sábado, 3 de setembro de 2011

Eliminatórias 2012 - Acadêmicos do Cubango

A safra da Cubango ficou muito abaixo do esperado. A sinopse da escola foi uma das melhores de todos os grupos, bem completa e com muita informação. Mas os sambas foram fracos, principalmente se comparados com a maioria dos apresentados pela verde e branco nos últimos Carnavais. Talvez os compositores tenham tido dificuldade em musicar um enredo tão histórico, ou em priorizar determinados pontos de uma sinopse tão extensa. Os sambas não são ruins, mas não possuem nenhum atrativo ou trecho que os torne marcantes. São apenas normais. E como a escola será a última a desfilar no Grupo de Acesso, depois de uma noite inteira de apresentações, seriam mais convenientes sambas alegres e animados, que possam contagiar o público e os componentes, que certamente já estarão cansados. Mas não é o que se observa na maioria das melodias, pra baixo e mais cadenciadas. Claro que se trata de uma análise das gravações, sendo que em apresentações ao vivo isto pode ser modificado. E o próprio samba vencedor poderá também crescer na gravação do CD e na Sapucaí. Mas, até o momento, o samba da Cubango não deve ser um dos destaques do ano.

RESUMINDO: Safra fraca, abaixo do esperado para a excelente sinopse da Cubango. Sambas sem atrativos e pesados demais para uma escola que desfilará por último.

Abaixo estão os três melhores sambas da verde e branco de Niterói, na opinião do Carnaval de Avenida.

O samba de Deigre Silva, Francisco Martins, Jefinho, Léo do Cavaco e Nego Roger não mostra bem suas qualidades na gravação, pois o intérprete é bastante limitado. Mas é melhor do que parece. Possui uma das melodias mais pra cima da safra, o que é benéfico para a escola devido à sua posição de desfile, apesar de não ter nenhum trecho espetacular. Os dois refrões são os destaques. A letra abrange bem o enredo e poderia ser um pouco mais poética. A carência de poesia é evidente no uso de termos como "consternação" ou "daqui pra lá, de lá pra cá".



Compositores: Deigre Silva, Francisco Martins, Jefinho, Léo do Cavaco e Nego Roger
Intérprete: ???

Menino abençoado
Com o dom da criação
No sul a triste saudade
A perda do pai, consternação
A dor que ronda a lembrança
Não cessa a esperança de poder sonhar
No Rio de Janeiro, olha o caixeiro
Que trabalhou pra prosperar
A fé na industrialização
Vem da Inglaterra a sua inspiração
No peito o coração aberto
Sonhando com um Brasil moderno

Daqui pra lá, de lá pra cá, brilhou
A luz da transformação chegou
Iluminando as ruas do Rio
O visionário encantou


Navegar o Rio afora
Nobre missão a alcançar
Em meio aos trilhos lá vai o banqueiro
Condecorado Barão de Mauá
Sem entender o Império
Nem a oposição o fez parar
Foi a alma de um país inteiro
Patriotismo em primeiro lugar
Não teve apego a riqueza
Honra cheia de grandeza homem de valor
Por isso a minha escola te aclama
É seu exemplo que acende a nossa chama

Meu destino é especial
Vejo o meu sonho tão real
Eu sou Cubango amor verde e branco
Sentimento sem igual



O samba de Carlinhos da Penha, Gustavo Soares, Júnior Duarte, Romério Duarte, Sardinha e Wagner Big reflete bem a safra da Cubango. É bem técnico, com uma letra boa e correta e uma melodia sem grandes variações. Se destaca na safra por ser linear, mas não contagia. Os dois refrões são as partes mais expressivas.



Compositores: Carlinhos da Penha, Gustavo Soares, Júnior Duarte, Romério Duarte, Sardinha e Wagner Big
Intérprete: Igor Sorriso

Luz divinal!!!
Guia sua vida à cidade imperial
Traça o comércio pro destino
Do caixeiro bem menino
Em busca do seu ideal
Floresce o afã de realizar
Na força e na fé do trabalhador
Paixão traduzida em progresso
Homem de sucesso, grande sonhador

Clamor e razão da evolução
Novos tempos vão brilhar
Criou o estaleiro e a fundição
Este chão fez seu pilar


Segue rumo à história
Funda o banco em sua expansão
O Império se curva ao talento
Recebe a condecoração
Barão de Mauá
Pelos trilhos, movia a nação
Teu perfil, minha inspiração
Um exemplo pra me espelhar
Vence, o trabalho honrado
Desfilo a glória deste teu legado

Vou mostrar quem somos nós
Ninguém cala a nossa voz
Eu sou Cubango, amor eterno
No sonho de um Brasil moderno



A melodia do samba de Belo, Beto Gama, Emerson, Regina Angélica e Totonho faz desse samba um dos melhores da safra. Bem mais elaborada que os demais, tem no refrão do meio seu melhor momento. O principal poderia ser mais explosivo. As outras partes também possuem variações que deixam a audição agradável. A letra não compromete e segue a média dos demais. A repetição de "barão" três vezes na letra pode ter sido proposital, como um recurso de sempre lembrar do homenageado. Arriscado, mas não incomoda. O Carnaval de Avenida aposta neste samba.



Compositores: Belo, Beto Gama, Emerson, Regina Angélica e Totonho
Intérprete: Tinga

Despertou... A chama da inspiração
Desejo realização
Resplandece a esperança
O sonho de um menino
Ao império uniu sua imagem
No Rio a viagem de um grande destino
E descobriu riquezas
Que a terra nos deu soube explorar
Aprende mais uma lição
Na arte de comerciar

O trem da história chegou
Me diz que foi condutor, o barão
Em Niterói, progresso semeia
É Ponta d'Areia movendo esse chão


Mauá, segue o pioneiro em sua luz
Caminho da evolução
Na ordem foi condecorado
Conquista a nobreza então
Barão de um Brasil mais forte
Do sul ao norte o legado ficou
O banco, a honra e a glória
Memória que o tempo guardou
Um nome iluminado
No coração eternizado

Chegou a Cubango levanta a poeira
Nação verde e branco, paixão verdadeira
A modernidade é nobre lição
Herança deixada pelo barão

Um comentário:

  1. Samba médio, mas tem algo que agrada. Bom, Cubango tem um povo fiel, que tem de certo modo um "chão" bom, e nisso eles devem ganhar um certo destaque. Boa sorte a agremiação!

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