sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Eliminatórias 2012 - Império Serrano

Um dos enredos que mais gerou expctativa no ano acabou produzindo uma safra bem pobre. O Império teve uma iniciativa absolutamente espetacular, ao fornecer estúdio e intérpretes aos compositores. Uma ajuda imensa e um incentivo aos que não possuem condições de arcar com tais custos. Quem sabe um dia todas as agremiações não sigam o mesmo caminho. Claro que tal atitude faz com que todo tipo de samba seja inscrito, . Não sei se houve algum tipo de seleção entre os sambas, e, se não houve, a quantidade de obras inscritas foi bem pequena. Mas o fato é que dentre mais de 30 sambas, a grande maioria é bem fraca, tanto para o enredo e sua ótima sinopse quanto pra escola. É fato também que para o Império Serrano sempre se espera sambas fabulosos, ainda mais depois dos dois últimos anos, quando a escola apresentou sambas que facilmente podem entrar na lista dos melhores de sua história. Mas mesmo assim a safra está muito aquém do esperado. A boa notícia é que os sambas bons não são simplesmente bons, são ótimos. A Serrinha tem boas opções, sobretudo os três apresentados a seguir, e certamente pode ter, mais uma vez, um dos melhores sambas do ano.

RESUMINDO: Safra fraca comparada aos últimos anos da escola e à expectativa gerada pelo enredo. Mas os melhores sambas são excelentes e podem fazer com que o Império, mais uma vez, tenha uma das melhores obras do ano.

A seguir, os três melhores sambas das eliminatórias da Serrinha, na opinião do Carnaval de Avenida.

A parceria formada por Aluisio Machado, Filipe Araujo Henrique Hoffmann, Marcelo Ramos, Mauricio Muniz, Paulinho Valença, Popeye e Victor Alves, campeã em 2011 e reforçada com mais alguns membros, deixou um pouco a desejar. Não que o samba seja ruim, mas comparado aos demais compostos pelo brilhante Aluisio Machado, ficou apenas muito bom. A melodia tem boas variações na primeira parte e um ritmo legal no refrão do meio. Trata o enredo meio superficialmente, sem muita poesia, como acontece com a maioria dos concorrentes. Aquém de muitos sambas que participaram das últimas disputas, mas se destaca na safra atual.



Compositores: Aluisio Machado, Filipe Araujo Henrique Hoffmann, Marcelo Ramos, Mauricio Muniz, Paulinho Valença, Popeye e Victor Alves
Intérprete: Daniel Silva

É o canto que embala meu sonho
De brilhar!
Com a arte da nobreza
A certeza de mudar...
Das raizes africanas
Onde Yvonne se inspirou
Sob a benção de fuleiro
Nosso mestre fundador
Despertou “tiê”
E a voz se revelou
Na escola o talento pra canção
De Lucilia Villa-Lobos a lição
Tudo que a menina sempre quis
Cantar e ser feliz

Ela canta e dança o jongo
E a corte, encantada!
Ao lado do apito de ouro
É coroada


Com Silas de Oliveira e Bacalhau
Uma obra imortal que marcou a sua vida
“Os Cinco Bailes da História do Rio”
Foi a primeira campeã imperial
Liberdade e amor no coração
A rainha cantou no opinião
A avenida conquistou
De “Mãe Baiana” se glorificou

Da Serra de bambas, povo guerreiro
Vem do meu terreiro a jóia mais rara
Sou Império Serrano
“O Enredo do meu Samba”
É Dona Ivone Lara



O samba de Buchecha, Ivan Milanez, Luiz Fernando e Marcellão já se diferencia por trazer como intérprete uma mulher, a cantora Nina Rosa. Nada mais pertinente para um enredo que homenageia a Dama do Samba. A obra é bem compacta, também abordando o enredo de forma mais superficial, porém sem deixar de lado nenhum ponto importante. A melodia é pra cima e contagiante, com a segunda parte começando de forma mais melodiosa, fazendo um contraste interessante com o refrão do meio. Toca o torcedor imperiano pelo tom de otimismo e motivação da letra, fazendo isso de forma que o enredo não seja abandonado. Samba inteligente e que sobressai muito perante os demais. Como ponto negativo, só o uso um pouco excessivo de aspas.



Compositores: Buchecha, Ivan Milanez, Luiz Fernando e Marcellão
Intérprete: Nina Rosa

Oh, Grande Dama!
Ilumina a passarela do meu coração
Na “Serra dos Sonhos Dourados”
Voa “Tiê”, “nas asas da canção”
Sou Imperiano na alegria e na dor
No jongo encontrei “liberdade”
E “a força do criador”!

“Cinco bailes da história”, “sonho meu”
O “sorriso negro”, “agradeço a Deus”
Na ala dos poetas, a primeira
Orgulho da raça, mulher brasileira


Chorões, “Doces recordações”
De que fez Opinião
Lembrar Lucília e Villa-Lobos
Do internato ao Prazer da Serrinha, a cantar
Quem nasce no samba não pode parar
Sublime missão de cuidar
Tentar desvendar mistérios da mente
O tempo de ser infeliz passou
Mãe baiana, abençoe a nossa gente

Acreditar, eu sim...
O Império vai voltar ao seu lugar!
Tirar a faca do peito
E com Dona Ivone Lara
Mostrar a sua verdadeira cara



Se não fosse pelo refrão, talvez o samba de Arlindo Cruz, Arlindo Neto e Tico do Império não fosse tão comentado. Mas o "laiá, laiá", tão típico do Império em seus sambas mais antigos, usado como prolongamento do nome de Dona Ivone Lara foi arrebatador. O restante da obra também é muito bom. A melodia possui trechos mais acelerados e mais lentos, e é toda muito bem produzida. A letra segue a linha dos demais sambas da disputa, com o diferencial de tratar a homenageada de forma mais íntima. Um legítimo samba imperiano, feito por e para imperianos. O Carnaval de Avenida aposta neste samba.



Compositores: Arlindo Cruz, Arlindo Neto e Tico do Império
Intérprete: Arlindo Cruz e Arlindo Neto

Serra dos anos dourados da nossa história
Desperta e vem cantar feliz
O jongo e o samba de raiz
No enredo desse carnaval
Que não é sonho meu pois ela é real
Ivone Laraiá
Quero ver quem não vai se embalar
No encanto do Tiê Oia Lá Oxá
Desfilando em verde e branco
E a sinfônica demonstra o seu amor
Batendo forte no balanço do agogô

A rainha da casa, mãe esposa de fé
Diz que o dom de compor é coisa de mulher
Com o mestre venceu o desafio ôôô
Nos Cinco Bailes da História do meu Rio


Dona Dama Diva...
Estrela do samba de luz radiante
Show no opinião
Parceira de bambas carreira brilhante
Com a liberdade num lindo alvorecer
Sonha nossa terna mãe baiana
Seu sorriso negro não dá pra esquecer
E hoje nosso Império aclama

Dona Yvone
Lara Iá Laiá
Lara Laiá
Lara Laiá

Um comentário:

  1. Parabens André Mariz pela analise dos Samba das obras citadas, mais você ouviu o Samba n°24 Interpretado pelo Rogerinho Renascer também concorrente no Império Serrano da Parceria Caixa D'Agua, Russo das Frutas, Marinho, Jalmir Talismã, João D'Paula e Flavio Santtana,na minha opinião esse Samba tem uma mescla interessante das obras dos anos 80 (principalmente do fim da primeira e refrão do meio) e dos sambas mais modernos e muito bem descrito. A parceria está de parabens pela obra, e confesso que o final da segunda está de muito bom gosto e pode render muito bem na avenida, haja vista que "finalizar" um samba vem sendo uma das maiores dificuldades das obras na atualidade. Boa Sorte a Parceria

    ResponderExcluir