Eliminatórias 2012 - Unidos do Viradouro

Na disputa da Viradouro aconteceu situação semelhante à da Beija-Flor. Logo após a divulgação dos sambas, dois se destacaram muito mais que os outros, dividiram a torcida e provavelmente um deles será o vencedor. A safra como um todo é fraca. Nelson Rodrigues é um enredo bastante rico e a sinopse ficou muito boa. Apesar da junção de muitas parcerias, o resultado ficou bem abaixo do esperado, deixando as duas obras citadas em ainda mais evidência. Também houve uma grande variação estilística nas composições. Algumas mais líricas, outras mais irreverentes, com melodias pra cima e pra baixo... Acredito que o carnavalesco não deva ter imposto nenhum tipo de condição, mas toda escola de samba tem estilos próprios que identificam seus sambas. A Viradouro tem perdido um pouco a sua cara e a safra de 2012 reflete bem a falta de identidade da escola, que vem desde 2007. A pouca qualidade dos sambas também é bem estranha, em se tratando da vermelha e branca de Niterói.

RESUMINDO: Safra fraca e bem heterogênea, mostrando certa falta de identidade da escola. Dois sambas se destacaram desde o início da disputa e um deles deverá ser o escolhido.

Seguem, abaixo, os três melhores sambas da disputa da Viradouro, na visão do Carnaval de Avenida.

O samba de Evaldo, Laudelino, Serjão, Waldeir Melodia, W.Canoa, William e Zé Luiz é um exemplo de mais irreverência que, apesar de até ser compatível com o enredo, não faz o estilo da Viradouro. Mas também há trechos mais poéticos, que fazem o saldo da letra ser positivo. A melodia é uma das mais animadas e faz o samba ganhar destaque na safra.



Compositores: Evaldo, Laudelino, Serjão, Waldeir Melodia, W.Canoa, William e Zé Luiz
Intérprete: Leonardo Bessa

A vida como ela é... Acredite se quiser
Real, inventada, cruel ou rimada
Eterna estória sem fim
Doce mistério... Chama que invade a alma
É... Mexe com a gente tudo que trai ou mente
Nessa odisséia sensual
Centro de toda danação
De sonho e paixão
Pelo buraco eu vejo
Não tente esconder o seu desejo

Então eis a questão
Olha só que ironia
Essa pergunta interessante
Dama da noite é esposa ou é amante?

E no Maracanã... Que sacode mas não cai
Logo ecoa o grito
Maldito... Maldito... Filho da "p" do apito
Como se fosse magia entra em cena a emoção
Alegria... É só alegria... O tricolor contagia
É pode aplaudir essa obra imortal
Já clareou eu quero ler
Fora a mordaça cultural
O véu vamos tirar
O avesso da nudez eu quero ver
Buscando a bela imaginação
O pecado é herói ou é vilão?

Se a unanimidade é burra...
Sei lá! mas vou ganhar seu coração, amor
Anjo pornô banhado em ouro
Vou discordar minha paixão é Viradouro


Os próximos sambas são os dois que mais dividem a opinião do público e são, de fato, os melhores da disputa. O primeiro é o de Claudinho Mattos, Daniel Louzada, Dudu Oliveira, Enio Almeida, Erik Borges, Fábio Borges, Marcello Bertolo e Vitor Adolfo. O refrão do meio desta obra é o melhor trecho de toda a safra. Muito empolgante, ganha um charme a mais ao utilizar a melodia do hino do Fluminense. O restante do samba também é animado, apesar de um pouco linear. A letra é bastante poética, sendo apenas o "ôôôô" da primeira parte um pouco destoante. Fortíssimo candidato, que disputará até o final com o samba seguinte a preferência da escola.



Compositores: Claudinho Mattos, Daniel Louzada, Dudu Oliveira, Enio Almeida, Erik Borges, Fábio Borges, Marcello Bertolo e Vitor Adolfo
Intérprete: Zé Paulo Sierra

Luz que refletiu em teu olhar
Nasce a inspiração em mim
Sou a Viradouro e vou passar
Pra retratar a vida assim...
Tal qual você... Em um subúrbio, o pierrô
A eloquência sem pudor
A flor da emoção (Oooô)
Quero te ver, ó bela dama pecadora
A inocência tentadora
Reviver...
Amante, "engraçadinha"... Me faz enlouquecer
Ordinária, bonitinha... Meu prazer

Domingo no maraca... Magia
É sobrenatural essa paixão
Salve as três cores tão lindas
Hoje, fantasia do meu coração

Quando a cortina se abrir
Verás que a censura irá sucumbir
Aplausos à consagração de um gênio escritor
E à realidade que ofertou
Todas as noites irei retornar
A esta ribalta pra sempre a brilhar
"Toda nudez será castigada"
Mas qualquer pecado terá seu perdão
Nelson, és personagem principal
Que ilumina a passarela, a tela do meu carnaval

Vai meu samba vai cantar
O universo sedutor
Ardente e insano de um anjo profano
Vivendo um "sonho de amor"


A obra que mais possui a cara da Viradouro é a de Diego Moura, Diego Nicolau, Felipe Filósofo, Fernando Johara, P.C. Portugal, Renan Gêmeo e Rodrigo. Uma letra poética e melodia um pouco mais cadenciada, tal qual os sambas da escola na década passada. E ambas excelentes. Até o "amor" no refrão principal, algo bem comum nos sambas mais antigos da Viradouro, está presente. O clima de saudosismo chega ao ápice com a interpretação de Dominguinhos do Estácio, que durante tanto tempo defendeu o pavilhão da escola. O Carnaval de Avenida aposta neste samba.



Compositores: Diego Moura, Diego Nicolau, Felipe Filósofo, Fernando Johara, P.C. Portugal, Renan Gêmeo e Rodrigo
Intérprete: Dominguinhos do Estácio e Diego Nicolau

Eu vou viajar pela luz do teu olhar
Amar demais, pecar sem medo
Mentir a verdade, trair o segredo
No calor da poesia te abraçar
Ser a tua fantasia
Enlouquecer de prazer
Infiel num eterno amor
Vou saciar o desejo e despir o pudor
Do jeito que você quiser
Viver a vida como ela é

Deixar falar o coração
Despertar a multidão
Um toque genial... É sobrenatural
Faz delirar de paixão

Em cena a realidade
No palco da ilusão
Visto a nudez da liberdade
Nas asas da imaginação
Serei o filme mais belo que vai desfilar
A trilha sonora é o nosso cantar
De corpo e alma eu me entrego anjo sedutor
Vou além dos verbos
Pra te conquistar
O teu universo a me guiar

Vou me perder... Amor
E no meu sonho te encontrar
Nelson Rodrigues... Sou Viradouro
Quero ver me censurar