"Mitos e Histórias Entrelaçadas pelos Fios de Cabelo"
Os cabelos têm valores simbólicos. O universo teve começo, segundo a tradição indiana, através da tecedura dos cabelos de SHIVA é ainda, nessa mesma cultura, os cabelos soltos são características de divindades terríveis como VAYU, o vento, e também com Ganga, o rio Ganges, manifestação da divindade acima mencionada, que flui de sua coroa de cabelos emaranhados.
Na China, os cabelos dispostos ao redor da cabeça representam o sol. E, também podem ser símbolos de sacrifício como T’ang, que ofereceu seus cabelos em sacrifício pelo seu povo. Assim, essa representações extrapolam o limite do ser humano, expandindo-se através do universo da simbologia cósmiza.
Os índios Hopi do Arizona acreditavam que o corte do cabelo tinha que ser feito de maneira coletiva, durante as festas de solstício de inverno, para não perderem a força vital.
O primeiro corte de cabelo do Príncipe Herdeiro dos Incas coincidia com o momento em que era desmamado ao completar dois anos de idade. No mesmo momento em que cortava o cabelo, recebia o nome, tornando-se uma pessoa, fato que acontecia numa grande festa coletiva.
Um caso individual da força do cabelo é a história bíblica de Sansão e Dalila. Ao contrário das histórias relatadas nos dois parágrafos acima, Sansão perdeu os poderes quando lhe cortaram os cabelos.
As tranças e os cabelos longuíssimos têm como simbolismo a submissão. A trança dos chineses, a das mulheres russas, e, até mesmo, a de Rapunzel da lenda de Grimm provam este fato. Porém, podem ser também símbolos de salvação como a de Lady Godiva, que se vestiu só com seus longos cabelos e livrou seu povo dos pesados impostos.
As perucas foram adotadas por várias razões. Os egípcios, por exemplo, raspavam a cabeça por higiene e usavam perucas para se embelezar. Até mesmo as barbas dos faraós eram postiças. Cleópatra tinha todo tipo de jóias incrustadas nas suas perucas.
Luís XIV, o Rei Sol, possuía também uma grande coleção, que era cuidadosamente tratada e cacheada.
No afã de agradar ao Rei de França Luis XVI, as damas da corte se exibiam, cada qual, com apliques cada vez mais extraordinários. Alguns recebiam vasos para flores naturais, cheios d’água, outros pássaros voando recebiam vasos para flores naturais, cheios d’água, outros pássaros voando presos por fios de seda. Havia também aqueles com tendas militares e canhões, navios, mobília completa de sala e de quarto, jardins floridos, exemplos de algumas das decorações inventadas por essas damas, que a tudo se submetiam, muito bem empoados com farinha, que possivelmente fazia falta ao povo faminto.
No Brasil, muito ouro de Minas foi desviado pelos cabelos fofos dos escravos e escravas, e era usado para pagamento de alforria dos negros, para seus adornos filigranados e para decoração das suas igrejas.
No Rio de Janeiro do século XIX eram os escravos de ganho que exerciam as atividades de barbeiro e cabeleireiro. Também acumulavam as funções de vendedores de pentes e remendavam as meias de seda. Mais tarde, chegaram os cabeleireiros franceses para a alegria das damas de então.
E, nos remetemos ainda à trança que abalou a Rua do Ouvidor, exposta em uma vitrine de loja de cabeleireiro. Ela foi muito admirada por sua extensão. Depois de muita especulação soube-se que era de uma mineira, que tinha fortes dores de cabeça, por usar essa trança de mais de dois metros de comprimento, e o médico a aconselhou a cortá-la, tendo assim curado a sua mazela.
Mami Wata, figura mítica africana, possuía numa mesma cabeleira invejável, todos os tipos de cabelo: lisos, crespos, ondulados, carapinha, loiros, morenos e ruivos.
A Vênus Romana inspirou as "Vênus" loiríssimas do século XX, como Marilyn Monroe.
Mas, Lamartine Babo na sua sabedoria, democraticamente, exaltou as morenas, as mulatas, as ruivas, e as loirinhas, todas naturalmente com lindos cabelos escovados, tratados, brilhantes e vitaminados.
Carnavalesca: Rosa Magalhães
Autores do enredo: Rosa Magalhães e Alex Varela (Historiador)
Bibliografia:
CHEVALIER, Jean et alii. Cabelos. In: Dicionário dos Símbolos. Rio de Janeiro: José Olympio, 1987, pp. 154-157.
COHEN, Alberto ª. Ouvidor, a rua do Rio. Rio de Janeiro: AACohen, 2001.
JUNG, Carl G. O homem e seus Símbolos. Rio de Janeiro: Editora Nova Fronteira, 1984.
MACEDO, J. M. de. Memórias da rua do Ouvidor. Brasília: Editora Universidade de Brasília, 1988 [1ª ed. 1978].
Mami Wata. In: http: pt.wikipedia.org/wiki/Mami_Wata (Acessado no dia 21/07/2010).
MARQUES, Silvia. A História do Penteado. São Paulo: Matrix, 2009.
ROUSSELOT, Bernard. Mythologies. Une Anthologie Illustré des Mythes et Légends du Monde. Paris: Éditions Grund, 2002.
GRIMM, Rapunzes. In: Os Mais Belos Contos de Grimm. São Pulo: Ciranda Cultural Ed, 2007.
Fala meu "jurado"...hehehehhehehe
ResponderExcluirPassando pra conhecer o blog, e dizer que já estou seguindo.
Bom, o enredo da Vila Isabel... Eu acho a Rosa Magalhães uma das maiores enredistas, ao lado de Milton Cunha, por conseguir criar histórias mirabolantes, em cima de temas inimagináveis. Na verdade ela é mestra em transformar temas comuns, em grandes histórias. O tema "cabelo" me sugeria a princípio alguma coisa mais criativa, e no entanto, achei que ficou um viagem ao mundo através do cabelo, com alusões a histórias mais que conhecidas. Acho que faltou aquele "quê" de originalidade na sinopse, que considero ruim. Gosto de enredos envolventes, com inicio , meio e fim, e não é o caso dessa sinopse, que é descritiva, e não narrativa, ou seja, ela fala do cabelo numa época, em outra, em outra, enfim, uma mistura de relações de poder, força, idéias meio que soltas. Uma pena!
Abração
http://estacaoprimeiradosamba.blogspot.com/