domingo, 5 de junho de 2011

A casa caiu


Antes foram os camarotes, o setor de luxo da Sapucaí. Que faziam alguns torcerem o nariz por representarem o Carnaval comercial, dando a honra e privilégio de assistir aos desfiles à pessoas que estavam mais interessadas em fazer social. Mesmo assim, já era costume ver aqueles acolchoados coloridos permeando todo o setor 2, onde também ficavam algumas cabines de jurados, o Estandarte de Ouro, cabines de TV e o quase folclórico Camarote Número 1. Impossível para quem desfilava ou estava na arquibancada deixar de olhar pro primeiro camarote da Sapucaí e procurar algum famoso e comentar com quem estava ao seu lado.

Tudo virou pó, lenta e gradualmente. Hoje as paredes que certamente presenciaram o glamour, o requinte e as mais escandalosas histórias são um grande amontoado de destroços.

Neste domingo, veio abaixo o prédio da Brahma. Diretamente não fazia parte dos desfiles mas é impossível a qualquer um que tenha algum vínculo com o Carnaval não sentir uma pontinha de tristeza ao ver a implosão. Era parte do cenário da avenida, um espectador como nós, presente em cada desfile. Uma companhia para as diversas horas passadas na Sapucaí. Imponente atrás do setor 2, com fachada de ares históricos mas já desgastada pelo tempo.

A nova Sapucaí promete uma maior interação entre o público, com arquibancadas de frente umas pras outras, da mesma forma como acontece com os setores 4 e 11. Vai melhorar, sim. Mas impossível deixar de lembrar do muro de concreto que percorria grande parte da extensão da pista, pra onde sempre se ficava olhando enquanto se esparava a próxima escola desfilar.

Foram-se, sacrificados pelas Olimpíadas. Que pelo menos dêem lugar à vibração e emoção das quais carece o público da avenida.

Casa nova. Vamos nos acostumar.

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