
Falar da Unidos de Lucas é falar de história, de tradição. É falar de uma das mais importantes e respeitáveis escolas de samba do carnaval carioca, orgulho da comunidade de Parada de Lucas. Nasceu da união de duas escolas. Em 1966, a Aprendizes de Lucas se fundiu com a Unidos da Capela, que inclusive já foi campeã do carnaval, dando origem ao Galo de Ouro da Leopoldina. Seu primeiro desfile oficial foi em 1967 e logo de cara conseguiu a quinta colocação. Em 1968 repetiu o feito, ficando atrás apenas das quatro grandes da época: Mangueira, Império Serrano, Salgueiro e Portela.
Acabou sendo rebaixada em 69 e começou um "sobe e desce" entre os grupos 1 e 2, que hoje equivalem ao Especial e Acesso A. Em 1976 fez sua última participação no grupo principal. Desfilou com um dos melhores sambas de sua história e da história do carnaval, mas acabou rebaixada na décima segunda posição e nunca mais voltou. Durante o fim da década de 70, toda a década de 80 e começo da década de 90, a escola permaneceu no segundo grupo sem conseguir retornar ao Especial. Em 1995 foi rebaixada para o grupo B e dois anos depois para o C. A partir de 2004, Lucas conseguiu se manter no grupo B, obtendo sempre colocações medianas. Mas em 2008 começaria uma série de descensos que culminaria no rebaixamento para o último grupo.
Na gravação do CD, o intérprete Edimilton de Bem pareceu deixar uma espécie de epitáfio da escola em seu ano de despedida da Sapucaí, ao pronunciar, no começo da faixa, a frase "a Unidos de Lucas será eternamente a raíz do samba". O Galo de Ouro acabou na última posição, caindo para o grupo C. Em 2009 mais um rebaixamento, levando a escola ao grupo D (RJ3) em 2010. Obteve a décima terceira colocação e estará no grupo E (RJ4) em 2011. E o que se espera é que essa lamentável situação em que se encontra a agremiação faça sua diretoria acordar, por que o lugar de Lucas não é sequer na Intendente Magalhães.
Com relação aos sambas, só se pode dizer que a escola possui uma safra primorosa, repleta de clássicos. O samba de 1968, "Sublime Pergaminho - História do Negro no Brasil", é um dos mais conhecidos e aclamados, mas eu particularmente não o aprecio tanto, apesar de reconhecer que possui qualidades, sobretudo em letra. Pra mim dois sambas competem pelo posto de melhor da escola: "Mar Baiano em Noite de Gala", de 1976, e "Lua Viajante", de 1982, este último premiado com o Estandarte de Ouro. E ambos foram reeditados, em 2005 e 2006 respectivamente, mostrando que a própria escola os considera clássicos. Optei pelo primeiro, mais forte, intenso. Não se espera outra coisa de um samba que fala de África, Bahia, candomblé e orixás. É mexer com coisa séria. Possui letra e melodia irrepreensíveis, assim como a grande maioria dos sambas de Lucas. Mas este tem um diferencial, algo que se sente, não se explica. O áudio é o da gravação de 2005 mas o original de 1976 também está disponível para download.
No mais, fica aqui esta lembrança, esta pequena homenagem ao G.R.E.S. Unidos de Lucas. Escola que já contribuiu tanto com o carnaval e que agora precisa de cada torcida, cada energia positiva e cada ajuda, seja de que forma for, para que possa se reerguer e voltar a brilhar. Como o ouro. Como o vermelho e ouro de seu sagrado pavilhão.
É uma pena que os Sambas contem tão pouco na hora do desfile. Bons Sambas como esses não poderiam ser rebaixados.
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