sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Os melhores sambas da década - São Paulo 2006



O ano de 2006 proporcionou uma excelente safra por parte das escolas de São Paulo, com muitos sambas marcantes e agradáveis de ouvir. A maioria das obras tem algum tipo de destaque, seja em letra ou melodia, o que contribui para que a safra, no geral, seja bastante qualificada e original. Apesar de haver muitos bons sambas, três conseguem alinhar com perfeição letra e melodia, fazendo com que se sobressaiam perante os demais. A Mocidade Alegre, com um enredo sobre o Rio São Francisco, apresentou um samba bem melodioso mas acelerado, bem aos moldes das composições paulistanas. Um samba muito poético e forte que tratava do enredo com uma visão mais mística. A Rosas de Ouro, falando sobre a diáspora africana, conseguiu produzir uma obra adequada ao enredo, dolente e pra baixo. A letra do samba é muito bonita e a melodia tem excelentes variações. E o melhor samba do ano foi da Mancha Verde. Com um enredo sobre as injustição cometidas na história da humanidade, a escola da torcida do Palmeiras desfilou ao som de seu melhor samba-enredo, de letra e melodia excepcionais. Samba antológico da Mancha, que também fez um desfile muito bonito.


MOCIDADE ALEGRE - 2006



Enredo: Das Lágrimas de Iaty Surge o Rio, do Imaginário Indígena a Saga de Opara. Para os Olhos do Mundo um Símbolo de Integração Nacional: Rio São Francisco
Compositores: Adilson, Branco, China da Morada, Daniel, Dukinha da Ladeira, Ruivo, Ulysses e Villela

Um grande rio se formou
Pelas lágrimas de Iaty
Na consagração do sol e da lua
Homem branco veio invadir... E despertou
Das profundezas, maus espíritos...
Jacy a grande noite provocou
Ao proteger o paraíso do invasor
Visando o El Dorado
A procura de riquezas, a cobiça prevaleceu...
Batalhas e guerras sangrentas
No coração da mata, o índio defendeu o que era seu

Na dança do Pajé
Um ritual de fé... O Toré
Se o pescador o Velho Chico encara
Se encanta nas águas... De Iara


Vapor encantado, mistérios no ar
La vai sertanejo estórias contar
Miscigenação, rica cultura o tempo ultrapassou
Festa do Divino, romaria abençoou
Vai a carranca todo o mal espantar
Vem repentista, canta este santuário
Um rio de integração nacional
Terra Mãe pede proteção
Resgata a Tribo Brasil
O futuro esta em nossas mãos

Corre nas veias do sertão
Opara, a salvação
Vamos preservar
Vem na Morada do Samba... Navegar



ROSAS DE OURO - 2006



Enredo: A Diáspora Africana. Um Crime Contra Raça Humana
Compositores: Marcelo Dias, Silas Augusto, Marcio Bueno, Ricardinho e Baqueta

Salve mãe negra, berço da humanidade
É negra raiz, herança na cor

Canta minha Rosas de Ouro
Exaltando nosso povo
Que a historia humilhou


África, suntuosa e civilizada
Varrida pela ambição
Assim o teu tesouro se perdeu
Em nome da fé, negro foi escravizado
Do teu ventre arrancado
Fez prece para os orixas
Na certeza de não voltar jamais

Em pleno navio negreiro ôôô
Negro põe-se a lamentar
Crueldade e agonia
Testemunhadas pela Rainha do Mar


Aportou no meu Brasil a escravidão
Nos quilombos resistiu à exploração
Com a força do seu sangue construiu
Riquezas que ele não usufruiu
Um sentimento de liberdade
Mascarado na verdade, pela abolição
E hoje o negro canta
E que esse canto não seja em vão
E a sociedade vem clamando seu perdão!

Olhai por nós, oh meu Senhor
Ilumina a igualdade social
E a nação azul e rosa
Vai à luta orgulhosa
Contra o preconceito racial


MANCHA VERDE - 2006



Enredo: Bem-aventurados Sejam Os Perseguidos Por Causa Da Justiça Dos Homens... Porque Deles É O Reino Dos Céus
Compositores: Douglinhas, Vaguinho e Jaú

A ópera vai começar, ôôô
Bem-aventurada, guerreira
A Mancha chegou
A grande ópera vai começar, ôôôô
Bem-aventurada, guerreira
A Mancha chegou!

Uma estrela brilhou
Apontou que um milagre aconteceu
Mesmo desde o ventre perseguido
O Rei dos Reis nasceu
O mal na forma de um grande dragão
Se espalhou e nos homens incitou
O ódio Àquele que pregou o amor
Foi crucificado mas ressuscitou
É preciso fé para o gigante da ganância cair
Perseverar, lutar, não desistir... Resistir!

A paz vai florescer como sonharam
Homens de Deus que se entregaram
Por ver o fim do sofrer
O mundo em união, como irmãos


Olha e vê o fim do preconceito
Pois liberdade é um direito
Que não tem raça e não tem cor
Glória aos negros que mudaram a história
E estão vivos na memória
Cessando toda uma era de dor

O mundo não vai me calar
Injustiças não vão me deter
Das cinzas se renasce pra vitória
Na adversidade se aprende a crescer
São fatos que descrevem nossa história
O verde é a razão do meu viver

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