quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011
Os melhores sambas da década - Rio de Janeiro 2005
Após um ano fraco em sambas originais, o carnaval carioca teve uma de suas melhores safras da última década em 2005. A maioria das escolas apresentou obras muito boas e mesmo as mais fracas não podem ser consideradas verdadeiramente ruins. Um saldo bastante positivo para a safra de 2005, cujos destaques são sempre lembrados como alguns dos melhores das respectivas agremiações. A Vila Isabel, que após quatro anos no grupo de Acesso retornava ao Especial, fez um belo enredo sobre as navegações, que resultou num samba muito bonito e poético. Conseguiu se manter no grupo, uma missão bastante difícil para as escolas recém-promovidas à elite. O samba da Imperatriz é sempre um dos mais citados em qualquer lista sobre os melhores sambas da escola mesmo quando não se fala apenas na década passada. Uma composição muito qualificada, leve e forte, sobre o delirante encontro dos personagens de Monteiro Lobato com os de Hans Christian Andersen. E o melhor samba do ano embalou o tricampeonato da Beija-Flor de Nilópolis em seu melhor momento no carnaval. De melodia mais pesada, como a escola gosta, a obra possui excelentes variações e uma letra excepcional. Um dos cinco melhores sambas da história da agremiação.
VILA ISABEL - 2005
Enredo: Singrando em Mares Bravios... Construindo o Futuro
Compositores: André Diniz, Serginho 20, Prof. Newtão, Sidney Sã e Miguel BD
Olokum, abre caminhos no mar
Pra minha Vila passar
Depois da tempestade
A felicidade, a bonança
O azul retorna a seu lugar
O povo de Noel singra a história em direção
À arca de Noé que navegou pra salvação
No Egito embarcou, cultura milenar
À fria região, com viking a velejar
A proa da ambição, fez brilhar
Caravela, leve a Vila, Oriente...
O paraíso é aqui, vem descobrir
O feitiço dessa gente
Lágrimas, corriam o semblante negro
Oceano de lamento nos tumbeiros
Jangadeiros sobre a bravura de um dragão
Negavam desembarcar a escravidão
Num cisne branco flutua
A luz do Almirante em noite de lua
O Barão de Mauá se fez pioneiro
Na construção naval
Que volta a soprar de cada estaleiro
Ventos à indústria nacional
É carnaval, um "Rio" de prazer
Cada turista que chegar vai ver
É linda a Vila balançando nas ondas do mar
Rumo à vitória navegar
IMPERATRIZ - 2005
Enredo: Uma Delirante Confusão Fabulística
Compositores: Josimar, Evaldo Ruy, Jorge Artur, Jorginho e PC
Era uma vez...
E um sorriso de criança faz a gente acreditar...
Era uma vez...
Em um mundo encantado, se prepare pra sonhar...
Contos de fadas, rainhas e reis...
Roupas que o povo não pode enxergar
Os sapatinhos dançando sozinhos
Um rouxinol a cantar
Sereia menina, a bailarina...
Universo criado por um sonhador
E o menino venceu a pobreza
E fez da arte a linda princesa
Com quem viveu grande amor
Pega a viola o repentista
Conta em versos que o grande artista
Da Dinamarca voou, foi além
Como um cisne altaneiro
Hans Christian Andersen
Foi Monteiro Lobato
Um mestre de fato da literatura infantil
Histórias escritas com arte
E de todas as partes contou no Brasil
O Sítio não tem fronteiras
Abrindo as porteiras pra imaginação
Dona Benta recebe encantada
O povo dos contos de fadas
Numa delirante confusão
A turma do Sítio apronta
A Imperatriz faz de conta
Emília cantando assim
Vem viajar nessa história
É só dizer pirlimpimpim
BEIJA-FLOR - 2005
Enredo: O Vento Corta as Terras dos Pampas. Em Nome do Pai, do Filho e do Espírito Guarani - Sete Povos na Fé e na Dor... Sete Missões de Amor
Compositores: J.C. Coelho, Ribeirinha, Adilson China, Serginho Sumaré, Domingos P.S., Sidnei de Pilares, Zequinha do Cavaco, Wanderley Novidade, Jorginho Moreira, Paulinho Rocha e Walnei Rocha
Clareou...
Anunciando um novo dia
Clareou...
Abençoada Estrela-Guia
Traz do céu a Luz Menino
Em mensagem do Divino
Unir as raças, pelo amor fraternizar
A Companhia de Jesus
Restaura a fé e a paz faz semear
Os jesuítas vieram de além-mar
Com a força da fé catequizar e civilizar
Na liberdade dos campos e aldeias
Em lua cheia, canta e dança o Guarani
Com Tubichá e o feitiço de Crué
Na "Yvy Maraey" aiê... Povo de fé
Surgiu
Nas mãos da redução a evolução
Oásis para a vida em comunhão
O paraíso
Santuário de riquezas naturais
Onde ergueram monumentos
Imensas Catedrais
Mas a ganância
Alimentada nos Palácios de Madrid
Com o Tratado assinado
A traição estava ali
Oh, Pai, olhai por nós!
Ouvi a voz deste missioneiro
O vento cortando os Pampas
Bordando a esperança
Nesse rincão brasileiro
Em nome do Pai, do Filho
A Beija-Flor é Guarani
Sete Povos na fé e na dor
Sete Missões de amor
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Não sei se é a nostalgia, mas 2005 e 2006 são imbatíveis para mim. Escolheu perfeitamente os três melhores de 2005: Beija-Flor, Vila Isabel e Imperatriz. Foi um ano muito bom, apesar do vexame portelense - que, para mim, merecia Cair; Tradição estava melhor até que o chato Império Serrano.
ResponderExcluirO samba e o enredo da Beija-Flor - "em nome do pai, do filho, a Beija-Flor agora É TRI!" - são demais, uma aula de como contar uma história. Podem chamar de viagem maionésica, porém eu gosto de desfiles ousados, que vão além da óbvia pesquisa de Wikipédia. E a comissão-de-frente?? Um desbunde, haha! Lembro-me até hoje do amanhecer com a escola cantando como nunca mais fez no Século XXI.
Aliás, falando em Beija, acho 2006 incompreendido e, coincidentemente ou não, desde que Cid Carvalho saiu de lá a escola não me atingiu como fazia até então (2008 veio quase sem erros - só o periquito de asa quebrada -, mas não teve aqueeeele impacto).
Voltando a 2005, também destaco a Tijuca, que merecia empatar - para mim, foi o melhor do Paulo Barros até hoje, ele foi brilhante em TODAS as alas - com a Beija. Apesar de o samba de 2004 ser melhor, também adoro este de 2005 ("bruxas, vampiros, fantasmas da vida").
Curto os sambas da GR e Salgueiro, fora a reedição da Porto, grande erro do júri, pois merecia ter voltado nas campeãs no lugar da repetitiva e enfadonha Mangueira. Caprichosos bacaninha - ao menos tentando ser Caprichosos, ao contrário de Goiás, Xuxa, Espírito Santo etc - e Mocidade e Viradouro descartáveis.