O último Carnaval fez muito bem ao Salgueiro, no que diz repeito aos seus sambas. Com as muito bem vindas contratações de Serginho do Porto e Leonardo Bessa para serem intérpretes oficiais, ao lado do limitado Quinho, a escola pôde ousar mais. Foi assim com o samba de 2011, que possuia uma linha melódica muito mais rebuscada do que de costume, e foi um dos melhores do ano. Para 2012, os compositores investiram mais nessa concepção e o resultado ficou muito bom. Parece que o Salgueiro começou a deixar de ser a escola de sambas "oba-oba" e está voltando a ter obras de qualidade. A safra é boa e equilibrada, apesar de um pouco abaixo do esperado para o excelente enredo sobre a literatura de cordel. O destaque, como já foi dito, fica por conta das melodias, muito mais trabalhadas do que nos últimos anos, com variações muito boas e originais. Algumas composições também possuem passagens muito inteligentes em suas letras, a maioria delas repleta de termos e expressões típicas nordestinas. Sem um único grande favorito, as eliminatórias na Academia prometem ser bem disputadas. E, seja qual for o resultado, o Salgueiro provavelmente terá um dos grandes sambas do ano mais uma vez.
RESUMINDO: Safra muito boa e equilibrada. As obras apresentam um maior amadurecimento melódico, com variações mais complexas, seguindo a linha do samba de 2011.
Abaixo estão os três melhores sambas da safra do Salgueiro, na opinião do Carnaval de Avenida.
O samba de Anderson Benson, Dudu Botelho, Luiz Pião, Rodrigo Raposo e Tiãozinho do Salgueiro tem como grande destaque os refrões. O principal é explosivo e empolgante, talvez o melhor da disputa. O central possui um prolongamento da melodia no terceiro verso muito interessante. O final da primeira estrofe também tem uma variação muito bonita. A letra tem trechos interessantes, sobretudo na primeira parte, mas deixa a desejar no final, com alguns trechos pobres, além do verso "Sensacional" ser solto, estando ali somente para completar a rima. Mas como um todo, o samba é muito bom.
Compositores: Anderson Benson, Dudu Botelho, Luiz Pião, Rodrigo Raposo e Tiãozinho do Salgueiro
Intérprete: Wantuir
Cordel branco e encarnado
Povo arretado e trovador
Óxente! De repente chegou Salgueiro
Versando poesias de amor
De nobre aliança, herança
Encantaria cruzou o mar
Palavras riscam o céu, o oriente também é inspiração
Os leques de linda paixão
Se abrem pra gente versar
No forró do Virgulino, arrasta pé
Dança até o conselheiro, à luz de lampião
Põe o seu laço de fita, é bem mais bonita a Maria
A desfilar na academia
Sertão afora
Tem mula sem cabeça, caipora
Lobisomem vá de retro
Não entendo pra que tanto rebuliço, isso...
Nem me apavora, me agarro a imagem de Nossa Senhora
Sou romeiro não é de hoje
Devoto de “Padim Padi Ciço”
Misturo zabumba, pandeiro
Cavaco e violeiro
Sensacional!
Versos do nordeste brasileiro
Que os poetas do Salgueiro transformam em carnaval
Meu samba embala a coroação
Em noite do rio, luar do sertão
A nossa cultura a se encontrar
Em uma mistura singular
É literatura popular
Com caráter mais dolente, algo que até então seria impensável no Salgueiro, o samba de Betinho de Pilares, Feijão, Fernando Magaça, Jassa, Sandro Amorim e Xande de Pilares é um dos mais melodiosos, com destaque para o final da primeira parte e começo da segunda. Os refrões são mais animados, apesar de não serem muito explosivos. O do meio é mais expressivo que o principal. A letra passa a mensagem do enredo mas não é tão poética, ganhando mais ênfase por causa da melodia. Bom concorrente, que até dois anos atrás talvez nem pudesse ser cogitado como candidato à vitória.
Compositores: Betinho de Pilares, Feijão, Fernando Magaça, Jassa, Sandro Amorim e Xande de Pilares
Intérprete: Anderson Paz
Brilhou a luz da poesia
Iluminando o meu cordel
Fez de mim um trovador
Um poeta sonhador
Nordestino menestrel
A arte.... Pelos mares aqui chegou
E a nobreza se encantou
Com a sua magia
Até do oriente tem "causo" pra contar
Repentista abre o leque
E deixa o coração versar
Toca o fole sanfoneiro
Que hoje tem arrasta pé
Vem chegando "conselheiro"
Couro come no terreiro
Com "Jagunço" e "Coroné"
Maria Bonita o amor de Lampião
Sertanejo tem história... Pra cantar
Com orgulho na memória... Vou guardar
Os heróis do meu sertão
Assombração tá querendo me assustar
Não tenho medo "vá de retro" sai pra lá
Meu "Padim" é o "Pade Ciço"
E vai me proteger
Valei-me... Ôôôô Nossa Senhora
Com seu manto abençoando
Minha escola em romaria
Meu canto é branco e encarnado
No carnaval da academia
Sou Nordeste sou Salgueiro... "Oxente"
"Vixe! mãinha"... Tá bom de mais
O meu samba já virou "repente"
Nesse laço de amor e paz
A letra que melhor transmite o enredo é a do samba de Diego Tavares, Dílson Marimba, Domingos PS, Marcelo Motta, Ribeirinho e Tico do Gato. E faz isso muito bem, com muita poesia e versos inteligentes. A melodia é excelente, explosiva quando precisa ser e com um toque de forró muito interessante no meio da segunda parte, além de ter bonitas variações. O refrão central podia ser um pouco mais elaborado, pois acabou sendo muito direto. Por ser o mais completo e que melhor faz a abrangência do enredo, O Carnaval de Avenida aposta neste samba.
Compositores: Diego Tavares, Dílson Marimba, Domingos PS, Marcelo Motta, Ribeirinho e Tico do Gato
Intérpretes: Igor Sorriso, Luizinho Andanças e Zé Paulo Sierra
Sou "Cabra da Peste"
Oh minha "fia", eu vim de longe pro Salgueiro
Em trovas, errante, guardei
Rainhas e reis e até heróico bandoleiro
Na feira vi o meu reinado que surgia
Qual folhetim, mais um "cadim, vixe maria!"
Os doze do imperador
Que conquistou o romanceiro popular
Viagem na barca, a ave encantada
Amor que vence na lenda
Mistério pairando no ar
Cabra macho justiceiro
Virgulino, é Lampião!
Salve, Antônio Conselheiro
O profeta do sertão
Vá de retro, sai assombração
Volta pra ilusão do além
No repente do verso
O "bicho" perverso não pega ninguém
Oh meu "padinho", venha me abençoar
Meu santo é forte, desse "cão" vai me apartar
Quero chegar ao céu num sonho divinal...
É carnaval! é carnaval!
Salgueiro, teus trovadores são poetas da canção
Traz sua côrte, é dia de coroação
Não se "avexe" não
Salgueiro é amor que mora no peito
Com todo respeito, o rei da folia
Eu sou o cordel branco e encarnado
"Danado" pra versar na Academia
Show de bola..adoro os sambas,mais so gosto de ouvir o vencedor,para nao apegar.rsrsrs ..passa la.vlwlw!
ResponderExcluirSó ouvi e adoro os sambas do Dudu e do Marcelo. Ainda prefiro o do Dudu, mas aquele forrozinho na segunda do do MM é delicioso. Ouvirei o outro selecionado.
ResponderExcluirFaltou o samba do Ricardo Pança, é o melhor refrão e a melhor meldia! samba n° 23
ResponderExcluirEstou em dúvidas, mas se tivesse que escolher, apostaria na alegria do samba do Tico do Gato. O Salgueiro merece um samba alegre pra brincar na avenida.
ResponderExcluirVEJA COMO É BONITO O SAMBA:
ResponderExcluirA MINHA ARTE VOU MOSTRAR...
SOU SALGUEIRO... ERRANTE, TROVADOR APAIXONADO
SE UM ‘CADIM’ INSPIRADO
FAÇO VERSO O TEMPO INTEIRO
MINHA ‘FIA’ EU VOU CONTAR...
NA BARCA DA ENCANTARIA
SEM TEMER O QUE VIRIA... ENTRE O REI E A POESIA
CRUZEI O MAR... PAVÃO MISTERIOSO
CAUSO FORMOSO, NESSA FOLIA
O IMAGINÁRIO... LEALDADE, AMOR
MEU CORDEL BRANCO E ENCARNADO
EM POEMA MOSTRA O SEU VALOR!
EU VOU CANTAR MEU SERTÃO... EU VOU
HISTÓRIAS DA TERRA E DO CÉU
O CONSELHEIRO E O VALENTE CANGACEIRO
VIRAM VERSOS NO PAPEL!
NESSA ‘VIAGE’ TEM QUE TER ‘CORAGE’
PRA ENCARAR ASSOMBRAÇÃO
TEM CAIPORA E LOBISOMEM... VÁ DE RETRO TENTAÇÃO
MEU ‘PADIM’! NOSSA SENHORA! PRECISO DE PROTEÇÃO!
NA CORTE DO SOL DOURADO... HOJE TEM COROAÇÃO
SOU NESSA FESTA UM POETA FELIZ
RUMO À VITÓRIA FINAL... NÃO SOU NEM MELHOR, NEM PIOR
VOU COM A MINHA FURIOSA
NUM SAMBA DE CORDEL NO CARNAVAL
Ê CABRA DA PESTE... VEM NO EMBALO DO NORDESTE
FAZER RIMA MEU SENHOR!
VEM CANTAR COM MEU SALGUEIRO
REPENTISTAS, VIOLEIROS, NESSE ENREDO ENCANTADOR!