"Y-Jurerê Mirim - A Encantadora Ilha das Bruxas (Um conto de Cascaes)"
A Grande Rio é sempre uma possibilidade, e dentro de todas as possibilidades, ela pode propor-te a conhecer um pedaço do Brasil, de gente bela, de cultura forte e folclore plural. Por tratar-se de um pedaço de terra cercado por água, outras coisas dela se acercam, como suas belezas naturais, e muitas lendas que refletem um Brasil lúdico, que aponta para o futuro com o interesse de levar adiante o que de mais valioso possui: a cultura popular de seu povo.
Bruxas, feiticeiras, lobisomens, sete cuias, boitatás e mapinguaris: Uma forte névoa se faz presente, e em pleno Atlântico Sul, logo abaixo ao trópico de Capricórnio, num arquipélago de visão paradisíaca encoberto de mistérios e lendas bruxólicas; entre mangues, dunas e lagoas cercadas por um intenso mar azul, repousa Y-JURERÊ MIRIM. Uma Ilha encantada de magia onde se fala o manezês.
Neste conto de Cascaes, ela é uma fascinante ilha coberta de magia, recebendo, portanto, o nome de ILHA DAS BRUXAS. Porém, essas bruxas não são tão maléficas como as que habitam o imaginário coletivo, e sim, as que assustam apenas para proteger seus espaços, preservar sua terra, suas etnias, folclore e crendices.
A Grande Rio para o carnaval 2011, coberta de rezas e patuás, desvenda a história dessa ilha misteriosa que começa numa era chamada cambriana.
Nesse país onde se encontra o tal arquipélago, misteriosos habitantes do alto Amazonas descem em direção a essa ilha de magia mesclando-se a um povo já existente, chamado Carijós, remanescentes de uma presença humana registrada por sambaquis que datam de 4.800 a.C.
Há quem diga que o mar que cerca o arquipélago é povoado por Ondinas, seres das profundezas, e que, num passado, esse pedaço de terra, serviu de paragem e pousada para navegadores aventureiros, cientistas, piratas, náufragos e marinheiros infratores que, em suas retiradas deixaram para trás rastros de temores, misticismos e lendas de possibilidade de tesouros piratas tão possíveis e capazes de aguçar a curiosidade humana como a de uma embarcação pirata inglesa naufragada numa praia que recebeu o nome (Praia dos Ingleses) ou até mesmo, de secretos caminhos conhecidos por guerreiros Avás (Guaranis) e que levariam a um Eldorado coberto de tesouros da mais pura prata, como também, a de uma grande fortuna em pérolas produzidas por ostras cravadas nas pedras e encostas da Ilha banhada pelo Atlântico
Há uma força mística que faz atrair para essa parte do Atlântico, baleias e golfinhos, além de uma grande variedade de cardumes de peixes que, além de sustentar o povo da ilha, é motivo para festejos e agradecimentos a esse imenso e mágico mar azul.
Essa onda magnética que envolve essa ilha de encantamentos também exerceu atração sobre os povos de outras terras, cada qual, vindo para cá com suas razões, metas, ou até mesmo, destinos retorcidos e alongados, como uma imensa e centenária figueira carregada de histórias bíblicas e estórias acontecidas em seu entorno transformando-a quase que como um totem envolvido em crendices e fé dos que habitam a ilha.
E a ilha então os abraçou como filhos da terra comungando com eles e os tornando tambpem, herdeiros da nação Carijó, dos mitos e lendas do lugar.
"Vão-te daqui bruxas e boitatás". E todos os seres que nos possam amedrontar. Arreda, arreda as brumas que cobrem essa ilha de mistérios. Pela cruz de São Simão, que te benza como a vela benta. Na sexta-feira da paixão. Treze raios tem o sol, treze raios tem a lua. "Salta demônio para o inferno que esta alma não é tua". "Tosca marosca, rabo de rosca". Vassoura na tua mão Aguilhão nos teus pés e relho na tua bunda. Por baixo do telhado, São Pedro, São Paulo e São Fontista Por cima do telhado, São João Batista. Bruxa, Tatara-bruxa, Tu não me entres nessa casa, nem nesta comanda toda. Por todos os santos, e pela Grande Rio. Amém!
Ao cair da noite, quando das datas dos festejos da ilha, uma ritualização se pode sentir na mágica tradição folclórica que habita a ilha protegida por feiticeiras, fadas rendeiras, bruxas e seres da mitologia ameríndia cantadas por Cascaes. Uma ilha que vive um rico calendário entre o profano e o sacro, com procissões, danças e folguedos folclóricos numa pluralidade cultural onde os festejos em homenagem aos frutos provenientes do mar e da terra convivem com a alegria colorida e dançante do boi-de-mamão, cacumbis e as festas do Divino.
O cantador se põe a falar:
Ò Matumba, ó querenga,
Erunganda
Òruganda, Ó matumba, Ó
querenga
Moreninha vem brincar
Meu boi já está na rua, ele vem para mostrar
Revelo ser Florianópolis, o nome desse lugar
Ò Matumba, ó querenga, eruganda
Òruganda, Ó matumba, Ó
querenga!
Misteriosas e encantadoras paisagens cobrem a ilha de riquezas em sua fauna e flora exuberante. A extensão litorânea desvenda praias inexploradas, sendo a ilha das bruxas, um monumento natural do litoral sul brasileiro digna de ter sido, em seu passado, paragem e pousada para todos que por lá passaram, tornando-se real diante do que antes nos pareceu lenda ou conto. A hospitalidade é marca de um povo que soube mesclar-se tendo como princípio o respeito mútuo de suas crenças e tradições.
Florianópolis possui uma marca romântica registrada nas fachadas de seu casario e azulejaria portuguesa, o desenho rico da renda de bilro, os "points" noturnos do mercado público municipal, a lagoa da Conceição onde a prática de esportes náuticos "fervem" no verão, as praias do litoral florianopolitano com suas ondas fortes e convidativas para as práticas de surf e esportes ligados aos ventos fortes, uma culinária rica e de sabor requintado, ou até mesmo, o simples peixe frito servido pelo "manézinho" local regado sempre com a presença mística das tradições e do passado da ilha.
E, terminado o mistério deste conto inspirado em Cascaes, é que a Grande Rio revela a Floripa de todos nós, que, com sua ponte "luz da independência", nos transportará para uma travessia lúdica, e agora, mais mágica do que nunca, ligando a folia momesca da ilha ao carnaval da cidade maravilhosa mostrando ao Brasil e ao mundo, toda essa beleza da ilha de magia e encantamento chamada Florianópolis.
Pesquisa e texto:
Cahê Rodrigues e Lucas Pinto
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