sexta-feira, 3 de junho de 2011

Sinopses 2012 - Acadêmicos da Rocinha


"Hoje, eu um pombo, tão difamado na atualidade, porém como assíduo frequentador dos céus urbanos, peço licença para narrar a história do surgimento das praças e o quanto elas influenciaram o desenvolvimento social do Homem.

Em um voo milenar meus ancestrais gregos viram surgir a Ágora ateniense, amplo espaço aberto cercado de prédios públicos e mercados onde palpitava a vida política, social e econômica da cidade. Ornada com belos pórticos de finas colunatas onde homens de negócios discutiam seus interesses e todas as classes podiam interagir. Era lá que os políticos debatiam com o povo futuras decisões. Com a abertura do mercado, comerciantes e artífices se punham a negociar uma infinidade de produtos. Assim nascia para o mundo a praça, seu exemplo de convívio e democracia.

Já em terras brasileiras gerações passadas de minha família vinda da Europa, contaram ter visto do alto de um campanário, o centro nervoso da sociedade em uma cidade pequena do interior onde tudo acontecia. De um encontro amoroso a festividades religiosas de onde brotava um cheiro bom dos quitutes lá vendidos por senhoras religiosas. Os discursos políticos deixando crédulos esperançosos de mudanças em seus votos. Os acordes da banda no coreto convidavam todos a dançar. Ao cair da noite as luzes contornando a linda igreja, enfeitavam o passeio em família esperando o encantamento de uma sessão de cinema convidando todos a sonhar na praça da matriz onde o tempo teima em não passar.

Hoje me ponho a voar para ver o quanto estas Ágoras modernas têm a oferecer. Entre um amontoado de arranha-céus vejo espremido um pequeno Oasis na cidade grande. Pouso em um busto de ferro como tantos que homenageiam um herói ou personagem histórico. Vejo crianças brincando em lúdicas trapizongas de ferro, velhinhos que preenchem o tempo ganho pela aposentadoria jogando nos seus tabuleiros; enquanto outros descansam e leem seus jornais sentados nos bancos à sombra de uma árvore. Vejo nesta praça de bairro um refúgio, onde convivem em harmonia, esquecendo todas as diferenças, moradores de apertados "pombais" de concreto, isolados nas grandes cidades.

Em uma repentina revoada sou levado à periferia desta cidade. Lá pousando em uma trave de gol com minhas penas brancas lembro que sou um símbolo de paz, sentimento tão necessário para muitas comunidades que colocadas à margem da sociedade enfrentam todo o tipo de sorte. Assim em um terreno abandonado surge à esperança, uma praça de esportes. São quadras, pistas e aparelhos de ginástica que mudam a perspectiva de jovens que alcançam novos ideais e idosos ganham melhor qualidade de vida com atividade física. A praça mostra o poder que possui de reintegrar o cidadão.

Novamente me ponho a voar para longe chegando ao centro do poder político, Brasília! Plainando entre modernos prédios avisto uma multidão que em marcha bradam palavras de ordem empunhando bandeiras, ferramentas e faixas que expressam seus anseios. Essa procissão segue a caminho de um belo monumento erguido em nome dos trabalhadores, construtores desta cidade. E na Praça dos Três Poderes, lembro-me da Ágora grega e quanto ela se adaptou em terras brasileiras, sem perder a essência da democracia.

Pois é, depois de tanto voar e narrar essa história junto a esta comunidade, eu um simples pombo, espero ao fim deste desfile, na Ágora maior do samba a Apoteose, poder botar o nome Rocinha na praça, como a campeã do carnaval de 2012."

COMENTÁRIO: Interessante o enredo sobre as praças, embora eu esperasse uma abordagem um pouco diferente. Pelo que diz a sinopse, o desfile irá mostrar a representação cultural da praça, desde os tempos da Ágora grega até os dias de hoje. Ao saber do enredo imaginei que fosse sobre praças famosas e seu contexto histórico, algo que só é abordado no final, onde é citada a Praça dos Três Poderes. Ou então sobre praças tradicionais e conhecidas do Rio de Janeiro, o que poderia proporcionar mais comunicação com o público ao mostrar lugares do cotidiano das pessoas. Talvez fique um pouco desconexo dar relevância apenas à praça brasiliense, mas pode ser que no desfile apareçam algumas outras. De qualquer forma acho um enredo atrativo e original, e em se tratando de Rocinha, podemos esperar um bom desfile, que não deixe o tema ficar tosco ao passar na Sapucaí. Com relação ao pombo que conduz o enredo, achei uma excelente sacada. E, como era de se esperar, a Praça da Apoteose fechará o desfile. Mesmo esperando uma abrangência maior, está de bom tamanho para o grupo de Acesso.

Um comentário:

  1. Esse enredo, ganhou um ponto a mais, o samba escolhido,pela diretoria, vai dar um caldo no desfile,logico que agora depende do carnavalesco, criar fantasia e carro alegorico de facil leitura, no entanto e só espera pra crê e eu tô crendo que esse desfile vai se sucesso!

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