sábado, 15 de janeiro de 2011

Os melhores sambas da década - São Paulo 2003



Continuando com o emergente nível de qualidade dos sambas paulistanos, a safra de 2003 também foi bastante qualificada. A maioria das escolas apresentou boas obras. Nota-se uma contínua evolução técnica dos sambas, com letras mais criativas e elaboradas e melodias mais ousadas e originais. Três obras destacam-se no ano, entrando para a galeria das melhores da década. A Vai-Vai, com seu interessante enredo sobre o cavalo, levou um samba melodioso porém de cadência mais acelerada, característica típica dos sambas paulistanos. Conta também com uma ótima letra. A Império de Casa Verde, que acabara de ascender ao grupo Especial, trouxe um samba que é bem pouco comentado mas muito bonito. É bastante dolente, característica presente na grande maioria dos sambas posteriores da escola. E a Mocidade Alegre teve a melhor composição do ano. Aliás, o samba da Morada é considerado por muitos o melhor de todos os tempos em São Paulo. Sua melodia é o grande destaque, possuindo muita força e variações originais, sobretudo no refrão do meio. Ano com maior número de sambas paulistanos destacados pelo Carnaval de Avenida até agora, 2003 consolidaria a ascenção iniciada no ano anterior e levaria à contínua melhoria que se estenderia pelos anos seguintes.


VAI-VAI - 2003



Enredo: Entre marchas, galopes e cavalgadas
Compositores: Danilo Alves, Regis e Vagner Almeida

A Bela Vista chegou com garra e emoção
Invadindo continentes vem mostrar a essa gente
A origem de uma criação
Surgiu na era glacial
A descoberta genial
E a sua história vai brilhar no carnaval
Sangrentas guerras conquistou
Grandes guerreiros carregou
Fez da Mongólia a sua arena de terror

Pisa forte na avenida
Indomável campeão
Que virou mitologia de tanta fascinação


Centenas de anos antes de Cristo
Conquistador e arisco, fundou cidade
Presente de grego foi construído
E ao longo desse conflito, realidade
Glórias a cônsul venerado
Imperador foi derrotado
Deposto caiu do seu garanhão
Vitórias também teve o alasão
Tem corrida, tem rodeio, tem jogo no tabuleiro
E o Grande Prêmio do Brasil
Com força, raça e harmonia eu vou trazer
O mundo inteiro pra você
Entre marchas, galopes e cavalgadas
De preto e branco sacudindo a arquibancada

Lá vem o Bixiga com muita alegria
Devoção e muito mais
Cantando forte em poesia
Eu sou Vai-Vai



IMPÉRIO DE CASA VERDE - 2003



Enredo: Nhô João, preto velho milagreiro e profeta de todos os deuses lá pelas bandas do Cafundó
Compositores: Biro-Biro, Daniel Colêtte, Raphael, Júnior Marques, L.C. Santos, Turko, Sérgio Biriba e Maradona

Oh, mãe África
O grande ventre que gerou os Orixás
Atravessando o mar aqui chegou
No espledor de uma raça
Esta cultura germinou
E nasce então o mito
Em terra cercada de crenças e lendas
Mistério das águas vermelhas
Iluminado, com sua fé rompeu fronteiras

Ô me leva... Tem festa, sinhá me leva
Folclore na terra sagrada
Tem tropeiros, cavalhada
Tem congada


Aí... Sai de cena o vício cruel
A missão vem das luzes do céu
É hora de plantar o amor
Da natureza
Esse médico santo faz cura e ilumina
Nessa fé nem prisão desanima
É a igreja negra em ascensão

E o santo foi morar... Nos cafundós... Com os orixás...
De lá ele derrama amor e paz...


Com o clarão do luar
Tambores vão ecoar... Sou Império
Profeta, santo e irmão
Ilumine a nossa nação... Nhô João



MOCIDADE ALEGRE - 2003



Enredo: Omi! O berço da civilização Iorubá
Compositores: Tico, Imperial, Sílvio Negão, Silva Oliveira e Fábio Bonfim

Água, Mocidade dá um banho de fé
É paixão, é cultura, é axé
Essa fonte de vida
Gotas de amor, essência da criação
A missão de criar, recebe Oxalá então
Traído pela sua indiferença
Não cumpre a oferenda, sedenta ilusão
Odúduá faz sua vingança
Tendo o poder em suas mãos

Ciscando, Adié faz a terra espalhar
Dando luz à nação Yorubá
Expressão de bondade infinita
E assim o milagre da vida se viu
Moldado em barro o homem surgiu


Mistério, é o ciclo da vida a se desvendar
É Nanã Buruké dos Ibás
Governando em águas turvas
Chora, de suas lágrimas o rio-mar
Rainha negra Yemanjá, Odoiá
Oxum, Oxum, Oxum, senhora da realidade
Da riqueza, do amor e da fertilidade
Ora yê yê ô
Senhor, oh Senhor!
Aos seus pés repousam as águas
Acima de ti não há nada
Iluminai nossa morada

Ôôô, é água amor, fundamental
É água pra vencer o mal
Taí o nosso carnaval

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