteis proporcionaram uma vida rural e comercial bastante vigorosa.

Em meados do século XVIII, na famosa viagem onde seria dado o Grito de Independência do Brasil, Dom Pedro I parou na Vila de Itaguaí para pernoitar, alimentar e saciar seus cavalos. E o Imperador do Brasil D. Pedro I pisou solenemente no solo de Itaguaí de onde quem sabe veio a grande inspiração para o seu forte brado "Independência ou Morte!"

Cidade de Itaguaí, evolução...

Depois da independência do Brasil, Itaguaí desenvolveu a sua agricultura sendo em tempos diversos o maior produtor de milho, quiabo, goiaba, laranja e banana do Brasil.

Recebeu inicialmente o uso de trabalho escravo de negros; após ser assinada a Lei Áurea e proclamada a libertação dos escravos, os mesmos saíram dessas terras; e obrigando assim gradualmente a substituição para mão de obra estrangeira, mais especificamente de Japoneses, e em menor números de Alemães. Ainda hoje é uma das maiores colônias japonesas do estado do Rio de Janeiro. Solo rico e terra tratada e amada por índios, negros e por mãos de pessoas de além-mar.

Em 1844 foi fundado o distrito de Seropédica cujo nome deriva de sericultura - criação do bicho da seda. Foi o inicio da primeira Fábrica de Tecidos de Seda do Brasil, tendo sido distrito de Itaguaí durante muitos anos.

Como um dos marcos dessa nova evolução foi construído um chafariz, pequena construção que abrigava uma fonte de água potável e que servia a todos os viajantes de passagem por Itaguaí. O grandioso prédio pertence ao patrimônio histórico da cidade nos dias de hoje.

Itaguaí ainda abrigou o nascimento de algumas pessoas importantes em nosso cenário histórico como: Quintino Bocaiúva - jornalista e político, Barão de Teffe - militar e geógrafo e Luiz Norton Barreto Murat , fundador da 1ª cadeira da Academia Brasileira de Letras, grande paisagista. É arte escrevendo sua página na história de Itaguaí

Itaguaí ampliava suas atividades agrícolas e exportava seus produtos. Produzia cereais, café, açúcar, farinha e aguardente.

Uma das bibliotecas mais antigas do Brasil foi fundada em Itaguaí; nela constam livros doados por D.Pedro II e nesse período ela chegou a possuir 2.500 livros. O livro da história de Itaguaí contou com histórias de tantos outros livros doados por D. Pedro para ilustrar a mente dos filhos ilustres que tornaram-se cidadãos do mundo, que escreveriam junto aos seus feitos a história do Brasil.

O transporte de tração animal fazendo ligação entre Itaguaí e Santa Cruz foi também inaugurado neste período. Porém, mãos ocidentais cultivam o plantio até a presente data e unidos Brasil e Japão pela força da terra, que germinou e floresceu a amizade entre continentes.

Como a região era inteiramente dedicada á agricultura e dependente do trabalho escravo, com a abolição da escravatura a cidade sofreu um grande abalo. Como os escravos partiram imediatamente após a assinatura da Lei Áurea, os proprietários perderam suas colheitas, (além de ter perdido o capital investido na compra desses escravos) já que não haviam providenciado colonos para substituir os escravos. E ficando assim obrigados a substituir gradualmente para mão de obra estrangeira, mais especificamente de Japoneses, e em menor números de Alemães. Ainda hoje é uma das maiores colônias japonesas do estado do Rio de Janeiro.

Após o fim das atividades na fabrica de seda, construíram a Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro no distrito de Seropedica. Trazendo o desenvolvimento educacional para região.

Com a chegada desses imigrantes Japoneses, que deixavam o estado de São Paulo, vindo se instalar em Itaguaí e com seu trabalho e conhecimento da agricultura incrementaram a lavoura nesse território contribuindo para o saneamento das Áreas agrícolas.

Itaguaí: A cidade do Porto...

A cidade progrediu a partir dos anos 60 tornando-se um município com características industriais, com a inauguração de algumas empresas nucleares, como a Nuclep e Usina de Itaguaí.

Itaguaí, hoje, é um município em grande crescimento. A Companhia Siderúrgica do Atlântico, localizada em Santa Cruz, bairro do Rio vizinho à cidade, promete dinamizar a economia local, além do Porto de Itaguaí. Novos portos, privados, estão por se instalar na cidade, além de estaleiro civil a militar. A Marinha brasileira pretende construir submarinos em Itaguaí, inclusive atômicos, em parceria com o governo Frances e estabelecer uma base naval.

Dentre as obras realizadas para melhoria do transporte na região, estão as obras do Arco Rodoviário do Rio de Janeiro, que vai ligar o Porto de Itaguaí ao trecho da BR 101 em Itaboraí, contornando a Baia de Guanabara.

A cidade de Itaguaí hoje tem como um dos seus principais atrativos turísticos, apesar de não possuir os mesmo potencial de turismo que os outros municípios da Costa Verde, as praias da Ilha da Madeira, Coroa Grande e a Ilha do Martins são muito visitadas principalmente no verão. E, apesar de incipiente, Itaguaí oferece diversas atividades ligadas ao ecoturismo. Dentre elas, caminhadas e banhos de cachoeira como a dos rios Mazomba, Itinguçú e Itimirim.

Itaguaí das águas doces dos rios e cachoeiras onde cantam Iaras que vêm encantar pescadores e brincarem nas margens, enquanto o luar prateado vem azulado e prateado serpentear nas areias.

A Expo Itaguaí é o maior evento popular realizado na cidade, que ocorre no mês de julho, que é uma exposição agropecuária da região que inclui comidas típicas, e shows diários com ritmos variados.

O Porto tinha o seu nome original, Porto de Sepetiba, por conta da baia onde ele se situa, a baia de Sepetiba, porém havia alguma confusão nesse caso, pois Sepetiba é também o nome de um bairro da cidade do Rio de Janeiro; que fazia algumas pessoas pensarem que o porto se situava no bairro de Sepetiba (que também é costeiro e esta situado na mesma baía) e causava aos moradores de Itaguaí um certo descontentamento, pois era interessante ter uma associação direta entre o nome da cidade e sua maior fonte econômica. Segundo um projeto de lei sancionado pelo atual Presidente da Republica, o Porto passou a se chamar "Porto de Itaguaí"; e tornando assim "Itaguaí, Cidade do Porto".

Ah, Itaguaí, cidade de tantos encantos,
Recanto de sonhos e realizações,
Espelho e retrato de uma gente por demais importante
à história da região,
tão fundamental
no desejo de ser em potencial
brasileiro na raça e cor
do negro e do índio,
e integrar-se a outros povos do mundo.
Itaguaí das artes e das culturas,
das grandes obras de siderurgia,
do progresso e do crescimento,
Itaguaí das águas e da exuberância.

Itaguaí, sois vós a grande dama dos salões
que sorris à memória e ao futuro de um Brasil belo e digno, ao Mundo.

Itaguaí,
Berço de nomes históricos.
Itaguaí,
Terra de homens heróicos.
O seu clima faz viver seu céu de anil,
Tudo isso quer dizer
Brasil! Brasil! Brasil!

Poética do texto: Elenira Vasconcellos (escritora e poetisa)
Carnavalesco Cláudio Fontes

Samba da Escola - Acadêmicos da Abolição



Estampando as cores verde e branco, a agremiação da Abolição começou recentemente sua história como escola de samba. Sua trajetória começou em 1993, quando desfilou pela primeira vez com o enredo "Bons ventos nos trás". Nos anos de 1995 e 1996 desfilou no grupo B, o mais alto grupo que conseguiu alcançar. O terceiro lugar em 95, com o enredo "Crescendo e aprendendo" é a melhor colocação de sua história. Nos últimos oito anos, a Abolição desfilou pelo grupo C, obtendo boas posições mas nunca suficientes para a sua ascenção.

Poucos áudios dos sambas da escola podem ser encontrados. Não há grandes destaques na safra, mas são obras razoáveis que, apesar da falta de qualidade técnica, mostraram-se funcionais para os desfiles. Entre os destaques está o samba de 2006, "Na Terra, na água, no fogo, no ar os espíritos da natureza clamam pela vida", sobre a preservação da natureza, um dos melhores da escola, com destaque para sua melodia. Também é muito bom o de 2009, "Rio São Francisco, um tanto pai, um tanto mestre, um tanto santo", que tem letra muito bonita e melodia qualificada, apesar de algumas falhas.

O samba de 2010 é o mais encorpado, aliando letra razoável, com bons momentos, e melodia muito bem feita. A melhor parte da obra é o refrão do meio. "Naveguei, naveguei, um paraíso encontrei!" foi o enredo da escola. Um tema batido: o descobrimento do Brasil, mas que rendeu uma bela composição e uma boa apresentação para a Abolição. Mais uma vez chegou perto de subir de grupo, ficando na sexta posição. Alguns termos da letra do samba não foram identificados, pois tive que transcrevê-la diretamente do áudio do samba, já que não a encontrei. Também não sei quem são os compositores.



Enredo: Naveguei, naveguei, um paraíso encontrei!
Compositores: Pedro Paulo, Miguelzinho PQD, Sandrinho do Beco e Zé Neguinho

Que maravilha
Bons ventos mudaram o rumo da navegação
Belo santuário de beleza, que fascinação
Terra à vista, seduziu os olhos do navegador
Vendo de suas caravelas
Um cenário multicor
Fauna e flora, nativos do lugar
Caminha tudo via sem deixar nada faltar
Relatando com destreza as maravilhas do lugar
Naveguei, naveguei, um paraíso encontrei

São seres gigantes, estrelas do mar
Cavalos marinhos a me deslumbrar
Se o mar tem segredos, eu vou desvendar
O encontro das águas a me iluminar


Piratas, pirataria
Acabando com as belezas naturais
O tratado se dizia só no nome
E a colonização sentia a resistência do lugar
Mas a esperança continua
De ver tudo isso mudar
A nossa natureza é vida
E a Abolição traz pra avenida
Este alerta popular

Um grito forte ecoou
Sou índio, valente, guerreiro, vou lutar
Vou proteger nossa terra, chega de devastação
Minha bandeira em nome da preservação


Link para baixar o samba:
http://www.4shared.com/audio/lBDf3nLz/Abolio_2010_-_Naveguei_navegue.html

Outros sambas da Acadêmicos da Abolição:
http://www.4shared.com/dir/sfMM18fn/sharing.html

A partir de hoje os demais sambas das escolas poderão ser todos encontrados neste link. Dessa forma, fica mais fácil o acesso aos sambas de escolas que já possuem postagens, além de não ser necessário atualizações das mesmas quando novas obras forem adicionadas. Os sambas estão bem organizados, com o nome da escola, ano e enredo.

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Vai-e-Vem (parte 6)


Desfile da Unidos da Tijuca de 2010 - "É Segredo!"

GRANDE RIO
Sai o mestre-sala Sidcley
Sai a rainha de bateria Paola Oliveira
Entra o mestre-sala Luiz Felipe
Entra a rainha de bateria Cris Vianna

BEIJA-FLOR
Sai a coreógrafa Ghislaine Cavalcante
Entra o carnavalesco Victor Santos

VILA ISABEL
Sai o carnavalesco Alex de Souza
Entra a carnavalesca Rosa Magalhães
Entra o carnavalesco Junior Schall

SALGUEIRO
Sai o mestre-sala Ronaldinho
Entra o mestre-sala Sidcley

MANGUEIRA
Sai o carnavalesco Jaime Cezário
Sai o carnavalesco Jorge Caribé
Entra o carnavalesco Mauro Quintaes
Entra o carnavalesco Wagner Gonçalves

IMPERATRIZ LEOPOLDINENSE
Sai o carnavalesco Max Lopes
Sai o diretor de harmonia Chico Branco
Sai a coreógrafa Regina Sauer
Entra o diretor de harmonia Guilherme Nóbrega
Entra o coreógrafo Alex Neoral

PORTELA
Sai o carnavalesco Alex de Oliveira
Sai o carnavalesco Amauri Santos
Sai o coreógrafo Henrique Talmah
Entra o carnavalesco Roberto Szaniecki
Entra o coreógrafo Marcio Moura

PORTO DA PEDRA
Sai o diretor de carnaval Guilherme Nóbrega
Entra o diretor de harmonia Luiz Carlos
Entra a porta-bandeira Cíntia

UNIÃO DA ILHA
Sai a carnavalesca Rosa Magalhães
Entra o carnavalesco Alex de Souza
Entra o coreógrafo Roberto Lima
Entra o diretor de harmonia Almir Frutuoso
Entra o mestre-sala Ronaldinho
Entra a porta-bandeira Patrícia Gomes

SÃO CLEMENTE
Sai o carnavalesco Mauro Quintaes
Entra o carnavalesco Fábio Ricardo
Entra o diretor de tamborins Mestre Ricardinho

VIRADOURO
Sai o carnavalesco Junior Schall
Sai o mestre de bateria Jorjão
Sai o diretor de carnaval Saulo Tinoco
Sai o coreógrafo Sérgio Lobato
Sai o presidente Marco Lira
Sai o intérprete Wander Pires
Entra o carnavalesco Jack Vasconcelos
Entra o mestre de bateria Pablo

INOCENTES DE BELFORD ROXO
Sai o carnavalesco Roberto Szaniecki
Sai a porta-bandeira Priscila
Entra o intérprete Celino Dias

SANTA CRUZ
Sai a porta-bandeira Cíntia

IMPÉRIO DA TIJUCA
Sai o carnavalesco Jack Vasconcelos
Sai o coreógrafo Júnior Scapim
Entra o carnavalesco Severo Luzardo
Entra o diretor de carnaval Sérgio Costa

IMPÉRIO SERRANO
Sai o intérprete Bira Silva
Sai o intérprete Djovaci do Império

CAPRICHOSOS DE PILARES
Sai a porta-bandeira Denadir

RENASCER DE JACAREPAGUÁ
Sai o mestre-sala Marquinhos
Sai a porta-bandeira Andreia
Sai o diretor de carnaval Luiz Carlos
Entra o carnavalesco Edson Pereira

CUBANGO
Sai o carnavalesco Milton Cunha
Sai o diretor de harmonia Robertinho Maciel
Entra o carnavalesco Jaime Cezário
Entra o diretor de carnaval e harmonia Jorginho Harmonia

ROCINHA
Sai o presidente Maurício Mattos
Sai o carnavalesco Fábio Ricardo
Entra o presidente Déo Pessoa
Entra o carnavalesco Luis Carlos Bruno
Entra o coreógrafo Sérgio Lobato

UNIDOS DE PADRE MIGUEL
Sai o intérprete Edson Carvalho
Sai o carnavalesco Guilherme Alexandre
Entra o carnavalesco Marcus Ferreira

PARAÍSO DO TUIUTI
Sai o mestre de bateria Ricardinho
Sai a porta-bandeira Lívia
Entra o mestre de bateria Jeferson

ARRANCO
Sai o carnavalesco Severo Luzardo
Entra o diretor de carnaval Marquinhos do Toldo
Entra o carnavalesco Sandro Gomes
Entra o carnavalesco Walter Guilherme
Entra a carnavalesca Morgana Bastos
Entra o intérprete Nino do Milênio

UNIÃO DE JACAREPAGUÁ
Entra o diretor de carnaval Ricardo Fernandes

TRADIÇÃO
Sai o carnavalesco Sandro Gomes

LINS IMPERIAL
Sai o carnavalesco Jorge Caribé
Entra o carnavalesco Alex de Oliveira
Entra o carnavalesco Lane Santana
Entra o presidente Amendoim do Samba
Entra o intérprete Lequinho

MOCIDADE DE VICENTE DE CARVALHO
Sai o carnavalesco Marcus Ferreira

JACAREZINHO
Sai o carnavalesco Alex de Oliveira
Entra o carnavalesco Eduardo Gonçalves
Entra o diretor de carnaval Flávio Mello

INDEPENDENTE DE SÃO JOÃO DE MERITI
Entra o mestre-sala Jorge Luiz Valle

VIZINHA FALADEIRA
Sai o mestre de bateria Ronaldo
Sai o intérprete Lico Monteiro
Entra o mestre de bateria Polinho
Entra o intérprete Rafael Santos
Entra a coreógrafa Renata Monnier
Entra o carnavalesco Leandro Santoro
Entra o o mestre-sala Júnior Almeida
Entra o diretor de harmonia Dias

EM CIMA DA HORA
Entra o coreógrafo Carlinhos de Jesus
Entra a diretora de harmonia Jackeline Nascimento
Entra o mestre de bateria Claudinho

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Sinopses 2011 - Alegria da Zona Sul



Assim como o vento que sopra e ninguém vê, o tempo passa transformando tudo, às vezes sem ninguém notar...
O que fica é o que o vento traz e o tempo nos deixa impressos a sabedoria e o conhecimento vindos de outras épocas, como que trazidos pelo vento...

Foi assim que cheguei nestas terras: trazida pelo vento. Venho de outra época para deixar aqui um relato de minha missão. Vim predestinada: descendente de africanos, nascida em Salvador, escolhida pelos orixás. Chamo-me Eugênia Anna Santos - Mãe Aninha. Vou contar a todos minha história, que começa muito antes de meu nascimento...

Há muitas gerações passadas, em tempos incontáveis, havia uma terra chamada Oyó. Lá havia um rei. Xangô era rei de Oyó. O mais temido e respeitado de todos os reis. Mesmo assim, um dia, seu reino foi atacado por um grande número de guerreiros que invadiram sua cidade violentamente, destruindo tudo, matando soldados e moradores numa tremenda fúria assassina. Xangô reagiu e lutou bravamente durante semanas.

Um dia, porém, percebeu que a guerra tornara-se um caminho sem volta. Já havia perdido muitos soldados e a única saída seria entregar sua coroa aos inimigos. Resolveu então procurar por Orunmilá e pedir-lhe um conselho para evitar a derrota quase certa. O adivinho mandou que ele subisse uma pedreira e lá aguardasse, pois receberia do céu a iluminação do que deveria ser feito. Xangô subiu e, quando estava no ponto mais alto do terreno, foi tomado de extrema fúria. Pegando seu Oxê, machado de duas lâminas, começou a quebrar as pedras com grande violência. Estas, ao serem quebradas, lançavam raios tão fortes que em instantes transformaram-se em enormes línguas de fogo que, espalhando-se pela cidade, mataram uma grande quantidade de guerreiros inimigos. Os que restaram, apavorados, procuraram os soldados de Xangô e renderam-se imediatamente pedindo clemência.

Levados à presença do rei, os presos elegeram um emissário para servir-lhes de porta-voz. O homem escolhido foi logo se atirando aos pés de Xangô. Reclinando-se, pediu perdão. Humilhando-se, explicou que lutavam, não por vontade própria e sim forçados por um monarca, vizinho de Oyó, que tinha um grande ódio de Xangô e os martirizava impiedosamente. Xangô, altamente perspicaz, enxergou nos olhos do guerreiro que ele falava a verdade e perdoou a todos, aceitando-os como súditos de seu reino. Foi assim que ele ficou conhecido como o orixá justiceiro, aquele que perdoa quando defrontado com a verdade, mas que queima com seus raios os mentirosos e delinqüentes.

Após o desaparecimento do lendário rei Xangô e sua transformação em orixá, seus sacerdotes se reuniram a fim de perpetuar sua memória. Esses ministros, antigos reis, príncipes ou governantes de territórios conquistados pela bravura de Xangô, não quiseram deixar extinguir a lembrança do heroi na memória das gerações futuras.

Formou-se, assim, um conselho encarregado de manter vivo o culto ao rei de Oyó, organizado com os doze ministros que o tinham acompanhado em terra: seis ao lado direito e seis ao lado esquerdo. Seis para condenar e seis para absolver.

Esta história eu ouvi desde muito cedo, assim como outras, como, por exemplo, a chegada de meus antepassados aqui no Brasil...

Em suas mãos, sob suas unhas, restava, ainda, um pouco da terra da Mãe África; em seu peito a dor, a solidão, o medo e a incerteza. Em seu olhar o vazio. Atravessando o mar tenebroso rumo ao desconhecido, enfrentando tormentas sob condições desumanas. Para muitos a vida, longe da terra mãe, já não valia a pena. Os que aqui desembarcaram vieram sob o acalento da mãe do mar. Trouxeram em sua alma a saudade e junto com a saudade um tesouro que ninguém poderia tirar: sua cultura. Graças aos orixás encontraram forças para suportar tamanha injustiça.

Muitas histórias eram contadas no frio da senzala. Nasci em tempo de escravidão, porém nasci livre, escolhida por Xangô, pois trazia no peito o fogo sagrado daqueles que têm sede de justiça. Fui iniciada no culto da nação Ketu por Dona Marcelina de Xangô, no Candomblé do Engenho Velho, apesar de meus pais serem descendentes da nação Gurunsi.

Foi assim que recebi o nome de Obá Biyí, que quer dizer "Xangô Nasceu aqui, nesta terra". Conheci um Brasil em formação, Brasil de preconceitos e injustiças, Brasil onde as raças estavam se misturando e a cultura negra era marginalizada.
Como Iyalorixá fundei o Ilê Axé Opó Afonjá - "Casa de Força Sustentada por Afonjá" (uma das doze qualidades de Xangô). Estava dando o primeiro passo para a realização de minha missão... Entretanto, ainda havia muito a ser feito. A missão divina de transformar o mundo através dos ensinamentos dos orixás ainda estava longe de acontecer, pois queria ver meus descendentes espirituais "usando anéis de doutores" aos pés de Xangô.

Foi assim que, auxiliada pelo Babalaô Martiniano Eliseu Bonfim, elo de ligação do Opó Afonjá com a Nigéria, instituí, no Novo Mundo, o Corpo dos Obás ou Doze Ministros de Xangô, responsáveis pelo destino civil e religioso do Ilê, sendo inspirados e guiados pela sabedoria do grande rei de Oyó.

Os doze obás são divididos em duas falanges: seis da direita (Qtun) e seis da esquerda (Ósi), representando os dois lados da justiça, assim como o Oxê, machado de duas lâminas de Xangô. Os obás da direita têm direito à voz e voto, os da esquerda, à voz. Os obás são especialmente chamados de "pai" pelos filhos de Xangô e sentam-se ao lado da Iyalorixá, como ministros ao lado de seu rei. Têm a missão de preservar as tradições religiosas e lutar pelo crescimento e pela respeitabilidade da religião africana.

Missão cumprida, eis que chegou a hora.... o momento em que Icú - "a morte" - me levaria para Orum - "o lugar de eterno recomeço" - para juntar-me ao meus dignos ancestrais. Do alto acompanho meu Ilê, meu legado, meus filhos... Assim como Xangô, o rei de Oyó, zela por seu povo do alto da pedreira...

Sigo em paz, ciente que meu trabalho teve continuidade através da luta incansável e abnegada de minhas sucessoras: Mãe Bada, Mãe Senhora, Mãe Ondina e Mãe Stella, sacerdotisas escolhidas pelos orixás após minha partida. Através de seus esforços o Ilê Axé Opó Afonjá prosperou e completou 100 anos de existência, possuindo, hoje, além da escola municipal, o Museu Ilé Ohun Lailai - "Casa das Coisas Antigas".

Minha maior alegria foi ter visto, ao longo do tempo, grandes expoentes da cultura e da política como Dorival Caymmi, Carybé, Pierre Verger, Jorge Amado, Gilberto Gil, Antônio Olinto, Muniz Sodré, Ildásio Tavares, Antonio Luis Calmon, Camafeu de Oxóssi, Antonio Albérico Santana, Mário Cravo, Vivaldo Costa Lima, Demeval Chaves entre outros, serem iniciados como Obás de Xangô para que se tornassem a voz do "fogo e do trovão", a voz da justiça e da retidão. Protetores da cultura afro-brasileira.

Para que cada um receba apenas aquilo que por direito lhe pertença. Nem Mais, nem menos...

Como o vento meu tempo passou...Através dos doze Obás de Xangô minha obra ficou imortalizada...em honra ao Pai da Justiça. Eugênia Anna Santos - Mãe Aninha de Afonjá - Iyá Obá Biyí

Sabemos que muito trabalho resta a ser feito, mas através da proteção de Xangô conseguiremos, enfim, ter um mundo mais justo para todos os povos, com perfeito entendimento e igualdade entre todas as raças, culturas e religiões, basta que para isso cada um de nós assuma sua missão de obá da justiça, de Obá de Xangô.

Este é o engajamento da Alegria da Zona Sul para o Carnaval 2011.

JUSTIÇA!!!

No centenário de criação do Ilê Axé Opó Afonjá, levaremos esta hirstória para a avenida, fazendo com que o legado de Mãe Aninha, esta importante expoente de nossa cultura, seja conhecido por todos.

Carnavalesco Lane Santana
Departamento de Carnaval

terça-feira, 11 de maio de 2010

Sinopses 2011 - Acadêmicos da Rocinha



Hoje vou mostrar, com transparência, minha longa vida de transformação ao lado do Homem. De lendas criadas sobre minha descoberta à datação de peças achadas em escavações arqueológicas e, principalmente, todas as mudanças que minha existência proporcionou ao dia a dia do ser humano.

Conta a lenda que nasci de uma alquimia acidental, quando numa fogueira feita por fenícios, sobre a areia, foram depositadas pedras de sílica que junto com o fogo fez na manhã seguinte um líquido viscoso escorrer desta fogueira. Esse, ao esfriar, cristalizou-se como uma pedra preciosa encantando os mercadores. Minha existência é milenar. Achados arqueológicos indicam o meu uso em peças pequenas de bijuteria e decoração.

Adornei faraós, enfeitei suas tumbas e guardei produtos de beleza de reis e rainhas em formas ainda rudimentares. Fui desejado por impérios e comercializado como jóia. Em terras egípcias, os fornos foram aquecidos por foles que aumentaram minha temperatura, facilitando o meu manuseio. Fui soprado como um balão e deram formas novas a meu existir. Levado ao ocidente, por romanos conquistadores que, com técnicas mais apuradas, moldaram a arte de me criar.

Na Idade Média, narrei histórias religiosas para seus fiéis em mosaicos coloridos que adornavam as catedrais. Com o meu amadurecimento, fui misturado e modificado. Adicionando chumbo, virei cristal e, pintado com prata, refleti a imagem deste criador. Ao lado do ouro, decorei os mais lindos castelos e me tornei um precioso artigo de ostentação para nobres.

Com a areia escorrendo dentro de mim, marquei o tempo e vi a popularização do meu uso chegar às mãos dos meros mortais, ajudando a focar suas visões e a matar suas sedes. Temperaram minha alma, e deixei o mau tempo do lado de fora. Da chuva e do vento, protegi os seus passeios sobre rodas. Um brinde à vida no tilintar dos meus encontros.

O tempo todo estou ao lado de vocês, será que não percebem isso?
Minha natureza inusitada faz com que eu assuma várias formas e tenha muitas utilidades. Eu queria ter visto Thomas Edson acender sua lâmpada sem minha transparência.

A ciência e a tecnologia me impulsionam sempre à frente. A comunicação via rádio e televisão não existiriam sem que meu corpo protegesse as antigas válvulas incandescentes.

O homem enxergou o espaço e olhou para dentro de seu corpo ajustando o foco em minhas lentes, observou o microcosmo que o cerca, misturou fórmulas em meus recipientes. Dados percorrem o meu ser levando informações de alta qualidade pelo mundo, e, assim, eu sei que ainda tenho um longo caminho a percorrer com o meu inventor.

Voaremos nas asas vidradas de uma borboleta rumo ao desconhecido.

Texto: Luiz Carlos Bruno

Carnavalesco assistente: João Victor

Revisão: Hermínio Mattos Russo e Maria Gabriela Matos de Oliveira.

terça-feira, 4 de maio de 2010

Sinopses 2011 - Estação Primeira de Mangueira



Desenvolvida pela: Comissão de Carnaval

Colaboração: Sergio Cabral e Beth Carvalho

A Mangueira me chama, eu vou
Sempre fui o seu defensor
Sou um filho fiel
Á Mangueira eu tenho amor
Foi a Mangueira quem me deu apoio e fama
Até hoje ela me ama
Agora vieram me dizer
Que a Mangueira me quer ver quer me ver
(A Mangueira me chama)

A Estação Primeira de Mangueira pede passagem para afirmar, em plena Marquês de Sapucaí, que um dos maiores baluartes da sua história, Nelson Antônio da Silva, o nosso Nelson Cavaquinho, que completaria 100 anos de nascimento em 2011, está vivo e comparece a Marquês de Sapucaí, com o seu talento e a sua poesia, para dizer que o Rio de Janeiro é esta festa de criatividade porque tem filhos como ele.

E pede passagem também para contar o belo caso de amor envolvendo o poeta e a nossa comunidade. Um caso de amor que começou na década de 1930, quando Nelson Cavaquinho, carioca nascido nas proximidades da Praça da Bandeira, apareceu no Morro de Mangueira na condição de soldado da
Polícia Militar, atividade que exercia por influência do pai, Brás Antônio da Silva, tocador de tuba e contramestre da banda de música da PM. Mas, desde menino, Nelson tocava cavaquinho - e passou logo a ser conhecido como Nelson Cavaquinho - e fazia sambas e choros, razão pelo qual aproximou-se
imediatamente de Cartola (seu amigo e ídolo), Carlos Cachaça, Zé Com Fome, Alfredo Português e Zé da Zilda. Quis o destino que ele, montado em seu cavalo, tomasse o rumo da Mangueira. "Buraco quente", "Pendura saia", "Olaria" e "Chalé" passaram a ser uma espécie de extensão da casa
dele, um quintal do poeta.

Quem havia sido designado a cuidar da ordem estava envolvido na boemia e atraído pelo charme e calor de um morro que se consagrava como o mais rico canteiro de cultura popular da nossa cidade. Foi nessa época que Nelson trocou o cavaquinho pelo violão, um instrumento, por sinal, que tocava num estilo absolutamente original, com a utilização apenas do polegar e do indicador da mão direita. A troca de instrumento, porém, não alterou o pseudônimo que o consagrou, pois permanece Nelson Cavaquinho até agora, quando comemoramos um século do seu nascimento.

A boemia fez dele um personagem de grande destaque nas noites do Rio de Janeiro e também pela convivência com a fina-flor do samba mangueirense. Ele sempre impressionou os apreciadores da música popular brasileira pela capacidade de compor letras e músicas tão sofisticadas que chega a ser inacreditável que aquele homem tão simples fosse capaz de criar obras tão sofisticadas, trabalhando sozinho ou com o seu excelente parceiro Guilherme de Brito…

Nelson Cavaquinho e Cartola viveram uma experiência de grande importância na história do samba do Rio de Janeiro, quando ambos, ao lado de Zé Kéti, eram as atrações principais do Zicartola - a primeira casa de samba do Brasil e responsável pela projeção de novos valores da nossa música - Paulinho da Viola, por exemplo - e pelo retorno de sambistas que raramente se apresentavam em público, como Ismael Silva. Foi ouvindo os sambas cantados no Zicartola que Nara Leão, até então considerada a musa da Bossa Nova, decidiu gravar o seu primeiro disco com as obras daqueles compositores.

A partir do Zicartola, o Rio de Janeiro foi contemplado com a moda das rodas de sambas, com destaque para as Noitadas de Samba do Teatro Opinião. Todas as segundas-feiras apresentavam Nelson Cavaquinho como atração principal. Numa dessas noitadas conheceu a cantora Beth Carvalho.

Beth era uma menina da Zona Sul, que ia todas as segundas no teatro Opinião ver Nelson cantar. O poeta ficara muito impressionado, pois a menina sabia tudo do seu repertório… De admiradora e fã, virou sua principal intérprete e querida amiga. Assumiu, imediatamente, a condição de sua principal intérprete, incluindo um samba dele em cada disco que gravava, até que gravou um CD totalmente tomado por obras do extraordinário compositor. "Folhas secas", por exemplo, foi uma espécie de presente da dupla Nelson Cavaquinho/Guilherme de Brito para Beth Carvalho.

A Estação Primeira pretende apresentar um retrato de Nelson Cavaquinho, chamado algumas vezes de "o trovador dos aflitos". Mulheres, botequins, dor de cotovelo e até a morte são temas predominantes nos seus sambas. Certa vez, não permitiu que o relógio da sua casa passasse das duas horas da madrugada, porque sonhara que morreria naquela noite, às três horas da manhã. Nelson
sempre conviveu com a fatalidade e, por isso, sua poesia é marcada pela melancolia.

Compunha com intensa paixão para os solitários dos bares, para as mulheres sem alma, para os errantes e plebeus da noite.

Apresentamos também o boêmio de um profissionalismo um tanto ou quanto estranho, pois era capaz de pagar com músicas as compras de comestíveis para sua casa. Portanto, saibam todos que alguns dos parceiros desconhecidos, cujos nomes aparecem em suas músicas, são, na verdade, pequenos comerciantes ou feirantes e fornecedores de gêneros alimentícios para sua família. Quando estava sem dinheiro, ia até a Praça Tiradentes e vendia o produto que melhor sabia fazer, seus sambas. César Brasil, um de seus "parceiros", era gerente de um velho hotel, no Centro do Rio de Janeiro, e incapaz de compor um verso ou de tocar uma nota, em qualquer instrumento, mas entrou para a história como um dos autores de um dos mais belos samba do gênio: "Degraus da vida". Foi na Praça Tiradentes, também, que conheceu Lygia. Uma mulher sem teto e que se tornara sua companheira de copo. Nelson a considerava tanto que tatuou seu nome no braço. Muitos o criticaram por isso, então, compôs: "Muita gente tem o corpo tão bonito e a alma toda tatuada" (Tatuagem).

Enfim, apresentamos Nelson Cavaquinho ao grand complet, chamando atenção, naturalmente, para o grande caso de amor entre ele e a Mangueira, um caso que o grande compositor fazia questão de tornar público. Agora, o morro que ele tanto subiu é que desce para exaltar sua vida e sua obra. E cada componente da nossa escola vai viver intensamente a sua vida, beber da sua obra e louvar a sua alma boêmia. Seremos uma só voz! Empunhando uma só bandeira! Estação Primeira de Mangueira, com muita emoção e garra, anuncia por quem dobram os surdos de primeira.

Na manhã do dia 18 de fevereiro de 1986, aos 75 anos, morreu o homem, mas o poeta vive! Então vem, Nelson! Vem receber as "flores em vida"! Você, que sempre fora um Filho Fiel, a Mangueira o chama mais uma vez! E agora é para sempre, por que de hoje em diante, nunca mais você será chamado de saudade.

…Mas depois que o tempo passar, sei que ninguém
vai se lembrar que eu fui embora
(Quando eu me chamar saudade)

Quando eu piso em folhas secas
Caídas de uma mangueira
Penso na minha escola…
(Folhas secas)

Em Mangueira
Quando morre um poeta todos choram
Vivo tranqüilo em Mangueira porque sei
Que alguém há de chorar quando eu morrer
(Pranto de um poeta)

Finjo-me alegre, pro meu pranto ninguém ver
Feliz àquele que sabe sofrer
(Rugas)

Sei que a maior herança que tenho na vida, é meu
coração, amigo dos aflitos
Sei que não perco nada em pensar assim
Porque amanhã não sei o que será de mim
(Caridade)

Mas o sambista vive eternamente no coração da
gente
Os versos de Mangueira são modestos
Mas há sempre força de expressão…
Ô, foi Mangueira que chegou
(Sempre Mangueira)

Tire seu sorriso do caminho que eu quero passar
com a minha dor… Hoje pra você eu sou espinho…
Espinho não machuca a flor
(A Flor e o Espinho)

Vingança, meu amigo eu não quero vingança. Os
meus cabelos brancos me obrigam a perdoar uma
criança
(Notícia)

Do mal será queimada a semente…
O amor será eterno novamente
(Juízo Final)

Sei que estou no último degrau da vida, meu amor
Já estou envelhecido, acabado
Por isso muito eu tenho chorado
(Degraus da vida)

Fui tão bom pra ela, dei meu nome a ela
Tudo no princípio eram flores
Sem saber que eu era demais, entre seus amores.
(Mulher sem alma)

Graças a Deus minha vida mudou! Quem me viu,
quem me vê a tristeza acabou
(Minha Festa)

Nesse mundo de Deus tudo pode acontecer
Porque que eu não posso
Te esquecer?
(Aceito teu adeus)

E quando vejo a torre bem alta,
Daquela linda catedral,
Fujo de tua amizade, infernal.
(Devia ser condenada)

Levantei-me da cama, sem poder
Até hoje ninguém veio me ver
Fui amigo enquanto eu tive dinheiro
Hoje eu não tenho companheiro
(Dona Carola)

A luz negra de um destino cruel
Ilumina um teatro sem cor
Onde estou representando um papel
De palhaço do amor....
(Luz Negra)

Você tendo vida, saúde e dinheiro
Todos lhe querem muito bem
Mas se você fracassar
Pode Ter a certeza
Que ninguém vai lhe procurar
(Nem todos são amigos)

Vamos pra bem longe da maldade
Deus que nos guie
Em direção à bondade
(Tenha paciência)

Vou partir não sei si voltarei...
tu não me queiras mal
hoje é carnaval
(Vou partir)

Vou sair daqui
Seu caso cheira à vela
Quem está te olhando é o marido dela
(Cheira à vela)

Quando eu passo perto das flores
Quase elas dizem assim:
Vai que amanhã enfeitaremos o seu fim
(Eu e as flores)

Meu coração é terra que ninguém passeia
Tu és igual a quem traiu Jesus na Ceia
Sou companheiro
Não mereço ser trocado por dinheiro
(Minha honestidade vale ouro)

Deus, Nosso Senhor, devia castigar
O infeliz que faz uma mulher chora
(Nome sagrado)

Sei que choras palhaço
Por alguém que não lhe ama
Faça a platéia gargalhar
Um palhaço não deve chorar
(Palhaço)

Meu reinado é cheio de ilusão
E ninguém de mim tem compaixão
(Rei vagabundo)

Noites eu varei
Mas cada amor me fez um rei
Um rei vadio…
(Rei vadio)

Passei a mocidade esperando dar-te um beijo
Eu sei que agora é tarde, mas matei o meu desejo
É pena que os lábios gelados como os teus
Não sinta o calor que eu conservei nos lábios meus
(Depois da vida)

Hoje não é dia 1º de abril
Com essa cara, outra vez, você mentiu
Por favor, não faça isso, mais
Se outra vez você mentir eu sei do que serei capaz
(1º de abril)

Já vem a saudade outra vez me visitar
Que visita triste, só me faz chorar
Para ninguém ver o meu pranto
Boa noite para todos! Eu vou me retirar
(Visita triste)