quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Eliminatórias 2012 - Unidos da Tijuca

Pela primeira vez em muitos anos, as eliminatórias da Unidos da Tijuca estão realmente disputadas. Os multicampeões Julio ALves e Totonho encontraram adversários a altura dessa vez e podem estar com sua supremacia ameaçada. A qualificação dos sambas se deve muito ao excelente enredo, o primeiro convencional que Paulo Barros faz na agremiação. Logo, as obras produzidas também estão mais "normais", sendo que não dependem do desfile para se fazerem entender. O grande destaque da maioria dos sambas está na melodia, algumas muito inovadoras e outras se aproveitando de canções do homenageado Luiz Gonzaga. Nem é preciso dizer que o forró está presenta em diversas composições, assim como o "nordestinês", que também é uma característica da safra salgueirense para 2012. Sabendo escolher bem, a Tijuca pode ter um de seus melhores sambas dos últimos anos.

RESUMINDO: Safra muito boa, ajudada pelo excelente enredo. O entendimento dos sambas não depende do desfile, como vinha acontecendo. Disputa bastante aberta.

Abaixo, os três sambas que, na opinião do Carnaval de Avenida, são os melhores da Unidos da Tijuca.

O samba de Dudu, Júlio Alves e Totonho é correto em letra e melodia, transmitindo o enredo sem ousar demais. Por isso acaba não se sobressaindo tanto perante os outros, não tem passagens muito marcantes. Mas é um bom samba, com uma boa letra, até mais poética que a maioria.



Compositores: Dudu, Júlio Alves e Totonho
Intérprete: Tinga e Igor Vianna

A nobreza eu vou convidar
Brilhou uma estrela no céu
Um mestre nasceu pra reinar
Compondo o forró do borel "e vem, vem"
Vem, reis e rainhas pra viagem
Tem, pelo sertão que brilha "lua"
Esses sabores que me fazem bem
Oh! Rei Luiz, a luz Gonzaga deste meu país
A comitiva continua, pra Januário se orgulhar
Morena da um nó, o seu forróbodo
Faz a sanfona ecoar

No lombo do burro, a imagem na mão
No barro, na vida segue a devoção
Há luz no caminho romeiro de fé
Perdoa padinho vou pro arrasta pé


Maria Bonita é porta bandeira
E viu lá na feira a volante então
Avise a Corisco, pois ele é o braço
Do rei do cangaço lá vem Lampião
Na dança das águas, saudade amarga "que nem jiló"
Oh! Meu São Francisco tece um poema
Na Piracema um luxo só
Simbora meu povo
Tem festa de novo é coroação
Vai "Asa Branca" na rádio que toca
Bailando no meu coração

O Rei do Baião chegou à Tijuca
E a Pura Cadência embala o som
Escuta o samba sacode a zabumba
Tempero arretado danado de bom



Bem pra cima e um dos mais animados da disputa, o samba de Cesinha, Jorge Calado, Josemar Manfredini, Silas Augusto e Vadinho possui uma melodia explosiva, que em certos trechos fica mais dolente em ótimas variações. Há algumas alusões a músicas de Luiz Gonzaga, talvez as passagens mais marcantes da obra. A letra mistura momentos mais poéticos com outros mais irreverentes. Excelente samba e forte candidato.



Compositores: Cesinha, Jorge Calado, Josemar Manfredini, Silas Augusto e Vadinho
Intérprete: Zé Paulo Sierra

Nessa viagem arretada
"Lua" clareia a inspiração
Vejo a realeza encantada
Com as belezas do Sertão!
"Chuva, sol" meu olhar
Brilhou em terra distante
Ai que visão deslumbrante, se avexe não!
Muié rendá é rendeira
E no tempero da feira
O barro, o mestre, a criação!

Mandacaru a flor do cerrado...
Tem "xote menina" nesse arrasta pé
Oh! Meu Padim, santo abençoado
É promessa eu pago, me guia na fé


Em cada estação, a "triste partida"
Eu vi no cangaço vida severina
Á margem do Chico espantei o mal
Bordando o folclore raiz cultural...
Simbora que a noite já vem, "saudades do meu São João"
"Respeita Véio Januário, seus oito baixo tinhoso que só"
"Numa serenata" feliz vou cantar
No meu pé de serra festejo ao luar...
Tijuca a luz do arauto anuncia
Na carruagem da folia, hoje tem coroação!

A minha emoção vai te convidar
Canta Tijuca vem comemorar
"Inté asa branca" encontra o pavão
Pra coroar o "Rei do Baião"



O maior diferencial do samba de Fernando Moreira, Robertinho do Verdun, Sérgio Alan e Zézinho Professor é a melodia. Bastante original, explosiva e variante do início ao fim, faz com que a audição seja bastante interessante. A letra também é muito boa, sem abusar demais de expressões nordestinas e com trechos bem poéticos. Samba que não cansa nunca e tem uma pegada muito forte, contagiante sem ser "oba-oba". O Carnaval de Avenida aposta neste samba.



Compositores: Fernando Moreira, Robertinho do Verdun, Sérgio Alan e Zézinho Professor
Intérprete: Igor Sorriso

Aperte o fole a festa vai começar
Tijuca vem coroar o Rei Luiz
A realeza é convidada a viajar
Sua vida é andar por esse país
Vem ver a banca no mercado popular
Quem quer? De tudo tem aqui para comprar
Seca é a saga nordestina
Sertanejo é um forte nessa vida severina
No lombo do burro, segue seu destino
O barro vira arte pelas mãos de Vitalino.

Na fé do romeiro seguir
A “meu Padim Ciço” pedir
Saúde paz e proteção
Meu canto é oração


Nas águas do velho Chico rumando pro sul
Carranca no barco balança, “em riba”, um céu azul
A chuva não vem, resseca o chão
A terra arde igual fogueira de São João
Canta, dança...folclore do nordeste
E bate uma saudade “da peste”
No rádio e na televisão, chapéu de couro e gibão
Pelo Brasil, todo mundo escuta sua canção
E o Gonzaga da sanfona vira o Rei do meu Sertão

Na “Pura Cadência” batendo zabumba
Arrasta a sandália, levanta a poeira do chão
“Lua” é o rei no centenário
Hoje o samba vai virar baião

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