domingo, 9 de outubro de 2011
Quanto mais as coisas mudam, mais elas continuam na mesma
por Cassius Abreu
Em primeiro lugar, gostaria de agradecer ao André, que é dono deste espaço tão bem organizado e constantemente atualizado, recebendo várias visitas, por permitir que eu possa compartilhar com os seus leitores algumas das minhas opiniões sobre o Carnaval Carioca. Não sei com qual frequência escreverei aqui - se é que voltarei a escrever, haha -; no entanto, meu objetivo é apenas dar pitacos sobre algum tema recente e sobre o qual me interessei em comentar. Nesta postagem inicial, comento a decisão da LIESA em fazer quatro alterações para a apuração do Carnaval 2012.
Depois de muitas discussões sobre os resultados do Carnaval 2011 - no Grupo Especial e no Grupo de Acesso A - e das justificativas dadas pelos jurados, a LIESA aceitou receber sugestões e criticas para propor melhorias no regulamento. No entanto, se as únicas mudanças a serem feitas forem as divulgadas na semana passada, acredito que o mesmo panorama será repetido em 2012.
Inicialmente, ressalto que concordei com boa parte dos resultados do Grupo Especial no último Carnaval, ainda que o valor das notas seja discutível e que as notas dos mesmos jurados apresentem perfis similares ao longo dos anos. Não se pretende aqui entrar num longo debate sobre a apuração do Carnaval e sobre jurados - particularmente, sou a favor de uma reforma completa no regulamento (critérios objetivos, julgamento por méritos e não por problemas) e de uma participação maior do poder público nos nomes escolhidos.
Apenas tratarei, individualmente, das quatro reformas que anunciou a Liga. Vamos a elas:
Notas de 9 a 10
Na prática, já é isto que tem ocorrido nos últimos anos. Qual seria a diferença de uma escala decimal de 9 a 10 (onze notas possíveis) para a escala de meio ponto indo de 5 a 10? Na minha visão, é mais fácil descontar décimos decisivos na escala de 9 a 10. Se não, observemos: o 9.8/10 (terceiro maior nota) parece ser ótimo e pode ser justificado como 'ausência de criatividade'. Por outro lado, o 9/10 (na escala antiga) é mais 'cruel', exigindo - teoricamente - maiores justificativas.
Redução para 40 jurados
Esta foi uma boa decisão da LIESA, assumindo que haviam feito algo errado. Para que cinco apresentações do casal e da comissão-de-frente? A duração do desfile continuou igual (de 80 para 82min), fazendo com que muitas escolas tivessem de correr nos últimos anos. A LESGA fez o mesmo no Acesso e, de forma igual, voltou atrás. A se comemorar o bom senso nesta decisão.
Descarte apenas da menor nota
Sempre serei contra descartar nota. Desfile tem de ser julgado na íntegra! O descarte permite que uma escola ignore o primeiro ou o último módulo de julgamento, se assim o quiser, tendo em vista que a punição será descartada. A outra desculpa dada para os descartes - 'correção de distorções' - soa como se a própria Liga reconhecesse que os jurados têm chances de falhar. Neste caso, seria melhor capacitá-los e torná-los confiáveis, não? Na verdade, esta decisão é decorrência da anterior (do contrário seriam apenas 20 notas para decidir a classificação) e, da mesma forma, pode ser comemorada.
Bônus para melhor escola
Esta é de doer! Se "10 é 10" (argumento do presidente da LIESA para a ausência de justificativas à nota máxima), o que seria o 10.1? Como alguém está acima do perfeito? Oras, se o modelo é comparativo, que se dê 10 apenas às que realmente estiverem irretocáveis e desconte-se das demais. Por consequência, não há necessidade mesmo de ter um décimo além da perfeição. E eu nunca vi um experimento durar tanto tempo: é mais fácil termos novas leis da Física a sair a conclusão definitiva sobre a bonificação, hehe.
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