Samba-enredo 2011 - Portela

Depois de quatro anos seguidos, a trajetória de vitórias de Diogo Nogueira foi interrompida na Portela. O samba de 2011 da escola é de Wanderley Monteiro, Gilsinho, Luiz Carlos Máximo, Jr. Scafura e Naldo. De certa forma uma surpresa mas de maneira alguma ruim para a escola. A safra da Portela era, ao lado da Mangueira, a melhor do ano e os quatro finalistas de fato eram os melhores sambas. O Carnaval de Avenida apoiava o samba de Diogo Nogueira mas também destacou o vencedor como o segundo melhor. E apesar de algumas escolas ainda não terem realizado suas finais, não é exagero dizer que a Portela tem o melhor samba do grupo Especial.

A letra é linda, uma verdadeira poesia. Não há um único verso solto ou pobre. A melodia é mais pesada do que a dos sambas que a Portela geralmente escolhe. Mas é ótima, possui belas variações. Talvez careça apenas de algum momento de maior explosão mas nada que tire o brilho da obra. Não há muito o que falar do samba a não ser que é excelente. Um de seus grandes momentos está no trecho "Os navios negreiros jogam seus lamentos pelo ar. Nas águas de Iemanjá, nem corsário aventureiro nem o rei pode mandar". Samba sensacional da Portela, talvez o melhor desde o antológico "Gosto que me Enrosco" de 1995.

Até agora a Águia tem tudo para apagar de vez o fiasco que foi seu último desfile, quando ficou em nono lugar com uma apresentação sofrível. Em 2008 e 2009 estava ensaiando uma volta a seus tempos de glória, obtendo o quarto e terceiro lugares, respectivamente. Em 2011 a escola vai falar de um de seus temas preferidos: o mar. Tendo como foco o centenário do Porto do Rio de Janeiro, a Portela reencontra um dos elementos com o qual tem mais identificação. Pode-se esperar um grande desfile da Portela e que, quem sabe, mais uma estrela venha a brilhar nos céus de Madureira.

PORTELA - 2011





Compositores: Wanderley Monteiro, Gilsinho, Luiz Carlos Máximo, Jr. Scafura e Naldo

Brilhou no céu
A luz da águia, a estrela-guia
Do coração navegador
Que na travessia enfrentou
Todo o medo que havia
Era só mitologia do mar
A lenda deu lugar para o juízo
Que pra viver é preciso navegar
As galés do oriente já vêm
Da Fenícia e do Egito também
Gregos e romanos partem para conquistar
E o farol da Alexandria fez a noite clarear

Os mistérios vão desvendar
Para um novo caminho encontrar
Lá na Índia, especiarias
Leva-e-traz, mercadorias

A ambição do europeu se encantou
Com o novo mundo de riqueza natural, sem igual
Os navios negreiros
Jogam seus lamentos pelo ar
Nas águas de Iemanjá
Nem corsário aventureiro, nem o rei pode mandar
Oi leva mar, oi leva
Leva a jangada numa nova direção
O porto centenário abriu seus braços
Na terra de São Sebastião
Portela, vai buscar no horizonte
A eterna fonte de inspiração
Um oceano de amor que virou arte
E deságua na imaginação

Lindo como o mar azul
Meu grande amor, minha Portela
A força do seu pavilhão vai me levar
A navegar