terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Os melhores sambas da década - Rio de Janeiro 2002



Apesar de inferior à do ano anterior, a safra de 2002 também proporcionou belas obras ao Rio de Janeiro. Temos a presença de alguns sambas bem fracos, mas os bons são ainda melhores que os destaques de 2001. Campeã do ano, a Mangueira desfilou com um samba que se tornou conhecido e popular, algo bastante difícil na época atual. Mesmo aqueles que não acompanham tanto o carnaval conhecem os versos "Vou invadir o Nordeste, seu cabra da peste...". Um dos melhores sambas da Mangueira, que possui uma excelente safra na década. A Porto da Pedra, que vinha do grupo de Acesso, se manteve no grupo com um desfile em homenagem a cidade de Petrópolis e um samba bem compacto mas de melodia encantadora. Não é uma obra muito comentada mas é uma das melhores da escola de São Gonçalo. E o melhor samba do ano foi do Império Serrano, que apresentou um enredo sobre Ariano Suassuna. Uma composição muito valente e marcante, que pode ser colocado entre os destaques da agremiação da Serrinha. A gravação de todo o CD de 2002 também é muito interessante, com os sambas ganhando um toque de "ao vivo", algo muito desejado mais ainda longe da realidade na época.


MANGUEIRA - 2002



Enredo: Brasil com 'Z' é pra cabra da peste, Brasil com 'S' é nação do Nordeste
Compositores: Lequinho e Amendoim

Mangueira encanta
E canta a história que o povo faz
Vem mostrar a nação do valente sertão
De guerras e de sonhos imortais
A cada invasão, uma reação
Pra cada expedição, um brado surgia
Brilhou o sol no sertão
A luz de um novo dia
Lendas e crendices, mistérios que vem ao luar
No velho Chico naveguei, com meu cantar

No canto e na dança
No pecado ou na fé, vou seguir no arrasta pé
Deixa o povo aplaudir
Ao som da sanfona
Vou descendo a ladeira, com o trio da Mangueira
"Doce Cartola" sua alma está aqui


Padim, Padre Ciço faça chover alegria
Pra que cada gota seja o pão de cada dia
Jogo flores ao mar pra saudar Iemanjá
E na lavagem do Bonfim eu peço axé
Terra encantada e predestinada
Tua beleza não tem fim
Brasil, no coração eu levo paz
Pau de Arara nunca mais

Vou invadir o Nordeste, seu cabra da peste
Sou Mangueira
Com forró e xaxado os filhos do chão rachado
Vêm com a Estação Primeira



PORTO DA PEDRA - 2002



Enredo: Serra acima, rumo à Terra dos Coroados
Compositores: Evaldo Melodia, Ernesto do Cavaco e Beto Grande

Natureza
Os nativos coroados
Sinais de rica cultura
A densa neblina cobre a mata
O ciclo do ouro ao barroco nos levou
Dom Pedro I
Com essa terra se encantou
O delírio imperial
Foi herança que ficou

Pedro II, coroado
Jovem ainda se engalana
Depois de se coroar
É inspirado a criar
A bela cidade serrana


Major projetou Petrópolis
Colonizada ganha a "Baronesa"
O Palácio de Cristal, onde a Princesa
Realizou o baile da abolição
Então a República
Traz a burguesia para a mesa
No cassino, luz acesa
E o show vai começar
A Cidade Imperial continua a encantar

Serra Acima
Rumo à terra dos coroados
Porto da Pedra vem exaltar
E coroada hoje vai te coroar



IMPÉRIO SERRANO - 2002



Enredo: Aclamação e coroação do imperador da Pedra do Reino - Ariano Suassuna
Compositores: Aluízio Machado, Maurição, Carlos Sena, Elmo Caetano e Lula

Sol inclemente, oi
Vai além da imaginação
Sopro ardente, árida terra
Desse poeta cantador
Sede de vida, gente sofrida
Salve o lanceiro, guerreiro do amor

Cabra macho, firmeza, que emoção
Liberdade, esperança, ressurreição
A bondade, a maldade no coração
Amor, verdade, eu encontro neste chão


(Vem que tem...)
Tem azul, tem encarnado, tem
Numa comunhão de fé
Lança em punho ao som da luta
Desse sonho contra a dor
Resgatando o passado
Desse povo vencedor
Esses reis tão sertanejos
Descendentes de valor
E a cavalgada parte
Lá de Belmonte
Prá serra do Catolé
Tão linda minha corte sertaneja
Marco forte, altaneira do sertão
Buscando na justiça igualdade
Empunhando a bandeira na coroação

Hoje o Império é a voz da razão
Onde reina a paz e a união
E é muito mais que uma paixão
Sou imperador... Lá do sertão

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