sábado, 17 de setembro de 2011

Eliminatórias 2012 - Unidos de Vila Isabel

Se considerarmos a safra da Vila como um todo, está abaixo do ano passado e do esperado para o enredo. Mas se levarmos em conta os melhores sambas, é certo que a escola terá uma das melhores obras do ano. Talvez isso justifique a disputa no bairro de Noel estar tão corrida. Os sambas que provavelmente serão os finalistas, e que dividiram a torcida desde o início, estão bem óbvios. E são excelentes composições, fortes e com algum diferencial. Curioso e louvável a pouca utilização de termos africanos nos sambas como um todo, como poderia se esperar de um enredo sobre Angola. Pode ser resultado da ausência dos mesmos na excelente sinopse de Rosa Magalhães. Outra característica comum aos sambas é serem adequados à posição de desfile da escola. A Vila vai encerrar as apresentações de domingo como a sétima escola a desfilar, algo que não acontece desde 2007. O samba precisa ser forte e contagiante, pois os componentes e o público já estarão mais cansados do que de costume. Aprovadas nos pré-requisitos, cabem às parcerias favoritas mostrarem suas demais qualidades a cada eliminatória.

RESUMINDO: Como um todo a safra decepciona, mas os favoritos são alguns dos melhores do ano. Muito qualificados e com seus diferencias, tornam a disputa entre si aberta.

Abaixo estão os três sambas que, na opinião do Carnaval de Avenida, são os melhores das eliminatórias da Vila Isabel.

O samba de Carlos Palha, Guilherme Salgueiro, Márcio Hilário, Rafael Zimmermann e Walace Professor é o que mais se encaixa nos moldes contemporâneos. Tem uma letra muito rica e com ótimas sacadas, além de fazer uma excelente abordagem do enredo. A melodia também é muito forte, sendo apenas um pouco quebrada em algumas partes. Um bom concorrente que, no conjunto, é bastante correto.



Compositores: Carlos Palha, Guilherme Salgueiro, Márcio Hilário, Rafael Zimmermann e Walace Professo
Intérprete: Leandro Santos

Com a luz dos ancestrais
A alvorada vem revelar
Histórias de guerreiros tão valentes
O coração do mundo a pulsar
Angola, mística dos negros rituais
Olhos claros contam lendas bestiais
Cobiça traduzida em escravidão
Batismo de morte, ferro e açoite
Estarão em seu destino a saudade e a solidão

Jinga, inspiração de fé, liberdade!
Da matamba traz axé, é rainha!
O Quilombo na avenida é a Vila!
O batuque de verdade
É a minha identidade!


O cais se transforma, trazendo esperança
Divina a festa no passo das danças
Tambores baianos louvando Olorum
É a nova cidade, o ilê de Oxum
No quintal de Ciata nasceu
Tradição que virou carnaval
Cultura do Brasil se faz presente em além-mar
E os povos irmanados podem juntos celebrar
Raízes de Martinho
Sonhando um sonho pela igualdade
Da língua que nos une
O samba é expressão
Uma só nação

Semba de lá, samba de cá
Salve a terra de noel
Vem Luanda abençoar
Canto as cores que brilham no céu
Vila Isabel



É preciso mais de uma audição para perceber todas as sutilezas do samba de Carlinhos Petisco, Jorge Agrião, Mart'Nália, Raoni Ventapane e Serginho 20. A melodia é cheia de variações e começa pra baixo e mais pesada, ao falar da escravidão, e vai crescendo até ficar alegre e animada no final, ao mostrar o canto livre. A letra também é sensacional, sem nenhum tipo de clichê ou verso apelativo, algo raro hoje em dia. Os "Lêlêlêlês" são ótimos e dão um charme a mais à composição. Fortíssimo concorrente.



Compositores: Carlinhos Petisco, Jorge Agrião, Mart'Nália, Raoni Ventapane e Serginho 20
Intérprete: Gilsinho

Vai ecoar, meu cantar lamento negro no céu
Minha emoção já via desfilar na nossa voz que é a Vila Isabel
Um dia tudo se misturou, surgiu a espécie em mananciais
A negritude se enraizoou no berço e colo dos ancestrais
E agora tua lua divina ilumina o guerreiro
No Quilombo ele foi teu fiel escudeiro
Lá no nDongo e matamba não foi tudo em vão
Num sopro de vida nascia um novo ideal

A guerreira rainha... Lutou
Pro seu povo nJinga... Amor
Com sua sabedoria a mãe negra se eternizava
Cumpriu sua missão sem ser escrava


Mas chegar ao cais marcou demais no peito
Mesmo sendo renomeado, batismo, catequizado respeito
Foi um tal marques que era um português
Pensou que já estava numa boa
E a brisa de Luanda hoje é a Gamboa
No coração, rei e rainha para coroar
E o divino foram celebrar irmão festeiro na memória
Mas o barbeiro foi violeiro que o rio ouviu
Batuque dança nova flor se abriu
E lá na casa da Tia Ciata, um samba
Eu tenho orgulho da minha escola
Martinho camarada de Angola seu canto livre ecoou

A Vila com raça, em dia de graça
Seu manto é pura raiz
Encanta a massa e hoje congraça
Só ela me faz feliz


Lêêêêêê lê lê lê lê lê lê lê lê lê lá é semba
Lêêêêêê lê lê lê lê lê lê lê lê lê cá é samba


Repleta de campeões, a parceria de André Diniz, Arlindo Cruz, Artur das Ferragens, Evandro Bocão e Leonel produziu um samba muito bonito, que não se prende muito ao enredo. Mexe com os brios do torcedor, sobretudo ao lembrar de Kizomba, que deu o primeiro título à Vila em 1988. Também se assemelha ao próprio samba de 88 na estrutura, tendo no lugar do refrão do meio versos parecidos, mas que não se repetem. A melodia é excelente, com ótimas variações em todo o samba. A segunda parte possui contracantos, algo que Martinho da Vila utilizou na primeira versão do samba de 2010, mas que posteriormente acabou sendo modificado. Pode ser arriscado para a harmonia da escola utilizar tal recurso, mas é um atrativo a mais da obra. O Carnaval de Avenida aposta neste samba.



Compositores: André Diniz, Arlindo Cruz, Artur das Ferragens, Evandro Bocão e Leonel
Intérprete: Wander Pires

Vibra óh minha Vila
A sua alma tem negra vocação
Somos a pura raiz do samba
Bate meu peito à sua pulsação
Incorpora outra vez Kizomba e segue na missão
Tambor africano ecoando, solo feiticeiro
Na cor da pele, o negro
Fogo aos olhos que invadem,
Pra quem é de lá
Forja o orgulho, chama pra lutar

Reina ginga ê matamba vem ver a lua de Luanda nos guiar
Reina ginga ê matamba negra de Zambi, sua terra é seu altar

Somos cultura que embarca
Navio negreiro, correntes da escravidão
Temos o sangue de Angola
Correndo na veia, luta e libertação
A saga de ancestrais
Que por aqui perpetuou
A fé, os rituais, um elo de amor
Pelos terreiros (Dança, jongo, capoeira)
Nasci o samba (Ao sabor de um chorinho)
Tia Ciata embalou
Com braços de violões e cavaquinhos a tocar
Nesse cortejo (A herança verdadeira)
A nossa Vila (Agradece com carinho)
Viva o povo de Angola e o negro Rei Martinho

Semba de lá, que eu sambo de cá
Já clareou o dia de paz
Vai ressoar o canto livre
Nos meus tambores, o sonho vive

4 comentários:

  1. Que vença o melhor..!! so tem bons..
    passa la!!!

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  2. Esse do André Diniz é um sambaço! Tomara que vença mesmo o melhor!

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  3. muito bom o enredo,que vença o melhor,rumo a vitoria.

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  4. quem sabe faz,como disse meu amigo filho de peixe ,peixinho é: para mim o samba de tunico ferreira ,jonas,jorge secretario e o melhor pos tem melodia balanço.emfim e um samba facil,samba para desfile todos são muito boms mais ainda aposto no de tunico ferreira.vai dar trabalho.

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